domingo, 4 de novembro de 2012

NÓS EM CRISTO E CRISTO EM NÓS

Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós. João 14:20.
A vida cristã pode ser explicada a partir de duas expressões ancoradas semanticamente na preposição em – Nós em Cristo e Cristo em nós. Assim que,Deissman, um estudioso da Bíblia, disse que, possivelmente, toda a experiência cristã pode estar representada nas preposições e nas locuções prepositivas. No grego, as preposições “em” e “com” são exemplificadas nos seguintes enunciados: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; Nós somos co-herdeiros com Cristo; se sofrermos com Ele, com Ele seremos glorificados.
Quanto ao emprego da preposição “em”, é de fundamental importância observar, inicialmente, o duplo movimento que esta partícula evidencia nas expressões: em Cristo e Cristo em nós. O fundamento dos significados contidos nestas expressões nos foi dado pelo nosso Senhor Jesus: permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. João 15:4. Nesta afirmação encontramos a chave preciosa que descortina a base bíblica para todos os aspectos da vida cristã.
O apóstolo Paulo definiu o cristão como aquele que está em Cristo: Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe). II Coríntios 12:2. Portanto, a verdade que Paulo declara é que: a vida cristã nada mais é do que, a vida de um homem “em Cristo”.
Em relação ao uso da preposição “com” - apontando significativamente para a nossa “união com Cristo” - podemos constatar que a Bíblia revela esta verdade na atração que ELE mesmo exerceu ao ser levantado da terra, naquela Cruz: E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. João 12:32. É absolutamente necessário dizer que, a experiência da união com Cristo, em Seu corpo, naquela cruz é efetivada na vida daqueles que crêem.
Naquela atração fomos identificados com Cristo na Sua morte e na Sua ressurreição. A revelação dessa verdade, no coração do homem, resulta de uma experiência pessoal com Cristo, dando inicio à sua nova vida em Cristo. A “vida” de qualquer pessoa inicia quando “nasce” para o mundo. Semelhantemente, a vida cristã começa com o novo nascimento em Cristo.
Todos os que nascem neste mundo, nascem espiritualmente mortos, desprovidos da presença de Deus no seu íntimo. Mas, Deus pelo seu grande amor veio ao nosso encontro, conquistando-nos para Si mesmo. Somos quebrados, “lançados por terra”, regenerados e, nos entregamos aos seus cuidados. É assim que somos salvos e passamos a ter união com Cristo.
Identificados com ELE na Sua morte e ressurreição podemos andar em novidade de vida: De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Romanos 6:4.
A união com Cristo nos fez participantes de Sua morte e também da Sua ressurreição. Nele, morremos para o pecado. Nele fomos feitos justiça, santificação e redenção. Nele ressuscitamos e estamos assentados nos lugares celestiais. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. I Coríntios 1:30.
Estes dois movimentos caracterizados pelas expressões, nós em Cristo e Cristo em nós, também nos falam de um profundo relacionamento com Deus. Esse é o clímax da nossa experiência de intimidade com Cristo, que é a única norma para se viver a vida cristã significativa. É uma intimidade profunda e viva. União com Cristo indica um encontro vivo e o andar com Deus “dia” e “noite”
. O primeiro movimento - nós em Cristo - significa que Deus nos aceitou incondicionalmente, isto é, sem qualquer mérito de nossa parte. Nós não fizemos nada para sermos incluídos em Cristo. A nossa “contribuição” ou participação nessa união foi com o pecado.
Nós em Cristo: significa que Deus nos fez agradáveis a Si no Amado: Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Efésios 1:6. A palavra grega para agradável é éxarítosen, que tem como raiz a mesma palavra do grego xáris, que significa um dom dado livre e graciosamente. Então, se você está em Cristo, Deus está plenamente satisfeito com você.
.Nós simplesmente nos tornamos agradáveis a Deus pelo fato de estarmos em Cristo, e não porque fizemos ou deixamos de fazer algo. O Único fundamento seguro, que nos mantém conscientes da nossa aceitabilidade ou agradabilidade diante de Deus está no fato de estarmos em Cristo.
Não caia na tentação de pensar assim: Hoje foi um dia maravilhoso, li a Bíblia, orei e preguei, por isso, Deus se agradou de mim e me sinto muito bem diante Dele! Ou então: hoje foi um dia péssimo, não orei, não li a Bíblia, não evangelizei, por isso, eu sinto que desagradei a Deus. Então, qual dos dois sentimentos é verdadeiro? A resposta é: NENHUM. Deus nos tornou agradáveis a Si por estarmos em Cristo.
Deus Pai ficou plenamente satisfeito com seu Filho e isto está revelado nestas palavras: E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. Mateus 17:5. E, por que nós não estamos satisfeitos com Jesus? Mas, você pode perguntar: em que momento eu demonstro que não estou satisfeito com Ele? No momento em que você acha que se ler mais a Bíblia, orar mais e participar mais das reuniões, se torna MAIS agradável a Deus. Ou então, quando você pensa em agregar qualquer outro elemento “religioso” na tentativa de se tornar mais agradável a Deus. Que Deus nos dê espírito de sabedoria e revelação para compreendermos que “Deus nos fez agradáveis a Si mesmo, pelo fato de estarmos em Cristo.”.
Deus ficou plenamente satisfeito com o que o nosso Senhor Jesus realizou naquela cruz. A resposta de Deus Pai ao brado de Jesus naquela cruz, “está consumado” foi ressuscitá-Lo. Não há outro fundamento sobre qual os filhos de Deus podem descansar em completa segurança, a não ser no que Deus fez por nós em Cristo.
Quando dizemos que estamos em Cristo, isto significa que Jesus pagou toda a nossa dívida: Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Em Adão, tudo se perdeu. Dele nós herdamos a morte e o escrito de dívida. Em Cristo, toda a nossa dívida foi paga.
O segundo movimento está relacionado à expressão Cristo em nós. Isto significa que em nós reside todo o poder de Cristo e que, por este mesmo poder, podemos ser transformados à imagem de Cristo porque, Cristo está em nós, e nós em Cristo. Essa é a esperança da glória. Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória. Colossenses 1:27. Cristo em nós é ter Cristo dentro de nós. Isto significa que não temos que nos conduzir porque Ele é quem nos conduz.
Cristo vivendo em nós é a suma e a soma de toda experiência cristã: Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Este texto fala da experiência, nele se resume toda a vida cristã. Esta revelação nos mostra que, em nosso interior, não cabem Cristo e nós, mas somente Cristo.
A experiência de que precisamos é a cruz. Podemos afirmar que todo o fundamento da vida crista é: Não mais eu, mas Cristo vive em mim. Isto significa que, antes o eu vivia em mim, mas agora não mais eu, mas Cristo vive em mim. Antes do novo nascimento, nós vivíamos em torno de nós mesmo, mas agora estamos crucificados com Cristo e Cristo é o centro do nosso viver.
Podemos exemplificar este fato através da experiência de santo Agostinho. Agostinho era professor de filosofia em uma faculdade. Ele foi um dos jovens mais devassos de seu tempo. Envolveu-se com toda espécie de pecados que se possa imaginar. Um dia Deus o alcançou dando-lhe um novo viver. Certa vez, quando caminhava pelas ruas da cidade e, ao ser procurado por uma mulher que imediatamente o reconheceu, disse: “Olá, Agostinho, sou eu!”, ao que lhe respondeu: “Sim, mas eu já não sou eu” e confessou o texto: Eu estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
Este foi o segredo para a sua vitória sobre a tentação - Cristo em Agostinho. Este é o segredo da nossa vitória - “Cristo em nós”. Esta deve ser a norma da nossa experiência cristã. Martinho Lutero um dia apontou para seu coração e disse: Lutero não mora mais aqui, ele já se mudou; agora Cristo vive aqui. Essa é a vida cristã. Essa é a vida cristã normal: Não eu, mas Cristo vive em mim.
Quando, pela revelação da palavra de Deus, dizemos que estamos em Cristo, isso significa que tudo o que é Dele é nosso e, quando dizemos que Cristo vive em nós, isto significa que tudo o que somos e temos é Dele. Amém
 
Solo Deo Glória.

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