segunda-feira, 2 de abril de 2012

DENTRO DA RELIGIÃO, MAS FORA DO REINO DE DEUS



O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito ... Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?
João 3:6,10


Neste trecho das Escrituras o Senhor Jesus trata de uma necessidade espiritual com muita clareza, ou seja, o segundo nascimento pelo poder do Espírito Santo. Nicodemos, como homem natural, não entendeu o que de fato é o novo nascimento; o que muita gente também ainda não entendeu. Assim, também as coisas de Deus; ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. 1 Coríntios 2:11.


Nicodemos frequentou a nata teológica, da qual faziam parte os sumos sacerdotes, os chefes religiosos e professores da lei, mas ignorava a regeneração pelo Espírito Santo. Jesus não intelectualiza o seu discurso, apenas desafia o sábio a romper com as amarras do racionalismo cético.


Esse chefe dos judeus, membro do conselho supremo da nação, é colocado em frente da verdade sobre Deus e o contraste de sua tradição religiosa, a qual ensinava a lei mosaica e ao mesmo tempo violava-a. Esta verdade iria condená-lo, ou salvá-lo e libertá-lo (1 João 5:10). Apesar de sua posição, de sua autoridade e de seu bom nome, ele não tinha vida eterna e, mais ainda, achava-se mestre: ... estando vós mortos nos vossos delitos e pecados ... obscurecidos de entendimento, alheios á vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração. Efésios 2:1 e 4:18.


E, por isso, Jesus é enfático ao dizer que o homem natural precisa nascer de novo, e, assim, ganhar uma vida espiritual. O cabedal de conhecimento daquele homem da lei, não foi suficiente para tirar as suas dúvidas e nem mesmo suprir o vazio de sua alma. Ele teve que admitir a obscuridade de sua existência tanto humana como religiosa.


Schaeffer, renomado pensador cristão, em seu livro “A morte da Razão”, assevera que nenhum esforço humano, moral ou religioso, humanista ou autônomo, pode ajudar o homem para a salvação.


Nicodemos era mestre entre o seu povo, e estava habilitado para ensinar tanto a incultos como aos mais doutos. Seu conhecimento abrangia questões sociais, jurídicas e até espirituais, porém, sem experiência de vida nova. A sua alma era um depósito de preceitos e conceitos humanos, institucionais, contudo era vazia com relação à essência da vida e do Reino de Deus. Nicodemos desconhecia a regeneração em Cristo.


Esse fariseu era um homem extremamente culto, o que pressupunha dedicação e observância meticulosa da Lei de Moisés. E exageradamente legalista, porém pobre e morto espiritualmente.


O próprio Jesus denuncia os fariseus pela valorização que eles davam às suas tradições, ao ponto de invalidar a Palavra de Deus. ...invalidando a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes. Marcos 7:13. Os fariseus se mostravam um tipo de pessoa, quando, na realidade, eram o oposto. Como é abundante este tipo de religião preocupada com o exterior, centrada no homem e arquitetada por ele.


Por isso há uma grande diferença entre religião e Evangelho. A religião tem como centro o homem. O Evangelho tem a sua existência centralizada em Cristo, na sua crucificação e ressurreição Nele fomos todos incluídos. O Evangelho não é do homem, e sim de Deus em Cristo. E só o Evangelho de Cristo que produz o verdadeiro novo nascimento. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo. Gl: 1:11-12.

Não foi simplesmente uma crítica, quando Jesus chamou os mestres da lei, de “hipócritas”. Jesus percebia o mal e a malícia nos corações dos fariseus, bem como a desobediência interior à palavra. Embora pareçam extremamente piedosos para algumas pessoas, e certamente para si mesmos, em realidade são mortos espirituais.

Saulo era centrado em si, apesar de se achar ... hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo à justiça que há na lei, irrepreensível. Filipenses 3:5-6. Mas quando entendeu a graça, reconheceu a sua falência espiritual de tal modo que se rendeu totalmente ao poder sobrenatural do evangelho de Cristo. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê primeiro do judeu e também do grego. Romanos 1:16.

Saulo, antes de se tornar Paulo, era um religioso como Nicodemos. Não tinha nenhuma experiência de novo nascimento e estava indo para o inferno. O apóstolo reconheceu que a natureza própria do homem não pode se converter por si só, não pode mudar, nem pelos conhecimentos intelectuais e nem pelas situações sociais mais privilegiadas. O ser humano precisa nascer de novo!


Agora, o apóstolo Paulo, tão somente com a mensagem do Evangelho, é feito pelo Espírito Santo, um instrumento de vida. E muitos foram salvos ... pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo. 1 Coríntios 4:15. Outrora, Saulo encontra-se dentro da religião, mas fora do reino de Deus. Agora Paulo está comprometido com o Evangelho da suficiência do Cristo crucificado, o único capaz de nos transportar para o reino de Deus. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor. Col.1:13.


No clássico da literatura cristã chamado “O Peregrino”, de John Bunyan, o Cristão está conversando com dois companheiros chamados Formalista e Hipocrisia. Como o próprio Cristão, eles dizem com insistência que estão no caminho para a Cidade Celestial, e estão certos de que chegarão lá, porque muitos de seu país andaram por esse caminho antes.


É claro que seus nomes revelam a situação. Formalista e Hipocrisia não chegarão à Cidade Celestial. Quando Cristão vê pela primeira vez, esses homens, eles estão pulando o muro que segue ao lado do caminho estreito, no qual Cristão está. Evidentemente, ele reconhece que isso é um problema, pois sabe que a única entrada legítima para o caminho estreito é a Porta Estreita, que, na história, simboliza o arrependimento e a fé na pessoa e obra do Cristo crucificado.


Cristão pergunta para os dois homens: Por que não entraram pela porta? Os homens explicam imediatamente que as pessoas de seu país acham que a Porta está muito distante e, por isso, decidiram “tomar um atalho”. Desde o principio dos tempos, pessoas têm tentado salvar a si mesmas por maneiras que fazem sentido para elas, e não pelo novo nascimento na pessoa do Espírito Santo. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa nascer de novo. João 3:6,7.


Muitos têm elaborado um tipo de salvação sem a cruz, sem a morte do velho homem com Cristo, sem o novo nascimento, sem a suficiência da graça divina. Esta religião, centrada no homem, já invadiu muitas igrejas que se dizem evangélicas, e outros grupos dos mais diversos espalhados por todos os cantos.


Infelizmente, a propagação e a aceitação de um evangelho sem o Cristo crucificado tem sido grande. A descentralização da cruz está acontecendo sutilmente entre os evangélicos por caminhos judaizantes e legalistas. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação; homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. Judas 1:4.


As sábias palavras de Greg Gilbert em seu livro “O que é o Evangelho?” são bíblicas, quando ele diz: “Somente a cruz trata verdadeiramente, de uma vez por todas, do problema do pecado; é a cruz que torna possível aos seres humanos serem incluídos no reino perfeito de Deus. As Escrituras deixam claro que a cruz tem de permanecer no centro do evangelho. Não podemos movê-la para o lado, nem podemos substituí-la por qualquer outra verdade como centro, o âmago e a fonte das boas-novas. Fazer isso significa apresentar ao mundo algo que não salva e, portanto, não são, realmente, boas-novas”.


Não existem atalhos para se chegar ao reino de Deus. Somente na pessoa e obra do Cristo crucificado, isto é possível. Porém aquele a quem Deus ressuscitou não viu corrupção. Tomai, pois, irmãos, conhecimento que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés. Atos 13:37-39.


O novo nascimento ou nascimento do alto, que é um ato criador de Deus e um dom do Pai celestial. Possui base jurídica no fato de que a lei de Deus, pedindo o castigo do culpado, foi satisfeita em razão da expiação consumada do Substituto inocente e perfeito. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21. Na Bíblia, são inúmeras as advertências divinas a respeito das manifestações religiosas que não têm valor aos olhos de Deus.


A oferta de Caim era sem valor, porque oferecia a Deus o fruto do seu próprio trabalho. Confiando assim em suas próprias obras, todos aqueles que procuram a justiça própria constroem uma religião sem valor. Não há maior resistência a Deus, do que o homem que confia nos seus méritos.


Quantas obras aprovadas pelos homens, que Deus rejeita? Quantas posições honradas pelos homens, que Deus não reconhece? Quantos bons nomes, que para Deus são puro e simples disfarce? Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto. Apocalipse 3:1. Em outro momento, disse Jesus: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação. Lucas 16:15.


É bem verdade que o religioso tem a sua performance baseada naquilo que acredita. Mas a nova criatura, com muito mais relevância, evidencia a configuração proposta por Jesus. O capítulo 3 do evangelho de Lucas trata como se evidenciam os frutos de arrependimento ou do novo nascimento, isto é, atitudes que demonstram verdadeiramente a nossa mudança de mentalidade e de vida.


Muitos daquela época se firmavam, dizendo, “nosso pai é Abraão”, como garantia de sua religiosidade sem vida. Para Lucas, a experiência de regeneração determina mudanças radicais consigo e com o próximo. Multidões que se apresentavam para o batismo como confissão de fé precisavam demonstrar algo mais no dia-dia (Lucas 3:8-14). Como se estivesse dizendo àqueles que se dizem que nasceram de novo, e não produzem evidência de mudança de vida e valores; estão sendo cortados e lançados no fogo.


Diante da pregação de Lucas surgiram algumas perguntas. E com certeza precisamos, à luz da palavra de Deus, elaborar algumas perguntas, e respostas. Como, por exemplo, quais as atitudes que evidenciam o nosso novo nascimento? Que resposta você daria?


O novo nascimento é a nossa reconciliação com Deus através da nossa morte e ressurreição no corpo de Cristo. E, assim, estamos libertos da religião. Porém, muitos têm negado o reino de Deus, que já começa aqui, em nós, na terra. Quando são individualistas, quando não querem mais congregar, vivem falando mal, não gostam de contribuir, nem de servir, e são seletivos, insubordinados. Não querem o resultado do novo nascimento em sua vida que é o amor sacrificial.


O chamado do Senhor é para vivermos já, aqui e agora, o reino de Deus, pela vida de Cristo, em nós. E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. 1 João 4:17.


Solo Deo Glória

Nenhum comentário:

Postar um comentário