Visto que a morte veio
por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. 1 Coríntios
15:21.
Paulo afirma que a fé cristã se
fundamenta numa espécie de loucura. Há uma aberração no entendimento do poder de
Deus, que fere frontalmente os princípios da coerência lógica. Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se
perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. 1 Coríntios
1:18.
Ele afirma que a cruz, um sinal
evidente da fraqueza humana e um instrumento de morte, é a demonstração do poder
de Deus. É paradoxal esta afirmação, mas ela contém o extrato da verdade
evangélica. No reino de Deus a fraqueza é a expressão do poder. A Palavra afirma
que Deus é amor, e a maior manifestação do seu amor é a cruz. Ela sintetiza de
modo claro a disposição divina para justificar o objeto do seu amor. Deus não
mede esforços para alcançar aqueles que ele ama. Por isso, Cristo se esvazia até
o limite da cruz para conseguir provar, na sua extrema fraqueza, a dimensão
infinita do amor divino. A cruz é o palco onde o poder do amor se expressa de
modo mais intenso. A loucura do evangelho é diagnosticada pela fraqueza de Deus.
Um Deus fraco com uma cruz nas costas sintetiza a maior revelação de poder que o
ser humano pode conhecer. O poder da humildade é mais forte do que o poder do
orgulho. O poder do amor é infinitamente mais potente do que o poder do ódio.
A onipotência divina agora se
manifesta na aceitação da cruz. O Deus todo poderoso se deixa morrer sob a
crueldade da crucificação. Cristo que tem todo poder para se defender dessa
atrocidade, se submete humildemente ao sofrimento, a fim de demonstrar a
abrangência do seu amor incondicional. A fraqueza de Cristo crucificado, na
verdade, é a maior comprovação do poder absoluto do amor de Deus. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos
5:8.
Paulo diz que um Deus louco e fraco
é mais ajuizado e mais poderoso que tudo aquilo que conhecemos no mundo.
Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os
homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. 1 Coríntios
1:25. A cruz é a bitola da
fraqueza e a perfeita sintonia com a insanidade, do ponto de vista humano, e, ao
mesmo tempo, é a lucidez do amor e a expressão da absoluta capacidade de Deus. A
cruz é a porta que se abre para trazer a morte ao Deus onipotente. O Deus
criador da vida detido pela morte é, no mínimo, um contra-senso. Mas era
necessário que Deus se encontrasse com o homem no mesmo patamar.
Se o pecado introduziu a morte na
história humana e se Deus quer salvar o homem da condenação do pecado e do seu
poder, ele precisava entrar na raça do homem e chegar até ao degrau da morte. Se
Cristo não tivesse morrido, ele não teria se identificado realmente com a
espécie humana. A sua morte é um sinal da assimilação do pecado. Cristo Jesus é
a encarnação de Deus na geração de Adão, e a sua morte na cruz é a prova mais
poderosa do amor divino e o destaque da sua loucura e fraqueza. Porém, a
fraqueza de Deus é a plataforma de lançamento do seu poder soberano. Além de sua
morte demonstrar a expressão visível do seu amor incondicional, ela é o único
meio para comprovar a realidade da ressurreição. Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive
pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele,
para vós outros pelo poder de Deus. 2 Coríntios
13:4.
A ressurreição de Cristo é a pedra
fundamental da salvação. Não há poder maior do que a restituição da vida que não
está mais sujeita à morte. Jesus Cristo é o primogênito dentre os mortos. Ele é
o primeiro que ressuscitou para nunca mais morrer. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o
primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia.
Colossenses 1:18.
A Bíblia mostra algumas
ressuscitações, mas Jesus foi quem iniciou a ressurreição. Ele é o primeiro que
ressuscitou da morte, vencendo o pecado e a sepultura. E aqui estamos diante de
um grande absurdo lógico, pois a mente natural não é capaz de compreender o
poder desta conquista. A ressurreição é inconcebível para a mente racional, pois
a morte é um assunto sem alternativa para a ciência. A morte é o fenecimento da
vida, a extinção da menor expectativa. Ela é a pá de cal em qualquer biografia,
e um beco sem saída na história humana. Como se pode falar de ressurreição
diante de uma realidade que extermina com toda esperança existencial?
O homem natural não tem condições
lógicas de admitir a ressurreição de Cristo ante a impossibilidade humana de
reverter o lance cruel da morte. Se os recursos da ciência não são capazes de
reviver um cadáver, então a ressurreição é uma aberração da fé. De fato, a
ressurreição é um assunto que não consta na pauta da mera racionalidade. Ainda
que ela não seja irracional, seu entendimento vai além do intelecto. A fé cristã
não é antilógica, ainda que seja enigmática em muitos aspectos. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. 1 Coríntios 2:14.
A ressurreição é uma categoria
espiritual que foge ao controle da mente. A fé cristã não explica a
ressurreição, porém a ressurreição de Cristo explica a existência da fé cristã.
O cristianismo começa onde termina a competência humana de elucidar os fatos.
Ele inicia na boca de uma sepultura vazia sob a alegação do entendimento. Alguém
disse que o símbolo do cristianismo é uma cruz desocupada e a prova da fé é um
túmulo vazio. João chegou no sepulcro e o viu escancarado. A grande pedra que
vedava a entrada da sepultura havia sido removida e o corpo não se encontrava no
local. Então, entrou também o outro discípulo,
que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. João 20:8. A
tumba abandonada é a estréia da fé abonada pela ausência de defunto.
As medidas de governo foram inúteis
para deter o milagre da ressurreição. A escolta policial não pode impedir a
surpreendente manifestação do poder divino, nem a propina conseguiu bagunçar a
convicção das testemunhas. A ressurreição de Jesus Cristo rompeu todos os
obstáculos e estabeleceu a base da fé imperecível. O cardeal americano Fulton
Sheen disse que Satanás pode aparecer com vários disfarces como Cristo,
e, no fim do mundo, apresentar-se-á como benfeitor e filantropo; mas Satanás
jamais poderá aparecer com cicatrizes nas mãos. A ressurreição de Cristo é a
verdade basilar do cristianismo. Cristo verdadeiramente ressuscitou pelo poder
de Deus, trazendo os estigmas da cruz. Não se trata de nenhum duende ou
fantasma, e nem de uma mera força de energia, ou mesmo de um corpo revivido,
como o de Lázaro, que voltou a morrer. A presença de Jesus ressuscitado não é um
delírio dos apóstolos. Pois, se Cristo não
ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; 1 Coríntios
15:14.
A cruz e a ressurreição estão
inseparavelmente vinculadas. A cruz é tão essencial à ressurreição quanto esta
àquela. Mas, sem a ressurreição, esta seria simplesmente a cruz do martírio. O
sinal da vitória está na luz da ressurreição, diz G Aulén. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e
ainda permaneceis nos vossos pecados. 1 Coríntios
15:17.
Cristo Jesus foi crucificado em
fraqueza, mas Jesus Cristo ressuscitou
A base do perdão está na morte, mas
a base da salvação está na vida. Nós não somos salvos pela morte de Cristo
Jesus, ainda que essa morte seja fundamental para a nossa salvação, pois não há
ressurreição sem morte. A verdadeira salvação é uma permuta de vida. Perdemos a
vida de Adão na cruz com Cristo e ganhamos a nova vida na ressurreição de
Cristo. E estando nós mortos em nossos delitos,
nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com
ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais
Ainda que a ressurreição seja um
absurdo aos olhos do entendimento humano, ela é a grande manifestação do poder
de Deus para a salvação de qualquer pecador. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da
sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi
todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado
nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé
em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o
poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com
ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.
Filipenses 3:8-11.
O evangelho não começa com o cadáver
do seu Deus, nem termina com os restos mortais dos seus fieis. Há vida em
abundância conquistando o domínio do pecado e da morte. A ressurreição de Jesus
Cristo é tão poderosa que todo aquele que nele crê não pode ficar refém da
morte. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e
a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim
não morrerá, eternamente. Crês isto? João
11:25-26.
Solo Deo Glória | |
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 1 de março de 2012
A RESSURREIÇÃO, UM ABSURDO LÓGICO
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