sábado, 30 de junho de 2012

CENSURANDO A CRÍTICA CENSURÁVEL

Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Mateus 7:1-2.

Jesus foi bem objetivo com relação ao julgamento: "não seja juiz da vida alheia". A critiquice sempre fez parte da natureza grosseira do ser humano natural, por isso Cristo mostra aos seus discípulos, que não era conveniente que eles se sentassem na cadeira do tribunal, para censurar a vida das outras pessoas. Por outro lado, ninguém, no reino de Deus, tem condições de julgar a quem quer que seja, sem incorrer também na categoria de um réu culpado de igual sentença.
O crítico além de exercer uma pose de superioridade, quando julga aos outros, ainda se constitui suspeito na condição de incriminado. Segundo a Bíblia, o mesmo juízo crítico que usamos para apreciar a vida dos outros, deve ser objeto do nosso próprio exame, sob a mesma categoria e debaixo do mesmo padrão. Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. Romanos 2:1.
Oswald Chambers
abordando esse tema diz: Evite qualquer atitude que o coloque numa posição superior. No planeta onde o Cristo encarnado se recusou julgar aos outros, não convém aos filhos de Deus uma postura elevada de pretender ser juiz das outras pessoas. Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. João 12:47.
Toda pessoa que se investe na categoria de julgador da vida alheia, acaba ficando com a presunção de ser alguém mais credenciada para a análise dos fatos, e que por isso mesmo, encontra-se dotada de uma posição superior. O perigo da teomania ronda o trono da crítica. Por mais despretensioso que seja o julgamento que fazemos aos outros, e por mais criteriosa que se apresente a censura, sempre se corre o risco de uma certa onisciência velada por trás dessa conduta, que procura valorizar o crítico acima do criticado.
A arrogância do senhor da crítica nem sempre é vista numa primeira olhada, mas o fato dele apresentar um ajuizamento sobre os outros, já expõe o seu rompante de superioridade. A avaliação crítica, do ponto de vista bíblico, só tem sentido quando houver indícios incontestáveis de uma retidão nos critérios do julgamento. Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça. João 7:24. Lembre-se: a pessoa que se preocupa com a degradação dos outros, no fundo está investindo na sua promoção pessoal. Jesus fala em seu discurso no Evangelho de Mateus, que o problema desse crítico maldoso era uma viga maiúscula que estava atravessada no fundo de seu olho doente, mas mesmo assim, ele tentava ver a fundo um argueiro minúsculo no olho do outro. Richard Glover sintetiza muito bem esse ponto, com sua palavras sob medida: Ninguém é tão crítico das pequenas falhas, quanto os culpados das grandes.
Sabemos que a censura é um pecado agradável, extremamente complacente com nossa natureza – como então vamos cair fora dessa prática tão excitante? Alguém, certa vez, disse com muita propriedade o seguinte: "nunca aponte o dedo para as falhas dos outros, a não ser que ele faça parte da mão que irá ampará-los". Se você está disposto a cooperar com a limpeza da roupa manchada que uma outra pessoa está usando, primeiro lave suas mãos sujas, muito bem, e depois se proponha amorosamente a ajudá-la.
Se tivermos algum direito de julgar alguém, isso só poderá acontecer quando estivermos realmente disponíveis para adequadamente auxiliá-lo na solução do problema. "Se não estivermos dispostos a ajudar uma pessoa a vencer suas falhas, há pouco valor em apontá-las" e muito dissabor com os comentários que advirão.
O gosto maléfico de desgraçar os outros com os seus argumentos implicantes e insensíveis jamais teve sua raiz na graça de Deus. No evangelho de Jesus Cristo não há lugar, na sala da comunhão, para uma mesa onde se sacrifique a reputação dos outros, nem apetite para jantar as personalidades marcadas pelos defeitos decorrentes desse mundo doente. Quanto mais a graça floresce na alma dos santos de Deus, mais graciosas são as relações com os fracassados e deformados dessa vida.
A maledicência é o mau hálito do pensamento e uma das características marcantes na vida dos sujeitos que estão, no peito, sujeitos à soberba. Quanto mais arrogante for uma criatura, mais implacáveis serão suas críticas. A obra prima de um coração orgulhoso, tramado sob as medida nas oficinas do inverno, é ter um alto conceito de si mesmo, a ponto de criticar os outros com os padrões da sua mediocridade convencida. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Romanos 14:4.
Por outro lado, há uma crítica necessária que tem sido omitida dolosamente. Ninguém é justificável quando julga alguém com malícia perante outras pessoas, mas não há justificativa para quem não auxilia aqueles que tropeçam na estrada da vida, com uma admoestação de caráter prático. A crítica a alguém ausente, feita diante de outros, é maledicência da grossa. A critica feita a uma pessoa presente na presença de outros, pode ser no mínimo uma grosseria. Mas a crítica positiva praticada em particular e positivamente sempre será de grande valor na existência de um aprendiz da arte de viver.
Se as pessoas soberbas deleitam-se com o jeito de criticar os outros através do seu estilo mal-educado, muitos mal instruídos se furtam a criticar os censuráveis por algumas razões verdadeiramente destituídas de razão. Quando o amor é a causa da relação, não há nada que o faça omisso no processo da apreciação dos fatos. Quem ama se interessa pelo objeto do seu amor a tal ponto, que prefere ser mal compreendido, a ser indiferente.
Porém, é bom que se diga: a crítica de quem ama é uma censura feita com amor. O coração que ama se compromete integralmente pelo bem do seu amado. Um anônimo foi notório quando disse que, "nada é mais fácil de encontrar do que falhas". Com isso podemos assegurar que, falha muito mais aquele que encontrando as falhas na vida da pessoa amada, não fale com profundo amor com a pessoa que falhou, sobre as falhas que maculam a sua história. E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste? Mateus 14:31.
Jesus amava profundamente a Pedro, por isso mesmo não deixou de censurá-lo no momento oportuno. O discípulo foi atraído pela ousadia de poder andar sobre as águas e solicita a autorização de Jesus para ir até onde ele se encontrava. Enquanto andava sobre as águas, Pedro tira os olhos de Jesus e de sua palavra, considerando a força do vento e o encrespar das ondas. Nesse instante o chão seguro da palavra se liquefez e ele submerge na sua incredulidade. Felizmente Jesus estava tão perto que o segurou pela mão e o firmou de novo sobre o fundamento da fé. Jesus o criticou, mas a censura de Jesus foi tão pessoal quanto amorosa. Ele falou diretamente a Pedro sobre sua falha, bem longe da presença dos outros discípulos, mas bem perto do seu profundo amor e interesse. Precisamos censurar a crítica censurável, mas também criticar a censura omissa, que no pretexto do comodismo, se encastela no terreno fácil da apatia, indiferente às falhas na vida dos nossos amados. Aquele que ama se compromete com o objeto do amor.

Solo Deo Glória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário