domingo, 22 de abril de 2012

ESPERANDO CONTRA A ESPERANÇA

Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência. Romanos 4:18 (NIV).

Richard Sibbes disse que a natureza da esperança é esperar no que a fé crê. A experiência cristã está fundamentada em três pilares básicos: Fé, esperança e amor. O último é a própria essência de Deus e o único que permanece depois da sepultura. A fé é a visão do coração quando se defronta com a palavra de Deus. Usando os óculos da fé, o confiante é capaz de ver o invisível ao focalizar a revelação da palavra de Deus. O espírito vivificado pela pregação do evangelho da graça ousa ir além do que é possível ver, e acaba vendo além do que é possível crer. Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Hebreus 11:1. No âmbito da fé está a convicção plena da esperança e o sinal visível para a cegueira total.



A lucidez do crente se baseia na iluminação da palavra de Deus, que lhe garante a estabilidade de uma esperança segura. A luz está para a visão, assim como a palavra de Deus está para a fé. Sem a revelação da palavra de Deus não há qualquer evidência de fé, e sem o menor indício de fé, não há vestígio de esperança. A palavra de Deus causa a fé no coração descrente, gerando uma atitude de confiança que se recusa entrar em pânico em razão da esperança dominante. Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo, pacientemente. Romanos 8:24-25.


No fundo da experiência genuína dos crentes reside uma certeza inabalável de que as promessas divinas são inquestionáveis, portanto, não é possível se desesperar quando Deus está por trás de qualquer afirmação. Abraão sofreu por algum tempo de incredulidade impaciente e tomou algumas atitudes nada recomendáveis. Porém, Deus se revela a ele como El-Shadai, o todo-poderoso, capaz de torná-lo realmente esperançoso, diante daquilo que lhe parecia impossível. Quando o Onipotente afiança a sua palavra, não há problema sem solução, como insiste o Senhor, através do profeta. Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim? Jeremias 32:27.


Abraão foi o homem bíblico que experimentou mais de perto a esperança contra a esperança, já que era um velhusco impotente sexual e sua mulher estéril, e em avançado estagio da menopausa, recebera a convicção de que seria pai de muitas nações, conforme a palavra declarada pelo Senhor. Sem viagra por perto ou qualquer outro energético viril, Abraão via algo ainda maior do que a impossibilidade humana, pois enxergava a mão onipotente operando em meio à sua debilidade completa. Pela fé Abraão – e também a própria Sara, apesar de estéril e avançada em idade – recebeu poder para gerar um filho, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Hebreus 11:11.


A grande necessidade da verdadeira geração da fé é a plataforma firme e constante da palavra imutável do Deus que pode tudo, para que ela possa andar com total garantia. Se tivermos a segurança que o Deus onipotente está nesse negócio, não resta a menor dúvida para o êxito do empreendimento. Se o Senhor Deus estiver abonando um projeto qualquer, por mais difícil que pareça, e por mais impossível que o vejamos, há verdadeira esperança para o sucesso. Pois nada é impossível para Deus. Por isso há esperança para o futuro, declara o Senhor... Lucas 1:37 e Jeremias 31:17a.


É costume dizer por ai que a esperança é a última que morre, mas eu prefiro afirmar por aqui, que a esperança é a primeira que ressuscita e nos acompanha até o nosso descanso físico. Logo que Cristo ressuscitou dos mortos, o desânimo dos seus discípulos foi substituído por um alento sem medida. Um grupo desarticulado e desmotivado subitamente toma outro ânimo e assume uma outra postura. A verdade clara dos fatos fica por conta da esperança que brotou da sepultura. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. 1 Pedro 1:3. Não há dúvida: Deus nos regenerou através da ressurreição de Jesus Cristo, para uma viva esperança.


Na mitologia grega há uma lenda que fala de Pandora, a primeira mulher enviada ao primeiro homem, Epimeteu, com uma caixa contendo todos os bens e todos os males. Foi-lhe dito que não descerrasse por nada aquele cofre. Mas, invadida pela curiosidade tão fértil no gênero feminino, Pandora não se conteve e abriu o baú. Todos os bens e males escaparam da arca, ficando apenas a esperança. Assim, sejam quais forem as circunstâncias, ainda resta a esperança para os sofrimentos que se abatem sobre a humanidade. No fundo da caixa torácica habita uma flama de esperança, que é a última que morre. Ninguém pode viver sem esperança. Todas as religiões do mundo falam dos seus líderes como homens, com alguma expectativa, que estiveram vivos nesse planeta por algum tempo, mas agora se encontram mortos. O evangelho, entretanto, prega a Cristo que viveu aqui na terra, foi morto, contudo está vivo eternamente. Alguém já disse que as melhores notícias que o mundo já ouviu, que enchem os corações de esperança, vieram de um túmulo vazio. O cristianismo é o único sistema de vida espiritual em que a esperança não morre. Ora o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Romanos 15:13.


A tumba vazia encheu de esperança os corações dos discípulos. Eles não ficaram amarrados como prisioneiros dos acontecimentos que redundaram na morte de Jesus, pois a ressurreição trouxe uma nova perspectiva para a história da humanidade. Agora há um ponto de vista original a respeito de uma vida nova que vai além do cemitério, palavra de origem grega que equivale a dormitório. A morte já não mais apavora como o ponto final da existência, pois a vida ressurreta abriu caminho para uma viva esperança. Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão. 1Coríntios 15:19.


John Bunyan dizia que a esperança nunca vai mal quando a fé vai bem. Se a nossa fé se alicerça na vitória plena de Cristo, então não há beco sem saída na caminhada do cristão. Mesmo nos dias mais tenebrosos, a esperança sempre consegue divisar o brilho do céu através das nuvens mais espessas. No perímetro da esperança não há cortina de sofrimento capaz de anuviar o fulgor da aurora. A tarde sombria da sexta-feira jamais ofuscará o esplendor glorioso da madrugado do domingo. Por isso: O choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria. Salmo 30:5b. O jargão mais adequado para o sotaque do cristão é essa aleluia iluminada de esperança.


Cristão sem esperança é um descrédito na suficiência de Cristo ressuscitado. Esperança sem alegria é uma difamação ao evangelho da graça. Alegria sem louvor é uma calunia ao estilo da verdadeira crença. Mesmo quando tudo parece impossível, se a nossa fé está firmada na palavra de Deus, não há lugar para o desânimo, nem para a reclamação. Abraão não olhava para a senilidade do seu corpo, nem para os impedimentos físicos de sua mulher, pois ele não duvidou de que Deus pudesse realizar completamente a sua promessa e nunca perdeu a fé. Pelo contrário, a sua fé se tornava cada vez mais forte, enquanto ia dando louvores e glorificando a Deus. Romanos 4:20

A esperança contra a esperança é a evidência sublime da fé que se apropria na certeza inalterável da palavra de Deus, para em seguida perseguir o alvo gracioso olhando sempre na fidelidade de quem fez a promessa, louvando-o pela sua soberania. Como disse Peter Anderson, "esperança" é a abreviatura bíblica de certeza incondicional. A esperança do cristão de chegar à glória não está no fato de que Cristo está nele, mas sim em o Cristo que está nele ser um fato. Louvemos a Deus, porque essa esperança nunca murcha. Aleluia.


Solo Deo Glória

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