sábado, 1 de dezembro de 2012

APRENDENDO A DISCENIR

A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o imundo e o limpo. Ezequiel 44:23
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Uma das coisas desconcertantes na vida povo de Deus é a incapacidade de enxergar a diferença entre o válido e o inventivo. Há muita gente na história da aldeia de Deus que não sabe reconhecer a disparidade que existe entre o sagrado e o profano, entre o sórdido e o excelente, do ponto de vista das coisas do espírito.
A falta de discernimento espiritual é a causa de muita confusão no âmbito da igreja. Por exemplo, a hipocrisia sempre consegue esconder, com o seu artifício, a corrupção, com uma feição de virtude. A aparência tem sido a aliada importante nesse conflito. Não é fácil distinguir um discurso ortodoxo da verdadeira crença.
Satanás é especialista na arte da camuflagem. Ele comumente vem travestido de mensageiro da luz e a sua gangue se apresenta com ar insuspeito. Veja como o apóstolo Paulo expõe a estratégia. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras. 2 Coríntios 11:14-15.
O profeta Ezequiel fala de uma pedagogia que deve instruir o povo de Deus a apontar a dessemelhança entre o verdadeiro e o falso, pois se não soubermos assinalar bem essa desigualdade estamos correndo sérios riscos servindo ao ídolo, em lugar de Deus. Quando disserem: Por que nos fez o SENHOR, nosso Deus, todas estas coisas? Então, lhes responderás: Como vós me deixastes e servistes a deuses estranhos na vossa terra, assim servireis a estrangeiros, em terra que não é vossa. Jeremias 5:19.
O povo de Israel havia perdido o Senhor de vista e confundido o real com o apócrifo. Hoje também nós estamos em perigo, pois não sabemos discernir o evangelho de Cristo da religião. Deveras, o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não inteligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem. Jeremias 4:22.
Paulo fala da sua percepção do mistério de Cristo como fundamental para o equilíbrio sadio da fé. Ele é enfático quando diz: pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito. Efésios 3:4-5.
O mistério do sacrifício de Cristo foi conservado em segredo para outras gerações, mas foi desvendado aos crentes a partir de sua encarnação. Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações. Romanos 16:25-26.
Tudo o que foi dito antes de Cristo era sombra da realidade. O Antigo Pacto apontava para o fato mais significativo da teologia, a suficiência de Cristo. Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, Hebreus 1:1-3.
O mistério de Deus é Cristo. Ele é a plenitude de toda ciência divina. A grande luta que Paulo travava em favor dos crentes era para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Colossenses 2:2-3.
O mistério de Cristo é a pregação do evangelho. Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer. Colossenses 4:3-4.
O mistério do evangelho é a proclamação da cruz. Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo. 1 Coríntios 1:17.
Cristo é o mistério de Deus. O evangelho é o mistério de Cristo. A cruz é o mistério do evangelho. E Paulo pedia oração para os crentes de Éfeso, dizendo, e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo. Efésios 6:19-20.
O propósito de Deus Pai é manifestar o seu mistério em nosso interior. O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória. Colossenses 1:26-27.
O supremo propósito de Deus, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; Efésios 1:10, era nos incluir em Cristo, quando ele fosse crucificado.
A grande mensagem do evangelho aponta para a nossa atração no corpo de Cristo, a fim de nós morrermos juntamente com ele. Observe como Jesus trata esse ponto: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. João 12:32-33.
A questão básica para a nossa avaliação é a legitimidade da experiência cristã. Jesus disse: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Mateus 7:21.
O apóstolo João chama a atenção para não dar credibilidade a qualquer pessoa. Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. 1 João 4:1.
O apóstolo Paulo adverte com respeito à certa irmandade fraudulenta. E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão. Gálatas 2:4.
Como saber distinguir o fidedigno do fingido? Segundo Jesus o autêntico está envolvido em fazer a vontade do Pai. João questiona se a pessoa procede de Deus e mostra que o falsificado sai pelo mundo em busca da aprovação do mundo. E Paulo diz que os irmãos fajutos gostam de se meter com a vida dos outros para espionar a liberdade e promover legalismo que escraviza.

Nem tudo que parece é o que parece. O mimetismo tem sido uma tática de sucesso no mundo animal, mas é uma ameaça ao reino espiritual. O disfarce bem feito causa ganhos aos predadores ou regalias às presas, mas é uma tragédia no Reino de Deus. Fazer a vontade de Deus com prazer é o termômetro de uma devoção original. Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei. Salmos 40:8.
Jesus indica na oração do Pai Nosso que fazer a vontade do Pai é fundamental no relacionamento entre o filho e o Pai. A vontade do Pai é o deleite do filho amigo: venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu. Mateus 6:10.
Se a vontade de Deus é o alvo da vida espiritual inconteste, o desapego ao mundo é o seu aval. A opinião do mundo escraviza a alma e uma pessoa que vive pelos seus padrões não consegue ser um cristão adequado. Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. 1 João 2:15.
O apóstolo João percebe que o foco do mundo é o palco do falso profeta. Enquanto o discipulado de Cristo se absorve com a proposta da vontade de Deus, aquele que é simulado se preocupa com a avaliação das multidões. O interesse do espúrio é a salvação do seu sucesso e nunca o sucesso da salvação dos pecadores. O seu empenho é a solução dos seus problemas e não a salvação dos problemáticos.
A mensagem do fraudulento é uma meia-verdade que tem sempre segundas intenções. O perigo das meias-verdades é mais sério do que uma mentira descarada. Quanto mais próximo da verdade, mais crítico é o engano. O humanismo pode até passar por amor cristão, mas o orgulho do êxito e a decepção no fracasso não deixam dúvidas.
Como desvendar aquilo que é santo do profano, ou o imundo do puro? Além desses dois itens, já mencionados, temos ainda a tese de Paulo: o falso irmão é um bisbilhoteiro. Não há nada mais avesso ao cristianismo seleto do que a interferência na vida dos outros, por gente que gosta de controlar e reprimir. Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros. Judas 1:16.
O falso irmão sabidamente invade a privacidade das outras pessoas, aparentando boas intenções e às vezes, propondo soluções excelentes, mas a sua tática é manter as vítimas sob o domínio do seu legalismo. Como é complicado esse jogo político que usa as benesses para manter reféns aqueles que são mais carentes. Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos. Atos 15:1.
Precisamos aprender a discernir aquilo que é profano daquilo que é professo pela legítima fé cristã. Nem tudo que é cultivado na igreja pertence ao estilo do evangelho. As influências pagãs e humanistas são mais comuns na igreja do que gostaríamos de admitir.

Há muitos ídolos tendo influência e assumindo o controle na vida espiritual dos crentes atuais. "Um ídolo é qualquer coisa em que confiamos para nos proteger e promover nossas necessidades à parte de Deus". A grande necessidade dos cristãos contemporâneos é a firmeza na singularidade e suficiência de Cristo. Precisamos aprender a discernir claramente aquilo que é essencial para a experiência cristã, daquilo que é completamente dispensável.
 
Soli Deo Glória.

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