terça-feira, 6 de março de 2012

O Poder Transformador do Evangelho


Tive o privilégio de conhecer o pastor Antonio Abuchaim. Um acontecimento muito marcante para mim, foi quando recebi uma carona dele. Após o término do culto de quarta-feira em nossa igreja, eu o procurei para adquirir alguns livretos que ele vendia. Ele disse-me que no momento não tinha, mas que poderia ir até sua casa buscar. Eu concordei. O trajeto foi quase todo em silêncio, a não ser por uma pergunta que ousei fazer: "Pastor Abuchaim, o senhor não acha que o seu ministério poderia ter alcançado muito mais pessoas se tivesse permanecido nas cidades ao invés de permanecer trabalhando com o barco às margens do rio Paraná?" A sua resposta foi curta e grossa, própria do pastor Abuchaim: "Deus sempre me deu muitas vidas no lugar onde ele me colocou". Isso foi aproximadamente há 15 anos atrás, e suas palavras ainda hoje falam muito para mim.
A partir de então descobri duas coisas. A primeira: Deus tem um lugar especial para cada pessoa estar e, dentro de sua Soberania, está determinado o espaço para morarmos e vivermos. Segunda: Deus tem preparado pessoas para serem alcançadas por Cristo, através de nós, seja qual for o lugar onde Ele nos tem colocado, . Atualmente no Brasil, grande parte dos cristãos se encontram no meio urbano, provavelmente mais de 70% dos cristãos moram em cidades. As pesquisas demonstram que entre 75% a 80% da população brasileira vive nas cidades. Hoje, as cidades se tornaram símbolos do desafio da missão da igreja. Nas cidades, como no tempo de Jesus, milhares de pessoas estão desesperadas e abandonadas. Multidões estão destituídas do sentido da vida e sem liderança. Você já imaginou se todas as pessoas de nossa cidade fossem curadas de suas enfermidades físicas, emocionais e espirituais e vivessem sob o comando do Supremo Pastor? Será que isto é possível?
Nós cremos que o evangelho é o poder de Deus para transformar as pessoas de modo integral, como também as nossas cidades. Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. 1 Coríntios 1.18. NVI. Se todas as pessoas de nossa cidade vão crer no evangelho, isso não podemos afirmar. Mas, temos certeza de que um número muito grande de pessoas pode tornar-se ovelha do Senhor Jesus ao respondermos o chamado de Deus para nossas vidas. Está na hora de prestar atenção nas pessoas que estão for
a das paredes de nossa igreja, e passar a viver como agentes de Deus onde estamos, praticando o Evangelho e espalhando as Boas Novas de Salvação.
O amor de Deus pelas cidades
Como Jesus, o apóstolo Paulo se dirigiu a várias cidades. Ele dedicou-se a alcançar as principais cidades e os principais centros de comunicação. Seu desejo maior era chegar até Roma, pois sabia da importância estratégica da mesma para a difusão do Evangelho. Como o Cônego Michael Green escreveu em seu livro Evangelização na Igreja Primitiva: ... a estratégia de Paulo era urbana. Ele se dirigia aos grandes centros... O livro de Atos dos Apóstolos registra suas visitas a cidades e mais cidades de importância: Antioquia, a terceira cidade do Império; Filipos, a colônia romana; Tessalônica, a principal metrópole da Macedônia; Corinto, a capital da Grécia sob administração romana; Pafos o centro do governo romano em Chipre; Éfeso, a principal cidade da província da Ásia. É difícil escapar da conclusão de que esta sucessão de cidades... não aconteceu por acidente. Era parte de um plano de plantar as boas novas em posições-chave através do Império. O clímax da sua política urbana foi Roma.
Muitos cristãos estão dando as costas às cidades do mundo, preferindo apenas desfrutar das comodidades e do conforto que elas oferecem. Quando olhamo-las, é mais fácil enxergar o seu lado obscuro do que o seu lado radiante. Normalmente temos visto as cidades somente como centros de pecado, violência e decadência moral. Assim, preferimos nos refugiar nos lugares seguros e conhecidos, indo ao centro e aos shoppings somente para negócios e compras. Fazemos opção por um estilo de vida mais confortável e com menos desafio. Porém, Jesus não as vê assim. Jesus tem amor irrestrito por cada cidade do mundo. Elas são para ele como entidades únicas, cada qual com seu caráter próprio e especial. O maior exemplo é o carinho de Jesus por Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! Mateus 23.37.
Onde houver pessoas, lá estará Jesus, ansiando por alcançá-las e tocá-las, levando cura às vidas feridas e manifestando seu amor e perdão. As cidades de hoje são as principais candidatas para um derramar da graça de Deus, como coloca o apóstolo Paulo, mas onde abundou o pecado, superabundou graça... Romanos 5.20. Deus está derramando a sua graça em nossas cidades. O sangue de Jesus Cristo foi vertido por todos os homens, mulheres e crianças de nossas cidades. Ninguém deixou de ser incluído na morte e ressurreição de Cristo. Ainda existe esperança.
Atualmente, três quartos da população mundial estão vivendo em cidades. Deus está ativo e presente em cada uma delas. O chamado de Deus para Nínive é um importante exemplo do seu amor e compaixão pelas cidades do mundo. Uma cidade pagã cheia de idolatria, Nínive, era talvez a cidade mais pecadora do mundo antigo. Ainda assim, Deus teve misericórdia e enviou Jonas para pregar em Nínive e alertar sobre o julgamento que viria. (Dye Colin, Edificando uma igreja contextualizada, 1993). Mas Jonas, carregado de preconceitos em relação aos ninivitas, não pôde entender o caráter gracioso de Deus, por isso fugiu. Como Deus não desiste dos seus planos e dos seus missionários, Ele levou o "profetinha" até aquela cidade cheia de maldade. O texto mostra que Jonas, em momento algum, teve compaixão pela mesma, mas ouviu o Senhor lhe dizendo: Não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais? Jonas 4.11. Você percebe que a graça de Deus, além de incluir os inimigos do povo de Deus, inclui os animais? Enquanto isso, nós ficamos como Jonas, cheios de preconceitos pois, com a nossa visão estreita, não enxergamos os propósitos de Deus para o mundo.
O Poder Transformador do Evangelho
A missão da igreja é aplicar o Evangelho para a transformação das cidades em todas as suas dimensões. Cremos que o Evangelho transforma qualquer realidade caracterizada pelo pecado, ... porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Romanos 1.16. Não há outro poder transformador no mundo como o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Todos os programas sociais, ou reformas políticas ou econômicas, apenas arranham o problema maior do ser humano, que é a sua natureza de pecado. Somente o Evangelho pode erradicar este mal que tem desdobramentos sociais, econômicos, políticos, culturais e psicológicos. Sem Evangelho as pessoas e as cidades não podem vivenciar os valores do Reino de Deus. O Evangelho não é a regra do "não". Muita gente pensa que voltar-se para o evangelho é não beber, não fumar, não roubar, não fazer sexo antes do casamento e mais outros tantos "nãos". O Evangelho trata do agir de Deus em favor do homem pecador e perdido. Afinal, por que precisamos do Evangelho? Precisamos do Evangelho porque ele é a boa notícia: Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, obteve vitória para Deus e para o homem. O Evangelho é a mensagem segundo a qual o mundo e a humanidade têm um novo Senhor. Mas não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor. 2 Coríntios 4.5. Se não fosse assim, as crianças, os adolescentes, os adultos e os idosos de nossas cidades permaneceriam inimigos de Deus, mortos em suas transgressões, seguindo o curso deste mundo. Eles precisam ouvir que Jesus Cristo já derrotou os principados e potestades na sua morte e ressurreição. Eles precisam saber que, na cruz de Cristo, as características da velha humanidade já foram extintas. Que Jesus é o novo Senhor do cosmos. Ele é o Senhor das nossas vidas e de toda a cidade. Todos os habitantes devem ter a chance de poder se arrepender e exercitar fé em Cristo Jesus.
Então, por que não comunicamos o Evangelho para as pessoas que estão perto de nós? Por que tão poucos levam uma vida de evangelismo? Será que temos vergonha de Jesus? Existem muitas razões, mas a principal delas chama-se medo. O medo nos imobiliza e nos controla, fazendo com que não verbalizemos nossas crenças. Temos medo de ser ridicularizados, então camuflamos o que temos de mais valioso, Cristo. Outro motivo é a vergonha, pois as nossas ações nem sempre são compatíveis com os nossos discursos sobre a Bíblia. Falamos uma coisa e vivemos outra bem diferente. Assim, é melhor convidar as pessoas para alguma reunião especial, pois é muito mais fácil. Pelo menos isso alivia um pouco a nossa culpa e ameniza a nossa hipocrisia. Para poder realmente aplicar o evangelho em nossa cidade será preciso estar transbordantes
de Cristo em nossos pensamentos, sentimentos e ações. Qual a solução? Experimentar, de fato, a morte em relação a nós mesmos, ao nosso casamento, a nossa família, a nossa carreira, a nossa igreja e ao mundo. Necessitamos mais do que a doutrina correta, precisamos de arrependimento e de fé no poder do Evangelho.
A Bíblia afirma que o fruto do justo é arvore de vida, e o que ganha almas é sábio. Provérbios 11.30. Aquele velho e sábio pastor além de suas palavras (Deus sempre me deu vidas onde ele me colocou), nos ensinou muito com a sua vida. Sua vida nos leva a refletir: será que há pessoas em nosso ambiente de estudo, trabalho, moradia e lazer que Deus quer nos dar para evangelizar? O pastor Abuchaim dedicou grande parte do seu ministério viajando de cidade em cidade para levar a mensagem da cruz, e também não poupou esforços para passar meses no rio Paraná, pregando sobre o Reino às populações ribeirinhas. Além disso, acreditava no poder integral do Evangelho, pois sua preocupação não era apenas com as almas das pessoas, mas estava interessado na transformação total delas. Associava o Evangelho com as boas obras. O Pastor maior não fez diferente. Na verdade, foi Ele que nos ensinou sobre a nossa atitude em relação às pessoas que não fazem parte do seu aprisco. Ele afirmou que somos o sal da terra e
a luz nesse mundo. Sal, para evitar a corrupção moral e a putrefação cultural de nossas cidades. Luz, para fazer que as pessoas ao nosso redor enxerguem a sublimidade da Pessoa de Jesus. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa (cidade). Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. Mateus 5.15-16.


Solo Deo Glória

Nenhum comentário:

Postar um comentário