Certamente que a
bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida: e habitarei na
casa do Senhor por longos dias. Salmo 23:6.
O
Salmo 23 é considerado pelos estudiosos da Bíblia como a pérola dos Salmos, pela
sua simplicidade, beleza e doçura. Encontramos aqui um relacionamento íntimo e
intenso do Pastor com a ovelha. O Pastor é o nosso Senhor Jesus e as suas
ovelhas são todos aqueles que foram redimidos pelo Seu sangue. Esta pérola está
fundamentada em três grandes verdades: a provisão, o andar e a comunhão.
A provisão está relacionada
ao que o Senhor é, e o que Ele fez por nós. Numa palavra: a provisão nada mais é
do que a Sua suficiência. Vemos isto nos versículos 1,2,3: O SENHOR é o meu
pastor; nada me faltará. Ele me faz
repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;
refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
O salmista começa com uma grande afirmação: O SENHOR é o meu pastor;
nada me faltará. Ele não faz nenhuma alusão à necessidade, mas tomou a
posição de um filho que, nada tendo, mas possui tudo. Pobre, mas rico e
abundante Nele. Esta é a história de cada um de nós: nossa pobreza O fez pobre
para que, Nele, fôssemos ricos.
Ele se fez faminto e sedento por
nós, para nos levar a um lugar de refrigério. Estávamos cansados, fatigados, mas
Ele nos deu repouso. No evangelho de João capítulo 7:37, encontra-se um relato
em conexão com a festa do tabernáculo: No último dia, o grande dia da festa,
levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. João disse, “levantou e exclamou”.
Qual é a força que está por trás desta atitude de Jesus ao se levantar e
exclamar? Alguns estudiosos vêem aqui um momento único, algo parecido com um
intercessor que se coloca no lugar de alguém e se desespera pelo desesperado e
sedento. E, ao mesmo tempo, Jesus se revela como a Fonte única e abundante para
dessedentar o sedento, venha a mim e beba.
Venha a mim e beba, esta é a vida transbordante. Em um
dos nossos hinos, encontramos uma frase que diz: Tu, oh Cristo, és tudo que
eu quero. Mais do que tudo, em ti, eu encontro. Esta é a linguagem daquele
que ouviu e recebeu o chamado do nosso Senhor, venha a mim e beba.O
apóstolo Paulo fala de uma riqueza
Depois da provisão, começamos a
andar no caminho traçado pelo Pastor. Ele conhece o ponto de partida, o
caminho dos vales, dos montes e montanhas. Ainda que eu ande pelo vale da
sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e
o teu cajado me consolam. O nosso
Senhor conhece os perigos, as dificuldades que poderiam ocorrer com as ovelhas.
Nesta jornada, o Pastor não se ausentará e jamais abandonará o Seu
rebanho.
Andar com o Senhor é aceitar o seu
jugo, que não é pesado, pois Ele disse: Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve. Mateus 11:28-30. Neste texto, o Senhor nos chama para
Si, vinde a mim, e nos fala da nossa união com Ele; em seguida,
Ele nos pede para tomarmos o seu jugo, mostrando-nos o princípio diário do nosso
morrer, e, finalmente, Ele diz: aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração. Aqui é-nos revelado o propósito pelo qual fomos chamados: para
sermos parecidos com Ele. Se dissermos que estamos andando com o Senhor e não
trouxermos estas duas marcas de Cristo, não é com Ele que estamos andando.
Unidos em Cristo, a cruz realizará a
obra de desconstrução de tudo aquilo que não agrada ao Senhor e abrirá o caminho
para um relacionamento íntimo com o nosso Senhor. A caminhada é longa, e aqueles
que nasceram de novo precisam saber que essa intimidade não é instantânea, mas
sim um processo. Muitos tentam acelerar essa caminhada criando métodos, mas
infelizmente esses métodos vão causar sérios problemas, porque o relacionamento
íntimo com o Senhor é uma conquista diária.
Nosso Pastor já passou pelo vale da
morte. E, Nele, podemos dizer: não temerei mal nenhum. Isso é verdadeiro
em todos os aspectos. Da vitoriosa experiência de Sansão, sai o seu enigma:
Do comedor saiu comida, e do forte saiu doçura. Juízes 14:14.
Aqui Sansão se refere ao leão que ele matou e, dias depois, encontrou
com um enxame de abelhas com mel. Que lição poderia tirar deste episódio? O
leão, neste contexto, tipifica um problema ameaçador, pois nenhum de nós está
vacinado contra dificuldades. Então, como tirar comida e doçura do comedor?
Olhando todas as coisas do ponto de vista de Deus. Caso contrário, seremos
comidos pelo leão. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso
adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.
1Pedro 5:8.
Aqui está o segredo da vida cristã:
em vez de sermos devorados pelos problemas, nós que os devoramos, e é nisto que
nos tornamos dóceis pela doçura de Cristo. E passamos a ser como um favo para
uma humanidade mergulhada na amargura. Esse é o verdadeiro significado do
crescimento. Tomou o favo nas mãos e se foi andando e comendo dele; e
chegando a seu pai e a sua mãe, deu-lhes do mel, e comeram; porém não lhes deu a
saber que do corpo do leão é que o tomara. Juízes 14:9.
Quando passamos pelo vale da sombra
da morte, que são aqueles momentos sombrios e humilhantes, aprendemos o sentido
da comunhão. No sofrimento, ao invés de nos referirmos a Deus como “ele”,
passamos a chamá-Lo de “tu”. Assim, quando nos encontramos no vale da sombra
da morte, dizemos: porque tu estás comigo. Estamos face a face com o
nosso Deus. O caminho foi preparado para desfrutarmos da Sua mesa, preparado por
Ele mesmo. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a
cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
A nossa caminhada prossegue. Agora,
nos encontramos na terceira e grande verdade: a comunhão. Se lermos
cuidadosamente a Bíblia, vamos descobrir que, antes de qualquer realização ou
trabalho, Deus nos chamou para vivermos diante Dele. Antes do ide, temos
o vinde. Antes do fazer, temos o crer. O desejo expresso de
Deus nas escrituras, antes de qualquer realização externa, é nos conduzir a uma
vida mais profunda simbolizada pela “mesa”. Por que preferimos o ide ao
invés do vinde, o desempenho ao invés do descanso, o
trabalho quando Ele nos pede para esperar?
Adão, depois da queda, tentou se
cobrir com folhas de figueira. Caim ofereceu a Deus uma oferta, fruto do seu
trabalho. Os homens perguntavam a Jesus: Que faremos para realizar as obras
de Deus? Tudo indica que, por trás das realizações há uma necessidade de
aceitação. O homem tenta ser aceito por Deus pelos seus méritos. Então, mãos a
obra!
Depois da queda, o homem perdeu a
visão do verdadeiro motivo pelo qual foi chamado. Fiel é Deus, pelo
qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 1
Coríntios 1:9. Isto não significa que o homem não tenha que realizar algumas
tarefas. Sim, o homem tem algo para realizar, mas em cooperação e a partir de
Deus. Ao criar o homem, o Senhor o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o
guardar. Na redenção Deus trabalha no homem para que este possa trabalhar para
Ele.
Deus, em Cristo, está nos atraindo
dia após dia para a “mesa” que Ele mesmo preparou para nós. Ele quer que
tenhamos um relacionamento íntimo. Ele está nos conquistando diariamente para
nos levar à Sua mesa, onde desfrutaremos das delícias por toda a eternidade.
Esse é o objetivo final do Pastor.Tudo o que Ele planejou e espera e tem em
vista é nos conduzir à Sua presença. Tu me farás ver os caminhos da vida; na
tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.
Salmos 16:11.
O Espírito Santo, através do
apóstolo Paulo, usa uma palavra grega para falar dessa superabundante graça de
Deus: Enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da
superabundante graça de Deus que há
A provisão nos fala da
riqueza de Sua graça que Ele mesmo derramou sobre nós. O nosso Deus é pródigo
O nosso Pastor nos conduz pelo
vale da sombra da morte. Através dessas experiências, começamos pouco a
pouco a entender o coração de Deus e a compreender que, para que Cristo seja
formado em nós, é necessário passarmos por dores de parto. E, em Sua companhia,
desfrutaremos do Seu amor. Compremos,
então, colírio para os nossos olhos para que possamos vê-Lo! E, ao vê-Lo,
seremos reduzidos a zero. Porque tu és pó e ao pó tornarás.
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Solo Deo Glória
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