Quem é Jesus Cristo para as pessoas a quem pregamos o Evangelho? Quem é Jesus Cristo para o povo brasileiro? Quem é Jesus Cristo para as pessoas que estão do outro lado da rua? É de fundamental importância que o Evangelho possa ser compreendido de maneira clara pelas pessoas que nos cercam. Em nosso País, temos muitas "visões" sobre quem é Jesus, porém, todas elas diferentes da visão do Jesus transformador de vidas.
As concepções sobre quem é Jesus, são fruto das imagens e lembranças nas diferentes fases da vida das pessoas. O Jesus dos filmes e das montagens teatrais traz consigo doses de desconfiança, incerteza, ceticismo e várias outras reações. O Jesus "popularizado pela mídia" é um personagem que pode ser facilmente questionado ou contestado. No imaginário de algumas pessoas Jesus pode ser uma figura marxista ou de cunho ideológico, proporcionando a muitos, somente uma inspiração sócio-política.
Jesus também pode ter características vitorianas ou puritanas, advindas da visão europeizada do Salvador. O Jesus acadêmico é aquele que se encontra nos conceitos formulados pela filosofia e pela teologia sistematizada. Trata-se de um personagem que não ultrapassa os limites das páginas dos livros, e, portanto, não é satisfatoriamente comunicado ou vivenciado diante das pessoas.
Com todas estas deformidades constatadas, permanece a pergunta sobre quem é de fato Jesus Cristo, pois, nenhuma das visões acima proporciona às pessoas a verdadeira representação da imagem do Deus invisível. Onde se encontra, no âmago da cultura brasileira, o Jesus revelado na Palavra de Deus? Em nenhuma dessas idéias. Este assunto é mais do que interessante aos cristãos evangélicos brasileiros! Temos que ter o cuidado e a sensibilidade para não nos apegarmos às imagens de Jesus produzidas pelo pensamento disseminando pela cultura brasileira.
As pessoas têm sido vitimizadas pelas várias idéias acima cujas origens e motivações são espúrias e estranhas ao Evangelho da graça de Deus em Cristo. O Jesus da Bíblia é o da confissão de Pedro "13 Indo Jesus para as bandas de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o filho do homem? 14 Responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas. 15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que sou eu? 16 Respondeu Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Mateus 16:13-17.
É Aquele que está acima das formulações humanas geradoras de comportamentos contrários à revelação do Verbo de Deus. O Jesus verdadeiro é o Filho de Deus encarnado, morto, ressuscitado e glorificado pelo Criador e Sustentador do universo. É aquele que produz transformação nas vidas e transformações em qualquer sociedade de acordo com as perspectivas do Reino de Deus. No dizer do missiólogo Orlando Costas, o povo de Deus deve possuir as qualidades da espiritualidade, da encarnacionalidade e da fidelidade inerentes ao cidadão do Reino de Deus, para que sejam manifestadas no mundo (na cultura) em que vivemos. O Jesus das nossas igrejas deve ser Aquele que o mundo não conhece que opera uma transformação radical em nossas vidas. É o Jesus que ama com o amor Divino e dá sentido à vida!
No Brasil existe uma verdadeira fusão entre os elementos da religiosidade indígena (animista), africana (orixás como intermediários) e portuguesa (santos e padroeiros). Tais influências se fazem presentes nas imagens que o nosso povo tem da figura de Jesus. Entre as diversas imagens de Jesus vistas acima, existem aquelas que são claramente expressadas através das letras de músicas em vários segmentos da cultura popular brasileira. Trata-se de uma "teologia popular não sistematizada", que por muitas vezes é ignorada, sobre a pessoa de Jesus Cristo.
Existe o cristo morto identificado nos crucifixos pendurados em escolas, na cabeceira das camas, nos hospitais, nos ambientes e repartições públicas, em colares e até em algumas igrejas que se dizem cristãs. Essa imagem mostra-nos um fatalismo misturado a uma sensação de conformismo na mente do povo brasileiro, passando a idéia de um cristo impossibilitado de agir e reagir às coisas da vida real. Muitas vezes é visto como um cristo que pode ser derrotado pelas forças do mal, ou seja, morto.
Podemos enumerar também a imagem do cristo distante representado pelo monumento do corcovado na cidade do Rio de Janeiro. Ele está exposto em cima de um monte e não ocupa nenhum lugar central na intimidade da vida das pessoas. É uma distância espiritual simbolizada pela distância física.
Há o cristo sem poder que desaparece nas horas difíceis da vida. É um cristo que precisa ser auxiliado pelas forças cósmico-divinas presentes na natureza, pelos orixás e pelos santos. Tal concepção é mais fortemente alimentada na medida em que os poderes sobrenaturais são atribuídos às figuras mencionadas anteriormente. Essas figuras exercem um fascínio e um carisma muito poderosos e perigosos sobre as vidas das pessoas. É o Jesus que pode precisar de ajuda de outras entidades tão presentes na cultura nacional.
Há também o cristo que não inspira respeito encontrado nos crucifixos dos bordéis e dos bares, nas músicas carnavalescas, em filmes como "o alto da compadecida" e nas expressões populares tais como "bancar o cristo", querendo significar o tolo ou idiota. Tem a conotação de um cristo que não é "tão respeitado" quanto os outros santos e as demais entidades satânicas.
Por fim, podemos mencionar o cristo docético simbolizado por figuras fracas, pálidas e até efeminadas do catolicismo romano. O espiritismo é responsável pela divulgação da imagem de um cristo sem corpo (desencarnado). Também, existe uma espécie de piedade distante da realidade que pode ser responsabilizada pela difusão de um Cristo dividido em seus aspectos humano e divino. É uma postura alienante que produz divisões entre o individual e o social; o material e o espiritual e o secular e o religioso.
Como responder a essas tristes realidades de maneira bíblica e em diálogo teológico? As respostas não são tão simples e devem ser buscadas em diálogo (desconstrução/re-construção bíblica e teológica) com as pessoas a partir das suas realidades, trazendo-se a perspectiva do novo que só o evangelho é capaz de dar. Isto significa ir até as pessoas (às suas realidades culturais) para dizer quem é realmente O Cristo de Deus. Quando não se conhece a própria condição (origem ou destino pessoal) perante Deus toda busca parece ser legítima e dotada de valores nobres. Porém, sabemos que só há um caminho que conduz a Deus: Jesus Cristo! Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saberemos o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:5,6.
Qual é o Jesus que estamos apresentando àqueles que estão sob nossa responsabilidade evangelística? Que Deus conceda ao seu povo a sabedoria de nunca se comprometer com nenhuma das inclinações acima mencionadas, tão presentes na religiosidade popular brasileira. Temos que anunciar o Jesus Cristo diferente da visão popular, porém, sempre disponível às pessoas que verdadeiramente venham a confessá-lo. Afinal, somos chamados para ser "sal e luz" nesta Pátria tão sofrida e espiritualmente árida Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai. Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. João 5:13-16.
Solo Deo Glória
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