Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é
mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão. Gálatas 2:21.
Quando olhamos para o texto de Paulo na sua carta aos Gálatas,
podemos identificar duas realidades completamente distintas, coexistindo numa
situação onde uma persegue e a outra é perseguida. "Mas, como então o que
nasceu segundo a carne perseguia o que nasceu segundo o Espírito, assim é também
agora." Gálatas 4:29. Esta perseguição se dá justamente pelo fato daqueles
que são contados como filhos da escrava não admitirem a liberdade dos filhos de
Deus em Cristo Jesus. E também, não conseguem usufruir da liberdade dos filhos
de Deus, justamente por não admitirem que são escravos.
Escravos da glória humana, da opinião alheia, do ego, do
pecado, do sucesso pessoal, e por não se entenderem assim, escravos, não
conseguem se arrepender e clamar a Deus misericórdia para que possam ser
libertos. Não admitem que precisam morrer e nascer de novo, pois como Nicodemos
são pessoas que possuem pedigree, e um conceito elevadíssimo de si mesmo, são
apegadas ao seu padrão moral e extremamente meritosas.
Podem até admitir que são pecadores, pois isso faz parte do
clichê religioso, mas não pecadores como os demais. "... Ó Deus graças te dou
porque não sou como os demais homens..." Lucas 18:11. São pecadores, mas
como fazem muitas obras externas de justiça humana, criam um mecanismo de
compensação, baseado na justiça própria, que para Deus não passa de trapo de
imundícia, como esta escrito: "Mas todos nós somos como o imundo, e todos os
nossos atos de justiça, como trapo de imundícia; todos nós murchamos como a
folha, e as nossa iniqüidades como vento nos arrebatam." Isaías 64:6.
Para as pessoas que tiveram a revelação dada pelo Espírito, de
que são como a descrição feita pelo profeta Isaías, não existe outro lugar no
universo que elas desejam estar, a não ser na graça de Deus manifestada em
Cristo, não existe outro caminho a não ser Cristo e não existe outro motivo pelo
qual eles possam ser aceitos por Deus senão o sangue do Cordeiro Santo que foi
vertido na cruz que os purifica de todo o pecado.
Os que se vêem de outra maneira, nunca chegam ao arrependimento
para serem libertos por Cristo, a ponto de clamarem Sua graça e misericórdia,
aliás, a graça é muito mal compreendida por eles, visto que suas qualidades os
impede de aceitá-la de maneira plena. A graça é para estes, um opcional, como um
carro que você escolhe com ar ou sem ar condicionado, ou seja, é algo que você
pode usar para lhe dar algum conforto, mas na falta deste opcional dá para viver
muito bem sem. Além do que, a graça não teria grande valor se não fossem suas
qualidades e habilidades pessoais, sem as quais o reino de Deus estaria em
grandes apuros.
Com relação à misericórdia, são como aquele homem descrito em
Mateus capítulo 18, gosta dela para si, mas são resistentes em usá-la para o
próximo. "E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e
perdoou-lhe a divida. Saindo, porém aquele servo, encontrou um dos seus
conservos que lhe devia cem denários; e agarrando-o, o sufocava, dizendo:
Paga-me o que me deves." Mateus 18: 27 e 28. Praticam a leitura das
escrituras, fazem orações, jejuns, assim como o fariseu no templo descrito em
Lucas 18 , mas não conseguem admitir a verdade a respeito de si mesmos, e nem
crer na suficiência de Cristo, são aqueles "que aprendem sempre, mas nunca
podem chegar ao conhecimento da verdade". 2 Timóteo 3:7 Portanto não podem ser
libertos.
Sabemos que nada é tão difícil para a mente humana compreender,
quanto o conceito de graça. Vivemos numa sociedade sem graça, onde a coisa mais
digna e valorosa que existe é o mérito. As pessoas podem até concordarem em
receber algo que não lhes custou nada, como meio de obter vantagem ou ser
suprido em uma necessidade. Porém isto jamais terá o mesmo valor de algo que ela
tenha conquistado por meio de seus esforços e méritos.
É este o motivo pelo qual a graça é tão atacada, ela ofende o
mérito, e nos coloca numa situação de falência total e dependência de Deus. E
isto, para o ser humano caído, com seu ego estratosférico, com seu desejo de ser
maior do que os demais, ser melhor do que todos e de ser tido como extremamente
distinto e capaz, é indesejável, pois implica em admitir sua total falência e
fraqueza diante de si e diante de Deus.
Além do que, este estado em que se encontra, o faz querer ser
como Deus, porém maior, melhor e mais distinto e capaz do que Ele. "...Como
Deus sereis..." Gênesis 3:5. Quando falamos da sociedade humana caída, ou da
maneira de ser do mundo, este, o mundo, não vê nada de mal nisto. Pois nas
relações sociais, funciona assim, nela você tem que ser o melhor, o mais capaz,
o número 1 em tudo o que faz. O problema se dá, quando este conceito vem fazer
parte das ações e relações da igreja, pois o mundo, como sistema, e o reino de
Deus, são duas coisas antagônicas.
Por serem duas realidades contrárias, deu-se o fato de terem
crucificado a Cristo, pois Ele, ao viver a realidade do reino de Deus, de
misericórdia e graça, expunha esta estrutura maligna do mundo. Sendo assim, fica
incompatível aos discípulos de Cristo, viver a realidade do reino de Deus hoje,
baseado na graça e na misericórdia, sem ser odiado pelo mundo, por isso as
escrituras nos dizem: "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que vós
me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu. Mas como não
sois do mundo,antes, dele vos escolhi, é por isto que o mundo vos odeia." João
15:18 e 19.
Como pode então, estas duas realidades tão distintas,
coexistirem dentro de uma só estrutura? Poderíamos evocar muitas razões externas
para explicar este fenômeno, como por exemplo, o fato da igreja de Cristo ser um
organismo inclusivo, aberto a todos. Mas a realidade que proporciona isto
acontecer é interna. O mundo não é mau em si mesmo, "Viu Deus tudo o que
tinha feito, e que era muito bom..." Gênesis 1:31ª.
O problema é o pecado que entrou no homem, e por intermédio do
homem entrou no mundo. Esta estrutura pecadora interna que nos leva a querer ser
como Deus, e a nos ofender com sua graça, a não reconhecer que somos criaturas
dependentes e carentes da graça e misericórdia divina. Que nos leva a competir
entre nós, para saber quem será o maior, e somos então confrontados pelo reino
de Deus que foi chego a nós na pessoa de Cristo Jesus, aquele que tem todo o
poder e glória, mas que se esvazia para ser servos de todos, e nos ensina, "O
maior dentre vós, será vosso servo". Mateus 23:11. Este é o nosso problema,
o nosso pecado, o desejo de querer ser grande.
Paulo logo no começo de sua carta demonstra toda a sua
perplexidade, " Admira-me que tão depressa estejais passando daquele que vos
chamou na graça de Cristo para outro evangelho." Gálatas 1:6. Surge então,
diante desta afirmação de Paulo, a maneira pela qual torna-se possível a prática
da coexistência entre essas duas realidades acima citadas, ainda que em eterna
oposição, ou seja, a criação de outro evangelho.Um evangelho híbrido, que
mistura velha aliança e nova aliança, onde Cristo e sua obra são insuficientes,
onde a cruz é um escândalo e a graça é apenas uma palavra.
Surge por meio dos halterofilistas da fé, daqueles que se
julgam super crentes, os quais não são como o apóstolo Paulo que foi ensinado
por Deus a se gloriar na sua fraqueza para que nele habitasse o poder de Deus (2
Coríntios 12). Para estes amantes da religião, o mais importante é a doutrina,
mas para o evangelho trazido por Cristo, o mais importante é a vida e as pessoas
(Marcos 2:27). Para os defensores da religião, a existência é gasta a partir do
que é certo ou errado, vivem ainda pela árvore do conhecimento do bem e do mal.
Mas para os que foram libertos em Cristo, para aqueles que morreram em Cristo, a
única vida que importa é aquela que brota da comunhão com o Cristo ressurreto.
Este outro evangelho surge com a desculpa de que, aqueles que
foram libertos em Cristo não saberão viver em liberdade, por isso se faz
necessário a escravidão da lei. Desconhecem o amor incondicional de Deus, por
isso tentam comprá-lo, desconfiam daquele que começou a boa obra em nós,
julgando que Ele não é fiel para completá-la (Filipenses 1: 6), e que aqueles
que foram alvos da graça a usarão para pecar. Os que assim fazem, desconhecem a
graça, a já não resta mais sacrifício pelo pecado (Hebreus 10: 26). Mas para
aqueles que morreram em Cristo e que ressuscitaram em Cristo para uma nova vida,
que libertos do pecado e da lei, foram feitos escravos da justiça (Romanos 6:17
e 18) as escrituras nos ensinam: "Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou. Permanecei, pois, firmes e não submetais, de novo, a julgo de
escravidão. Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de
nada vos aproveitará. De novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar
que esta obrigado a guardar toda lei. De Cristo vos desligastes,vós que
procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes." Gálatas
5:
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 1 de maio de 2012
A MALDIÇÃO DO EVANGELHO GENÉRICO
A FÔRMA DA REFORMA
Quem diz o povo ser o Filho do homem? ...Respondendo
Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe
afirmou: ...Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Mateus
16:13b, 16 e 18.
Alexander MacLaren
sustentava que uma igreja morna gera a incredulidade, tão certamente quanto
um carvalho em decomposição gera cogumelos. E São Crisóstomo disse
que nada obterá mais sucesso em dividir a igreja do que o amor ao poder.
Este era o contorno que emoldurava a igreja no século XVI. D’Aubigné
pontuava: A mercantilização das indulgências fizera do homem o seu próprio
deus na esfera religiosa. Lutero gritava: Não tenho outro
argumento mais vigoroso contra o governo do Papa do que o fato de ele reinar sem
a cruz. A igreja havia perdido sua identidade. Negociantes habilidosos
vendiam a consciência para comprar a coroa do poder papal. Janus mostrou
que naqueles dias tristes, a Igreja de Roma descera ao último grau de
abjeção. Rezavam as lendas populares que cada Papa não obtinha o trono senão
vendendo a alma ao demônio, em troca da tiara. A tesouraria do mérito
negociava o perdão dos pecados com um pedaço de pano. As indulgências se
tornaram fonte de lucro para as construções do Vaticano. A igreja de Cristo
havia se tornado uma máquina opressora de fazer hipócritas. Cristo pôs a
igreja no mundo, mas Satanás não tem feito outra coisa senão esforçar-se para
colocar o mundo na igreja. A igreja, que deveria ser edificada por Cristo,
acabou virando um sistema de extorquir as pessoas crédulas.
Martinho Lutero, monge agostiniano, quando esteve
em Roma, em 1510, ficou chocado com o mundanismo dos clérigos e desiludido com a
indiferença religiosa deles. A falta de compromisso com a verdade, ou
distanciamento da Palavra de Deus, levou a igreja longe demais no caminho da
indecência moral e espiritual. Uma igreja sem a verdade não é uma igreja
verdadeira, e uma igreja sem o Espírito não é uma verdadeira igreja. Foi
neste contexto lamentável que, no dia 31 de outubro de 1517, o som de um
martelo, em Wittenberg, foi o sinal para o começo de uma reforma que muitos já
estavam esperando. A Reforma não se voltava contra a autoridade, mas contra a
usurpação do poder. Lutero não investiu contra a igreja, mas contra a anarquia
do seu conceito. O sistema religioso era político demais para ser santo e seus
interesses egoístas demais para serem justos.
A Reforma foi um brado da graça na edificação da
igreja de Cristo. Se Cristo é o construtor da igreja, nunca os homens, por mais
astutos que sejam, conseguirão pervertê-la totalmente. Os dedos sujos dos
religiosos não poderão toldar a santidade da igreja. Jesus sempre realizará
alguma reforma na sua igreja, ao ponto de mantê-la o mais possível fiel aos seus
princípios. A igreja é dele, e só Ele é competente para torná-la íntegra. Com
grande certeza podemos depender de Cristo quanto à edificação de sua igreja.
Aquele que morreu por ela, vive para a apresentar a si mesmo Igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
Efésios 5:27. Assim, como Cristo é a raiz pela
qual o santo cresce, Ele é a regra pela qual o santo anda. O fato de haver
muitas igrejas que negam o que Cristo fez não invalida o senhorio de Cristo
sobre a sua igreja. A verdadeira igreja de Cristo é aquela que se submete
totalmente ao governo soberano do seu único Senhor e está disposta a obedecer
voluntariamente a sua vontade. Um Cristo suplementado é um Cristo
suplantado, mas o senhorio de Cristo é soberano em sua igreja. Por isso, a
igreja de Jesus Cristo, que está sempre crescendo, tem como axioma: Ecclesia
reformata sed semper reformanda, isto é, uma igreja reformada, mas sempre aberta
a mais reformas.
A igreja de Jesus Cristo é um corpo vivo, dinâmico
e evolutivo. A igreja é uma comunidade cristocêntrica: as suas atividades
devem ser inspiradas e dirigidas por Cristo. O motivo é Cristo. O modelo é
Cristo. A meta é Cristo. Sendo assim, a igreja está sempre evoluindo nas
dimensões da grandeza de Cristo. Mas a igreja que evolui é aquela que foi
assinalada com as marcas da cruz. Não a cruz teológica de uma doutrina, ou um
emblema decorativo. As marcas da cruz são aquelas que estão cravadas no caráter.
Usar uma cruz não substitui o ato de fé de ser crucificado na cruz com Cristo. A
fôrma da Reforma é a cruz. Cristão sem os efeitos da cruz no seu interior é
falsificação da realidade. A cruz é a única escada suficientemente alta para
alcançar a soleira dos céus. Só os crucificados pertencem à igreja de
Cristo. A verdadeira igreja é aquela que brota da sepultura e que traz as
evidências da vida ressurreta, que pode ser definida com as mesmas palavras que
traçaram os fundamentos da Reforma do século XVI.
Soli Deo Gloria.
A glória
pertence somente a Deus. Toda a glória do cristão autêntico é glorificar o Deus
de toda a glória. Nenhuma faísca do brilho divino pode ser reivindicado por
qualquer dos mortais. Fomos regenerados para glorificar unicamente ao Senhor da
glória. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer,
fazei tudo para a glória de Deus. 1 Coríntios 10:31.
A vida marcada pela cruz é aquela que reconhece a trindade Divina como a única
detentora de toda a glória.
Soli Gratia.
A salvação do
ser humano é totalmente pela graça. No caminho para o Reino de Deus não tem
pedágio. Deus não requer recompensas. Ele não faz permuta nem aceita gorjeta.
Ninguém pode conquistar o céu, pois ele é uma dádiva da graça. Charles
Hodge disse: Nada que não seja gratuito é seguro para os pecadores... A
não ser que sejamos salvos pela graça, não podemos absolutamente ser salvos.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8-9. Se não
fosse completamente pela graça, haveria o risco de suborno. Por esta razão,
somente a graça pode nos fazer crer que a salvação é somente pela graça.
Sola Scriptura.
A
Escritura Sagrada, a Bíblia, é a única fonte da revelação cristã. A única
autoridade capaz de apontar os pensamentos fundamentais de Deus para o homem. A
Bíblia é a bússola que aponta o rumo, e o mapa que orienta a viagem do cristão.
É o roteiro que avalia suas experiências e a balança que pesa sua conduta. A
não ser que a Palavra de Deus ilumine o caminho, toda a vida dos homens estará
envolta em trevas e nevoeiro, de forma que eles inevitavelmente irão se perder.
Somente as Escrituras podem dar certeza ao coração do homem. Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 2 Timóteo 3:16-17. A única
reforma verdadeira é a que emana da Palavra de Deus. A Reforma ainda preconizava o sacerdócio de todos os crentes, a
santidade de todos os regenerados e a igreja como povo de Deus, sem hierarquias
ou castas especiais. Estas marcas da Reforma Protestante precisam ser
atualizadas na Reforma atual. A igreja do nosso tempo passa pelas mesmas crises
de poder e de manipulação que acometia a igreja de Roma, nos tempos de Lutero.
Somos, pois, convocados a assumir a mesma postura do reformador, tomando a mesma
fôrma da Reforma. A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já
apareceu entre os homens. Sem cruz não se segue a Cristo. A reforma só será
realidade para as pessoas que já foram crucificadas com Cristo e que, por isso,
não têm mais nada a perder. Um reformador bradava: Deus
cria a partir do nada. Portanto, enquanto o homem não for reduzido a nada, por
meio da cruz de Cristo, Deus não poderá fazer nada com ele.
Solo Deo Glória
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CULPA E PERDÃO
Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um
só ponto, tem-se tornado culpado de todos. Tiago
2:10
A culpa relaciona-se com o pecado da mesma forma
como as cinzas relacionam-se com o fogo.
O pecado
é uma atitude de rebeldia, e a culpa é sua lembrança permamente. Não há culpa
sem pecado como não há mau cheiro sem causa. O fedor na mata sempre denuncia a
existência de uma carniça. Não é possível se falar em culpa sem o relacionamento
com um pecado atuante. O sentimento de culpa está sempre ligado à realidade do
pecado.
Nunca pense que você encontrará mel no pote, se
Deus escrever "veneno" no rótulo. A única coisa assustadora neste mundo é o
pecado.
Não é possível praticar o pecado e não sofrer as
suas consequências. Não é possível tocar no pecado e não ficar contaminado com a
culpa. No Velho Testamento há um quadro que explica este pensamento. Quando
alguém tocasse em um homem imundo, ficaria contaminado. Se alguém, sem se aperceber tocar a imundícia de um homem, seja qual for
a imundícia com que este se tornar imundo, quando o souber será culpado.
Levítico 5:3.
O homem sempre se contamina quando comete pecado.
O pecado é uma coisa odiosa. É a baba ou o vômito de Satanás.
Ninguém sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus;
porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém,
é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a
concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo
consumado, gera a morte. Tiago 1:13-15.
O pecado deixa um sentimento cruel de culpa que
mina a consciência de modo sutil. Não é possível praticar o pecado sem sofrer as
consequências da culpa corroendo as resistências morais. Por mais calejada que a
mente se encontre, sempre haverá uma ponta de acusação consumindo as energias
espirituais e aluindo as bases psicológicas. Ó meu Deus! Estou confuso e
envergonhado, para levantar o meu rosto a ti, meu Deus; porque as nossas
iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido
até aos céus. Esdras 9:6. A culpa não deixa a consciência, enquanto o
pecado não for tratado de modo correto. O pecado não pode
ser ocultado. Todo aquele que tenta abafar o seu pecado acaba sofrendo
terrivelmente. Enquanto me calei,
envelheceram os meus ossos pelo meu bramido o dia todo. Salmos 32:3.
Sufocar o pecado é torná-lo um vulcão. Pecado refreado é
angústia na certa. Quando se subjuga a realidade do pecado, a fetidez da culpa
assume outras formas e acaba revelando a pecaminosidade
estrangulada.
Não há outra alternativa. O pecado tem que ser
confessado, para que seja perdoado. O único remédio para o pecado é o perdão.
O que encobre as suas transgressões nunca prosperará,
mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Provérbios 28:13.
A Bíblia não está tratando aqui de sucesso econômico, mas de uma alma
próspera. O pecado atrofia os relacionamentos e distorce os sentimentos. O
coração sob o regime da culpa sempre vive desconfiado, criticando, acusando.
É o sentimento de culpa que nos faz ter vergonha de Deus
e desconfiança das pessoas.
A culpa é responsável por uma ampla quantidade de
sintomas. Muitas doenças que chegam sobre as pessoas, têm suas bases nos
sentimentos de culpa. A mente culpada acaba se tornando refém de apavorantes
prenúncios ruinosos que se transfomam em sintomas de enfermidades e acabam
virando doenças incuráveis. A fatídica operação da culpa assume um papel de
cobrança que abala o sistema nervoso e leva as pessoas ao cáos interior.
O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, e
ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na
tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Naum 1:3. Não adianta
tentar fugir da culpa com os expedientes mais ricos e abrangentes.
O único remédio para a culpa é o sangue. Na
farmácia de Deus só o sangue pode minorar os efeitos dolorosos do pecado e da
culpa. E quase todas as coisas segundo a lei, se purificam com sangue; e
sem derramamento de sangue não há remissão de pecados. Hebreus 9:22. Sem
perdão de pecado não há libertação da culpa. Será, pois, que, culpado
sendo, numa dessas coisas, confessará aquilo que pecou. E a sua expiação trará
ao Senhor, pelo pecado que cometeu; uma fêmea de gado miúdo, uma cordeira, ou
uma cabrinha pelo pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação do pecado.
Levítico 5:5-6. Este procedimento apresentado no Velho Testamento é um
tipo do sacrifício universal que Jesus Cristo veio realizar em benefício de
todos os pecadores. Assim, pecado perdoado, culpa apagada. Uma vez tratado o
pecado pela obra consumada de Cristo crucificado, temos a garantia de sua
anulação. Pecado perdoado significa culpa sem efeito. Ninguém pode viver debaixo
de um forte sentimento de culpa, quando a sua causa já foi anulada. Só há
complexo de culpa, quando há culpa real. Só há sentimento de culpa quando o
pecado ainda não foi perdoado. Jesus Cristo veio a este mundo como o Cordeiro de
Deus, a fim de tirar o pecado do mundo. Aquele que não conheceu pecado,
Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.
2Coríntios 5:21. Em Cristo, Deus nos incluiu para nos justificar, e
deste modo, nos perdoar de todo pecado. Aquele que já foi perdoado por Cristo
encontra-se agora justificado. Pois quem morreu justificado está do
pecado. Romanos 6:7. Cristo se identificou conosco na humanidade a fim
de nos atrair em seu corpo, e por este meio, nos fazer integrantes de sua morte
e ressurreição. Ora, se já morremos com Cristo, temos recebido a sentença de
morte para o pecado e consequentemente a justificação pela fé. Se estamos
justificados pelo sangue de Cristo, estamos perdoados de todos os nossos
pecados. Se estamos perdoados dos nossos pecados, também estamos sem culpa. Por
meio da obra soberana de Cristo, Deus nos perdoa de todos os nossos pecados e
nos isenta de toda culpa. Uma vez libertados da tirania do pecado pelo
sacrifício eficiente de Jesus Cristo, somos também libertados das cobranças
sufocantes de culpa. Uma conta paga não pode ser mais cobrada. Uma mente
isentada das pressões do pecado não precisa viver mais sob as insinuações da
culpa. Quando o fogo é apagado, logo a fumaça que tanto incomoda desaparece.
Assim, desde que o pecado foi anulado, a culpa ficou sem
efeito.
Solo Deo Glória
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A SUTILEZA CRUEL
Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes,
eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de
Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles
está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas
terrenas.Filipenses 3:18-19.
A maior esperteza do inferno está na camuflagem.
Não há estratégia mais eficiente para os caçadores do que o disfarce. O
mimetismo faz parte da maquiavelice diabólica de caçar as almas. Os piores
adversários não são aqueles que nos enfrentam frontalmente, mas aqueles que,
dissimulados em santos, fingem gozar de uma experiência espiritual autêntica. O
artifício da fé mascarada é muito mais sério do que a licença permissiva de uma
vida aberrante. É preferível um pecador dissoluto do que um santo pintado.
William Secker disse que, uma prostituta maquilada é menos perigosa do que um
hipócrita disfarçado. No reino de Deus não há lugar para apócrifos.
A hipocrisia é muito mais prejudicial do que a
devassidão, e o disfarce encapuzado mais ardiloso do que a nudez destampada. Os
inimigos da cruz mais argutos são aqueles que melhor simulam espiritualidade
elevada. É muito difícil perceber a esperteza de uma vida inautêntica, pois as
profundezas do bersabum investem toda a sabença na sofisticação da maquiagem. Os
produtos mais vendidos do inferno são os cosméticos da impostura que visam
encobrir as feridas purulentas com a santimônia. Confundir rebeldia com beatice
é matéria de especialização das galerias subterrâneas da universidade cavernosa
das profundezas infernais. Mas há um provérbio alemão que ensina: Quando a
raposa prega, observe os gansos. Por isso é muito importante verificar as
características bíblicas dos inimigos da cruz de Cristo, para não sermos
apanhados pelas sutilezas cruéis do formalismo enganoso. Muitos dizem: Eles
pregam a Bíblia! Eles falam de Jesus! Eles anunciam a cruz! Lá eles pregam o
novo nascimento! Para mim não importa, se prega a Bíblia, está bom. É aqui
que mora o perigo.
A primeira observação do apóstolo Paulo com
respeito aos inimigos da cruz de Cristo é que eles andam entre nós. Os
adversários do Evangelho da graça de Cristo estão infiltrados no seio da Igreja.
Eles não se encontram propriamente no mundo, mas no meio da Igreja, como líderes
ou membros. Os vírus precisam se instalar no organismo para provocar a infecção.
A astúcia do combate eficaz começa na infiltração mascarada e na implantação da
arma mais eficiente para destruir uma comunidade, que é a subversão. Disfarçado
em irmão, a hostilidade contra a mensagem da cruz vai sorrateiramente minando os
fundamentos do cristianismo. O método da corrupção começa com a ênfase
fundamental da fé sendo substituída por um acessório qualquer. Ninguém é
propriamente contra a mensagem da cruz, simplesmente ameniza-se o seu enfoque. O
transtorno começa pelo esvaziamento da pregação, através da mensagem sofisticada
com a filosofia das palavras. Porque não me enviou Cristo para batizar,
mas para pregar o Evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule
a cruz de Cristo. 1 Coríntios 1:17. Com linguagem
persuasiva de sabedoria humana, vai-se tecendo um esquema de empobrecimento da
mensagem e agregando-se a ela outros assuntos que assumam a atenção dos
ingênuos. Uma das marcas dos falsos profetas é pregar com sutileza apenas o que
o povo quer ouvir. Prefiro ser plenamente compreendido por dez a ser admirado
por dez mil, martelava Jonathan Edwards.
Uma segunda questão que podemos destacar, da
abordagem do apóstolo, é que estes inimigos são muitos. Não se deve subestimar a
contabilidade. Para Paulo, são muitos os opositores da cruz de Cristo. Não se
trata de um grupinho inexpressivo de gentinha desqualificada. Havia um grande
grupo de gente capaz, especialista em induzir, solapando a mensagem do
Evangelho, esvaziando o enfoque da cruz e procurando implantar um sistema para
valorizar a auto-estima. Por este motivo, suas constantes advertências contra a
ameaça penetrante e o risco apurado de diluição do discurso do Evangelho, ao
ponto de suas lágrimas serem convocadas como testemunho de sua apreensão. Mas
por outro lado, este número expressivo de rivais vem corroborar com a
importância fundamental da mensagem. Se a proclamação da cruz fosse um assunto
de somenos importância, os antagonistas seriam poucos e sem a menor
consideração. O fato de ter muita gente contrária à pregação dos efeitos da cruz
em nossas vidas é sintoma do mérito e valor essencial desta mensagem.
Por estes motivos, é necessário distinguir os
antagonistas da cruz com as características apontadas pelo apóstolo. É preciso
ver, com a clareza das Escrituras, que muitos que podem até estar pregando a
cruz, fazem parte do levantamento contra a cruz. Vamos analisar Filipenses
3:19 na forma invertida de sua construção.
Visto que só se preocupam com as coisas terrenas, a glória deles está na
infâmia, o deus deles é o ventre e o destino deles é a
perdição. A ênfase dos adversários da cruz está nas
coisas terrenas. Todas as pessoas que participam na igreja e que valorizam mais
as coisas terrenas do que as celestiais estão englobadas na rebelião oposta à
cruz. Muitos dos que pregam sobre a cruz vivem preocupados com as coisas deste
mundo e prisioneiros de uma mentalidade mundana. Quando estimamos mais os bens e
prazeres do que a santidade, o êxito e a prosperidade mais que a glória de Deus,
estamos envolvidos numa sedição contrária à mensagem da cruz. Os maiores
adversários do cristianismo não são os que o combatem de frente, mas são os
falsos cristãos que fingem a mensagem, que a vida desmente. O estado
celestial é organizado de forma a expressar visivelmente o que Deus pensa da
cruz de Cristo, ensina J. A. Motyer. Somente aqueles que foram crucificados
e ressuscitados juntamente com Cristo podem ser desarraigados do domínio das
coisas rasteiras, para investir o pensamento nas coisas elevadas.
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas
lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá
do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está
oculta juntamente com Cristo, em Deus. Colossenses 3:1-3. A operação da cruz provoca uma revolução no pensamento e na maneira de
encarar os valores da existência.
Entretanto, se o urubu aprecia carniça é uma
questão de instinto e apetite, do mesmo modo, os adversários da cruz preferem
salientar a sua glória naquilo que é infamante. Sabemos que uma pessoa nunca
passou pelos efeitos da cruz quando ela se delicia com tudo aquilo que é
desonroso. Quando a escolha preferencial da vida recai sobre os temas maculados
pelo sujo da indignidade, constatamos que a glória desta pessoa é fruto de um
coração torpe. O cardápio natural dos porcos é lavagem de chiqueiro. Isto leva
consequentemente ao centro de sua adoração: as vísceras. Um indivíduo governado
pelo suco gástrico tem uma ética muito ácida. O vômito do mau humor
freqüentemente revela o azedume de um homem sem cruz. E o seu deus oco do
estômago precisa sempre de miolo mole para abarrotar. É por isso que a propina,
a bajulação e o servilismo fazem parte do esquema da religião sem cruz. A
teologia dos inimigos da cruz é tão vazia e frívola como o seu deus sem um prato
de comida para satisfazer seu instinto momentâneo. Os viscerotônicos
inescrupulosos não hesitam em fazer qualquer coisa que lhes proporcione algum
resultado favorável. Desde que haja lucro ou vantagem, há uma disposição para
negociar sob qualquer custo. Isto leva os que só se preocupam com as coisas
terrenas ao terceiro degrau de sua falência total: o destino deles é a perdição.
Não era de se esperar outra coisa. Se Deus não existe, tudo é permitido,
enfatizava Dostoievsky. Uma pessoa regulada pelas aspirações da infâmia,
administrada pelo deus minúsculo dos apetites carnais não tem outra alternativa
senão a confusão insegura de uma vida perdida. Só um homem perdido pode ter uma
vida assim, tão inconseqüente.
Se você quer fugir de Deus, o diabo lhe emprestará
tanto as esporas como o cavalo
, afirmava Thomas Adams. E
o sábio pregador metodista E. M. Bounds insistia: Seria uma imitação burlesca
da esperteza do diabo e uma calúnia contra seu caráter e reputação, se ele não
empregasse suas maiores influências para adulterar o pregador e a pregação.
Cuidado com toda pregação que minimiza o enfoque da cruz de Cristo e que
desconsidera a nossa co-crucificação juntamente com Cristo. Mas longe
esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual
o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas
6:14.
Solo Deo Glória
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O REMÉDIO PARA TODOS OS MALES
No meio da praça, em ambas as margens do rio, estava a árvore da
vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês. E as folhas da
árvore são para a cura das nações. Apocalipse 22.2
Somos uma geração de dependentes de remédios. Em um mundo de
alta tecnologia farmacêutica, bulas complexas, laboratórios ultra sofisticados e
até mesmo genéricos, pode parecer estranho alguém voltar a seguir antigas e
primitivas receitas. Porém, em alguns casos se faz necessário. Principalmente
tratando-se de vida espiritual. Nestes casos, somente antigos medicamentos podem
produzir uma espiritualidadesaudável.Todosnós somos doentes. Circula em nossas
veias o veneno do pecadoe todo o nosso sistema está contaminado. Toda a cabeça
está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até a cabeça está
doente, e todo o coração enfermo. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele
coisa sã. Isaías 1:5b-6a.
Tudo em nós precisa de cura. Felizmente Deus já providenciou o
remédio. Remédio que não se encontra nas farmácias e por esta razão não tem
contra-indicações e é gratuito. O Filho de Deus, a Árvore da Vida - Cristo, este
é o remédio para todos os males da humanidade.
Preste atenção nesta ilustração, que conta a história de uma
pessoa que usava um remédio miraculoso. Havia em uma pequena igreja um senhor
muito temente a Deus. Era uma pessoa idosa, e ainda muito usada por Deus. Grande
parte do seu tempo era dedicada ao estudo das Escrituras e à oração. Certa
ocasião, um jovem aproximou-se do ancião e lhe fez uma pergunta. Estava
interessado em descobrir o segredo de ser tão atuante no cumprimento da missão.
O senhor prontamente respondeu: Chá, muito chá ! O rapaz coçou a cabeça e deixou
transparecer que não estava entendendo muito bem. Chá da raiz de Jessé. O senhor
de idade passou a lhe explicar: Meu filho, chá da raiz de Jessé é Cristo. Muito
tempo atrás, um missionário esteve na nossa igreja e nos ensinou sobre como se
apropriar de Cristo. Ensinou sobre o chá da vida e ilustrou com três
princípios, os quais são: Conhecimento de Deus, Humildade e Amor. O jovem saiu
satisfeito e se apropriou daquele segredo. Não há nada melhor do que ter uma
vida espiritual saudável. Porém, a maioria das pessoas vive desanimada, cansada
e enferma. Falta-lhe propósitos, objetivos e prioridades na vida espiritual.
Sem alguns princípios norteadores, a vida corre o risco de cair
em um marasmo. A indiferença, a apatia e a preguiça passam a crescer como ervas
daninhas sufocando as flores das virtudes no jardim do coração. Por outro lado,
ao cultivarmos virtudes, nada poderá nos deter. O apóstolo Pedro dá a seguinte
admoestação: ... reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a
virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio;
com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a
piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas,
existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Pedro 1:5-8.
Como anda a sua saúde espiritual ? As doenças do homem moderno,
como o stress, a depressão e mesmo as enfermidades mais antigas como o ódio, a
amargura, provém de uma alma doente. Pelo fato do remédio ser muito forte,
recomendamos doses homeopáticas. Comece o seu tratamento com um CHÁ.
C: Conhecimento de Deus. O conhecimento de Deus nos dá um ótimo
diagnóstico de nosso estado. Revela o caráter de Deus e ao mesmo tempo o nosso.
O reformador Calvino afirmava que o conhecimento de Deus é a fonte dos demais
conhecimentos. A nossa vida natural é caracterizada pelo conhecimento das coisas
terrenas. Temos que aprender a falar, a ler, a escrever, a andar de bicicleta, a
dirigir, a trabalhar com computador. Tudo isso se dá através do conhecimento
adquirido. O mesmo se dá com a nossa vida espiritual. Fomos dotados de um
instrumental de aquisição de conhecimento e todo conhecimento é acumulativo.
Inclusive o conhecimento de Deus. Jesus definiu a vida eterna como conhecimento.
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste. João 17:3.
Conhecendo a Cristo, estaremos conhecendo Deus. O apóstolo
Paulo afirma que trocou tudo o que considerava importante por apenas uma coisa:
Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento
de Cristo Jesus, meu Senhor. Flilipenses 3:8-10. Paulo era uma pessoa que sabia
o que queria, e desejava que seus imitadores fossem centrados nos mesmos valores
que buscava. Vejamos o que escreveu aos irmãos de Éfeso: Não cesso de dar
graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de
nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e
de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração,
para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da
sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que
cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo,
ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares
celestiais. Efésios 1:16-20.
Conhecimento aqui não é algo apenas teórico, é muito mais do
que conhecer conceitos ou formulações teológicas. Trata-se de um conhecimento
pessoal e de uma união amorosa, íntima, duradoura, prática e permanente com
Deus Pai e com seu Filho.
H: Humildade. A antítese da humildade é o orgulho. O orgulho é
a pior doença do ser humano. Infelizmente o orgulho afeta a humanidade desde o
Éden. A serpente contaminou a raça humana com a doença de Lúcifer, o orgulho. O
único homem que não sofreu deste mal foi Jesus. Ele próprio recomendou: Aprendei
de mim, porque sou manso e humilde de coração. Mateus 11:29.
A humildade é o reconhecimento de nossa posição enquanto
criaturas de Deus, de nossa condição de pecadores, e de nossa real situação
dentro da família de Deus. Andrew Murray em sua obra chamada Humildade: A Beleza
da Santidade, cita: A humildade é o único solo no qual a graça enraíza-se; a
falta de humildade é a suficiente explicação de todo defeito e fracasso. A
humildade não é apenas uma graça ou virtude como outras; ela é a raiz de todas,
pois somente ela toma a atitude correta diante de Deus, e permite que Ele faça
tudo. Se tem algo que Deus abomina é o orgulho em uma de suas criaturas.
A humildade é a virtude com que manifestamos o sentimento da
nossa fraqueza e/ou de nosso pouco ou nenhum mérito. É conhecer a verdade da
nossa posição diante de Deus e dos homens. Um homem humilde busca em todas as
circunstâncias agir de acordo com a regra: Em honra preferindo-vos uns aos
outros; sede servos uns dos outros; considerando cada um os outros superiores a
sim mesmo; sujeitando-vos uns aos outros. Difícil ? Somente em Cristo isso é
possível. Deus não nos chamou para viver no plano do natural, mas do
sobrenatural. Ao contemplarmos Aquele que deixou os céus e o seu manto de glória
para se vestir de pele humana, não há como sustentar orgulho próprio. Cristo é o
nosso exemplo de humildade. Nas Escrituras vemos o imperativo: Tende em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,... que a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo... e a Si mesmo se humilhou, tornando-se
obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus O exaltou
sobremaneira. Filipenses 2:5,7-9. Como disse Thomas Watson: A visão da glória de
Deus produz humildade. As estrelas somem quando o sol aparece.
A: Amor. O amor não é um sentimento, mas um exercício da
vontade que compromete todo o nosso ser. O amor é ativo. As Escrituras registram
que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito... João 3:16.
O amor impulsiona a agir em favor do objeto amado. Foi por amor que Deus criou o
mundo, pois sendo Ele amor, quis compartilhar com a sua criação. A relação de
amor que a Trindade usufruía é oferecida graciosamente para os que recebem a
Cristo. O propósito é que sejamos um com Deus, a fim de todos sejam; e como és
tu, o Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós. João 17:21. Este foi o
pedido de Jesus Cristo ao Pai. Quem descobre o amor de Deus, ama a Deus. O seu
amor desperta o nosso amor.
Jesus sintetizou a Lei em torno do amor: Amarás o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de
todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Lucas 10:27.
Em 1 Coríntios 13 vemos a natureza do amor que Deus tem reservado para nós. O
amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus próprios
interesses, não se irrita, não se ressente do mal; não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. O amor é atitude. Essa nova atitude nasce da obra do Espírito de
Deus dentro de uma pessoa. O amor do filho de Deus não deve se estender apenas
aos seus irmãos em Cristo, mas a todos os homens. Não somente aos homens, mas a
toda criação.
Pronto, o CHÁ está no ponto. Só falta beber. É preciso lembrar
que o tratamento é pelo resto da vida. O maior empecilho para o tratamento
divino é o ego. Por esta razão é necessário que a cruz de Cristo esteja operando
em nós todos os dias e em todos os momentos. Levando sempre no corpo o morrer de
Jesus, para que a sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios 4:10. Na
dimensão da vida de Cristo o nosso conhecimento de Deus é sempre crescente, a
humildade é manifestada e o amor é transbordante.
Mas há uma coisa: para este tipo de remédio não existe
genérico.
Solo Deo Glória
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TRAFICANTES DE FÉ
E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e
também os cambistas assentados: tendo feito um azorrague de cordas, expulsou a
todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro
dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui
estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. João
2:14-16.
Jesus bateu de frente contra o comércio da religião. Ele foi duro com os mascates que traficavam como picaretas no altar. Profissionais do mercado infiltraram-se no templo e converteram o culto judaico num empreendimento lucrativo. Muitos adoradores viajavam de localidades distantes, ficando impossibilitados de trazer animais para o ritual do sacrifício e que acabavam caindo nas mãos dos exploradores do comércio da religião, que aproveitavam a situação de carência para levar vantagens na operação comercial e assim ganhar a vida. Era um negócio interessante que ocupava vendedores e banqueiros, mas que transformava a casa de Deus num empório, por isso Jesus repudiou este estabelecimento onde o comércio extorque o adorador e reduz o culto a uma feira de conveniências.
A religião sempre usou de expedientes proveitosos e atraentes com o objetivo
de usurpar algum benefício. Muitos espertalhões fomentam um jogo de mérito
tentando desenvolver a permuta das mercadorias e deste modo criar um vínculo de
dependência entre o crente e sua crença. A religião freqüentemente acaba
seduzindo as pessoas e tornando-as viciadas em tradições broncas ou absurdas.
Não foi sem razão que Karl Marx disse que a religião é o ópio do povo. Muita
gente fica entorpecida com a droga aliciante da religião mercantilista, perdendo
por completo a capacidade de análise e julgamento.
O evangelho de Jesus Cristo não é religião. O Deus
do evangelho não negocia com o homem nem faz da fé cristã uma quitanda de mercantilagem barata ou mera negociata de interesses. Jesus não veio vender salvação, tampouco agenciar traficantes de fé. A graça de Deus é gratuita. Não há pedágio na estrada celestial, nem imposto no reino de Deus. A contribuição no âmbito do evangelho tem obrigatoriamente a expressão de voluntariedade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. 2Coríntios 8:3-4. Deus nunca coage os seus filhos, mas os desperta pela sua graça a serem espontâneos no ministério da contribuição, pois toda obrigação bagunça o significado da vida espiritual autêntica.
Deus não precisa de dinheiro. Os dízimos e as ofertas apresentados na Bíblia
não são tributos exigidos para Deus. Ele se basta a si mesmo e não tem
necessidade de coisa alguma. O Senhor do universo não pede esmolas nem recebe
gorjetas. Antes de qualquer coisa esta contribuição é um tratamento de Deus para
conosco, a fim de nos libertar do poder do dinheiro e nos desenvolver no
território largo de sua dependência. Ninguém pode confiar em Deus segurando a
carteira, pois nenhum avarento conseguiu até hoje andar com Deus e ser feliz.
Porém, é bom salientar que Deus não é também um trombadinha batendo carteira de
sovinas.
Todos aqueles que foram alcançados pelo evangelho da graça são gentilmente
movidos pela soberana graça a participarem com liberdade da liberalidade no
ofertório cristão. Ninguém, neste mister, deve se sentir forçado a colaborar. O
constrangimento não faz parte de uma oferta generosa, pois a atitude desprendida
também revela a qualidade da doação. Não é saudável um donativo impelido por
interesses lucrativos ou uma oferenda constrangida pelo dever. A enerosidade
envolve tanto a quantidade da oferta como a qualidade emocional do contribuinte.
A contribuição dos cristãos legítimos sempre será: voluntária, liberal,
generosa, cheia de alegria, proporcional a renda, sem ostentação e regular. Tudo
o que foge a este padrão não corresponde ao programa de Deus com o trato da vida
financeira. Se não estamos contribuindo deste modo, não estamos contribuindo nos
moldes da graça de Deus. Ele não negocia bênçãos por dinheiro. Na verdade, ele
não negocia nada com o homem. Toda a obra de Deus em favor da humanidade é
absolutamente grátis. Deus nunca permuta os seus dons pela obediência
humana.
Sou daqueles que crêem que a obediência é um dom da graça. Todos os que
obedecem são apossados voluntariamente pela graça de Deus, a fim de procederem
desse modo. Não há obediência compelida ou obrigada, pois a violência não produz
obediência, mas coerção. Vassalagem é muito diferente de submissão voluntária,
uma vez que esta vem pela permissão da vontade, e aquela, pela coação do querer.
Jesus foi categórico com este enfoque: De graça recebeste, de graça daí. Mateus
10:8b. A operação da graça em nossos corações nos torna graciosos com nossas
contribuições.
Toda participação no ofertório da igreja de Cristo tem que ser uma expressão
voluntária de obediência desinteressada. O verdadeiro ofertante não deve
contribuir compelido pelo dever nem movido pelos interesses proveitosos. Temos
visto muitos fomentadores de coleta usando um expediente baixo para despertar o
interesse no colaborador. Sabemos que há uma lei natural na semeadura que se
multiplica na ceifa, mas nunca devemos usá-la como incentivo para promover a
contribuição. Não são os resultados vantajosos ou lucrativos que devem provocar
a participação do crente na contribuição da igreja, mas a submissão livre de um
coração que obedece pelo amor. Todos os vossos atos sejam feitos com amor.
1Coríntios 16:14.
É verdade que há uma recompensa magnífica na agricultura e que esta mesma lei
é acionada para o terreno bíblico da contribuição. A norma da seara nos mostra
que é natural se colher mais do que se planta. Um grão pode se multiplicar em
espigas com muitos grãos e assim o resultado da colheita é sempre compensador. A
Bíblia mostra que aquele que semeia pouco, pouco também ceifará e o que semeia
com fartura, com abundancia também ceifará. Cada um contribua segundo tiver
proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama a quem
dá com alegria. Deus pode fazer abundar em toda graça, a fim de que tendo
sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra. 2Coríntios
9:6-8. Contudo, mesmo sabendo que este é o saldo de uma boa messe, nunca devemos
contribuir olhando o lucro ou a recompensa desta atitude.
Todo cristão verdadeiro é um contribuinte sincero e comprometido com a missão
da igreja de Jesus Cristo, mas nenhum deles é traficante de vantagens ou
interesses pessoais. Não há militante no reino de Deus que não seja participante
voluntário e liberal do ofertório cristão. Ninguém precisa coagir uma mangueira
normal a dar frutos, pois sua natureza sempre vai culminar na produção de
mangas. Se formos filhos de Deus, iremos com alegria satisfazer aquilo que ele
decide para fazermos, pois a inclinação correspondente dos seus filhos sempre
será obedecer espontaneamente as suas determinações.
Jesus virou as mesas e expulsou os negociantes e cambistas da casa de seu Pai
porque haviam transformado o templo de Deus num negócio lucrativo traficando com
a crença das pessoas. Lutero virou a mesa na igreja católica do século XVI,
porque a venda das indulgências refletia o mesmo esquema dos comerciantes
inescrupulosos e gananciosos do tempo de Jesus. É preciso adotar o mesmo estilo
nos dias atuais, combatendo todos os exploradores da fé cristã que se aproveitam
de suas regalias de liderança para extorquir os crentes com seus apelos
enganadores e suas promessas infundadas.
Com isto não estamos dando corda aos mesquinhos e avarentos que gostam deste
tipo de argumentação para tirar o corpo fora de sua contribuição na igreja. Há
muitos unhas-de-fome que apreciam esta forma de abordagem, a fim de se eximir de
sua participação como ofertante regular no programa bíblico de colaboração. Mas
este tratamento não exclui os genuínos membros do corpo de tomar parte efetiva
como contribuinte natural e normal nos projetos da igreja de Cristo neste
mundo.
É possível alguém não ser um cristão verdadeiro e ainda assim ser um bom
contribuinte na obra de Cristo, mas é impossível ser cristão autêntico, trazendo
as marcas da cruz e a expressão da vida ressurrecta de Cristo em seu modo de
viver, e não ser contribuinte regular. Por isso mesmo, ninguém precisa traficar
bênçãos e privilégios especiais com os membros do corpo de Cristo para que sejam
ofertantes normais, já que isto faz parte do seu estilo obediente de vida
cristã. Se você é uma nova criatura em Cristo Jesus não encontrará brecha para
se escusar deste modelo bíblico de conduta cristã.
Solo Deo Glória
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TODOS PECARAM
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram. Romanos 5:12.
Adão, ao transgredir, tornou-se pecador por natureza. E os
descendentes de Adão já nascem pecadores e, assim, pecam por natureza. No
primeiro homem temos pecado, desobediência e morte. Sem dúvida, cada natureza
mostrará, em cada caso específico, as suas próprias energias peculiares;
mostrará em cada indivíduo que as possui os seus próprios poderes peculiares. Os
filhos de Adão participam da natureza humana e das suas conseqüências. A Bíblia
descreve o homem nos seguintes estados: É um estado de depravação. O homem
tornou-se não apenas fraco, mas também mau aos olhos de Deus. O pecado é a
causa, a conseqüência, o responsável por tudo. Todos os males têm origem no
pecado. O pecado é uma fábrica de onde todos os outros males provêm. Alguns se
manifestam sobre o corpo: doenças, dores, enfraquecimentos. Outros sobre a alma:
medos, corações feridos, invejas, terrores, horrores. Se pudéssemos rasgar o
pecado, encontraríamos tudo isso habitando no seu interior. Porque de dentro, do
coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos,
os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a
inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro
e contaminam o homem. Marcos 7:21-23. O pecado foi o fundador do inferno, aquele
que assentou a pedra angular da câmara mortuária das trevas, pois antes do
pecado não existia o inferno. Este discurso de Ambrósio: Você me lançará na
prisão? Você tirará minha vida? Tudo isso é preferível para mim do que o pecado.
Foi o pecado que edificou o inferno e o tem equipado com aqueles tesouros e
riquezas da ira, fogo e enxofre. Portanto, sendo um mal universal, o útero dos
males e a causa de tudo. O pecado é o mal sem par. O inferno é o mais terrível
mal, todavia o pecado é pior do que o inferno em si. O inferno separado do
pecado é somente miserável, não pecaminoso; um lugar punitivo, não um pecado em
si. A mente humana está entenebrecida no tocante às realidades espirituais; a
sua vontade se alienou da vontade de Deus, a sua consciência é insensível à voz
de Deus. Obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da
ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado
insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte
de impureza. Efésios 4:18-19.
É um estado de incapacidade. Existe um número incalculável de pessoas que luta num conflito que já está perdido, porquanto tentam, com as suas próprias forças, vencer o pecado. Essa é uma luta em que você poderá empenhar-se todos os dias de sua existência. Mas, desde já, posso dizer-lhe que nunca sairá vencedor. Pois é uma batalha que já está perdida desde o primeiro homem. O apóstolo Paulo nos conta desta luta, e descobre que nada pode fazer por si mesmo. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Romanos 7:15-24. Todo aquele que procura observar qualquer dos mandamentos de Deus, no nível da motivação, disciplinando-se para querer somente aquilo que Deus quer, passa por uma experiência similar a de Paulo. Desta forma, cada um de nós pode detectar a sua própria depravação total, se até este ponto temos duvidado dela. Quando o homem chega ao lugar mais completo de desespero, e deixa de estar impressionado consigo mesmo e com o que é, e se despe de toda a esperança em si mesmo, Deus completa o seu trabalho. É um estado de ira. Por natureza nascemos filhos da ira, isto significa simplesmente que, por natureza, na qualidade de descendentes de Adão, caído no pecado, a nossa personalidade tem estado dominada desde o nascimento pelo espírito que agora atua nos filhos da desobediência, cuja atitude consiste em repudiar a dependência que o homem deve a Deus. Mas Deus... Nada podia sondar a ruína do homem senão o amor de Deus, e nada podia sobrepujar a culpa do homem senão o sangue de Cristo. A graça infinita de Deus é manifestada no fato maravilhoso de que pecadores culpados e dignos do inferno sejam chamados à comunhão do seu Filho. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Efésios 2:4-7. O Senhor Jesus Cristo é o centro e a base de todos os desígnios de amor e misericórdia de Deus. Nada pode exceder a incredulidade terrível e maldade do coração humano senão a graça superabundante de Deus. É só nessa graça que podemos encontrar o verdadeiro descanso para nossas almas. A palavra "graça" expressa a idéia de que Deus age por bondade espontânea para salvar os pecadores: Deus amando o não-amável, fazendo uma aliança com eles, perdoando-lhes os pecados, aceitando-os, revelando-se a eles, comovendo-os a uma resposta, levando-os finalmente ao pleno conhecimento e gozo de si mesmo e derrubando todos os obstáculos que surgem a cada estágio ao cumprimento desse propósito. A graça é o amor eletivo mais o amor pactuante, uma escolha gratuita, resultando numa obra soberana. A graça salva do pecado e de todo o mal; a graça traz homens ímpios à verdadeira felicidade, que consiste em conhecer ao Criador. J.I. Packer. Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30. Fomos salvos pelo Filho de Deus. Fomos comprados por Deus pelo mais alto preço. Jesus foi crucificado com o propósito de nos adquirir, desceu do trono eterno de Deus no céu até a profundidade da cruz no Calvário. Deixou toda a glória do céu pela vergonha da cruz, a fim de poder conduzir o seu povo remido, perdoado e aceito por si mesmo, e apresentá-lo inculpável diante daquele próprio trono que ele havia deixado. Em Cristo Deus desceu, em perfeita graça, até o pecador e nele o pecador é conduzido, em perfeita justiça, até Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 2Coríntios 5:21. Estamos perfeitamente justificados. Supor que ainda existe algo a fazer é negar toda a obra da cruz. Quando o homem, sob a influência poderosa da verdade de Deus, toma o seu lugar como pecador, Deus pode, no exercício da graça, tomar o seu lugar como Salvador e, então, toda a questão é solucionada, porque, havendo a cruz respondido a todas as exigências da justiça divina, os rios da graça podem correr sem impedimento. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. João. 7:38. Todas as coisas pertinentes à vida e à piedade nos têm sido outorgadas em Cristo, como participantes que somos da natureza divina. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. 2Pedro 1:3-4. Cristo morreu e nos fez morrer nele, não apenas para nos salvar do inferno, para algum dia nos conduzir ao céu, mas para que possamos ficar à disposição dele, a fim de que ele viva a sua vida em nós, por nós e através de nós.
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