Cumpridas estas coisas, voltarei e
reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o das suas ruínas,
restaurá-lo-ei, para que os demais homens busquem o Senhor, e todos os gentios
sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor que faz estas
coisas conhecidas desde séculos. Atos 15:16-18.
A reconstrução do tabernáculo de
Davi, apresentada pelo profeta Amós e considerada por Tiago, neste contexto, tem
a ver com a realidade genérica da salvação dos pecadores e não sua
universalidade. Já vimos em estudos prévios que Deus escolheu a Abraão para ser
o canal da bênção em favor de todas as famílias da terra. O descendente do
patriarca seria o abençoador da raiz adâmica. A salvação de Deus não é um
acontecimento tribal que viesse beneficiar apenas uma etnia.
O povo judeu, no tempo de Davi,
havia se fechado num exclusivismo de singularidade e perdido de vista a aliança
da promessa feita com Abraão, na qual, o seu descendente seria o libertador de
toda a humanidade. Vejam como o apóstolo Paulo analisa esse tópico para os seus
contemporâneos. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé
os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti serão abençoados todos os
povos. Gálatas 3:8.
O tabernáculo do Senhor construído
por Moisés, símbolo da presença de Deus entre o seu povo, estava sem o seu móvel
principal, pois a arca do Senhor, tipo da pessoa e obra de Cristo, havia sido
retirada do seu lugar e permanecia vagando de déu em déu, sem lugar fixo.
A tenda do Santíssimo vazia e a arca
fora do seu ambiente levaram Davi a considerar o assunto da graça plena para
todos os povos e o propósito do Senhor para o governo do seu Filho.
Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da
terra por tua possessão. Salmo 2:7-8.
Deus tem mais povo do que uma única
nação. Davi percebia a globalidade da graça e a inclusão dos gentios no pacto da
promessa, sem, contudo, defender que todos serão salvos, necessariamente. O
evangelho foi dado em beneficio de todos, mas isso não significa que todos já
estão salvos por causa da obra de Cristo. Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se
converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das
nações. Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações. Salmo
22:27-28.
O concerto com Davi é a aliança do
reino. Uma dinastia pressupõe um desempenho sucessivo de hereditariedade. A
genética da realeza implica em filiação nobre, exigindo um nascimento na família
real. Ninguém poderá entrar no reino de Deus sem uma descendência régia por
nascimento. A família de Aba é constituída dos filhos regenerados pela graça em
Cristo, formando a nobreza sacerdotal do seu reino de adoração. Davi foi um
pastor de ovelhas escolhido por Javé para ser o tipo do supremo Pastor de onde
procede a família do Senhor.
O Senhor tinha como objetivo um povo
da realeza sacerdotal com um sacerdócio universal. Mas por causa do episódio com
o bezerro de ouro, só a tribo de Levi se mostrou completamente envolvida com o
Senhor, e, por isso, acabou sendo nomeada para esse encargo. Todavia o plano do
Senhor é ter um povo com um reino sacerdotal. Chegando-vos para ele, a pedra
que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa,
também vós, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a
Deus por intermédio de Jesus Cristo. 1 Pedro 2:4-5.
A conversão dos confins da terra ao
Deus de toda graça sugere uma revolução radical na mentalidade privativa
abraçada pela nação judaica na época davídica. O menor capítulo da Bíblia
apresenta o maior propósito da salvação de Deus. Louvai ao Senhor vós todos
os gentios, louvai-o todos os povos. Porque mui grande é a sua misericórdia para
conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre. Aleluia! Salmo
O pecador é réu da condenação
eterna. Mas, Deus é justo e não pode passar por cima da sua justiça. A sentença
do pecado é a morte e todo pecador tem que morrer por causa do seu pecado. Mas
Deus também é misericordioso e, neste caso, o seu Filho assumiu a culpa do
culpado para que a justiça de Deus fosse cumprida e a misericórdia nos livrasse
do castigo perpétuo.
No dia da introdução da arca do
Senhor na tenda que Davi construíra no monte Sião, depois daquele único
sacrifício, foi cantado um salmo de louvor que diz: Rendei graças ao Senhor,
porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre. 1 Crônicas
16:33. Deus usa de clemência com quem quer, mas indulgência por mérito é um
contra senso. Misericórdia é assunto para os desvalidos e indignos, por isso o
pecador deve sempre se lembrar que as misericórdias de Deus são bem maiores do
que as suas misérias pessoais. Aqui está a verdadeira origem do
culto.
O tabernáculo em Sião é o lugar da
adoração e do louvor. Ali, a tribo sacerdotal se mantinha vinte quatro horas por
dia prestando, com júbilo, o seu culto de consagração através de salmos, hinos e
cânticos espirituais. "Se adorássemos como devíamos, não nos preocuparíamos como
fazê-lo". Um coração profundamente agradecido, por uma tão grande salvação, não
pode senão se derramar em louvores diante do seu Salvador.
O ponto principal da existência é o
altar. "A adoração é a função mais elevada da alma humana". Ninguém pode subir
mais alto do que na presença do Altíssimo. A adoração em espírito e em verdade,
além de ser o máximo que o ser humano pode fazer, é a coisa mais importante no
universo. Satanás ofereceu todos os reinos deste mundo a Jesus por um ato de
adoração à sua pessoa, pois o culto está relacionado com o Deus Soberano mais do
que qualquer outra realidade.
Quando realmente adoramos, estamos
diante de Deus. A consciência da presença do Altíssimo nos cultiva nas alturas e
num estado de culto permanente. Glória e majestade estão diante dele, força e
formosura no seu santuário. Tributai ao Senhor, ó família dos povos, tributai ao
Senhor glória e força. Salmo 96:6-7. Adorar para os redimidos é contemplar,
com o seu ser extasiado, a glória do Pai, dando-lhe a honra que lhe é devida,
por causa da pessoa e obra do Filho.
O salmista não disse: ó famílias da
terra, mas, ó família dos povos. Aba só tem uma família formada pelos seus
filhos de todas as tribos, povos e nações, regenerados pela graça mediante o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. O tabernáculo de Davi fala
exatamente desta realidade espiritual, que se manifesta em ações de graça,
louvores e adoração.
As criaturas devem adorar a grandeza
do Criador, mas os filhos adoram o Pai das misericórdias, a Onipotência de toda
graça, por causa do seu amor incondicional. Não é o temor, mas o amor cheio de
graça e exultação que impulsiona os adoradores à presença de Aba. Vinde,
cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. Saiamos
ao seu encontro, com ações de graça, vitoriemo-lo com salmos. Salmo
95:1-2.
A alegria de Deus com a salvação dos
pecadores acende nos salvos um culto alegre pela salvação de Deus. Um deus
descontente ou contrariado só conseguirá produzir um povo mal-humorado, todavia,
Javé satisfeito com a sua obra perfeita, pode afirmar: O Senhor teu Deus está
no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria;
renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. Sofonias
3:17.
A satisfação de Deus com a sua
salvação perfeita resulta no festejo efusivo de seus filhos. Um povo salvo pela
graça é uma raça movida a regozijo, pois quem experimenta a suficiência do
Senhor só pode viver contente. Este estado de exultação é um dos indicadores
marcantes do tabernáculo de Davi. Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os
confins da terra; aclamai, regozijai-vos, e cantai louvores. Cantai com harpa
louvores ao Senhor, com harpa e voz de canto; com trombetas e ao som de buzinas,
exaltai perante o Senhor que é rei. Salmo 98:4-6.
O tabernáculo de Davi é o domicílio
da adoração seleta e o ambiente dos louvores alegres. É o acesso radiante
daqueles que buscam o Senhor e que sabem o valor da eterna salvação. Folguem
e em ti se rejubilem todos os que te buscam; e os que amam a tua salvação digam
sempre: Deus seja magnificado! Salmo 70:4.
A igreja de Cristo é o antítipo do
tabernáculo de Davi e a expressão viva da adoração sob os efeitos de uma alegria
contagiante. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se
necessário, sejais contristados por várias provações, para que o valor da vossa
fé, uma vez confirmado, muito mais precioso do que o ouro perecível, mesmo
apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus
Cristo, a quem não havendo visto amais; no qual, não vendo agora, mas crendo,
exultais com alegria indizível e cheia de glória. 1 Pedro
1:6-8.
O rei Davi vestiu-se com a estola
sacerdotal, traje que lhe era proibido, para tipificar um reino de sacerdotes
que vivem diante do altar adorando com alegria o Supremo Pastor de suas almas.
Ser salvo é pertencer a esse reino do sacerdócio universal, com profunda
gratidão, celebrando no íntimo esta tão grande salvação. Louvado seja o nosso
Senhor Jesus Cristo. Aleluia!
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 6 de março de 2012
A RECONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO DE DAVI
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