sábado, 17 de novembro de 2012

O CAOS DAS SOMBRAS

Alguém disse: “as piores mentiras são aquelas que mais se parecem com a verdade”. As parecenças são perigosas ao serem vistas da penumbra. Muitos ingênuos acabam enleados com as teses humanistas, supondo que sejam iguais aos temas do cristianismo.
Jesus estava quase no final do seu ministério terreno, quando fez uma pesquisa de “ibope” a seu respeito. Os resultados mostraram uma salada de opiniões. Havia discordância entre o povo sobre qual dos profetas ele mais se parecia e, então, Jesus pergunta diretamente aos discípulos: – e vocês, o que acham deste assunto?
Simão Pedro não hesitou. – Não tenho dúvidas, o Senhor é o Messias, o Filho de Abba. Jesus ficou pasmo e afirmou: – só pode ter sido o meu Pai quem te confidenciou este segredo. De fato este tópico é tema de revelação. Neste quesito em particular, temos que concordar com João Batista. O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. João 3:27. Era impossível que alguém olhasse para o Jesus histórico dizendo – é o Cristo.
A confissão de Pedro o colocou numa posição distinta, mas perigosa. Jesus lhe mostrou que, deste modo, ele havia se credenciado para receber as chaves do reino dos céus. Como porta voz dos discípulos ele depressa se tornou no porta-chaves das boas novas que abrem os portões do palácio real de Abba. Isto era “demais” para um simples pescador do lago da Galiléia. Há um grande risco para quem se vê grande.
Logo em seguida ao deslumbre petrino, Jesus passa a demonstrar aos seus discípulos, pela primeira vez, o seu verdadeiro plano como o Verbo encarnado. Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse. Marcos 8:31.
O que é isto? Pensou Simão. Vou já demover o Mestre desta tolice. Nós, judeus, estamos esperando o Messias, o kaiser mundial, e eu lhe dei a bola nos seus pés para fazer o gol, mas ele vem com essa loucura de morte! Tenho que assessorá-lo nesta tarefa, antes que cometa essa bobagem. Foi neste clima e com toda esperteza de uma “sociedade secreta”, que Pedro chamou Jesus de lado e o reprovou com veemência.
Pedro se precipitou entrando numa fria. Jesus mostrou que ele agora fora porta- voz de Satanás e, que este, tem como objetivo principal cuidar das coisas do homem. Segundo Jesus, Satanás é o patrono do humanismo e o promotor da humanização teosófica.
Vamos definir esse negócio sem afetação. O humanismo é o ser humano sobrecarregado, querendo ser como Deus, enquanto o Cristianismo é Deus humildemente vivendo encarnado. Os dois padrões, porém, são opostos e irreconciliáveis. O problema é que o humanismo se traveste, muitas vezes, de cristianismo, para provocar o caos das sombras.
A especialidade de Lúcifer é a falsificação global. O seu império é a casa das mutretas genéricas, onde tudo é artificial, dissimulado e acobertado. Seus secretários são imitações baratas dos ministros do Cordeiro, mas como dizia Paulo,não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. 2 Coríntios 11:14.
L. Nelson Bell sustentava que “os cristãos precisam reconhecer o fato de que o humanismo não é um aliado na busca de um mundo melhor para viver. É um inimigo mortal, pois é uma religião sem Deus e sem esperança neste mundo e no próximo”.
Um humanista disfarçado de cristão é difícil de ser detectado. Quero, neste estudo, deixar dicas que facilitem àqueles que quiserem seguir as pegadas destas feras no campo da imitação. Elas estão infiltradas em todas as igrejas de Cristo, mas camufladas.
Alguém já levantou a tese de que os humanistas podem imitar quase tudo o que Cristo ensinou por aqui, menos a humilhação. Eles conseguem inclusive falsificar muito bem a humildade, todavia, quando são humilhados viram bicho. Thomas Brooks garantia: “as doutrinas humanas não contêm poder para humilhar”.
Muitos “ministros” da igreja, hoje, são humanistas de carteirinha. Eles até se parecem com os pastores de Cristo, mas basta um confete ateado ou uma espetadela na costela que logo aparecem os caninos arreganhados ou as unhas afiadas. Eles são como lobos em peles de ovelhas, embora se nutram de elogios e se firam com a menor alfinetada.
A louvação pessoal é o combustível da religião humanitária. Aproveitando-se da carência nossa de cada dia, eles lambem suas vítimas como se fossem suas crias. Usam os confetes como moedas podres para comprar escravos baratos. Mas a melação é traventa.
O seu mundo gira sempre em torno da estima pessoal, dos méritos e da premiação dos melhores. Tudo isto com a intenção de idolatrar as personalidades. O homem se torna assim o centro deste universo e “a medida de todas as coisas”, sendo o culto voltado a ele mesmo e não a Deus. A adoração sai do altar e vem para o artista e para a platéia.
Além da estratégia escravocrata, jogada para abocar carentes, há também uma toxicomania estrutural, em razão de serem drogados por reconhecimento. Os humanistas são viciados em honrarias. O que caracteriza um dependente de louvores é sua mania por relatórios e a necessidade de sua exposição pública. Eles jamais oram num quarto fechado, não dão esmola sem tocar trombeta, e nem jejuam com a fisionomia de festa.
Outra marca interessante é a fome do mega. O humanismo vive das cogitações grandiosas da raça humana, morando na encarnação da megalomania. O que ronda nos seus bastidores é a valorização da pessoa a qualquer custo. As profecias humanistas, dadas como certas, sempre se referem a uma grande obra destinada aos seus atores principais. A busca pela grandeza é uma das pegadas fortes nesta marcha humanista, mas desumana.
Pedro estava atônito. O Messias sacrificado era um sacrifício intolerável para quem ambicionava vê-lo como o Supremo Pastor no trono do mundo. Mas, o Cristianismo é assim mesmo. Primeiro, a morte de Adão, depois, a vida ressurreta. Jesus se encarnou para nos libertar do império das trevas e não do império romano. Ele estava decidido a morrer, porque só por sua morte, nós poderíamos morrer para o pecado, incluídos nele.
O Cristianismo não é o conto da badalação do homem, mas a narrativa da humilhação de Deus, a fim de libertar a humanidade obesa da tendência de entronização. Foi motivado por seu amor obstinado que Cristo a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2:8. Essa cruz é o habeas corpus do cristão.
Se o humanismo pretende exaltar a natureza humana, o Cristianismo aparece com uma cruz sangrenta para esvaziá-la de todas as suas pretensões de distinção. Enquanto a horda dos dignitários marcha à caça dos troféus, os mendigos saboreiam as migalhas que caem da mesa, no banquete da graça plena. Quem já foi aceito pela graça do Soberano Senhor não precisa viver em busca da aprovação de quem não pode assentar-se no trono.
A fé cristã não requer anuência dos homens, uma vez que ela já obteve a aceitação divina. Paulo não se evadiu do campo de batalhas, nem se vendeu por menos. Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. Gálatas 1:10.
Os humanistas alimentam-se das glórias deste mundo. A glória do cristão é a cruz. Paulo, também, sabia disto. Era este o seu modo de vida.Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14. Só um ego sob o ultimato de Cristo crucificado pode suportar o assédio das glórias desta época poluída pelo pecado da grandeza.
Cristo crucificado, porém ressurreto, + o velho homem crucificado com Cristo = Cristão. Cristo + Cristão = Cristianismo. Não eu, mas Cristo é a verdade esclarecida que nos alforria das algemas humanistas. Uma pessoa só é livre quando for livre de si mesma, da sua glória pessoal e da opinião das outras pessoas, quer positiva, quer negativa.
Tudo aquilo que é construído abaixo dos céus é construído muito baixo. A glória deste mundo oxida com o passar das estações. Se quisermos ser libertos, precisamos investir em algo eterno e significativo. O azinhavre toma conta dos metais e a entropia cuida de envelhecer o resto. Todas as coisas se empanam com o tempo. Tudo passa.
O problema é que, muitos de nós tentamos viver com os pés em duas canoas. Ora, queremos nos portar como humanistas, ora, tentamos nos apresentar como cristãos. Mas, isto é impossível, exatamente por causa da glória. Quem vai ser o detentor dela?
João, o evangelista, conta, com exclusividade, que muitas pessoas importantes, no tempo de Jesus, vieram a crer nele, mas não o confessaram, porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus. João 12:43. Esta é uma questão muito importante para analisarmos. Para quem vai a glória, em última análise? Não adianta fazer um discurso correto, o que interessa é o coração. Deus não come bola. Pense nisso!
Veja esse pequeno resumo. Como identificar um líder “cristão” humanista?
1. O mundo é o seu ego. Vive em busca de louvores pessoais e é hipersensível, se contrariado. Não faz amigos, mas aliados. Não se preocupa com pessoas, mas com adeptos, fazendo escravos com elogios baratos.
2. Investe com insistência na valorização dos indivíduos, usando métodos que os façam sentirem-se importantes, mas não se importa com a salvação eterna e a real libertação das almas. Ele se utiliza de um “evangelho” falso para manter os sujeitos conformados e jamais conhecerem a verdade libertadora.
3. É um ser viciado em honrarias e privilégios. Labuta em favor do mérito e nunca da graça. Vive para ser visto, adorado e reconhecido. Tem fome exagerada de grandeza e o seu desempenho visa sempre à sua glória pessoal. Tem um trono na cabeça e a política no coração. Deus é apenas um detalhe. Usa-o!
 
Soli Deo Glória.

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