“Porquanto, para mim, o viver é Cristo e o morrer é
lucro”. Filipenses 1:21
O fundamento da vida do apóstolo Paulo é a suficiência de
Cristo vivendo nele. Paulo não usa de prerrogativas humanas para validar o seu
conteúdo espiritual. Infelizmente para muitos, incluindo cristãos, o ponto de
partida e de chegada da sua realidade espiritual tem sido o seu comportamento,
desempenho e o ego avantajado, que acaba transbordando em suas ações, reações e
confissões. Isto atrapalha.
Não existe nada mais perigoso e adoecedor do que uma pessoa
cheia de si mesma. A vida centrada no próprio eu é um fosso muito profundo,
alimentado por um modelo infernal inaugurada por Lúcifer, prescrita na mais
absoluta vontade de dominar e ser o centro de tudo. “E tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte
da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”. Isaías 14:13- 14.
Alguns entendem que essa passagem trata da queda do rei da
Babilônia e outros entendem que trata da queda de Lúcifer. O princípio da
centralidade e grandeza do poder, do eu, continuou a tomar conta tanto de um
quanto do outro. “Subirei ao céu” é a expressão do desejo de Satanás de ocupar e
se impor no céu em igualdade ao Deus único e soberano.
“Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”. Aqui vemos
o desejo de Satanás de governar outros anjos. “No monte da congregação me
assentarei, nas extremidades do Norte”. Essa é uma referência à ambição de
Satanás em governar o universo, como a assembleia dos deuses babilônicos
supostamente fazia.
Ele queria receber a glória que pertence somente a Deus, e
também ser como Deus, poderoso, exercer autoridade e o controle sobre o mundo.
Seu pecado era um desafio direto ao poder e à autoridade do Senhor. O pecado que
teve início em Lúcifer deve ser um aviso sobre as consequências a todos nós.
Somente na provisão divina consumada em Cristo podemos começar
de novo: “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para
Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de
maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu
corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurreto dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus como instrumentos de
justiça... pois não estais debaixo da lei, e sim da graça”. Romanos 6:11-14.
No livro de Daniel conhecemos a história do rei Nabuconosor, um
ser arrogante capaz de fazer uma estátua representando ele mesmo; ordenando que
todos a adorassem. No capítulo 2, versículo 47, ele até confessa que Deus é
soberano, mas logo adiante em um espaço curto contradiz as verdades que
recentemente confessara. As palavras da sua boca não alcançaram o seu coração.
Fatos como estes governam todos que não querem o Evangelho da cruz.
Ele se exalta em vez de dar glória a Deus: “Eu edifiquei, com o
meu grande poder, para a glória da minha majestade” (Dn 4:29-30). Ele era a
causa, o meio e a finalidade de tudo que acontecia no seu reino. Tudo girava em
torno da realeza imperial. A soberba precede a ruína. A auto exaltação torna o
ser humano cego, tolo e bestializado.
A consequência da soberba do rei foi a loucura. Seu cabelo
cresceu como penas de águia. Suas unhas cresceram como as das aves. Vivia como
animal no campo, comendo capim, pastando no meio dos bois. Sua doença era
chamada de Insânia Zoantrópica ou Licantropia (considerar-se um animal), agir
como um animal. O pecado o fez rolar no chão com os cascos crescidos.
O amor eterno sempre está disponível ao pecador impenitente. A
graça superabundante é capaz de trazer cada um de nós para o lugar na família de
Deus. Aquele que arruinou Jerusalém, que destruiu o templo, que carregou os
vasos sagrados, que esmagou a cidade, que levou cativo o povo, que adorava
deuses falsos e era cheio de orgulho, foi salvo miraculosamente. Presenteados
com o dom da fé podemos crer que não é impossível para Deus a regeneração de
quem quer que seja.
A vida de Cristo implantada dentro de cada pessoa é a única
solução para salvar o ateu, o agnóstico, o racionalista, o cético, o blasfemo, o
assassino, o idolatra, o homossexual, o religioso, o político corrupto, o digno
de honra e todo aquele que está cansado de ser o centro da própria vida. “Aos
quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério
entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória”. Colossenses
1:27.
Muitos se apresentam na passarela da vida com uma superprodução
de si mesmos, tentando por este artifício aprovação e aceitação dos outros. E
por isso se escondem em uma propaganda enganosa de um produto inexistente.
Persistir em achar que possuímos algo de bom em nós mesmos é uma grande
ilusão.
As qualidades fora da vida de Cristo não têm sentido algum.
Para o apóstolo Paulo o veredito de Deus na cruz do Calvário é o que precisa ser
destacado e conhecido verdadeiramente por nós. Muitos, por pensar que possuem
algo bom, acabam desdenhando da necessidade da cruz, não crendo na necessidade
da morte do velho homem. Mas a resposta do evangelho é morrer para si mesmo para
ganhar a vida de Cristo na sua ressurreição.
A alternativa de Deus em Cristo é nos levar a ter uma
experiência de atração, crucificação e morte na cruz. “Estou crucificado com
Cristo” é a sujeição total a Deus para experimentar a vida de Cristo. O
aniquilamento do velho odre se dá no poder da cruz, no corpo de Jesus. E o
surgimento do vinho novo, em odre novo, raiou na pessoa ressuscitada de Cristo.
“Não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:19-20).
Não podemos ter a verdadeira vida cristã sem a operação da
cruz. E não podemos ganhar a vida de Cristo sem identificação da morte do velho
homem, no corpo de Jesus. “Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se
primeiro não morrer” 1 Coríntios 15:36.
O comentário do escritor David Kuykendall é oportuno: “Eu tenho
observado que a maioria dos cristãos que não conseguiram vitória em suas vidas
fracassaram porque não tinham notícia da sua unidade com Cristo, ou porque não
conseguiram crer que isso acontecera”.
Por nós mesmos, não conseguimos crer em algo tão maravilhoso.
Somente através da fé, que é um dom da graça de Deus, podemos experimentar a
nossa identificação com Cristo na morte, no sepultamento e na ressurreição. É
assim que somos substituídos para que o viver de Cristo tome o nosso centro.
Entregue a sua incredulidade ao Senhor e peça-lhe fé. Deus nos
ama implacavelmente e nos dá a vida eterna através do seu amado Filho, que
verdadeiramente foi para cruz e que também viveu no espírito da cruz.
A obra do Espírito Santo é tornar real em nós a manifestação da
vida de Cristo. “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade;
E estai perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade”...
“Tenham entre vocês o mesmo modo de agir que Cristo Jesus tinha: Ele sempre teve
a mesma natureza de Deus, mas não insistiu em ser igual a Deus. Ao contrário,
pela sua própria vontade abandonou tudo o que tinha e tomou a natureza de servo.
Ele se tornou semelhante ao ser humano e apareceu na semelhança humana. Ele se
rebaixou, andando nos caminhos da obediência até a morte e morte na cruz.”
Colossenses 2:9-10, Filipenses 2:5-8.
Experimentar o viver de Cristo é o fruto do morrer e
ressuscitar Nele. Por isso, o seu viver prevalece em toda e qualquer situação da
vida cristã. A obra da cruz é perfeita em cada detalhe, em cada aspecto. “Visto
como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo
conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude. Pelas quais ele
nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis
participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela
concupiscência há no mundo”. 2 Pedro 1:3-4.
É obra do Espírito Santo e da sua graça nos mostrar que tudo
aquilo que precisamos no presente e na eternidade, seja espiritual, emocional ou
relacional, foi providenciado unicamente pela pessoa de Jesus Cristo e a sua
obra no Calvário. Deus seja adorado eternamente, porque é isso que nos sustenta
e nada mais: “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são
santificados.” Hebreus 10:14.
O estar crucificado com Cristo e o viver de Cristo significa
que Paulo não via outra alternativa, essa é a única solução para todo aquele que
se encontra desiludido consigo mesmo e com a sua religião. Ele deixa bem claro
no capítulo 7 de Romanos a miserabilidade de toda raça. Somente aqueles que
caíram em total desesperança poderão recorrer à VIDA de Cristo para serem
salvos.
É obra exclusiva da graça divina revelar a cada um de nós a
morte do nosso velho homem com Cristo na cruz e também conceder a experiência da
nossa ressurreição juntamente com Cristo (Fl 3:10). Não é possível ganhar a vida
de Cristo sem o novo nascimento. Por isso, importa nascer de novo. O viver de
Cristo em nós é o que nos garante vitória sobre o pecado, sobre o vitimismo,
sobre a indiferença, para uma nova realidade espiritual. “Ora, amados, pois que
temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito,
aperfeiçoando a santificação no temor de Deus”. 2 Coríntios 7:1.
Em seu livro “Vida que vence”, Watchman Nee fez uma colocação
muito preciosa: “Pela fé sabemos que Cristo é nossa vitória. Porque a vitória é
Cristo, e a fé concretiza tudo o que é de Cristo em nós. Deus, na sua graça, já
nos deu, de maneira que a vida, o poder, a liberdade e a santidade de Cristo
possam ser manifestas em nosso corpo”. Será que o viver de Cristo era só para
Paulo? Certamente que não. Assim como Paulo foi agraciado crendo na sua
identificação no corpo de Jesus, para uma nova vida, Deus também tem graça para
mim e para você.
Se realmente ganhamos a experiência do novo nascimento não
podemos continuar sendo governados por nada que não seja o Viver de Cristo.
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus
habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
E se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado,
mas o espirito vive por causa da justiça”. Romanos 8:9-10.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 17 de novembro de 2012
A VIDA DO CRISTÃO É CRISTO
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