quarta-feira, 7 de novembro de 2012

BONDADE DIVINA OU HUMANA!

E perguntou-lhe um certo príncipe: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. Lucas 18:18-19.
Segundo Jesus, não existe homem bom. Isto é muito radical, mas é verdadeiro. Somente Deus é bom em si mesmo. Em face do pecado, a pretendida bondade humana encontra-se comprometida pelo egoísmo. É falso todo conceito que elabora as prerrogativas de tal bondade. Não é possível sustentar os fundamentos da bondade essencial no ser humano, conhecendo a realidade humana.
A bondade é particularmente divina. Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua bondade dura para sempre. Salmo 136:1. E a bondade de Deus é a raiz de toda bondade; e a nossa bondade, se é que temos alguma, origina-se em Sua bondade. Deus é o único bom, em si mesmo. E sendo o Supremo Bem, razão de toda bondade, nenhuma bondade origina-se fora dEle. Ele é a causa e o desenvolvimento de qualquer expressão de verdadeira bondade. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Tiago 1:17. Deus nunca deixa de ser bondoso, mesmo quando demonstramos nossa grande rebeldia e ingratidão. A sua bondade não é apenas generosa mas também genuína. Frances R. Havergal expressou com muita propriedade o calor da bondade divina com estas palavras: Se eu pudesse escrever como gostaria a respeito da bondade de Deus para comigo, a tinta ferveria em minha caneta. Só Deus é essencialmente bom.
Entretanto, o ser humano, apesar do pecado e de sua maldade essencial, é capaz de praticar atos de bondade. Jesus disse certa ocasião: Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem? Mateus 7:11. Jesus partiu aqui da possibilidade que há no coração dos homens que são filhos de Deus, de praticarem gestos marcados de bondade. Vejamos claramente, que a ênfase na prática da bondade aqui, se fundamenta numa relação de causa e efeito. Sabemos, pela Palavra de Deus, que não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Mateus 7:18. Ora, se o homem é mau em si mesmo, não pode produzir frutos bons. Isto contradiz a realidade dos fatos. Assim, não é o homem mau em si mesmo que produz frutos bons, mas o homem mau que é feito filho de Deus. A bondade no homem não provem dele mesmo, mas de Deus que habita em seus filhos. Somente os filhos de Deus, regenerados pela graça em Cristo Jesus podem praticar verdadeiras expressões de bondade.

Quando Jesus disse: Se vós, pois, sendo maus... Ele usou uma palavra que tem o mesmo sentido referente ao Maligno. Ponhros (ponêros). Que vem do Maligno. Se vós, pois, que sois de origem maligna... Por causa do pecado, todos nós somos de procedência maligna. Isto não é hiperbólico. Não há nenhum exagero em afirmar que o homem no pecado é filho do diabo. Jesus foi explícito ao dizer: Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. João 8:44. A procedência humana no pecado é completamente maligna. Foi para isto que Jesus Cristo veio: Para buscar e salvar os pecadores perdidos. Veio para nos transformar de filhos do diabo em filhos de Deus. Quem comete pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. 1João 3:8.

Jesus veio desfazer a obra do diabo e nos tornar filhos de Deus. Nem todas as pessoas são filhas de Deus. Todas as pessoas são na verdade criaturas de Deus, mas em conseqüência do pecado, todos se tornaram filhos do diabo. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Romanos 3:23. Todos nós somos de origem espiritual maligna, em razão da pecaminosidade. Porém, aquele que recebe Jesus Cristo, pela fé, em seu coração, é feito filho de Deus. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. João 1:11-13. Não é uma mera questão religiosa. Ninguém se torna filho de Deus por ser batizado numa igreja cristã qualquer. Somente quando recebemos a Cristo como Senhor absoluto de nossas vidas e aceitamos a nossa morte juntamente com Ele, temos garantido a nossa filiação divina. É preciso desfazer primeiro, nossa antiga relação espiritual com o diabo. A morte de Cristo tinha como objetivo nos levar a morrer juntamente com Ele, para desfazer os laços que nos prendiam ao velho proprietário. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus. Romanos 7:4.

Depois de sermos transformados de filhos da ira em filhos de Deus, temos a possibilidade de praticar os atos de bondade que provêm da pessoa de Cristo, que vive em nós. Em Cristo, passamos a gozar de uma atitude nova e desinteresseira. A bondade humana destituída da presença de Cristo é apenas uma questão de interesse. Há muito jogo nos esquemas vantajosos das conveniências lucrativas. Muito daquilo que denominamos atitudes bondosas, não passa de expedientes utilitários visando algum proveito. Por trás dos aspectos positivos de benevolência é muito comum se esconderem os sentimentos subjetivos que solicitam as recompensas mais sutis. Com trajes simples de bondade, muitos se apresentam na expectativa de alguma recompensa. Qual será o meu galardão ou prêmio quando chegar ao céu? Que tipo de retribuição estará embutida no processo das boas obras? Há muita simpatia que não passa de uma estratégia de solicitude. Uma gota de mel apanha mais moscas do que um barril de vinagre. Quantas vezes agimos em busca dos rendimentos fixados nas atitudes de bondade que nos convêm? O homem é aquele que mais se ilude consigo próprio. Muitas vezes a nossa bondade não passa de moeda para comprar os favores e deixar as pessoas com dívidas impagáveis. A bondade do ponto de vista humano está contaminada pelo egoísmo que vive exigindo indenizações que ressarçam os seus investimentos. Quando você é bom para os outros, será sempre melhor para você mesmo.

Entretanto, é possível os filhos de Deus praticarem atos de verdadeira bondade, quando nenhuma compensação estiver exigindo retorno. A bondade legítima não apresenta remuneração, não contabiliza os custos, nem espera gratificações, recompensas ou retribuições. Duas coisas pede o amor: Não pagar o que recebe e não cobrar o que dá. Se a nossa bondade é fruto de um amor incondicional não haverá conta pendurada nem qualquer sentimento de credor. A bondade genuína não barganha interesses nem cambia resultados. Nada nos custará lançar sementes de flores ao longo do caminho, lembrando-nos de que nunca mais tornaremos a passar por ele... A melhor retribuição da bondade é a consciência de ter realizado tudo, distante de toda exibição, sem qualquer outro objetivo, senão a glória de Deus.
 
Solo Deo Glória.

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