A seguir Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos
falei, estando ainda convosco, que importava se cumprisse tudo o que de mim está
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Lucas 24:44
A Bíblia é um livro de uma só visão, e esta visão é da pessoa
de Cristo. Se lermos a Bíblia e não encontrarmos a Pessoa de Cristo, a nossa
leitura é vã. De Gênesis ao Apocalipse podemos ver a Cristo. Ele está nas
parábolas, nos tipos, etc. Mas, Deus deseja que vejamos o seu Filho como também
Ele o vê.
Os quatro aspectos da revelação da Pessoa de Cristo são:
primeiro, quem é Jesus; segundo, qual o Seu relacionamento com o homem;
terceiro, o que Ele fez na Cruz e o quarto, o Seu relacionamento com o eterno
propósito de Deus.
O primeiro aspecto da revelação se relaciona à Pessoa de Jesus.
Quando as pessoas olhavam para o Senhor Jesus, elas viam a parte externa Dele. O
que elas viam era um homem cheio de Graça e de Verdade, um homem especial. Uma
pessoa extraordinária, mas apenas um homem. Os homens não conseguiam ver o que
estava ali dentro. Pedro conviveu com o Senhor Jesus durante três anos e não
mentiu quando disse: Não conheço tal homem. Mateus 26:72.
Aqueles que conviveram com o Senhor Jesus não conseguiam ver a
glória do unigênito do Pai, que deveria ser revelada. Quando o Senhor se dirigiu
aos líderes religiosos com esta advertência, Examinais as Escrituras, porque
vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E não
quereis vir a mim para terdes vida. João 5:39-40, Jesus estava
mostrando, não só a estes líderes religiosos, mas a todos nós que, além da
letra, encontra-se uma Pessoa.
A Bíblia inteira se ocupa em revelar Cristo. Não há outra
revelação fora de Cristo. Este é o mistério de Deus, este é o Seu segredo que
estava oculto em outras gerações. Uma das artimanhas de Satanás é atacar a
Pessoa de Cristo. Ele busca toda oportunidade para ocultar esta grande
revelação: Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se
perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento
dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus. 2 Coríntios 4:3-4.
Uma pequena dúvida em relação à Pessoa de Cristo, ou um pequeno
erro de palavras, nos deixará em grandes dificuldades. O inimigo das nossas
almas não poupará esforços para nos desviar desta tão grande revelação - da
Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
.Quem é Jesus? Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Este é o
fundamento do testemunho. Todas as falsas doutrinas têm como objetivo, direta ou
indiretamente, subverter e destruir este tema central das Escrituras Sagradas.
Por isso mesmo, elas atacam, prioritariamente, a Pessoa de Cristo.
Horatious Bonar nos ajuda a ver a centralidade de Cristo com
estas palavras: “Não a Igreja, mas Cristo. Não doutrinas, mas Cristo. Não
formas, mas Cristo. Não cerimônias, mas Cristo! Cristo, o Deus-homem, dando sua
vida pela nossa. Selando a eterna aliança e nos dando paz através da Sua cruz!
Cristo, o depósito Divino de toda luz e verdade, em quem todos
os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Cristo, o vaso
infinito, cheio com o Espírito Santo, Aquele que ilumina, que todos nós temos
recebido da sua plenitude, e graça sobre graça. Este, este somente, é o refúgio
da alma aflita. A Rocha sobre a qual ela pode construir, o lar no qual ela pode
habitar, até que o grande tentador seja preso, e todo conflito termine em
vitória.”
O segundo aspecto desta revelação é: Qual é o relacionamento de
Cristo com o homem? A palavra que pode ser usada para explicar e definir o Seu
relacionamento com o homem é: representativo.
Cristo realizou coisas que ultrapassam qualquer poder humano,
pois eram impossíveis ao homem. Ele é Deus, portanto age como Deus. Contudo,
Cristo faz todas as coisas para o homem. Ele se liga ao homem tornando-se
carne. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como
a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1:14.
O Senhor Jesus se fez homem, mas sem pecado algum, portanto
pode ser nosso representante. Sua vida, obra, morte, sepultamento, ressurreição
e ascensão, e sua atual posição e obra no céu, todas são, por natureza,
representativas. São representativas sob dois aspectos: O primeiro: houve uma
substituição objetiva e outra subjetiva. No aspecto objetivo, o Senhor morreu
por todos os homens e este é um fato que ocorreu na história há dois mil anos
atrás.
No aspecto subjetivo, a realidade histórica ou objetiva deve se
tornar uma realidade espiritual subjetiva, isto é, o nosso Senhor, naquela Cruz,
representou cada um de nós - fato objetivo. Mas, naquela mesma Cruz houve uma
substituição subjetiva, isto é, aconteceu uma substituição de vidas.
A vida espiritual que herdamos de Adão, que na sua essência
está condenada por Deus, precisa ser substituída pela Vida de Cristo. Porque
eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado
com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo
na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo
por mim. Gálatas 2:19-20.E, por isso, o testemunho de Jesus Cristo
inclui o Seu relacionamento com o homem em toda a Sua suficiência, agora e em
toda a eternidade.
O terceiro aspecto nos mostra que: sem a revelação do Calvário,
não há salvação. Isto inclui Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão.
Sua morte é toda inclusiva como também a Sua ressurreição. A Cruz é a porta de
entrada para a vida. A vida que Ele concede é uma Vida que sai da morte.
Toda a Graça concedida por Jesus, o Salvador, é somente
ministrada ao longo do caminho de comunhão com Jesus, o Crucificado. Trazendo
sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a
vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos,
estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se
manifeste também em nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas
em vós, a vida. 2 Coríntios 4:10-12.
Podemos ser instruídos com relação a todas as coisas do Senhor
Jesus.Mas, tudo o que precisamos é a revelação da Pessoa de Cristo. Os nossos
olhos precisam ser abertos para vermos o Seu Filho; o Seu ungido, Aquele que foi
enviado para este mundo para realizar a obra da redenção - uma obra que ninguém
mais poderia realizar. Ele é muito mais do que um homem. Ele é o Filho do Deus
vivo. Ele é o próprio Deus: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Esta é
a revelação que nos coloca como membros da família de Deus.
O quarto aspecto da revelação de Deus, com relação ao Seu
Filho, está vinculado ao propósito eterno. Podemos dizer que, na eternidade,
Deus ordenou o Senhor Jesus para ser o Cabeça de todas as coisas. Ele é o Rei
dos reis, Senhor dos senhores. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o
princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a
primazia. Porque aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude.
Colossenses 1:18-19.
Enquanto o Senhor Jesus vivia na terra, era o homem perfeito,
mas Ele viria a ser a Cabeça da Igreja ao ressuscitar dentre os mortos. Depois
que o Senhor ressuscitou é que a Igreja se tornou o Seu corpo. E assim, Deus
colocou todas as coisas em Sua sujeição, sob Seus pés. Após a Sua ressurreição,
o Senhor se assentou à direita do Pai, acima de tudo e de todos. No coração
de Deus Pai, há um Filho, e no coração do Filho a Igreja.
O propósito eterno de Deus é a glória de Seu Filho. Tudo o que
existe neste universo tem a impressão digital do nosso Senhor Jesus Cristo.
Nosso Deus não tem outro compromisso neste universo, a não ser a exaltação do
Seu Filho. E tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da
plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.
Efésios 1:10.
Este é o meu filho amado, a Ele ouvi.Mateus 17:5. Esta
foi a declaração de Deus no monte da transfiguração. Ouça-O. Não há lugar para
mais ninguém. Não há lugar para Moisés, Elias, nem Pedro, nem Tiago e nem João.
Ele é supremo, absoluto.
Pedro, surpreendido com esta aparição, esqueceu-se da revelação
da glória da Pessoa de Jesus como Filho de Deus e propôs fazer três tendas,
colocando Jesus no mesmo nível de Moisés e Elias. Mas, a glória de Deus se
manifestou e reivindicou imediatamente os direitos de Seu Filho.
A voz de Deus proclama a glória da Pessoa de Seu Filho e a Sua
relação com Ele mesmo, proclamando que Jesus é o objeto de toda a Sua afeição, e
que Nele está o Seu prazer. É a Ele que os discípulos devem escutar.
Os discípulos receberam uma ordem: A ninguém contes a visão.
Por que? A visão é fruto da revelação, e a experiência ou o encontro do
homem com Deus em Cristo depende unicamente da revelação. Sem esta revelação é
impossível tornar-se participante da natureza Divina. E, o grande perigo é
transformar a revelação num assunto especulativo.
A revelação traz visão, e a visão traz governo. E o governo tem
como princípio básico: não nos pertencemos mais. Não somos mais donos de nossas
vidas. Ele é que governa todo o nosso viver.
Em Cristo, estamos identificados em Sua morte e na Sua
ressurreição. Em Cristo, por Deus, Ele é a nossa vitória. Que Deus nos dê
revelação para vermos a beleza do nosso Senhor Jesus Cristo! Que tenhamos olhos
abertos para contemplarmos o Senhor da glória. O Rei dos reis e Senhor dos
senhores! Amém.
Soli Deo Glória.
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