domingo, 2 de dezembro de 2012

A CELEBRAÇÃO DA VIDA FELIZ

Eu, porém, confio em teu amor; meu coração exulta em tua salvação. Salmo 13:5.
A existência de um indivíduo é um fato singular, e não há uma segunda chance para a experiência histórica de alguém. A vida é uma via de mão única. Todos nós só temos uma oportunidade para viver neste mundo. Ainda que alguns sustentem a possibilidade de outras reencarnações, a Bíblia é categórica: Da mesma forma como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrenta o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez. Hebreus 9:27-28a. A biografia de uma pessoa aqui na terra acaba no epitáfio. O túmulo sepulta a outra chance. Do ponto de vista bíblico não há uma outra ocasião para aperfeiçoamento. Todos nós só temos o ensejo de viver uma vez neste mundo.

Muitas pessoas acham isto extremamente severo. Porém, o universo é, na verdade, muito radical. A realidade cósmica tem suas leis de causa e efeito sem que possamos alterar o seu curso. Neste planeta até podemos mudar algumas coisas periféricas. Há certos fatos que são conversíveis. Mas, o sistema da vida e da morte é inalterável. A morte é uma intransigência no modelo existencial. Esta é uma norma rigorosa e fatal. A ciência, em muitos casos, já consegue dilatar o prazo da vida, mas nada pode fazer para impedir o desmoronamento do paciente. Na estatística mais precisa encontramos a austeridade numérica: De cada um que nasce na terra, todos morrem. E morre sozinho, apenas uma vez.

A existência humana aqui na terra é única e limitada. Todos nós só temos uma vida para viver e devemos vivê-la no limite de sua singularidade. Mas o ser humano não acaba com a morte física. O pecado gerou a morte na experiência humana. Somos uma raça condenada pelo estigma da morte, todavia não extinta da eternidade. Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim. Eclesiastes 3:11. Mesmo o homem morrendo neste mundo, continua com a perspectiva da existência eterna. A morte física não suprime a realidade espiritual. Nós somos mais
do que matéria, e o espírito não pode ser abolido da eternidade. A validade do espírito não expira com a decomposição anatômica do corpo.

A vida física é uma alternativa da criação de Deus, mas uma existência que só se preocupa com os valores deste mundo é estúpida demais para ser considerada como uma vida significativa. O homem que investe todo o seu tempo na construção de um projeto que o próprio tempo vai sucumbir, está envolvido num empreendimento muito apertado. A falta de significado consistente e duradouro acaba em descontentamento permanente. A pessoa que se preocupa apenas com as expectativas desta vida, torna-se prisioneira de uma mentalidade mesquinha demais para festejar cada momento.
A qualidade da vida é mais importante do que a própria vida. Não basta viver, é preciso ter uma vida alegre. Sem alegria a existência não tem graça. O grande combustível da vida é o contentamento. E aqui não estamos falando de divertimento. Muitas pessoas até riem, mas não são felizes. A alegria que termina com o fim da festa não é mais que um passatempo. Remo Cantoni pontua: Em nossa época parecem multiplicar-se as ocasiões de diversão e distração na medida em que diminuem a alegria de viver em suas expressões mais simples e escorreitas. Há muita gentinha ridente, mas tristemente ridícula. A verdadeira felicidade sempre passa pela celebração que revela uma intimidade entre o homem e Deus. Nunca soube de uma pessoa incrédula que fosse realmente feliz. Ateu jubiloso é tão improvável como um defunto dançando. Temos multidões de festeiros,
mas que não são bem-aventurados. Muitos são prósperos, mas não venturosos. Conheço gente que é acalorada e alvoroçada a fim de mascarar a tristeza existencial que sufoca a alma. A corrida frenética aos prazeres e aos divertimentos nasce de um desequilíbrio interior causado pelo déficit de uma anormalidade emocional.

Porém, a felicidade é um patrimônio dos filhos de Deus. Não conheço um santo triste. Há episódios sombrios e momentos sinistros na vida dos santos, mas nada que possa torná-los melancólicos. Jesus disse que no mundo os salvos passariam por tribulações, não por desânimo. Eles seriam perseguidos, mas ninguém poderia roubar-lhes a alegria do coração. A fé triunfante sempre se reabastece na esperança da ressurreição. A madrugada do primeiro dia da semana faz florescer os raios da esperança no coração das mulheres, que cheias de alegria propagam a mensagem alvissareira que mudou a história da humanidade. Desde que Cristo ressuscitou dentre os mortos, não há mais casos sem solução. As mulheres saíram depressa do sepulcro amedrontadas e cheias de alegria, e foram correndo anunciá-lo aos discípulos de Jesus. Mateus 28:8. A esperança da ressurreição é radiante.

A fé evangélica é uma festa de esperança. A santidade cristã é uma expressão de júbilo em face a uma vitória completa. Não há lugar para santidade carrancuda, uma vez que Cristo venceu a morte, o pecado e o inferno. Paulo não ficou detido pelo mau humor na prisão em Filipos. Os seus pés estavam no tronco, mas o seu coração estava no trono celebrando a vitória de Cristo. Ele não se encontrava amuado em face aos maus tratos, nem murmurando por causa dos sofrimentos. Ele fazia parte daquele grupo de apóstolos que, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus (Atos 5:41b), marcaram época na história da igreja.

Todo aquele que foi alcançado pela maravilhosa graça não pode viver uma vida miserável de críticas e reclamações. No reino de Deus não há espaço para o rabugento, intolerante e queixoso. A vida feliz é um reflexo vivo de uma salvação exultante. Já disseram que um cristão sem alegria é um difamador do seu senhor. É impossível ser salvo pela graça e não estar satisfeito com esta tão grande salvação. Uma libertação do pecado que não produz um verdadeiro contentamento no espírito não merece confiança. Uma igreja sem alegria é uma igreja destituída da graça. Martinho Lutero dizia: Se não for permitido rir no céu, eu não quero ir para lá. Não estamos tratando de gracejos ou piadas, mas de alegria como coisa séria no céu. Sem a alegria a pessoa, a igreja e o céu se tornam desagradáveis.

John Piper
afirma: O despertar de uma sede irresistível por Cristo é a criação de um cristão que busca o prazer. A busca da alegria em Deus não é apenas inocente, ela é essencial. O nascimento desta busca é o nascimento da vida cristã. A busca da alegria em Deus não é opcional. Se o nosso cristianismo não expressar uma profunda alegria em conseqüência de nosso relacionamento com Deus, estamos apresentando um produto falso. Não é possível ser cristão chato ou criticóide. A vida que agrada a Deus é uma manifestação de deleite na sublimidade de sua pessoa e de comemoração num relacionamento de amor.

A adoração bíblica do povo de Deus vem marcada pelo festejo brilhante de uma comunidade feliz que exalta a grandeza de Deus com grande alegria. Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico. Salmo 100:1-2. Adorar sem alegria é uma contradição. Não há absurdo maior do que realizar cultos por obrigação movidos por mero dever. Se não somos verdadeiramente alegres, não somos cristãos. Se não somos cristãos alegres, não podemos adorar de verdade. Só o salvo em Cristo pode ser realmente feliz. Só os salvos felizes podem celebrar com alegria e singeleza de coração. Só temos uma vida para viver neste mundo, e se não vivemos em profundo gozo nesta vida, estaremos vivendo muito abaixo do propósito de Deus. Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Salmo 16:11. Fala George Muller: Digo com toda clareza possível que o maior e principal assunto com que eu deveria ocupar-
me todos os dias era ter minha alma feliz no Senhor.
Só uma vida feliz pode glorificar o Deus de toda alegria.
 
Soli Deo Glória.

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