De todas as disciplinas educativas
nesse universo da experiência, a mais difícil de todas é a que trata do
contentamento. Nada pode ser mais custoso do que uma vida pautada pela autêntica
satisfação. De um modo geral, os alunos na escola da vida são reprovados nessa
matéria, quando demonstram com desgosto imenso suas lamúrias diante das
realidades da existência. Muito pouca gente consegue classificação nesse
assunto. O apóstolo Paulo foi um dos raros discípulos aplicados dessa
Universidade do Contentamento, pois realmente aprendeu a viver satisfeito.
Quando ele escreveu esta carta, encontrava-se preso em Roma sob condições
extremamente hostis. Paulo sofreu nessa vida as mais duras perseguições e passou
por momentos de privações humilhantes, sem jamais demonstrar uma atitude de
desprazer. A sua ênfase nesta carta aos filipenses é pura
alegria.
Ser aprovado em matéria de
contentamento não é um assunto que estimule as multidões, mas uma mente
satisfeita é uma festança que anima muita gente tediosa. Como é bom conviver com
uma pessoa que sabe celebrar a vida! A verdadeira satisfação resplandece no
escuro, por isso Paulo, num cárcere tenebroso em Filipos, era mais exultante do
que Adão no paraíso dos prazeres. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas
oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam.
Atos 16:25.
Aquele que se satisfaz com menos,
tem um patrimônio muito grande para garantir a sua felicidade duradoura. Alguém
disse que o contentamento consiste não em acrescentar mais combustível, mas
em diminuir o fogo; não em multiplicar a riqueza, mas em diminuir os
desejos. Aquele que se encontra satisfeito com menos coisas, é bem mais
feliz do que aquele que vive ambicionando ansiosamente cada vez mais, buscando
avultar o muito que já possui. A verdadeira riqueza não consiste em ter muitos
bens, mas em viver bem com menos riqueza. Tendo sustento e com que nos
vestir, estejamos contentes. 1 Timóteo 6:8. Viver contente em todas as situações
é uma bênção da pedagogia celestial. A escola da graça de Deus é muito prática e
aqueles que aprendem a viver contentes são treinados na experiência diária. Deus
nunca ensina um conteúdo espiritual aos seus filhos de maneira teórica. A
educação dos santos é exercida no traquejo efetivo da realidade cotidiana. No
reino de Deus não há contentamento sem fornalhas aquecidas nem serrotes
amolados.
Mas, o contentamento não significa
acomodação. A obra da graça de Deus não propõe a estagnação das pessoas nem o
conformismo da iniciativa. Graça indolente é uma contradição de termos. O
contentamento do coração nada tem a ver com esse desinteresse anêmico ou a
resignação apática de gente lerda. O espírito satisfeito pela graça de Deus não
quer dizer um espírito indiferente ao crescimento de uma vida sadia. Toda pessoa
alcançada pelo evangelho de Cristo torna-se diligente em sua missão nesse
mundo.
Paulo era um homem contente, mas não
um homem conformado com a fatalidade. Ele era dirigido pela soberania graciosa
de Deus e não pela estupidez desvairada de um destino inevitável. Sua visão dos
acontecimentos era configurada pela suprema vontade Deus e nunca pelos meros
privilégios da ventura ou pelo acaso vulgar e azarento da sina; por isso mesmo,
ele regozijava tanto nos aplausos do êxito, como no luto da
calamidade.
A pessoa contente não se encontra
aprisionada pelo conformismo de uma conjuntura rígida, nem entorpecida pelo
borrifar ilusório da aspiração. Contente é a descrição daquele que olhando para
dentro de si mesmo, vê a fonte de sua satisfação na suficiência de Cristo, que
reside em seu interior, de modo que não precisa depender de substitutos
externos.
O apóstolo Paulo diz neste texto que
estamos enfocando que ele aprendeu a viver contente. Isso significa que houve um
tempo que ele não era tão contente assim. A palavra, o grego, tem um sentido de
aprender por experiência, logo, o seu contentamento espiritual não era algo que
tivesse experimentado desde a sua conversão. Ele precisou passar por alguns
testes severos, suportando situações críticas a fim de aprender as lições do
contentamento. Ninguém aprende a viver contente em qualquer circunstância, sem
passar pelos lances mais contrastantes e absurdos, tanto na fartura como na
penúria.
Mas esse aluno incansável do
contentamento torna-se, além disso, um dos mais eficientes mestres desse tema.
Ele não foi só um discípulo exemplar nessa Universidade, como também foi o seu
mais ilustre professor. Em uma de suas aulas sobre o assunto, Paulo mostra que a
piedade cristã é altamente rentável, desde que esteja associada ao
contentamento. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o
contentamento. 1 Timóteo 6:6.
A vida plena de sentido e repleta de
contentamento é uma vida progressiva e produtiva. Mas o velho instrutor do
contentamento nos mostra em sua didática que há três grandes princípios que
envolvem a realização de uma incumbência feita a contento. Não basta ser
atarefado e cumpridor do dever, é preciso fazer as coisas com a atitude
correta.
Primeiro: a pessoa
contente executa o seu serviço sob o fundamento da glória de Deus. Não há nada
pequeno em Deus e não há glória capaz de engrandecê-lo. Quando alguém busca o
seu próprio resplendor naquilo que faz, corre o risco de se envaidecer com sua
realização, se houver sucesso, e de se deprimir, se houver fracasso. Ninguém
pode ficar contente entre o brilho afetado do êxito e a sombra cruel do
insucesso. Sendo assim, a grande alternativa do espírito jubiloso é executar
todas as coisas para a glória de Deus. Portanto, quer comais, quer bebais
ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. 1 Coríntios
10:31. Aqui não há o perigo da desolação.
Segundo: a senda de uma
pessoa feliz é demarcada pelo perímetro ilimitado do amor. O dever leva-nos a
fazer as coisas com esmero, mas o amor leva-nos a fazê-las com a excelência do
entusiasmo. A pessoa contente vai muito além do capricho, quando se dedica com
afeto àquilo que realiza. Lawrence P. Jacks disse: ninguém saberá o
que você quer dizer quando fala que Deus é amor se você não agir segundo o que
fala. O cristão contente é aquele que se contenta fazendo o seu trabalho com
amor. Ninguém pode ser mais feliz do que aquele que procede dentro da bitola
incondicional do amor. Todos os vossos atos sejam feitos com amor. 1
Coríntios 16:14. Aqui não há a ameaça da amargura.
Terceiro: o outro segredo
do contentamento cristão é a atividade destituída de reclamações e discórdias.
Há muita gente que faz muita coisa, mas o que faz vem contaminado com o veneno
das queixas. As lamentações roubam a alegria no cumprimento da missão e as
competições deixam vazar o bom humor em qualquer empreitada. Com certeza, o
maldizente é um participante efetivo no coral do inferno, pois nada se assemelha
tanto à musica do abismo como o tom torturante da lamúria. Fazei tudo sem
murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros,
filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual
resplandeceis como luzeiros no mundo. Filipenses 2:14-15.
Aqui não há a tortura do aborrecimento.
Os filhos de Deus são uma espécie
rara de gente alcançada pela graça, que cursa a Universidade do Contentamento,
aprendendo a viver contente em qualquer ambiente e sob quaisquer condições. Como
afirmou Albert Barnes, o maior sofredor que vive neste mundo de amor
redentor e tem diante de si a oferta do céu, tem motivos de gratidão. Se
você faz parte dessa turma, só lhe resta uma opção: Viver aprendendo a
contentar-se em toda e qualquer eventualidade. Seja a vossa vida sem
avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: de maneira
alguma de deixarei, nunca jamais de abandonarei. Hebreus
13:5.
Todos aqueles em que a cruz de
Cristo deixou suas impressões no caráter, sempre vão transbordar seu
contentamento, aprendido através das marcas dos cravos esculpidas pela fé.
Ninguém pode viver mais contente do que os co-crucificados e regenerados na
ressurreição pela graça
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 1 de março de 2012
NA UNIVERSIDADE DO CONTENTAMENTO
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