sábado, 23 de março de 2013

BANQUEIROS DE ESPERANÇA


O Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo. Romanos 15:13.
Nos últimos dias do ano 2000, no último ano do século XX, quase no início do 3º milênio do calendário cristão, precisamos fazer uma avaliação adequada de nossa história e de nossa perspectiva. O homem, como um ser que começou registrar a história, tem mais de quatro mil e quinhentos anos. E a história registrada pelo homem tem cerca de seis mil anos. Durante os quatro mil anos de história bíblica, antes de Cristo, havia um perfil marcado pela esperança de um Salvador que viria à terra. A seta da expectativa sempre apontava para o Redentor da humanidade. A principal ênfase da mensagem do Antigo Testamento sinaliza para a chegada de um Messias, a fim de restaurar o drama da raça. A natureza da esperança é esperar no que a fé crê. Havia uma promessa de Deus que acendia o fogo da fé e que mantinha sempre inflamadas as chamas da esperança. O povo de Israel andava movido pela expectação de um Rei, que aguardavam como o seu Libertador. Os holofotes da história apontavam para o advento deste Soberano.

Mas, o Rei chegou numa dimensão muito reduzida. Veio como plebeu, pária e pobre. Não nasceu em palácio, mas em curral de ovelhas. A sua presença foi ignorada pelos grandes. Era simples demais para ser reconhecido. Ele não veio como o Soberano Governador das Nações mas como o servo menor de todos os homens pequenos. Seu manto real era uma toalha, cingida como avental, para enxugar os pés sujos de pescadores iletrados. Sua coroa foi trançada com os cipós de espinheiros e o seu trono foi erguido numa cruz rude e mesquinha. Ele não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. E, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso algum. Isaías 53:2b-3b. Ele era escandalosamente modesto para ser aceito como Rei. O reino de Deus é paradoxal. G. Campbell Morgan disse que todos os tronos de Deus são alcançados descendo-se as escadas. Neste reino, o altar fica no porão; os maiores são os menores; os primeiros são os últimos; os importantes são as criancinhas. A maneira correta de crescer é crescer menos aos seus próprios olhos.

A esperança de Israel foi desprezada. Nada poderia ser mais quixotesco do que este Rei humilhado, sem espada, sem exército e montado em jegue, caminhando sem qualquer resistência para o encontro da morte. Olhando do ponto de vista político, a atitude de Judas é justificável. Ele encontrava-se decepcionado com o seu líder fracote. Que Rei é este que não defende os seus súditos? Assim, o bando todo se dispersava. Jesus foi um fiasco como chefe de uma revolução política. Que decepção! A tristeza tomou conta de todos os discípulos de Jesus, depois de sua morte. E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam. Marcos 16:10. Dizem que a esperança é a última que morre. Mas os discípulos já tinham perdido a esperança. A morte tinha colocado uma pedra no assunto. Não havia mais alternativa. O maior sinal da derrota é quando já não se espera mais pela vitória. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmaram que ele vive. De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram. Lucas 24:21-24. Eles estavam rendidos aos fatos da morte. Tirando-se a esperança ao peregrino, ele perderá a alegria para a caminhada. Os discípulos encontravam-se paralíticos na fé e sem qualquer perspectiva de esperança no caminho da verdadeira vida.

Somente a revelação de Jesus Cristo ressuscitado pode restaurar a esperança nos corações dos seus seguidores. A grande mensagem do cristianismo vem do jardim do túmulo. Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lucas 24:5b-6a. Depois da tarde negra da Sexta-feira cinzenta, só a radiante manhã do Domingo da ressurreição pode causar reboliço. Que pregação alvissareira! A morte foi tragada pela vitória. A esperança ressurgiu da sepultura. O fênix reviveu das cinzas. A caixa de Pandora é a boca aberta da tumba vazia. O sinal de nossa fé é uma cruz vazia e um túmulo vazio. Ele não está aqui, mas ressuscitou. Jesus Cristo ressuscitou e trouxe uma nova alternativa para o gênero humano. A escravidão da morte foi banida pelo poder da vida ressuscitada. Graças a Deus existe em nós vida ressurreta, e aguarda-nos uma manhã de ressurreição, insiste J. J. Bonar. Não há mais cemitério para a fé cristã. Não existe mais o pavor da morte. Nosso futuro é tão radiante quanto a manhã da ressurreição. Não há sombras nem nuvens carregadas neste céu primaveril. A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Provérbios 4:18.

O cristianismo é, antes de qualquer coisa, a pregação da vida que veio da morte. É a vida ressuscitada que faz a diferença. Não falamos de uma vida que vai morrer, mas de uma morte que foi tragada pela vida. Falamos da esperança, quando já havíamos perdido toda a esperança. A história do homem Jesus de Nazaré não terminou com um funeral, mas com uma celebração no júbilo da ascensão. Os discípulos não ficaram com a cabeça baixa procurando uma sepultura no chão, mas com os olhos erguidos aos céus contemplando a vitória do Rei exaltado. O Evangelho não trata de esqueleto nem de exumação de cadáver. Não se fala de defunto nem de mortalha. Fala-se da vida que triunfa sobre a morte. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém Ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas: Eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno. Apocalipse 1:17-18. Jesus não é apenas um vivo que morreu, mas um que esteve morto e vive para todo o sempre. O velho provérbio diz: Onde há vida, há esperança. Jesus é a vida. Jesus é a única esperança dos homens.

A igreja tem vivido estes dois mil anos de história na certeza da esperança viva, de um Salvador vivo, que prometeu dar-lhe vida e vida em abundância. A igreja vive na convicção da vida eterna, que lhe foi outorgada na ressurreição de Cristo e na esperança da ressurreição do corpo, quando do encontro com o Senhor nos ares. A igreja nutre-se de esperança da ressurreição e, na esperança, ela caminha com toda a confiança, sem olhar as circunstâncias. Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos. Romanos 8:24-25. Sem esperança não há fé cristã legítima. Mesmo quando o beco parece sem saída, há sempre um atalho de Deus para os que esperam nele e assim, a esperança consegue ver o êxito através das densas muralhas. Não é possível imobilizar um homem que está cheio de esperança. Não há crise capaz de estagnar o ânimo resultante da vida ressurreta, pois a esperança jamais contabiliza fracassos. O reino de Deus não pertence aos vesgos que olham para trás. Não encontramos estátuas de sal no caminho para os céus, pois o Pai nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros. 1Pedro
 
Soli Deo Glória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário