Uma voz
diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a
sua glória, como a flor da erva...Quem na concha de sua mão mediu as águas e
tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça parte de um efa o pó da
terra e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão? Isaías
40:6-12.
O descanso está intimamente ligado à
revelação do que somos e do que Deus é. A razão pela qual o descanso se liga a
estes dois fatos é que, primeiramente, o homem toma conhecimento de sua
fragilidade e, depois ele ganha a revelação da suficiência do Senhor. No texto
acima citado, o profeta Isaías, inspirado por Deus, nos dá uma visão desse fato
quando fala da insignificância do homem, comparando-o com uma erva, e, ao mesmo
tempo, revelando a grandeza do nosso Deus.
Deus quer revelar a fragilidade do
homem para que este pare de lutar e se renda completamente ao Senhor. Enquanto
acharmos que podemos alguma coisa, não encontraremos o descanso. A analogia
feita pelo profeta, comparando o homem com a flor da erva, mostra a sua
transitoriedade: pela manhã, a flor surge mostrando a sua formosura, porém,
horas depois, ela está completamente murcha e sem vida. Assim é a vida do
homem.
O mesmo profeta teve uma visão. Ele
viu a glória do Senhor, e essa visão não é a visão da carne mas sim do espírito.
Visão não é algo que vem de nós mesmos, é algo que vem de cima, vem de Deus. O
Espírito de Deus revela os propósitos de Deus no espírito do homem regenerado. O
que ele viu? O profeta viu o Senhor da glória. No ano da morte do rei
Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas
vestes enchiam o templo. Serafins
estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com
duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros,
dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se
encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos
viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!
Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que
tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que
ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu
pecado. Depois disto, ouvi a voz do
Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me
aqui, envia-me a mim. Isaías 6:1-8.
Tudo começa por uma crise, “no ano
da morte”, e nada melhor do que uma crise para revelar a fraqueza. A crise na
vida dos filhos de Deus tem como propósito revelar a suficiência de Cristo. Na
crise, Deus abre os nossos olhos para vermos a Sua glória, “eu vi o Senhor”.
Necessitamos de revelação para ganhar a visão. A visão do que? Da nossa insuficiência, “ai de mim” e,
subseqüentemente, a revelação da suficiência de Cristo, “a tua iniqüidade foi
tirada”. Esta declaração se assemelha ao brado de vitória pronunciado pelo
Senhor, “está consumado”. Aqui está a suficiência da obra da cruz.
A crise do profeta o fez ver o
Senhor, e, ao vê-Lo, a sua consciência foi tomada do sentimento de total
miserabilidade. Mas encontrou no Senhor a sua libertação, “a tua iniqüidade foi
perdoada”.
A visão da nossa incapacidade vem
pela revelação da palavra de Deus. Pelo que ainda que te laves com salitre e
amontoes potassa, continua a mácula da tua iniqüidade perante mim, diz o SENHOR
Deus. Jeremias 2:22. Salitre? Este produto químico tem um efeito semelhante
ao da soda cáustica, ácido destruidor. Potassa, solução coada contendo o álcali
(ácido usado pra desmanchar gorduras) era evaporada em potes de ferro, formando
uma massa marrom, que então era aquecida fortemente em fornos para eliminação
dos resíduos de carvão. Estas duas soluções tinham como objetivo a purificação.
Estes elementos têm suas origens na natureza, portanto representam as coisas
criadas. Isto significa que o poder de purificação não está no poder da criatura
e sim do criador. A regeneração do homem é um assunto exclusivamente de Deus.
Quão fundamental é a revelação da
nossa incapacidade! Este sentimento de impotência nos levará a encontrar, na
Pessoa do Senhor Jesus, a nossa total suficiência. Então, na revelação do que
somos, mais a visão do que Deus é, nos conduzirá ao descanso de Deus. O apóstolo
Paulo encontrou em Cristo o seu descanso: Mas o que, para mim, era lucro,
isto considerei perda por causa de Cristo.
Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas
e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo
justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a
justiça que procede de Deus, baseada na fé. Filipensses
3:7-9.
No caminho para Damasco, Deus se
revelou na Pessoa de Jesus ao apóstolo. Este foi lançado por terra, ficando sem
ver por três dias. Estes três dias são representativos, pois para cada dia ele
sofreu uma perda: perda da visão do sistema religioso, perda da visão do mundo
filosófico e do mundo romano. Estes três mundos eram de grande importância para
Saulo, mas, ao ganhar a revelação da grandeza de Deus, ele considerou tudo como
lixo. Saulo era um homem forte em si mesmo, ele era auto-suficiente: Bem que
eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na
carne, eu ainda mais. Filipenses 3:4.
Mas, a sua força não foi suficiente
para sustentá-lo. No caminho para Damasco, o nosso Senhor o lançou por terra.
Foi o seu fim. Por isso, ele confessou: Porque eu, mediante a própria lei,
morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. Foi o
fim de uma vida natural, de uma vida auto-suficiente para encontrar em Cristo o
seu descanso. Mas esta experiência não ficou no passado, na vida de Paulo, é
para todos que crêem. Se Cristo não for o centro de nossas vidas, jamais
encontraremos o genuíno descanso. A despeito de tudo que se vê, se ouve, possui
ou sente, nada é suficiente para dar descanso às nossas almas. Quantidade alguma
de atividades ou de sucesso nos dará descanso.
O que é que Jesus concede aos que
vêm a Si? E quem são os que Ele chama? O nosso Senhor é a fonte de toda a
benção, convida a todos os que estão cansados e oprimidos para dar-lhes o
descanso. Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve. Mateus 11:28-30. Talvez os homens desconheçam a origem de toda a
miséria, ou seja, a separação de Deus, o pecado. De qualquer modo, o mundo já não satisfazia
os seus corações; eram miseráveis e, por conseguinte, os objetos do coração de
Jesus.
O amor do Pai, em graça, na Pessoa
do Filho, buscou os miseráveis para dar-lhes descanso, não meramente alívio ou
simpatia, mas descanso a todo aquele que respondeu ao seu convite. O Senhor é o
único que sabe do que precisamos. Ele nos ama de uma maneira exclusiva. Era a
perfeita revelação ao coração daqueles que necessitavam de paz, de paz com Deus.
Bastava vir a Cristo: Ele se encarregava de tudo e dava descanso. Mas há, no
descanso, um segundo elemento. Este segundo elemento se relaciona aos momentos
difíceis durante a nossa presença neste mundo. Porque, mesmo quando a alma se
encontra perfeitamente em paz com Deus, este mundo apresenta ao coração muitas
causas de perturbação.
As “noites escuras da alma” vem para
todos de uma forma ou de outra, mas vem. A solidão chega quando Deus parece ter
escondido a Sua face. Mas, Aquele que nos convida para Si, oferece perfeito
descanso, pois, Ele está “assentado sobre um alto e sublime trono”. Nada pode perturbar aquele que ali se
encontra. É o lugar do perfeito descanso para o coração. Conta-se que, há muitos
anos, um homem velejou dos Estados Unidos para a Inglaterra num barco a remo com
um único assento. Na comemoração da sua chegada, um repórter perguntou à esposa
dele se ela teria duvidado do sucesso do marido. Ah, não – respondeu a esposa –
eu conheço quem fez o barco.
Como filhos de Deus, podemos
dizer: Porque sei em quem, pus a minha confiança, e estou certo de que Ele é
poderoso para guardar o meu tesouro até esse dia. 2Timóteo 1:12. O nosso Pai
celestial é suficientemente grande para manejar tudo. Que Deus nos dê visão para
vermos a Sua suficiência para que haja pleno e perfeito descanso das nossas
almas! Voa a cotovia e do seu ninho canta./ Anunciando em voz alta / Sua
confiança em Deus, e assim é feliz. / Embora surjam nuvens lá no céu. Ela não
tem celeiro, e semente não semeia, / Contudo canta bem alto, e vive sem
cuidados. /Nos dias nublados, e na escassez do pão, /Ela canta, e envergonha/ Os
homens que, com medo da necessidade, se esquecem/ Do nome do Pai celestial./ O
coração confiante está sempre cantando,/E se sente tão leve como se asas
possuísse;/Dentro dele jorra uma fonte de paz. Tragam o bem e o mal, hoje ou
amanhã,/O que quiserem trazer, /Sua vontade sempre há de prevalecer. Do
Livro - O Segredo de uma vida feliz.
Hanna Whitall Smith.
Soli Deo Glória. | |
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 2 de dezembro de 2012
NO DESCANSO DE DEUS
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