quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"DESVENTURADO HOMEM QUE SOU II "

Aquele que se curva diante do solene e perscrutador ensino da Palavra de Deus, aquele que nela aprende a terrível ruína que o pecado tem realizado na constituição do ser humano, aquele que percebe o padrão elevado que Deus nos tem proposto não falhará em descobrir que é um ser maligno e vil. Se ele se esforça para perceber o quanto tem falhado em alcançar o padrão de Deus; se, na luz do santuário divino, ele descobre quão pouco se parece com o Cristo de Deus, então, reconhecerá que essa linguagem de Romanos 7 é muito apropriada para descrever sua tristeza espiritual. Se Deus lhe revela a frieza de seu amor, o orgulho de seu coração, as vagueações, de sua mente, o mal que contamina suas atitudes piedosas, o crente haverá de clamar: "Desventurado homem que sou!" Se o crente estiver consciente de sua ingratidão e de quão pouco ele tem apreciado as misericórdias diárias de Deus; se o crente percebe a ausência daquele fervor profundo e genuíno que tem de caracterizar seus louvores e sua adoração Áquele que é "glorificado em santidade" (Ex.15.11);se o crente reconhece o espírito pecaminoso de rebeldia que, com frequência, o faz murmurar ou irrita-o contra as realizações dEle em sua vida cotidiana; se o crente admite que está ciente não apenas de seus pecados de comissão, mas também daqueles de omissão,dos quais ele é culpado todos os dias, ele realmente clamará: "Desventurado homem que sou!" Esse clamor não será proferido apenas por aquele crente que se acha afastado do Senhor. Aquele que está em comunhão verdadeira com o Senhor Jesus também emitirá esse gemido, todos os dias e todas as horas. Sim, quanto mais o crente se achega a Cristo, tanto mais ele descobrirá as corrupções de sua velha natureza, e tanto mais ardentemente desejará ser liberto de tal natureza. É somente quando a luz do sol inunda um cômodo que a poeira e a sujeira são completamente revelados. Quando estamos realmente na presença dAquele que é luz, ficamos conscientes da impureza e impiedade que habita em nós e contamina cada parte de nosso ser. E essa descoberta nos levará a clamar: "Desventurado homem que sou!"
"Mas", talvez alguns perguntem, "a comunhão com Cristo não produz regozijo, ao invés de gemidos?" Respondemos que a comunhão com Cristo produz ambas as coisas. Isso aconteceu com Paulo. Em Romanos 7.22, ele afirmou:"Tenho prazer na lei de Deus". Logo em seguida, porém, ele clamou:"Desventurado homem que sou!" Outras passagens também nos mostram isso. Em 2 Coríntios 6, Paulo disse:"Entristecidos, mas sempre alegres"(v.10) -entristecido por causa de suas falhas, por causa de seus pecados diários; alegre por causa da graça que ainda permanecia com ele e por causa da bendita provisão que Deus fizera até para os pecados de seus santos. Também em Romanos 8, depois de haver declarado:"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus"(v.1);"Opróprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados"(vv.16-17), o apóstolo Paulo acrescentou: "Também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo"(v.23). O ensino do apóstolo Pedro é semelhante ao de Paulo - "Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações"(1 Pe 1.6).Tristeza e gemido não se encontram ausentes no mais elevado nível de espiritualidade. Nestes dias de complacência e orgulho laodicense, existe considerável parola e muita exaltação a respeito da comunhão com Cristo; porém, quão pouca manifestação dessa comunhão nós contemplamos! Onde não existe qualquer senso de completa indignidade; onde não existe qualquer lamentação pela depravação total de nossa natureza; onde não existe qualquer entristecimento por nossa falta de conformidade com Cristo; onde não existe qualquer gemido por havermos sido feitos "prisioneiros" do pecado; em resumo, onde não existe o clamor: "Desventurado homem que sou!", deve haver um grande temor de que ali não existe, de maneira alguma, comunhão com Cristo.
Quando estava andando com o Senhor, Abraão exclamou: "Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza"(Gn.18.27). Estando face a face com Deus, Jó declarou:"Por isso, me abomino"(Jó 42.6). Ao entrar na presença de Deus, Isaías clamou:"Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros"(Is 6.5). Quando teve aquela maravilhosa visão de Cristo, Daniel confessou:"Não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma"(Dn 10.8). Em uma das últimas epístolas do apóstolo dos gentios, lemos:"Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal"(1Tm 1.15). Essas declarações não procederam de pessoas não-regeneradas, e sim dos lábios de santos de Deus. Elas não foram confissões de crentes relaxados; pelo contrário, elas foram proferidas pelos mais eminentes membros do povo de Deus. Em nossos dias, onde encontramos crentes que podem ser colocados lado a lado com Abraão, Jó, Isaías, Daniel e Paulo? Onde, realmente?!Mas eles foram homens que estavam conscientes de sua vileza e indignidade!
"Desventurado homem que sou!"Essa é a linguagem de uma alma nascida de novo; é a confissão de um crente normal(não-iludido, não-enganado). A essência dessa afirmativa pode ser encontrada não somente nas declarações dos santos do Antigo e do Novo Testamento, mas também nos escritos de muitos dos eminentes servos de Cristo que viveram nos últimos séculos. As afirmações e o testemunho pronunciado pelos eminentes santos do passado eram muito diferentes da ignorância e da arrogante jactância dos laodicences modernos! É um refrigério volvernos das biografias de nossos dias para aquelas biografias escritas há muito tempo. Medite nos trechos de biografias que apresentamos em seguida.

Solo Deo Glória.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

NÃO QUERO MAIS SER EVANGÉLICO

”Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das igrejas.” Esse é o titulo da matéria, chocante, publicada pela revista Veja, de 9 de junho de 1999, anunciando formação do Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil. É verdade que vimos surgir na Igreja o que poderíamos chamar de “baixo clero”,pastores contratados para “carregar o piano”, enquanto os seus chefes colhem os louros, pastores tratados como obreiros de segunda classe, condenados a serem jogados na “rua da amargura”,por esses”semideuses do Olimpo” que tomaram de assalto a Igreja evangélica, bastando, para isso, que um de seus caprichos não seja atendido. Assim como vimos surgir num dos segmentos da Igreja, o que poderíamos chamar de “a ditadura dos leigos”, exercida por presbíteros e diáconos que, perdendo de vista o conteúdo de suas funções, tornaram-se “donos” da Igreja, exercendo sobre os pastores, na maioria das vezes, inexperientes ou muito sofridos, o tacão da impiedade, muitas vezes, para esconder um mar de pecados dos pretensos “donos” da Igreja. Mas, “pêra lá”, estamos na Igreja, isso não pode ser resolvido assim! Tentar resolvê-lo assim é decretar a falência da Igreja, como nos foi desenhada por Cristo.
Foi à gota d’água! Ao ler a matéria, finalmente me dei conta de que o termo “evangélico” perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho! (boas novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma protestante – o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é, e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai, porque, segundo Jesus, estes são os que o Pai procura e, não por mão-de-obra especializada ou por profissionais da fé. Voltemos à consciência de que o caminho, a verdade e a vida é uma pessoa e não um corpo de doutrinas ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro; uma leitura bíblica
que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter. Chega dessa “diabose”! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar; voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado de alma resgatada.
Voltemos ao amor, à convicção de que, ser cristão, é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos; voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo! Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam, em profundo amor e senso de dependência, quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. “Pois Jesus disse: Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; daí, e dar-se-vos-à boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.
Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sofreguidão, alimenta na fome, que reparte que não usa o pronome “meu”, mas, o pronome “nosso”. Para que os títulos: pastor, reverendo, bispo, o que estes significam se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo. Para que o clericalismo? Voltemos a ser servos uns dos outros; aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; “onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, eu lá estarei”, de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes! Chega de “show”! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos, onde o povo de Deus é mão-de-obra ou massa de manobra!
Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, á igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao “instruí-vos uns aos outros” (Cl 3.16). Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou ser uma igreja que cresce, mas, uma igreja que aparece: ”Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras “todo o Evangelho ao homem todo, a todos os homens.” Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que “acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos,” sem adulterar a mensagem.
Chega dos herodianos que vivem a namorar o poder, a vender a si e as ovelhas ao sistema corrupto e corruptor; voltemos à escola dos profetas que denunciam a injustiça e apresentam modelos de vida comunitária. Chega do corporativismo, onde todo mundo sabe o que acontece, mas, ninguém faz nada; voltemos ao confronto, como o de Paulo a Pedro (Gl 2.11), que dá oportunidade ao arrependimento e aperfeiçoa como “o ferro afia ferro” (Pv 27.17). Saiamos do “metodologismo”. Voltemos a “ser como o vento, que sopra como quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, e nem para onde vai” (João 3.8).
Não quero mais ser evangélico, como o é entendido, hoje, neste país! Quero ser só cristão. Um cristão integral, segundo a Reforma e os Pais da Igreja. Adorando ao Pai, em espírito e verdade, comungando, em busca da pratica da unidade do “novo homem”, criado por Cristo á sua imagem (Ef 2.15) e praticando a missão integral.

Solo Deo Glória

†Pr.Reinaldo G da Fonsêca

UMA VISÃO DE FÉ!


“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” 1Pe 5.1-4.
Pedro chamou-nos a todos de presbíteros, anciãos supervisores do rebanho, o que, aliás, já não interessa mais à liderança da Igreja moderna na sua busca incessante por títulos que lhe concedam cada vez mais notoriedade e “status”. O titulo, pastor, que usamos já é uma inserção na História, que dizer das novas propostas mirabolantes? Parece que nos esquecemos do que disse: Eugene Peterson, que somos apenas pecadores cuidando de pecadores, e que a pecadores fica bem a discrição e a modéstia.
Parece, também, que nos esquecemos que o rebanho é de Deus, ora, tratamo-lo como um mercado, uma fonte de renda, um grupo de consumidores, ora, permitimos que outros os tratem como tal. Ora, o tratamos como propriedade, sempre prontos a nos servir, ora, como nossas cobaias, onde testamos toda sorte de teses e modelos sem, nem sempre nos preocuparmos devidamente com as conseqüências; e é gente machucada “pra cá” e “pra lá’; ora, o tratamos como os mantenedores de nossos sonhos megalômanos. O rebanho é de Deus, custou o sangue de Cristo, estamos lá para pastoreá-lo, não para explorá-lo. Será que ainda tememos a Deus? Ou acreditamos que o Senhor do rebanho nos deu uma procuração com poderes irrestritos?
O pastorado não pode ser uma profissão, tem de ser para sempre vocação. Ainda que precisemos de sustento, temos de ser eternos amadores, isto é, movidos só pelo amor, pelo prazer de fazer, pastor tem de gostar de gente. Nem ganância nem domínio, têm de dar exemplo. Para podermos ser os representantes de Cristo, temos de ser os imitadores de Cristo.
Temos de recuperar nossa escatologia, pastorear na perspectiva da volta de Cristo e não da resposta imediata, principalmente no que tange á nossa recompensa. Não é a Igreja que vai nos recompensar, é o Supremo Pastor. Tudo que fizermos, temos de fazê-lo em função Daquele que estamos representando, do jeito Dele.
Não se pode alterar as suas ênfases, como está sendo feito, por exemplo, a visão missionária, que vem diminuindo a olhos vistos, por causa dessa onda de modismos pró-crescimento que nos tem assolado. Temos de cumprir o mandado de anunciar o Senhor simultaneamente em todo o mundo: “tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Igreja que não faz missão perde relevância no Reino. E Igreja irrelevante no Reino acaba desaparecendo na História.
Talvez essa mensagem não tenha nada a ver com você diretamente, talvez você não tenha caído em nenhuma dessas tentações. Mas olhe para a Igreja que está no Brasil, como um todo. Essa é a nossa maior batalha espiritual. Todos nós somos responsáveis pela Igreja, temos de reagir, temos de deixar de olhar-nos como isolados na Historia, temos de nos levantar para dizer que não concordamos, temos de assumir o papel que o Senhor nos tem reservado nesse momento histórico pelo qual o país está passando, não pdemos ficar passivos, não podemos deixar que a Igreja de Cristo seja jogada na vala comum dos institutos corrompidos desse país. De que adianta nos lamentarmos de estarmos sendo
confundidos com os não sérios, se não marcamos posição, se não nos organizamos para, como Daniel, clamar pela misericórdia de Deus? De que adianta lamentarmos o estado dos muros caídos de Jerusalém, se não nos levantamos como Neemias e nos organizamos para a reconstrução denunciando os Sambaláis da Historia? Não dá para fazer nada dizemos, não temos a mídia, não somos nós que falamos com os formadores de opinião na cidade, com os políticos. Os não sérios são mais ágeis.
E se nos organizássemos? Nós, os sérios, nos reconhecemos nas cidades onde estamos. Por que não nos encontramos? Por que não nos posicionamos? Por que não começamos movimentos paralelos? Por que não mobilizamos nossas comunidades? Por que não organizamos nossas próprias marchas? Quem há de lutar “pela fé de uma vez por todas confiada aos santos”? Jd 3.
Que diremos se o Senhor, na sua volta, nos perguntar: por que vocês deixaram isso acontecer, eu lhes confiei a Igreja, por que vocês deixaram isso acontecer?

Mea Culpa. Mea Máxima Culpa


Solo Deo Gloria




                                                 

A FORTALEZA NA FRAQUEZA

Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. 2 Coríntios 12:10.
O Cristianismo é paradoxal em suas propostas. É o ensinamento dos disparates. É uma sugestão aos absurdos. Como alguém pode se deleitar na debilidade, nas ofensas, na indigência, nos acossamentos e nas aflições por amor a alguém? Neste caso, Cristo. Isto tudo me parece uma loucura total. Não há a menor coerência neste caminho.
Paulo toma a contramão da história humana. Na via do pecado o encanto encontra-se na força, no elogio, na abastança, na tolerância e no consolo. Parece que esta é a estrada que devemos percorrer. Mas ele propõe outra trilha sem qualquer lógica.
A biografia de Adão é marcada pela ascensão ao pódio. A raça adâmica lida freneticamente com a síndrome de altar e vive escalando montanhas para chegar ao topo com um espírito de gente superior. O pecado nos intoxicou com o vírus da grandeza e não toleramos viver nos vales. Desde a torre de Babel até aos astronautas no espaço sideral, todos nós sofremos com esta mania de elevação e importância.
No contexto, o apóstolo havia subido até o terceiro céu. Parece que ninguém havia subido tão alto quanto ele. Ser singular é um risco sem tamanho. Quem quer ser o melhor sofre demais com a competição. Tudo indica que Paulo era o único nesta escalada sem limite e agora estava perigo sério. Quanto mais alto, maior é o tombo.
Foi aí que Deus interferiu com tamanha graça na vida de Paulo. Enviou, da parte de Satanás, um espinho na carne do super-apóstolo ameaçado de se exaltar. Ele precisava ser quebrantado de verdade. No reino da graça ninguém pode se considerar melhor, maior ou mais ilustre do que os outros. O evangelho propõe o esvaziamento do ego.
O caminho que nos leva à glória de Deus é sempre para baixo. O próprio Cristo precisou passar pelo esvaziamento para nos tocar. Paulo não entendeu a princípio o método olímpico de Deus, isto é, as “Olimpíadas Celestiais”, por isso, orou três vezes requerendo a extinção do espinho. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9.
Ele queria a ausência do sofrimento, mas sem dor não há quebrantamento. O pecado nos tornou montesinos e pretendentes ao auge na escala social. Nós buscamos, talvez até inconscientemente, a notoriedade e temos muita dificuldade com o anonimato, obscuridade, ostracismos e ausência de reconhecimento.
Um nanico me perguntou certa vez: – você me viu na coluna social? Há muitos que pagam aos cronistas para serem anunciados e fotografados. Outros não procedem assim, embora ambicionem uma cadeira no parlamento, um título de nobreza, um diploma de mestre, uma presidência no sindicato ou até ser síndico de um prédio.
J. Blanchard disse que a maioria de nós tem um apetite exageradamente grande por louvor. Queremos ser apreciado nas entre linhas, enquanto o nosso orgulho, muitas vezes, vem disfarçado de humildade. O maior perigo da fé cristã é a arrogância vestida de trapos. Daí, Blanchard acrescentar: Deus pensa mais no homem que pensa menos em si. Aliás, ele nem mesmo pensa em si, uma vez que já morreu com Cristo.
Quebrantamento não é rebaixamento. Para Agostinho de Hipona, a suficiência dos meus méritos está em saber que os meus méritos nunca serão suficientes. O meu aviltamento pessoal pode ser uma tática de elevação perante a opinião pública, enquanto o quebrantamento é uma demolição promovida pelo próprio Deus.
O Senhor precisava quebrar o apóstolo Paulo e mantê-lo quebrado até ao fim. Se o orgulho é o desejo perverso das alturas, como disse Agostinho, a humildade é a ausência de qualquer desejo de visibilidade. Para conservá-lo humilde o Senhor convocou um mensageiro do inferno, a fim de humilhá-lo de modo severo.
Paulo não se humilhou perante o Senhor, uma vez que, em sua humilhação ele poderia ainda se exaltar por ter se humilhado. Na verdade ele foi humilhado.
Há um grave risco na humildade patrocinada pela própria pessoa humilde que se humilha. Muitos acabam se vangloriando de sua aparente modéstia. Por outro lado, a humilhação, quando vem na voz passiva, isto é, quando somos humilhados, raramente, aceitamos como benéfica. Nunca achamos justa a humilhação, mas é aqui que se encontra a legítima escola de aprovação dos discípulos de Cristo.
Jesus disse certa vez que: Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado. Lucas 14:11. Por causa do pecado o ser humano sempre procura se exaltar. Como já vimos antes, nós nos engrandecemos até em nossa aparente humildade. Sendo assim, todos nós precisamos ser humilhados primeiro, a fim de poder nos humilhar sem a necessidade de sermos exaltados.
Só os humilhados por Cristo crucificado podem se humilhar de fato diante do Senhor. Sem a humilhação patrocinada pelo Todo-Poderoso não haverá humildade legítima no coração. Muitos de nós falamos de uma mensagem correta sob o prisma da humildade sem um espírito verdadeiramente humilde.
Agostinho disse também que a humildade é a virtude cristã que aquele que a tem, não sabe que a tem de verdade; pois no dia que ele souber que a tem, vai se orgulhar de sua humildade. Vangloriar-se da sua humildade é uma contradição de termos. Então, de quem é a humildade expressa na vida do cristão? Com certeza não é dele mesmo.
A lição do quebrantamento no cristianismo é nesta ordem. Nós sempre nos exaltamos. Nós nos glorificamos até nos atributos do Senhor, como acontece no caso da humildade. Esta é uma qualidade essencial de Cristo e nunca do cristão. Então o Senhor tem que nos humilhar para dependermos de sua humildade. Uma vez humilhados podemos nos humilhar com a humildade de Cristo, sem a necessidade de sermos exaltados, ainda que isto venha a acontecer em algum momento da história.
O quebrantamento no evangelho da graça é a retirada do orgulho da alma pela cruz de Cristo. Precisamos ser esvaziados de nossa força egoísta até chegarmos à fraqueza total. Quando estivermos em astenia plena entramos no terreno da onipotência Divina.
Quando nos humilhamos sem termos sido humilhados podemos nos exaltar de nossa atitude de humildade aparente, mas quando somos humilhados, somos enfraquecidos ao extremo. No perímetro da fraqueza absoluto todos os crentes em Cristo são constrangidos à dependência de Deus e, deste modo, todos nós nos tornamos supridos pela sua onipotência. No reino da graça só os inteiramente fracos podem ser fortalecidos pela providência soberana e toda poderosa do próprio Deus.
A expressão: quando eu sou fraco, então é que sou forte, significa que, não podendo nada por mim mesmo, tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4:13. Assim, no Reino de Deus, a fortaleza encontra-se na fraqueza.
A pessoa mais poderosa que já viveu aqui na terra foi aquela que em sua fraqueza completa, depois de seu total esvaziamento voluntário, dependeu totalmente do poder de seu Pai celestial. A onipotência do Verbo encarnado se manifestava por meio de sua fraqueza através da irrestrita dependência do seu Pai.
Fraco não é aquele que lhe falta qualquer força física, mas aquele que, mesmo tendo muita força, abdicou-se dela para depender apenas do poder de Deus.
A fortificação da fé cristã encontra-se na dependência Divina. Essa dependência da Divindade está vinculada à fraqueza humana. A fraqueza da pessoa permanece atrelada à humilhação promovida pelo trono da graça. Quando somos humilhados nos tornamos fracos e consequentemente dependentes do poder absoluto de Deus.
Ser humilhado é a benção que nos leva à fraqueza. Conviver como fracos aqui na terra, mas na dependência de Abba é viver na fortaleza do poder integral do Deus Todo-Poderoso. Se você for um sujeito fraco de verdade, mas dependente totalmente do poder de Deus, então estamos diante de uma superpotência; de alguém com um poder descomunal, capaz de fazer qualquer coisa que Deus quiser.
Uma pessoa totalmente fraca, mas dependente completamente de Deus, acaba se tornando em um ser que pode tudo aqui na terra. A nossa real fraqueza sob a promoção absoluta de Deus se constitui na mostra da onipotência divina na impotência humana.
O nosso modelo existencial é Cristo, do começo ao fim. Uma vez que nós morremos e ressuscitamos juntamente com ele, toda a nossa história depende desta vida compartilhada. Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus. 2 Coríntios 13:4. Glória ao Pai. Amém.

SOLO DEO GLÓRIA

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DESVENTURADO HOMEM QUE SOU

No sétimo capítulo da carta aos Romanos, o apóstolo Paulo se referiu a dois assuntos: primeiramente, ele mostrou qual é a relação do crente para com a lei de Deus - judicialmente, o crente está emancipado da maldição e da penalidade da lei (vv.1-6); moralmente, o crente está sob laços de obediência à lei (vv.22,25). Em segundo, Paulo nos protegeu da falsa inferência que poderia ser deduzida daquilo que ele havia ensinado no capítulo 6.
No capítulo 6, versículos 1 a 11, Paulo havia apresentado a união do crente com Cristo, retratando o crente como alguém "morto para o pecado" (vv.2,7,etc.). Em seguida, do versículo 11 em diante, ele mostrou o efeito que essa verdade deve ter sobre o viver do crente. No capítulo 7, o apóstolo Paulo seguiu a mesma ordem de pensamento. Em Romanos 7.1-6, ele falou sobre a identificação do crente com Cristo, apresentado-o como "morto para a lei" (vv.4 a 6). Em seguida, do versículo 7 em diante, Paulo descreveu as experiências do crente. Assim, nos capítulos 6 e 7 de Romanos, na primeira metade de ambos, Paulo aborda a posição do crente, enquanto na segunda metade de ambos os capítulos ele fala sobre o estado do crente, mas com a seguinte diferença: a segunda metade de Romanos 6 revela qual deve ser o nosso estado, enquanto a segunda metade do capítulo 7 (vv.13-25) mostra qual é, na realidade, o nosso estado. A presente controvérsia suscitada sobre Romanos 7 é amplamente um fruto do perfeccionismo de John Eesley e seus seguidores. O fato de que esses irmãos, dos quais temos motivo para reverenciar, adotaram este erro de forma modificada apenas nos mostra quão abrangente em nossos dias é o espírito do laodiceismo. A segunda metade de Romanos 7 descreve o conflito das duas naturezas que o crente possui; simplesmente apresenta em detalhes o que está sumariado em Gálatas 5.17. As afirmações de Romanos 7.14,15,18,19 e 21 são verdadeiras a respeito de todos os crentes que vivem nesse mundo. Todo crente fica aquém, muito aquém do padrão colocado diante dele; estamos nos referindo ao padrão de Deus, e não ao padrão dos ensinadores da suposta "vida vitoriosa". Se qualquer leitor crente disser que Romanos 7 não descreve a sua vida, afirmamos com toda a bondade que ele se encontra terrivelmente enganado. Não estamos dizendo que todo crente quebra a lei dos homens ou que ele é um ousado transgressor da lei de Deus. Estamos afirmando que a vida de todo crente está muito aquém do nível de vida que nosso Senhor vivenciou, quando esteve neste mundo. Estamos dizendoque muito da "carne" ainda se evidencia em todo crente, inclusive naqueles que se vangloriam, em voz alta, de suas conquistas espirituais. Estamos dizendo que todo crente tem necessidade urgente de orar suplicando perdão por seus pecados diários (Lc 11.4), pois "todos tropeçamos em muitas coisas" (Tg 3.2).Nos próximos parágrafos, consideraremos os dois últimos versículos de Romanos 7, que dizem: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado" (vv.24-25) .
Essa é a linguagem de uma alma regenerada e resume o conteúdo dos versículos imediatamente anteriores. O homem incrédulo é realmente desventurado, mas ele não conhece a "desventurança" que evoca a lamentação expressada nessa passagem. Todo o contexto se dedica a descrever o conflito entre as duas naturezas do filho de Deus. "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus" (v.22) - isso é verdade apenas sobre a pessoa nascida de novo. Todavia, aquele que tem prezer na lei de Deus encontra, em seus "membros, outra lei". Isso não pode estar limitado aos membros do corpo físico, mas tem de ser entendido como algo que inclui todas as várias partes de sua personalidade carnal - a memória, a imaginação, a vontade, o coração, etc.
Essa "outra lei", disse o apóstolo, guerreava contra a lei de sua mente (a nova natureza); e não somente isso, ela também o fazia "prisioneiro da lei do pecado" (v.23). Ele não definiu em que extensão se expressava essa servidão. Mas ele estava em servidão à lei do pecado, assim como todo crente também o está. A vagueação da mente, na hora de ler a Palavra de Deus, os maus pensamentos que brotam do coração (Mc.7.21), quando estamos envolvidos na oração, as más figuras que, às vezes, aparecem quando estamos em estado de sonolência - citando apenas alguns - são exemplos de havermos sido feitos prisioneiros "da lei do pecado". "Se o princípio mau de nossa natureza prevalece, a ponto de despertar em nós apenas um pensamento mau, ele nos tomou como cativos. Visto que ele nos conquistou, estamos vencidos e feitos prisioneiros" (Robert Haldane). O reconhecimento dessa guerra em seu intímo e o fato de que se tornou cativo ao pecado levam o crente a exclamar:"Desventurado homem que sou!" Esse é um clamor produzido por uma profunda compreensão da habitação do pecado. É a confissão de alguém que reconhece não haver bem algum em seu homem natural. É o lamento melancólico de alguém que descobriu algo a respeito da horrível profundeza de iniquidade que existe em seu próprio coração. É o gemido de uma pessoa iluminada por Deus, uma pessoa que odeia a si mesma - ou seja, o homem natural - e anela por libertação.Esse gemido - "Desventurado homem que sou!" expressa a experiência normal do crente; e qualquer crente que não geme dessa maneira está em um estado de anormalidade e falta de saúde espiritual. O homem que não profere diariamente esse clamor se encontra tão ausente da comunhão com Cristo, ou tão ignorante dos ensinos das Escrituras, ou tão enganado a respeito de sua condição atual, que não conhece as corrupções de seu coração e a desprezível imperfeição de sua própria vida.

Solo Deo Glória.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

TEMOS DE PERDOAR NOSSOS INIMIGOS?

No mundo cruel e violento em que vivemos, parece haver muitas oportunidades para os crentes demonstrarem perdão. No entanto, essas oportunidades não são apenas para os crentes. Após o último atentado terrorista ou de um insensível assassinato, o público parece estar esperando a resposta imediata de cada pessoa enlutada:"Eu perdôo aqueles que fizeram essa coisa terrível". Isso é ecoado como um grande exemplo para todos nós, uma grande vitória. E, se tais pessoas se mostram incapazes de evocar coragem emocional para pronunciar essas palavras santas, a sociedade estabelece que elas foram reprovadas no teste. A sociedade realmente não diz isso, mas deixa-o implicito por aplaudir aqueles que perdoam os criminosos. Por sua vez, os crentes, temendo ser moralmente mal interpretados pelo mundo incrédulo no que se refere ao assunto do perdão (entre todos os outros), têm convencido a si mesmos de que o reconhecimento público do perdão é a melhor coisa a fazer. Não me entendam de maneira errônea. Sinto admiração pelo pai de coração entristecido que é capaz de perdoar publicamente os numerosos vândalos que acabaram de enviar sua filha para a eternidade, por colocarem uma bomba num lugar onde mataria e feriria o número máximo de transeuntes não envolvidos no caso. Ele tinha de perdoar? Estava correto em fazê-lo? Se ele não perdoasse, seria um cidadão de segunda categoria?
A reação imediata a essas perguntas desafiadoras é citar três ou quantro versículos. O primeiro se encontra na oração do Pai Nosso: "Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve"  (Lc 11.4). O segundo mandamento se encontra em Marcos 11.25:" Quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas". O terceiro versículo é a resposta de nosso Senhor para silenciar Pedro,quando este queixou-se a respeito de quantas vezes ele tinha de perdoar seu irmão; a resposta foi: tantas vezes quantas ele precisar ser perdoado. E o quarto versículo apresenta as palavras de nosso Senhor no Calvário: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc.23.34).
Antes de analizar esses versículos existe um assunto importante que devemos examinar. Todos nós temos de concordar que,em cada aspecto de nossa vida,Deus mesmo é o nosso exemplo;e este exemplo é percebido com mais clareza na vida de nosso Senhor,enquanto esteve na terra. Esse é um dos importantes motivos por que Jesus veio a este mundo: para que nos focalizássemos na realidade viva daquilo que Deus espera de nós. Por exemplo,quando o apóstolo Paulo ordenou que o marido ame sua esposa, o modelo utilizado foi "como também Cristo amou a igreja". De modo semelhante,no que se refere ao assunto de perdão,quando Paulo encorajou os crentes de Éfeso e de Colossos a perdoarem uns aos outros, o modelo utilizado foi "como também Deus, em Cristo, vos perdoou" (Efésios 4 e Colossenses 3). Como Deus perdoa? Quem Ele perdoa?
Os pregadores frequentemente incorrem no erro de anunciar que o perdão de Deus é "incondicional". Essa é a maneira deles dizerem que não podemos fazer nada para merecê-lo. Contudo,essa não é a maneira de afirmar tal verdade! O perdão de Deus, assim como seu amor e sua graça, é imerecido, ilimitado e infinito, mas não é incondicional. Sempre que oferece perdão , Deus o faz sob a condição de arrependimento.  Na verdade, esse arrependimento é, em si mesmo, um dom de Deus, proporcionado por seu Espírito; mas tem de existir o arrependimento. Isto se evidencia no Antigo Testamento.
Três exemplo serão suficientes: "Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem"(Is 59.20);"Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões; e a iniquidade não vos servirá de tropeço.Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei"(Ez 18.30,32).
Essa verdade se encontra também no Novo Testamento. Jesus declarou:" Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus"(Mt 4.17). O apóstolo Pedro reforçou-a: "Respondeu-lhes Pedro: Arependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados";Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados"(At 2.38;3.19).Paulo proclamou essa mesma mensagem nas cidades de Atenas e de Jerusalém: "Anunciei..que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento" (At 26.20). E João a ressaltou em sua primeira carta: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados". Deus nunca oferece perdão áqueles que não suplicam por ele. Deus jamais oferece perdão incondicional.Se a posição estabelecida no parágrafo anterior é verdadeira, por que esperamos que as pessoas façam aquilo que Deus mesmo não o faz. Perdoar sem que o perdão seja suplicado ou quando o arrependimento não se evidenciou é uma atitude correta, necessária ou mesmo cristã?
Na América do Norte, o perdão se tornou um assunto muito importante. A Fundação John Templetom recebeu aproximadamente trinta doações, em 1998, para o estudo do perdão. Até Jimmy Carter, Elizabeth Elliot e Desmond Tutu se uniram para promover a Campanha Para Pesquisa Sobre o Perdão. Alguém descobriu o seguinte: as pessoas que perdoam aqueles que pecam contra elas ficam melhores por causa dessa atitude.Isto é extremamente admirável! Todavia,essa não é a questão principal. Alguns estudiosos que escrevem sobre este assunto redefiniram a palavra "perdão" e sustentam a idéia de que ela não significa"esquecer,reconciliar,condoer,descartar,ou mesmo absolver". Por outro lado, o perdão significa "uma transação pessoal que liberta da ofensa a pessoa ofendida". Em outras palavras, o ato de "perdoar" está muito pouco relacionado ao ofensor e intensamente relacionado ao ofendido. Em termos estritamente psicológicos,esse conceito talvez seja correto,mas ignora completamente o significado bíblico da palavra "perdão".Os crentes tem de se mostrar mais sábios, não concordando com essa reinterpretação de um dos principais vocábulos das Escrituras. De conformidade com o ensino bíblico, a absolvição e a atitude de perdoar são coisas inseparáveis, e quem fica livre da ofensa não é o ofendido, e sim o ofensor. Mas o que dizemos a respeito dos versículos já citados? A oração do Pai Nosso tem de ser entendida sob a perspectiva de nossa conclusão de que todo perdão da parte da pessoa ofendida pressupõe arrependimento da parte daquele que a ofendeu. Nossa oração é que Deus nos perdoe quando já pedimos perdão  a outrem, assim como perdoamos aqueles que nos rogam perdão. A expressão "alguma cousa contra alguém", em Marcos 11, tem de ser colocada naquela categoria de coisas descritas como "motivo de queixa contra outrem", em Colossenses 3.Isto é evidente da repreensão de nosso Senhor a Pedro, quando Ele afirmou: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete"; e poucos se dão ao trabalho de averiguar o contexto dessas palavras. Em alguns versículos anteriores, Mateus havia apresentado novamente o ensino de nosso Senhor a respeito de como reagir ao irmão que peca contra nós. Temos de procurá-lo e colocá-lo na atitude correta; se isto não funcionar, temos de levá-lo perante a igreja;e, se isto também não funcionar, ele precisa ser tratado como um incrédulo. Em outras palavras, a resposta de nosso Senhor a Pedro se encontra em um contexto de ofensas no ambiente da família de Deus; essa resposta não tem qualquer relação com o perdoar um criminoso que assassinou o esposo ou a esposa de alguém. Finalmente, se, de alguma maneira, as palavras de nosso Senhor, no Calvário, são o modelo para nós, então a única coisa que elas nos ensinam é que devemos orar ao nosso Pai celestial em favor daqueles que pecaram contra nós, a fim de que Ele lhes conceda perdão; e isto significa que, primeiramente, Ele precisará trazê-los ao arrependimento.
Isso nos traz a outra alternativa. A resposta à pergunta "Temos de perdoar nossos inimigos?" é "Não, não temos, a menos que eles se arrependam e nos peçam perdão".Então, o que devemos fazer como crentes? Quando um emergente líder do gueto de Varsóvia, que se mostra tão amargurado pelas atrocidades do nazismo, afirma: "Se vocês pudessem beber meu coração, ele os envenenaria", esse líder não nos está apresentando outra alternativa para o perdão. O ódio e a vingança não constituem a outra alternativa. A reação do crente àqueles que tratam com crueldade a ele ou às demais pessoas tem de ser encontrada no exemplo que o Senhor mesmo deixou para nós: "Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente" (1Pe 2.23).Essa aceitação calma nos levará à atitude essencial a compaixão. A compaixão é o resultado de submissão humilde ao plano de um Deus todo-sábio, que demonstra pleno cuidado por nós. Isto sempre traz consigo o desejo de manifestar misericórdia e procurar o bem-estar daqueles que nos tratam de maneira perversa. Em outras palavras, a compaixão equivale a contemplarmos o ofensor não tendo em vista a nossa própria felicidade, e sim a dele. "Perdoar" pode fazer o ofendido sentir-se melhor, bem como levá-lo a sentir-se superior ou moralmente satisfeito consigo mesmo. A compaixão nunca pode fazer que nos sintamos superiores, pois ela é uma palavra que significa "colocar-se ao lado". Foi essa palavra que nosso Senhor utilizou quando contemplava as multidões perdidas e desamparadas. Compaixão é uma palavra de piedade e afeição. "Eu te perdôo" pode ser dito com um sorriso de superioridade; a compaixão é acompanhada por lágrimas. Para o crente, esta palavra sempre o leva a orar a Deus, que pode realizar o arrependimento que conduz ao perdão. O Senhor Jesus foi impulsionado por compaixão, ao clamar, no Calvário:"Perdoa-lhes". Nosso Senhor não instruu seus discípulos a perdoarem aqueles que os perseguiam, mas ensinou-os a orar por eles (Mateus 5.44). Este é o ponto crucial. O perdão de Deus, assim como sua graça, é imerecido, infinito e ilimitado; porém, esse perdão nunca é incondicional. O nosso perdão também nunca deveria ser incondicional. Somente a compaixão é incondicional.

Solo Deo Glória   

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Por Que Estou Comprometido em Ensinar a Bíblia

Jamais aspirei ser conhecido como um teólogo,um apologista ou um erudito.Minha paixão é ensinar e pregar a Palavra de Deus.Embora tenha abordado questões teológicas e controvérsias doutrinárias,em alguns de meus escritos,nunca o fiz sob o ponto de vista da teologia sistemática.Pouco me inquieta o fato de que algum assunto doutrinário se enquadra nesta ou naquela tradição teológica. Desejo saber o que é bíblico.Todas as minhas preocupações estão voltadas às Escrituras,e meu desejo é ser bíblico em todo o meu ensino.

PREGUE A PALAVRA

Esta é a atitude com a qual abracei o ministério desde o início.Os pastores de nossos dias sofrem tremenda pressão para fazerem tudo,exceto pregar a Palavra.Eles são instruídos pelos eruditos do Movimento de Crescimento de Igreja que têm de alcançar as"necessidades sentidas"dos ouvintes.São encorajados a se tornarem contadores de histórias"um tipo de Forrest Gump da vida",comediantes, psicólogos e preletores que motivam. São aconselhados a evitarem assuntos que os ouvintes acham desagradáveis. Muitos já abandonaram a pregação bíblica em favor de mensagens devocionais que têm o objetivo de fazer as pessoas sentirem-se bem.Alguns têm substituído a pregação por dramatização e outras formas de entretenimento. Mas o pastor cuja paixão é completamente bíblica tem apenas uma opção:  "Prega a palavra, insta,quer seja oportuno,quer não, corrige, repreende,exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4.2). Quando Paulo escreveu essas palavras a Timóteo,ele acrescentou este aviso profético:"Pois haverá tempo em que não suportarão a doutrina;pelo contrário,cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças,como que sentindo coceira nos ouvidos;e se recusarão a dar ouvidos à verdade,entregando-se às fábulas"(vv.3,4). Com certeza ,a filosofia de ministério do apóstolo Paulo não incluía a teoria de "dar-às-pessoas-o-que-elas-desejam". Ele não instou Timóteo a realizar uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam;mas ordenou que ele pregasse a Palavra,com fidelidade,repreensão e paciência.Na verdade,ao invés de insistir que Timóteo idealizasse um ministério que acumularia elogios do mundo, Paulo advertiu o jovem pastor a respeito de sofrimentos e dificuldades! O apóstolo não estava ensinando Timóteo sobre como ser bem-sucedido;estava encorajando-o a seguir o padrão divino. Paulo não o estava aconselhando a buscar prosperidade,poder,popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso.O apóstolo instava o jovem pastor a ser bíblico,apesar das consequências.Pregar a Palavra nem sempre é fácil.A mensagem que somos exigidos a pregar é,com frequencia,ofensiva.O próprio Senhor Jesus é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo(Rm 9.33;1Pe 2.8).A mensagem da cruz é uma pedra de escândalo para alguns(1Co.1.23;Gl.5.11) e loucura para outros(1Co.2.3).Não temos permissão para embelezar a mensagem ou moldá-la de acordo com as preferências das pessoas.O apóstolo Paulo deixou isto claro,ao escrever a Timóteo:"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,para a repreensão,para a correção,para a educação na justiça"(2Tm.3.16).Esta é a mensagem a ser proclamada: todo o conselho de Deus(At.20.27).No primeiro capítulo de sua segunda carta a Timóteo, Paulo lhe dissera:"Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste"(2Tm.1.13).O apóstolo se referia às palavras reveladas por Deus nas Escrituras - todas elas.Paulo instou Timóteo a guardar o tesouro que lhe havia sido confiado.No capítulo seguinte,o apóstolo aconselhou Timóteo a estudar a Palavra e manejá-la bem(2Tm.2.15). E,no capítulo 3,Paulo o aconselhava a proclamá-la. Deste modo,todo o ministério de um pastor fiel gira em torno da Palavra de Deus manter, estudar e proclamar.Em Colossenses, Paulo, ao descrever sua própria filosofia de ministério, escreveu:"Da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus,que me foi confiada a vosso favor,para dar pleno cumprimento à palavra de Deus"(Cl.1.25 .Em 1Co, ele foi um passo além,afirmando:"Eu,irmãos,quando fui ter convosco,anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria.Porque decidi nada saber entre vós,senão a Jesus e este crucificado"(1Co.2.1-2).Em outras palavras,seu objetivo como pregador não era entreter as pessoas com um estili retórico ou diverti-las com esperteza,humor,novos pontos de vistas ou metodologia sofisticada;o apóstolo simplesmente pregou a Cristo.A pregação e o ensino fiel da Palavra de Deus têm de ser o âmago de nossa filosofia de ministério.Qualquer outra filosofia de ministério substitui a voz de Deus pela sabedoria humana. Filosofia, política, psicologia, conselhos despretensiosos,opiniões humanas jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz. Essas coisas podem ser interessantes,informativas,entreter as pessoas e,às vezes,serem úteis,mas elas não constituem o objetivo da igreja. A tarefa do pregador não é ser um canal para a sabedoria humana;ele é a voz de Deus para a igreja. Nenhuma mensagem humana tem o selo da autoridade divina - somente a Palavra de Deus. Como ousa qualquer pregador substituí-la por outra mensagem? Sinceramente, não entendo os pregadores que estão dispostos a abdicarem deste solene privilégio.Por que devemos proclamar a sabedoria dos homens,quando temos o privilégio de pregar a Palavra de Deus? 

SEJA FIEL,QUER SEJA OPORTUNO,QUER NÃO

Nossa tarefa nunca se acaba.Não apenas temos de pregar a Palavra de Deus,mas também precisamos fazêlo apesar das opiniões divergentes que nos rodeiam.Somos ordenados a nos mostrarmos fiéis quando esse tipo de pregação for tolerado e quando não o for.Encaremos esse fato:pregar a Palavra agora não é oportuno.A filosofia de ministério norteada por marketing,que está em voga no presente,afirma claramente que proclamar as verdades bíblicas está fora de moda.Exposição bíblica e teologia são vistas como antiquadas e irrelevantes.Essa filosofia de ministério declara:"As pessoas que frequentam a igreja não querem mais ouvir a pregação da Palavra.A geração do pós-guerra simplesmente não aguenta ficar sentada no banco,enquanto à sua frente alguém prega. Eles são frutos de uma geração condicionada pela mídia e precisam de uma experiência de igreja que os satisfaça em seus termos"O apóstolo Paulo disse que o pregador excelente tem de ser fiel em pregar a Palavra,mesmo quando isso não está na moda. A expressão que ele utilizou "esteja pronto"(no grego,ephistemi) literalmente significa"permanecer ao lado",retratando a idéia de prontidão.Era frequentemente usada para descrever uma guarda militar,sempre a postos,preparada para o dever.Paulo estava falando sobre uma intensa prontidão para pregar,assim como a de Jeremias,o qual afirmou que a Palavra de Deus era como um fogo em seus ossos.Isto era o que Paulo estava exigindo de Timóteo: não relutância, e sim prontidão;não hesitação,e sim coragem;não mensagens que motivavam os ouvintes,e sim a Palavra de Deus.

CORRIGE,REPREENDE E EXORTA

Paulo também deu a Timóteo instruções a respeito do tom de sua pregação.Ele utilizou duas palavras que têm conotação negativa e uma que é positiva:corrige,repreende e exorta.Todo ministério de valor precisa ter um equilíbrio entre coisas positivas e nagativas.O pregador que falha em reprovar e corrigir não está cumprindo sua comissão.Recentemente,ouvi uma entrevista no rádio com um pregador bastante conhecido por sua ênfase em pensamento positivo.Esse pregador tem afirmado em seus escritos que evita qualquer menção do pecado em suas pregações,porque ele acha que as pessoas,de alguma maneira,estão sobrecarregadas com excessiva culpa.O entrevistador perguntou-lhe como ele poderia justificar essa atitude.O pastor respondeu que bem cedo em seu ministério havia decidido focalizar as necessidades das pessoas e não atacar seus pecados.Entretanto,a mais profunda necessidade das pessoas é confessar e vencer seus pecados.Portanto,a pregação que não confronta e corrige o pecado,através da Palavra de Deus,não satisfaz a necessidade das pessoas .Fá-las sentirem-se bem e responderem com entusiasmo ao pregador.
Mas isso não é o mesmo que satisfazer suas verdadeiras necessidades.Corrigir,repreender e exortar é o mesmo que pregar a Palavra de Deus,pois estes são os ministérios que as Escrituras realizam -"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,para a repreensão,para a correção,para a educação na justiça"(2Tm3.16).Observe o mesmo equilíbrio de tom positivo e negativo.Repreensão e correção são negativos,ensinar e educar são positivos.O tom positivo é crucial também.A palavra"exorta" é parakaleo,um vocábulo que significa "encoraja".O pregador excelente confronta o pecado e,em seguida,encoraja os pecadores arrependidos a comportarem-se de maneira correta.Ele tem de fazer isso,com "paciência e longanimidade"(2Tm4.2).Em 2 Tessalonicenses 2.11,Paulo falou sobre exortar,encorajar e implorar,"como um pai a seus próprios filhos".Isto frequentemente exige muita paciência e instrução.Todavia,o pastor excelente não pode negligenciar esses aspectos de sua vocação.

NÃO SE COMPROMETA EM TEMPOS DIFÍCEIS
   
  Existe urgência no encargo de  Paulo ao jovem Timóteo:"Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;pelo contrário,cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos"(2Tm.4.3).Esta é uma profecia que lembra aquelas que encontramos em 2 Timóteo 3.1("Sabe,porém isto:Nos últimos dias,sobrevirão tempos difíceis") e 1 Timóteo 4.1("O Espírito afirma expressamente que,nos últimos tempos,alguns apostatarão da fé").Este,portanto,é o terceiro aviso profético de Paulo advertindo Timóteo a respeito dos tempos difíceis que estava por vir.Observe a progressão:o primeiro aviso dizia que viria o tempo em que as pessoas se apartariam da verdade.O segundo advertia Timóteo sobre o fato de que tempos perigosos estavam vindo à Igreja. E o terceiro sugere que viria o tempo em que haveria na igreja aqueles que não suportariam a sã doutrina e,em vez disso,desejariam ter seus ouvidos coçados.
Isso está acontecendo na Igreja hoje.O evangelicalismo perdeu sua tolerância em relação à pregação confrontadora. As igrejas ignoram o ensino bíblico sobre o papel da mulher na igreja,a homossexualidade e outros assuntos.O instrumento humano tem sobrepujado a mensagem divina. Esta é a evidência do sério comprometimento doutrinário.Se as igrejas não se arrependerem,esses erros e outros semelhantes se tornarão epidêmicos.Devemos observar que o apóstolo Paulo não sugeriu que o caminho para alcançar nossa sociedade é abrandar a mensagem,de modo que as pessoas sintam-se confortáveis com ela. O oposto é verdade.Esse coçar os ouvidos das pessoas é uma abominação.Paulo instou Timóteo a estar disposto a sofrer por amor à verdade e continuar pregando a Palavra com fidelidade.
Um intenso desejo por pregação que causa coceira nos ouvidos tem consequências terríveis.O versículo 4 diz que essas pessoas"se recusarão a dar ouvidos à verdade,entregando-se às fábulas"(2Tm.4.4).Elas se tornam vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade."Se recusarão" está na voz ativa.As pessoas voluntariamente escolherão essa atitude."Entregando-se às fabulas"está na voz passiva;descreve o que acontece a tais pessoas. Tendo se afastado da verdade,elas se tornam vítimas do engano.Ao se afastarem da verdade,tornam-se presas de Satanás.
A verdade de Deus não coça nossos ouvidos;pelo contrário,ela os golpeia e os queima.Ela reprova,repreende,convence;depois,exorta e encoraja. Os pregadores da Palavra têm de ser cuidadosos em manter esse equilíbrio. Sempre houve nos púlpitos homens que reuniram grandes multidões porque eram oradores dotados, interessantes contadores de histórias e preletores que entretinham os ouvintes;tinham personalidades dinâmicas;eram perspicazes manipuladores das multidões,políticos populares,elaboradores de mensagens que estimulavam os ouvintes e eruditos.Esse tipo de pregador pode ser popular,mas não é necessariamente poderoso.Ninguém prega com poder,se não pregar a Palavra de Deus.Nenhum pregador fiel minimiza ou negligencia todo o conselho de Deus.Proclamar toda a Palavra - essa é a vocação do pastor.

Solo Deo Glória