sábado, 2 de março de 2013

O LIVRO DE UMA SÓ VISÃO

A seguir Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco, que importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Lucas 24:44
A Bíblia é um livro de uma só visão, e esta visão é da pessoa de Cristo. Se lermos a Bíblia e não encontrarmos a Pessoa de Cristo, a nossa leitura é vã. De Gênesis ao Apocalipse podemos ver a Cristo. Ele está nas parábolas, nos tipos, etc. Mas, Deus deseja que vejamos o seu Filho como também Ele o vê.
Os quatro aspectos da revelação da Pessoa de Cristo são: primeiro, quem é Jesus; segundo, qual o Seu relacionamento com o homem; terceiro, o que Ele fez na Cruz e o quarto, o Seu relacionamento com o eterno propósito de Deus.
O primeiro aspecto da revelação se relaciona à Pessoa de Jesus. Quando as pessoas olhavam para o Senhor Jesus, elas viam a parte externa Dele. O que elas viam era um homem cheio de Graça e de Verdade, um homem especial. Uma pessoa extraordinária, mas apenas um homem. Os homens não conseguiam ver o que estava ali dentro. Pedro conviveu com o Senhor Jesus durante três anos e não mentiu quando disse: Não conheço tal homem. Mateus 26:72.
Aqueles que conviveram com o Senhor Jesus não conseguiam ver a glória do unigênito do Pai, que deveria ser revelada. Quando o Senhor se dirigiu aos líderes religiosos com esta advertência, Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E não quereis vir a mim para terdes vida. João 5:39-40, Jesus estava mostrando, não só a estes líderes religiosos, mas a todos nós que, além da letra, encontra-se uma Pessoa.
A Bíblia inteira se ocupa em revelar Cristo. Não há outra revelação fora de Cristo. Este é o mistério de Deus, este é o Seu segredo que estava oculto em outras gerações. Uma das artimanhas de Satanás é atacar a Pessoa de Cristo. Ele busca toda oportunidade para ocultar esta grande revelação: Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. 2 Coríntios 4:3-4.
Uma pequena dúvida em relação à Pessoa de Cristo, ou um pequeno erro de palavras, nos deixará em grandes dificuldades. O inimigo das nossas almas não poupará esforços para nos desviar desta tão grande revelação - da Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
.Quem é Jesus? Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Este é o fundamento do testemunho. Todas as falsas doutrinas têm como objetivo, direta ou indiretamente, subverter e destruir este tema central das Escrituras Sagradas. Por isso mesmo, elas atacam, prioritariamente, a Pessoa de Cristo.
Horatious Bonar nos ajuda a ver a centralidade de Cristo com estas palavras: “Não a Igreja, mas Cristo. Não doutrinas, mas Cristo. Não formas, mas Cristo. Não cerimônias, mas Cristo! Cristo, o Deus-homem, dando sua vida pela nossa. Selando a eterna aliança e nos dando paz através da Sua cruz!
Cristo, o depósito Divino de toda luz e verdade, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Cristo, o vaso infinito, cheio com o Espírito Santo, Aquele que ilumina, que todos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça. Este, este somente, é o refúgio da alma aflita. A Rocha sobre a qual ela pode construir, o lar no qual ela pode habitar, até que o grande tentador seja preso, e todo conflito termine em vitória.”
O segundo aspecto desta revelação é: Qual é o relacionamento de Cristo com o homem? A palavra que pode ser usada para explicar e definir o Seu relacionamento com o homem é: representativo.
Cristo realizou coisas que ultrapassam qualquer poder humano, pois eram impossíveis ao homem. Ele é Deus, portanto age como Deus. Contudo, Cristo faz todas as coisas para o homem. Ele se liga ao homem tornando-se carne. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1:14.
O Senhor Jesus se fez homem, mas sem pecado algum, portanto pode ser nosso representante. Sua vida, obra, morte, sepultamento, ressurreição e ascensão, e sua atual posição e obra no céu, todas são, por natureza, representativas. São representativas sob dois aspectos: O primeiro: houve uma substituição objetiva e outra subjetiva. No aspecto objetivo, o Senhor morreu por todos os homens e este é um fato que ocorreu na história há dois mil anos atrás.
No aspecto subjetivo, a realidade histórica ou objetiva deve se tornar uma realidade espiritual subjetiva, isto é, o nosso Senhor, naquela Cruz, representou cada um de nós - fato objetivo. Mas, naquela mesma Cruz houve uma substituição subjetiva, isto é, aconteceu uma substituição de vidas.
A vida espiritual que herdamos de Adão, que na sua essência está condenada por Deus, precisa ser substituída pela Vida de Cristo. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim. Gálatas 2:19-20.E, por isso, o testemunho de Jesus Cristo inclui o Seu relacionamento com o homem em toda a Sua suficiência, agora e em toda a eternidade.
O terceiro aspecto nos mostra que: sem a revelação do Calvário, não há salvação. Isto inclui Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão. Sua morte é toda inclusiva como também a Sua ressurreição. A Cruz é a porta de entrada para a vida. A vida que Ele concede é uma Vida que sai da morte.
Toda a Graça concedida por Jesus, o Salvador, é somente ministrada ao longo do caminho de comunhão com Jesus, o Crucificado. Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida. 2 Coríntios 4:10-12.
Podemos ser instruídos com relação a todas as coisas do Senhor Jesus.Mas, tudo o que precisamos é a revelação da Pessoa de Cristo. Os nossos olhos precisam ser abertos para vermos o Seu Filho; o Seu ungido, Aquele que foi enviado para este mundo para realizar a obra da redenção - uma obra que ninguém mais poderia realizar. Ele é muito mais do que um homem. Ele é o Filho do Deus vivo. Ele é o próprio Deus: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Esta é a revelação que nos coloca como membros da família de Deus.
O quarto aspecto da revelação de Deus, com relação ao Seu Filho, está vinculado ao propósito eterno. Podemos dizer que, na eternidade, Deus ordenou o Senhor Jesus para ser o Cabeça de todas as coisas. Ele é o Rei dos reis, Senhor dos senhores. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia. Porque aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude. Colossenses 1:18-19.
Enquanto o Senhor Jesus vivia na terra, era o homem perfeito, mas Ele viria a ser a Cabeça da Igreja ao ressuscitar dentre os mortos. Depois que o Senhor ressuscitou é que a Igreja se tornou o Seu corpo. E assim, Deus colocou todas as coisas em Sua sujeição, sob Seus pés. Após a Sua ressurreição, o Senhor se assentou à direita do Pai, acima de tudo e de todos. No coração de Deus Pai, há um Filho, e no coração do Filho a Igreja.
O propósito eterno de Deus é a glória de Seu Filho. Tudo o que existe neste universo tem a impressão digital do nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Deus não tem outro compromisso neste universo, a não ser a exaltação do Seu Filho. E tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra. Efésios 1:10.
Este é o meu filho amado, a Ele ouvi.Mateus 17:5. Esta foi a declaração de Deus no monte da transfiguração. Ouça-O. Não há lugar para mais ninguém. Não há lugar para Moisés, Elias, nem Pedro, nem Tiago e nem João. Ele é supremo, absoluto.
Pedro, surpreendido com esta aparição, esqueceu-se da revelação da glória da Pessoa de Jesus como Filho de Deus e propôs fazer três tendas, colocando Jesus no mesmo nível de Moisés e Elias. Mas, a glória de Deus se manifestou e reivindicou imediatamente os direitos de Seu Filho.
A voz de Deus proclama a glória da Pessoa de Seu Filho e a Sua relação com Ele mesmo, proclamando que Jesus é o objeto de toda a Sua afeição, e que Nele está o Seu prazer. É a Ele que os discípulos devem escutar.
Os discípulos receberam uma ordem: A ninguém contes a visão. Por que? A visão é fruto da revelação, e a experiência ou o encontro do homem com Deus em Cristo depende unicamente da revelação. Sem esta revelação é impossível tornar-se participante da natureza Divina. E, o grande perigo é transformar a revelação num assunto especulativo.
A revelação traz visão, e a visão traz governo. E o governo tem como princípio básico: não nos pertencemos mais. Não somos mais donos de nossas vidas. Ele é que governa todo o nosso viver.
Em Cristo, estamos identificados em Sua morte e na Sua ressurreição. Em Cristo, por Deus, Ele é a nossa vitória. Que Deus nos dê revelação para vermos a beleza do nosso Senhor Jesus Cristo! Que tenhamos olhos abertos para contemplarmos o Senhor da glória. O Rei dos reis e Senhor dos senhores! Amém.
 
Soli Deo Glória.

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