terça-feira, 6 de março de 2012

Uma Tão Grande Salvação

 

A doutrina da salvação é um dos assuntos mais extraordinários da Bíblia. A soteriologia, como é denominada pelos estudos teológicos, aborda todo o projeto de Deus no sentido
de salvar o pecador do seu pecado. Ela teve início na eternidade passada, quando Deus projetou a criação, e suas implicações se estendem até a eternidade futura, quando Ele concluir todo o seu plano.

Antes de a criatura existir, Deus já havia cogitado salvar o transgressor, pois sendo onisciente, sabia que o homem cairia no pecado. Deus sabia que o pecado era uma possibilidade da criação, ainda que não tenha criado o homem para pecar.

O pecado não foi um acidente na história humana nem um incidente sem previsão. Bem anterior à criação, o Criador já concebera uma alternativa para o lance da rebeldia. Como disse J A Motyer: O plano de Deus para a salvação não é uma decisão para remediar uma situação; ele antecede a obra da criação.

A Bíblia mostra que o sangue de Cristo foi conhecido antes da fundação do mundo, sinalizando a encarnação do Filho de Deus, no seio da humanidade. Mostra também que o infrator é resgatado, não por dinheiro, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós. 1 Pedro 1:19-20.

O pecado causou uma tragédia na raça humana; a morte assumiu o controle da existência; a culpa veio desmanchar qualquer relacionamento significativo e a alienação fez das pessoas estranhas e inimigas de Deus.

Do ponto de vista de Deus, a salvação inclui a obra completa realizada por Cristo crucificado, mas também ressurreto, a fim de trazer as pessoas da morte para vida, da condenação para a justificação e da condição de estranhos para a de filhos de Deus. Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. 1 João 3:1.

Todavia, qual foi o motivo que levou a Deus criar o homem? E qual é a razão que Deus apresenta para salvá-lo? Por que Deus precisou criar o universo e o homem, se ele não precisa de nada para a sua realização? É verdade que Deus não necessita de coisa alguma para se satisfazer, uma vez que só Ele se basta a si mesmo. Sendo assim, Ele não carecia da criação para se completar, mas Ele criou todas as coisas porque quis. William Plumer disse: A vontade de Deus é a lei da natureza universal. Toda a criação é produto de sua livre vontade. ... predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade. Efésios 1:11b.

A motivação da obra de Deus é a sua vontade livre e soberana. Ele nunca se sentiu obrigado a fazer coisa alguma, nem fez algo constrangido. Mas, por que Deus quis salvar os pecadores? Jesus diz que o amor de Deus é a causa de sua missão no mundo. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16.

A salvação é a maior e mais concreta demonstração de amor. Como sustenta Donald Grey Barnhouse, o amor de Deus não é uma bondade natural permissiva como muitos imaginam e por isso o arrastam na lama; é rigidamente justiça e por esse motivo Cristo morreu. A morte de Cristo na cruz é o sinal mais claro de um amor sem limite.

O único alicerce do amor de Deus é a sua vontade de amar, já que Ele é a expressão livre do amor verdadeiro. E Deus nos amou plenamente, estando nós atolados no pecado. Ele nos amou não porque somos bons ou porque tivesse algum interesse em nós. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5:8.

No mérito da salvação, ainda se pode perceber a graça, como o cuidado de Deus, para quem não tem o menor merecimento. Somente aqueles que são desclassificados pelo pecado podem ser aprovados pela graça. Nada no homem, a não ser o pecado, pode assegurar a graça de Deus.

O amor incondicional e a graça imerecida são de fato a causa de uma tão grande salvação. Como disse alguém: Graça é algo mais do que "favor imerecido"... graça é favor demonstrado onde há absoluto demérito na pessoa que a recebe. E o amor incondicional se manifesta quando o objeto do seu amor não tem nada para lhe corresponder.

Uma vez salvos pela graça de Deus, somos salvos para as boas obras que a graça patrocina. Ninguém é salvo pelas obras que pratica, mas todos os salvos pela graça praticam as boas obras, como conseqüência da graça de Deus em suas vidas. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Efésios 2:10.

O Deus do amor incondicional nos salvou graciosamente, a fim de sermos um povo unicamente dele, atento às boas obras, para mostrar ao mundo, mesmo que de modo imperfeito, o seu amor e a sua graça. O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras. Tito 2:14.

As boas obras do cristão são efetuadas pela graça, por isso ele não exige reconhecimento. Paul Levertoff foi genial nessa construção: Embora... os discípulos devem ser vistos praticando boas obras, eles não devem praticar boas obras para serem vistos. O apóstolo Paulo sabia disso e expressava com clareza: Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10.

Alguns judeus dirigiram-se a Jesus perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado. João 6:28b-29. A graça de Deus nos dá a fé para crer na suficiência de Cristo, que sendo a nossa vida, nos faz eficientes na prática das boas obras.

A salvação de Deus nos torna totalmente dependentes de Cristo. Tudo o que o cristão é, e tudo o que ele faz, depende da pessoa de Cristo. Por isso, a vida cristã se resume à inteira vinculação a Cristo. Assim como Cristo é a raiz pela qual o santo cresce, ele é a regra pela qual o santo anda.

Veja a importância da salvação. O Novo Testamento fala duas vezes de situações destinadas à destruição, isto é, sujeitas à maldição: não amar ao Senhor que nos ama e não pregar o evangelho da graça que nos alcançou. Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata! Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema. 1 Coríntios 16:22 e Gálatas 1:9. Se você é salvo por Cristo, saiba que ele é a sua vida, você o ama acima de tudo e o obedece, pregando o evangelho das insondáveis riquezas da sua graça infinita. Amém.


Solo Deo Glória

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