quarta-feira, 7 de março de 2012

DESVENTURADO HOMEM QUE SOU III

 
Medite nos trechos de biografias que apresentamos em seguida.

Bradiford, que foi martirizado no reinado de Maria, a sanguinária, em uma carta dirigida a um amigo que estava em outra prisão, subscreveu-se com as seguintes palavras: “O pecaminoso John Bradford, um hipócrita notável, o pecador mais miserável, de coração endurecido e ingrato - John Bradford” (1555).

O piedoso Samuel Rutherford escreveu: “Este corpo de pecado e de corrupção torna amargo e envenena nosso regozijo. Oh! Se eu estivesse onde nunca mais pecarei!” (1650).

O bispo Berkeley disse: “Não posso orar, mas cometo pecados. Não posso pregar, mas cometo pecados. Não posso ministrar, nem receber a Ceia do Senhor, mas cometo pecados. Preciso arrepender-me de meu próprio arrependimento; e as lágrimas que derramei necessitam da lavagem do sangue de Cristo” (1670).

Jonathan Edwards, em sua obra A Vida de David Brainerd (o primeiro missionário entre os índios, cuja devoção a Cristo foi testemunhada por todos os que o conheciam),afirmou a respeito de Brainerd: “Sua iluminação, suas afeições e seu conforto espiritual parecem ter sido, em grande medida, acompanhadas por humildade evangélica; consistiam em um senso de sua completa insuficiência, de sua vileza e de sua própria abominação; com uma disposição correspondente e uma propensão do coração. Quão profundamente Brainerd foi afetado quase continuamente por seus grandes defeitos na vida cristã; por sua ampla distância daquela espiritualidade e daquela disposição mental que convém a um filho de Deus; por sua ignorância, seu orgulho, sua apatia e sua esterilidade! Ele não foi somente afetado pela recordação dos pecados cometidos antes de sua conversão, mas também pelo sentimento de sua presente vileza e corrupção. Brainerd não se mostrava apenas disposto a considerar os outros crentes melhores do que ele mesmo e a olhar para si mesmo como o pior e o menor de todos os crentes, mas também, com muita freqüência, a ver a si mesmo como o mais vil e o pior de todos os homens”.

O próprio Jonathan Edwards, que entre muitos foi mais honrado por Deus (quer em suas realizações espirituais, quer na extensão em que Deus o usou para abençoar outros), escreveu nos últimos dias de sua vida: “Quando olho para meu coração e vejo a sua impiedade, ele parece um abismo infinitamente mais profundo do que o inferno. E parece-me que, se não fosse a graça de Deus, exaltada e elevada à infinita sublimidade de toda a plenitude e glória do grande Jeová, eu deveria comparecer, mergulhado em meus pecados,nas profundezas do próprio inferno, muito distante da contemplação de todas as coisas, exceto do olhar da graça soberana, que pode destruir tal profundeza. É comovente pensar o quanto eu ignorava, quando era um crente novo (infelizmente, muitos crentes velhos ainda o ignoram - A. W.Pink), a profunda impiedade, orgulho, hipocrisia e engano deixados em meu coração” (1743).

Augustus Toplady, autor do hino “Rocha Eterna”, escreveu as seguintes palavras em seu diário no dia 31 de dezembro de 1767:” Ao fazer uma retrospectiva deste ano, desejo confessar que minha infidelidade tem sido excessivamente grande, e meus pecados, ainda maiores. Todavia, as misericórdias de Deus têm sido maiores do que ambos”. E mais: Minhas falhas, meus pecados, minha incredulidade e minha falta de amor me afundariam no mais profundo do inferno, se Jesus não fosse minha justiça e meu Redentor”.

Observem estas palavras de uma piedosa mulher, a esposa do eminente missionário Adoniran Judson: “Oh! Como eu me regozijo porque estou fora do redemoinho! Sou gaiata e fútil demais, para ser a esposa de um missionário! Talvez a gaiatice seja o meu mais leve pecado. Não são os atrativos do mundo que me tornam um simples bebê na causa de Cristo; pelo contrário, é a minha frieza de coração, a minha insignificância, a minha falta de fé, a minha ineficiência e inércia espiritual, por amor do meu próprio ‘eu’, e a minha pecaminosidade abundante e inerente de minha natureza”.

John Newton, o escritor do bendito hino “Graça Admirável” (que afirma: “Graça admirável, quão doce é o som que salvou um ímpio como eu; estava perdido, mas fui achado; era cego, agora vejo”), quando se referia às expectativas que ele nutria no final de sua vida cristã, escreveu o seguinte: “Infelizmente, essas minhas preciosas expectativas se tornaram como sonhos dos mares do Sul. Vivi neste mundo como um pecador e creio que assim morrerei. Eu ganhei alguma coisa? Sim, ganhei aquilo com o que antes eu preferia não viver! Essas provas acumuladas do engano e da terrível impiedade do meu coração me ensinaram, pela bênção do Senhor, a compreender o que significa dizer: vejam, eu sou um homem vil...Eu me envergonhava de mim mesmo, quando comecei a procurar a bênção do Senhor; agora, eu me envergonho mais ainda”.

James Ingliss (editor de “Marcos no Deserto”), no final de sua vida, escreveu: “Visto que fui trazido a uma nova opinião sobre o fim, a minha vida parece ser constituída de tantas oportunidades desperdiçadas e de tanta escassez de resultados, que às vezes isso é muito doloroso. A graça, porém, se apresenta para satisfazer todas essas deficiências; e o Senhor Jesus também será glorificado em minha humilhação” (1872). J.H.Brookers, o biógrafo de James Ingliss, observou sobre essas palavras: “Quão semelhante a Cristo e quão diferente daqueles que estão se gloriando em suas supostas realizações!”

Apresentamos mais uma citação, proveniente de um sermão de Charles H.Spurgeon. O Príncipe dos Pregadores disse: “Existem alguns crentes professos que falam sobre si mesmos em termos de admiração. Todavia, em meu íntimo, detesto mais e mais esses discursos, a cada dia que eu vivo. Aqueles que falam dessa maneira arrogante devem possuir uma natureza muito diferente da minha. Enquanto eles estão congratulando a si mesmos, tenho de me prostrar aos pés da cruz de Cristo e admirar-me de que estou salvo, pois sei que fui salvo. Tenho de admirar-me de não crer mais profundamente em Cristo e de que sou privilegiado por crer nEle. Tenho de admirar-me de não amá-Lo mais profundamente, mas igualmente devo admirar-me até de que O amo de alguma maneira. Devo admirar-me de não possuir mais santidade e admirar-me, igualmente, de que eu tenho algum desejo de ser santo, levando em conta quão corrompida, degenerada e depravada natureza eu ainda encontro em minha alma, apesar de tudo o que a graça de Deus tem feito em mim. Se Deus permitisse que as fontes do grande abismo da depravação se rompessem nos melhores homens que vivem neste mundo, eles se tornariam demônios tão maus como o próprio diabo. Não me importo com o que dizem esses vangloriosos a respeito de suas próprias perfeições. Estou certo de que eles não conhecem a si mesmos;se conhecessem, não falariam como frequentemente o fazem. Mesmo no crente que está mais próximo do céu existe combustível suficiente para acender outro inferno, se Deus tão-somente permitisse que uma chama caísse sobre ele. Alguns crentes parecem que nunca descobrem isto. Eu quase desejo que eles nunca o descubram, pois esta é uma descoberta dolorosa para qualquer um fazer; mas ela tem o efeito benéfico de fazer que paremos de confiar em nós mesmos e de nos gloriarmos somente no Senhor”.

Poderíamos apresentar outros testemunhos dos lábios e dos escritos de homens igualmente piedosos e eminentes, porém citamos o suficientes para mostrar que os santos de todas as épocas tinham motivo para fazerem suas essas palavras do apóstolo Paulo: Desventurado homem que sou!”

 
Solo Deo Glória


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