terça-feira, 3 de abril de 2012

DESCONSTRUINDO O VELHO MODELO


Contudo, o povo ainda sacrificava nos altos, mas somente ao SENHOR, seu Deus. 2 Crônicas 33:17.
Manassés foi o pior rei de Judá e teve o reinado mais longo da história monárquica do Antigo Testamento; 55 anos de governança. Só por misericórdia. Era filho de Ezequias, um bom rei, que pediu a Deus que o curasse de uma enfermidade mortal. Foi atendido e viveu mais 15 anos. Depois de sua morte, Manassés aos 12 anos de idade começou a reinar; portanto, ele foi gerado após a cura de seu pai.

Talvez a morte de Ezequias antes fosse melhor. Deus atende muitas orações em razão de nossa insistência que acabam em situações complicadas. Seria mais adequado aceitarmos a vontade divina: “seja feita a tua vontade, Senhor”.

Se Manassés não tivesse nascido, muita coisa ruim não teria acontecido na história do povo judeu. Ele foi um dos pivôs da decadência que culminou no cativeiro babilônico.

A primeira parte do seu reinado, que não se tem a noção de quanto tempo durou, foi uma tragédia sem precedentes na vida do povo de Deus. Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o SENHOR tinha destruído de diante dos filhos de Israel. 2 Crônicas 33:9.

O culto aos demônios tipificados nos postes-ídolos ou na adoração ao falo, também configurada no obelisco de Tamuz, se tornou uma prática comum na vida do povo de Deus. A nação havia se prostituído com o mistério da BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA. Apocalipse 17:5. Aqui está a chave para se entender a corrupção das realidades espirituais.

A idolatria é a oficina de fazer adeptos de Satanás. O adultério espiritual é muito mais sério do que podemos imaginar. Tanto os ídolos concretos como a idolatria ideológica são instrumentos satânicos para nos afastar da comunhão com o Deus verdadeiro.

O rei Manassés foi um idólatra contumaz, reconstruindo todos os altares e ídolos que seu pai havia destruído. Era um revoltado. Tornou-se adepto de Ninrode, pai do humanismo teomânico e grão-mestre do satanismo. Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia derribado, levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos, e se prostrou diante de todo o exército dos céus, e o serviu. 2 Crônicas 33:3.

Além da idolatria ordinária que grassou entre o povo judeu, ele queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocar à ira. 2 Crônicas 33:6.

Acredito que ninguém na monarquia bíblica chegou tão longe, nas questões malignas, quanto Manassés. Nem mesmo Acabe e Jezabel, no reino do norte, foram além dele. Esta primeira fase de sua biografia é a própria encarnação de Satã. As trevas espirituais tomaram conta da nação e não havia esperança para este povo. Assim como Israel havia se desmanchado sob o poder dos assírios, Judá estava no mesmo caminho.

Mas, a misericórdia do Senhor tem seus planos secretos.

Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia. 2 Crôn 33:11.


O melhor lugar para se mexer e remexer com um idólatra é levá-lo ao ninho da idolatria. Deus providenciou uma permanência de Manassés na capital do inferno na terra, por um tempo, para fazê-lo considerar sobre a sua demência. Foi nesta viagem ao condado do capeta, que Manassés passa por uma experiência cambial em sua crença.

“Gato escaldado tem medo de água fria”. Na tortura do príncipe das trevas, o rei Manassés se desassossega.

Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais; fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus. 2 Crônicas 33:12-13.


Tudo indica que Manassés foi convertido. As piores pessoas são sempre as que levam vantagens na obra da salvação, pois elas não têm nada a que se agarrar. Por outro lado, só uma pessoa transformada por Javé abre mão, de fato, de qualquer forma de idolatria. Na vida dos filhos de Deus não há lugar para o culto aos deuses deste mundo.

O veraneio forçado de Manasses na casa do coisa-ruim foi a melhor coisa que poderia ter acontecido a ele. Quando retornou a Jerusalém, ele tirou da Casa do SENHOR os deuses estranhos e o ídolo, como também todos os altares que edificara no monte da Casa do SENHOR e em Jerusalém, e os lançou fora da cidade. 2 Crônicas 33:15.

Que ídolo seria este? Já vimos, anteriormente, os postes-ídolos, que em hebraico são denominados de asherah, ou aserá em português, significando bosque. São ídolos de troncos de madeira ou mesmo de árvores frondosas representando o órgão masculino em pé em direção ao deus sol e que têm a mesma identidade desse ídolo colocado no templo do Senhor, que para alguns estudiosos, seria o obelisco de Tamuz, feito de pedra.

Vemos aqui no templo o símbolo da fertilidade humana e a bandeira do humanismo hasteada no santuário que apontava para a graça plena de Javé. Era uma aberração sem precedentes na história do povo de Deus.

Manassés, que o havia construído e colocado no templo, agora, depois de ter se lambuzado nas latrinas da latria e se empanturrado deste deusinho babilônico, sabendo do seu verdadeiro significado, toma a decisão de retirá-lo do local sagrado dos judeus.

A sua reforma foi muito importante, entretanto era tardia. Mesmo que tirasse o ídolo do templo, o coração do povo estava nos altos. Ainda que eles adorassem ao Senhor, essa adoração era feita em lugares profanos. O povo se voltou para Deus, embora mantivesse o culto com a metodologia idólatra. Sacrificavam ao Senhor, mas indo aos lugares altos. As montanhas têm o mesmo principio da torre de Babel.

O humanismo é a doutrina maligna da elevação do ser humano. Sofremos da síndrome de altar. O cume dos outeiros, os palcos, plataformas, pódios, palanques e púlpitos são espaços de visibilidade pública, mas ambientes perigosos para o ego.

A religião sempre buscou uma elevação palpável, colocando as pessoas em seus tamancos para construir suas torres, templos, tablados para o seu show, a fim de viverem no topo da crista. É comum se ouvir: vamos ao monte para orar! Por que não no vale? Porque temos medo do anonimato. O ser humano não gosta da obscuridade pessoal. Não suporta a ausência de holofotes e a falta de reconhecimento dos outros.

Pedro, como porta-voz dos discípulos de Jesus, recebeu uma revelação do Pai para ninguém duvidar que se tratasse de algo sobrenatural. Afirmar que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, estava fora da competência humana.

Mas, quando Jesus assegurou como imperativo, que a sua missão acabaria numa cruz, Pedro protestou veementemente: isso de modo algum te acontecerá. Neste momento, o Senhor deixou bem claro o projeto das trevas: Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens. Mateus 16:23.

Quem é o técnico do jogo humanista? Quem investe na elevação de nossa imagem? Quem está por trás da disputa de poder, a fim de sermos considerados? Quem cogita dos acontecimentos que valorizem a atuação dos homens? Quem se apetece em inflar o ego para nos tornar tão importantes ou cheios de direitos?

Manassés foi esvaziado, mas o povo continuava cheio de elevação; queria adorar a Deus nos lugares altos. Muitos, hoje em dia, até abrigam uma mensagem ortodoxa, mas não querem abrir mão da sua glória. São fieis aos princípios doutrinários, conquanto que recebam os aplausos da plateia. Querem, antes de tudo, continuar na idolatria do ego. Por exemplo: o cântico da igreja atual está voltado ao povo e não ao trono.


Para desconstruir este velho modelo insidioso só tem uma receita: a cruz de Cristo. Paulo foi alcançado por esta revelação íntima, que mostra onde se encontra a sua celebridade. Ele vê que a sua fama se resume nisto: Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14.

A idolatria do ego é muito pior do que os postes-ídolos ou o obelisco de Tamuz no cimo das colinas. A glória humana não se expressa só nos montes e amontoados da natureza adâmica. Ela também constrói altares até nos vales da “humildade”, para chamar a atenção dos espectadores para uma grandeza bizarra: “eu sou dos maiores em modéstia”. O maior perigo que se pode observar é ver um rei arrogante vestido de mendigo.
Ó Senhor, esvazia-nos com graça, por sua obra consumada no Calvário. Amém.


Solo Deo Glória

Nenhum comentário:

Postar um comentário