“Porque, se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu filho, muito mais, estando
já reconciliados com Deus, seremos salvos pela sua vida.” Romanos 5:10
O nascimento de uma criança é um verdadeiro milagre. Cada pulsão de vida que entra neste mundo anuncia que o fluxo da criação ainda continua. Para os pais, as quarenta semanas de espera, de repente, se transformam em explosão de alegria contagiante. Para a criança é apenas o início de um tempo repleto de possibilidades de ser, fazer e ter. Um mundo inteiro para ser conhecido e uma vida inteira para ser vivida. Estamos falando do nascimento natural porém, quando se trata do nascimento sobrenatural as coisas não são muito diferentes.
A Bíblia afirma que existem dois
tipos de nascimento: o terreno e o espiritual. O terreno nos capacita para viver
e interagir com o mundo concreto. Enquanto o espiritual nos possibilita viver e
agir no mundo sobrenatural. A fonte dessa nova vida está fora e acima de nós,
O apóstolo João ao escrever o seu
evangelho sobre Jesus deixa bem claro o seu objetivo: "Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome." João 20:31. Jesus não apenas nos ensina a
vida cristã, Ele a cria em nosso ser pela ação do seu Espírito. Por seu poder
nos restaura à semelhança divina e nos faz filhos de Deus. "Mas, a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber,
aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." João 1:12.
Jesus Cristo é a fonte de vida
sobrenatural, tanto para trazer libertação do pecado quanto para uma vida de
vitória e de "... boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que
andássemos nelas." Efésios 2:10. No capítulo primeiro do evangelho de João
encontramos João Batista apontando Jesus como Salvador. Aquele que iria morrer
na cruz como expiação dos pecados. "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo!" João 1:29. Porém, o mesmo João Batista testificou de Jesus
também como Aquele quem dá o Espírito Santo: "Aquele sobre quem vires descer
e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo." João
1:33.
Muitas vezes nos fixamos apenas em
um dos lados da obra de Cristo. Normalmente enfatizamos a sua morte e deixamos
de compreender e experimentar a sua vida de ressurreição. Jesus disse: "Eu
vim para que tenham vida, e a tenham em abundância." João 10:10. A vida que
Cristo nos trouxe é a sua própria vida, como Filho de Deus. E, devido à sua
ressurreição, recebeu o poder de comunicar a todos nós o seu Espírito. Quando
Cristo envia o seu Espírito ao nosso espírito, sua presença é manifestada e
torna-se para nós a fonte de vida nova, uma nova identidade e um novo modo de
agir.
Quando falamos de "vida em Cristo",
segundo a frase de Paulo, "Eu vivo, não
mais eu, mas Cristo que vive em mim." Gálatas 2:20, não estamos
falando de auto-alienação, mas da descoberta de nossa verdadeira identidade
diante de Deus. Vida centrada em Deus e não em nós mesmos.
O pecado trouxe a supremacia do
"eu", a vida humana passou a girar em torno de si mesma. O homem sem a vida de
Cristo é um escravo, não tem vontade própria. Ele está entregue às suas
compulsões, idiossincrasias e ilusões, de modo que jamais consegue fazer o que
realmente quer. Seu espírito não está no comando e, por isso, não pode dirigir
sua própria vida. O apóstolo Paulo descreve os resultados trágicos deste viver
sob a escravidão do pecado: "Porque nem
mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim
o que detesto... Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que
habita em mim... vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei
da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros."
Romanos 7:15-23
O diagnóstico de uma pessoa
não-regenerada, segundo as Escrituras, não é nada animador. "Obscurecidos de
entendimento, separados da vida de Deus por causa da ignorância em que vivem,
pela dureza do seu coração." Efésios 4:18. Quando uma pessoa que está
separada da vida de Deus nasce do alto, pela fé
A nova vida surge da morte. Na cruz
de Cristo houve o aspecto substitutivo e o aspecto identificatório. A nossa
participação na morte com Cristo pôs fim ao reinado do "eu", enquanto que, a
nossa participação na Sua ressurreição, fez do nosso coração lugar de Sua
habitação. "Porque se fomos unidos com
ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua
ressurreição." Romanos 6:5.
Sem a morte de cruz não é possível a
vida da ressurreição. A aceitação da cruz por parte do crente, e a morte para o
eu que ela inclui, são fatos relacionados ao recebimento do Espírito Santo.
"Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo
do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos." Oswaldo
Chambers afirma que diante da verdade de nossa co-crucificação com Cristo é
preciso uma decisão moral em relação ao pecado. "Terei tomado essa decisão
sobre o pecado – que ele deve ser totalmente destruído em mim? Leva muito tempo
para chegarmos a uma decisão moral sobre o pecado, mas o grande momento de nossa
vida é quando decidimos que, assim como Jesus morreu pelos pecados do mundo,
assim também o pecado deve morrer em mim; não apenas refreado ou suprimido ou
contrariado, mas crucificado".
De fato não é possível ao cristão
considerar- se "morto para o pecado" a menos que tenha passado por essa radical
decisão da vontade, diante de Deus. Estar crucificado com Cristo é estar
identificado com a morte de Jesus, até que não sobre espaço algum para o pecado
em sua vida, mas, apenas para a vida de Cristo. A prova de que fui crucificado
com Jesus é a gradativa semelhança com Ele. A infusão do Espírito de Jesus em
mim ajusta a minha vida com Deus. A ressurreição de Jesus deu ao Espírito
autoridade para transmitir–me a vida de Deus, e minha vida, deve ser construída
sobre a base da vida Dele. "Porque , se nós, quando inimigos, fomos
reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados com Deus, seremos salvos pela sua vida." Romanos 5:10. Posso
ter agora a vida ressurreta de Jesus, a qual se manifestará em santidade e
frutificação.
Para o cristão, a vida da
ressurreição é também uma questão de escolha. Isto porque, enquanto em Deus
habita a plenitude de toda a realidade e perfeição, em nós não acontece o mesmo.
Tendemos para o nada, para a não-existência. Nossa vocação para sermos aquilo a
que fomos destinados implica, portanto, uma prova de vontade, um teste em que
somos interrogados por Deus sobre nossa livre opção. Parece que nossa vida toda
será esse teste, ou seja, de escolhas, de optar viver uma vida rasteira ou uma
vida em um plano mais alto.
Viver como pessoas livres na ordem
sobrenatural é fazer escolhas espirituais livres. Isto é possível porque Deus
infundiu o Seu Espírito na vida dos seus filhos. "Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que
andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis."
Ezequiel 36:27. Agora, podemos obedecer a Deus por amor. Somente
compreenderemos a obediência pregada por Cristo se nos lembrarmos sempre de que,
Sua obediência não é mera justiça, mas amor. Não é simplesmente a submissão de
nossa vontade à autoridade de Deus, mas é a livre união de nossa vontade com o
amor de Deus. Jesus é o maior exemplo de obediência de um filho em relação ao
Pai celestial.
Nosso Pai celestial não está muito
interessado no trabalho que realizamos para Ele, mas sim, no tipo de filhos que
somos para Ele. Ele nos libertou do cativeiro do pecado e da morte para vivermos
sob um novo governo. "Porque a lei do
Espírito da vida,
Em tudo isso, Deus tem um propósito.
Deus quer se expressar através dos seres humanos, tanto através da pessoa do
cristão quanto pela Igreja. Jesus Cristo nos batiza com seu Espírito a fim de
que sejamos testemunhas do caráter e do amor de Deus. "Recebereis poder, ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas." Atos 1:8.
Recebemos a incumbência de tornar Deus conhecido por meio da proclamação do
Evangelho, como também pelo nosso estilo de vida. Jesus rogou ao Pai:
"A fim de que todos sejam um; e como és
tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia
que tu me enviaste." João 17.21.
Não há como separar regeneração de
discipulado, apesar de muitos tentarem. Mas se estamos cansados de uma vida
cristã de "segunda categoria", precisamos nos comprometer existencialmente com o
Senhor Jesus de corpo, alma e espírito. O Senhor Jesus disse: "Se alguém quer ser meu discípulo, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me." Mateus 16.24. Mais tarde, o
apóstolo Paulo reitera o convite com outras palavras: "... levando sempre no corpo o morrer de Jesus para
que também a sua vida se manifeste em nosso corpo." 2 Coríntios
4:10. Se temos dificuldades em nos acertar com Deus é porque não queremos nos
decidir definitivamente sobre o pecado. Assim que decidirmos, a vida plena de
Deus nos invade. Jesus veio para nos dar todos os suprimentos da vida
sobrenatural, "para que sejais tomados
de toda a plenitude de Deus."
O chamado para "viver em Cristo" é
um privilégio que demanda uma vida de decisões e escolhas deliberadas. E isto
deve ocorrer em todas as circunstâncias do dia a dia: nas alegrias, como também
nas tentações, provações e tribulações. Pois, qualquer resquício de nossa
própria energia, turva a vida de Jesus. Quando tomamos a decisão moral de,
não mais eu, mas Cristo a energia e o poder que se manifestaram em Jesus,
manifestar-se-ão em nós, pela ação do Espírito. Temos que estar sempre nos
rendendo, para que, lenta e seguramente, a majestosa vida de Deus inunde cada
parte de nosso ser. Assim, não só nós seremos aperfeiçoados, como também outros
terão o privilégio de conhecer o Senhor Jesus Cristo, redundando em glória para
Deus.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 28 de março de 2013
VIDA EM CRISTO
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