sábado, 27 de outubro de 2012

A ESPERANÇA DOS QUE FORAM JUSTIFICADOS

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. Romanos 5:1.
O monge beneditino Anselm Grün escreveu: “Há muitas pessoas que buscam por uma espiritualidade que responda a suas aspirações mais profundas. Dentre os muitos caminhos espirituais questiona-se, na maioria das vezes, nossa ação. Como podemos nos abrir para Deus? Dificilmente se fala do agir de Deus em nós. É por isso que muitas pessoas, movidas pela busca espiritual, têm dificuldades de compreender a ideia de que fomos redimidos por Jesus Cristo. Elas se perguntam sobre o que poderá nos transformar hoje, mas não perguntam sobre o que fez Deus por nós em Jesus Cristo, no passado. As pessoas procuram por toda parte pontos de auxílio que as ajudem a viver. Percebem mais do que nunca ofertas psicológicas, ou procuram nas religiões orientais por técnicas que permitam viver de forma mais feliz e satisfeita. Muitos são os que não encontram qualquer caminho de redenção no cristianismo, não ouvem a mensagem redentora e libertadora de Jesus a partir do anúncio e da práxis cristã”.
Em seu caminho para o transcendente, as pessoas utilizam a mesma técnica de suas vidas atribuladas. O que posso fazer para estar mais próximo de Deus? Perguntam elas. Por esta razão que a mensagem da obra redentora de Jesus Cristo na cruz do calvário é tão essencial, não só para o homem natural, sem Deus, mas também para aquele que se diz cristão. Na verdade, o que o homem deveria fazer é crer que Deus já o redimiu, através do Filho, na cruz.Paulo assim afirma: Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos (e sobre todos) os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Romanos 3:21-24.
A redenção de Cristo é importante porque tornou possível nossa justificação. É nela que a justiça de Cristo nos é imputada, a nós pecadores indignos, e toda nossa culpa pelo pecado é perdoada. Precisamos compreender que Deus, por sua infinita graça, nos declara e nos considera justos não porque somos merecedores, em razão da prática de boas obras ou por termos fé, mas única e exclusivamente em virtude do amor que Deus nutre por nós, mesmo ainda pecadores, manifestado no sacrifício de Cristo em nosso favor. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5:8.
Mas o homem ignora este fato e busca a “sua” própria redenção em lugares, práticas e crenças que jamais poderão redimi-lo. E quanto mais ele procura, mais necessidade tem, pois não há nada neste mundo que irá satisfazer plenamente o vazio da alma. Jesus nos alertou quanto a nossa ignorância da Palavra de Deus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Mateus 22:29.
Ao invés de buscar as bênçãos, deveríamos prestar mais atenção em nossa posição diante de Deus. Não se trata do que podemos fazer para nos aproximarmos de Deus, ou o que fazer para sermos “mais espirituais”, e, assim, alcançarmos Suas benesses. Em primeiro lugar, o que você e eu precisamos saber é que nos encontramos em uma posição de total inimizade com Deus, por causa do pecado (do primeiro homem Adão). Não podemos receber nada de Deus nesta posição de separados dEle. É nesta hora que a redenção de Cristo faz toda a diferença, pois quando somos justificados, somos reconciliados com Deus.
Muito daquilo que almejamos de bom para nossas vidas, somente alcançaremos, genuinamente, se crermos, pela fé, nesta redenção que há em Cristo Jesus. Por isto é tão importante saber o que Deus já fez por nós. E o que Ele já fez por nós, mediante o seu Filho, gera consequências práticas imediatas e eternas em nossas vidas.
Paulo assinala algumas dessas consequências práticas na vida daqueles que foram justificados mediante a fé: Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. Romanos 5:1-4 (versão NVI).
A primeira e mais importante consequência: “paz com Deus”. É porque fomos (passado) justificados pela fé, por nosso Senhor Jesus Cristo, que temos “paz com Deus”. Portanto, a primeira lição que aprendemos é a de que tudo o que podemos receber de Deus, o recebemos por intermédio de Jesus Cristo. E a nossa reconciliação com Deus é o maior presente que poderíamos receber do Pai, por meio do Filho. A reconciliação é algo que Deus já efetuou mediante a morte de Cristo.
Por aqui, também se depreende uma outra grande confusão na qual incorremos com relação a esta questão da “paz”. Muitas pessoas buscam uma “paz interior” ou a paz “de” Deus para suas vidas, mas não sabem que, antes, precisam estar em paz “com” Deus. Somente tem a paz “de” Deus, quem está em paz “com” Deus.
E esta paz é fruto de nossa justificação pela fé, e não fruto de alguma ação de nossa parte em direção a Deus. Quem tem a paz “com” Deus, pode receber a paz “de” Deus, que trata Paulo na carta aos Filipenses: Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Filipenses 4:6-7 (versão NVI).
O Dr. Martyn Lloyd-Jones apresenta seis aspectos práticos, através dos quais podemos analisar se estamos gozando ou não desta paz com Deus: a)- aquele que tem paz com Deus é alguém cuja mente está em repouso quanto à sua relação com Deus; b)- aquele que tem paz com Deus é alguém que sabe que Deus o ama, a despeito do fato de que é pecador; c)- aquele que tem paz com Deus é alguém que pode responder às acusações da sua própria consciência; d)- aquele que tem paz com Deus é alguém que pode responder às acusações do diabo; e)- aquele que tem paz com Deus é alguém que deixa de ter medo da morte; e, f)- aquele que tem paz com Deus, mesmo quando cai em pecado, pode fazer tudo o que foi descrito anteriormente.
A segunda consequência de nossa justificação pela fé: “obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes”. É por meio de Cristo que temos agora acesso à graça de Deus, a qual nos mantém firmes. Antes de sermos justificados, estávamos debaixo da ira de Deus (Romanos 1:18) e éramos tidos como rebeldes. Agora, justificados, Deus nos considera como filhos, como herdeiros (Romanos 5:9). Saber que Deus já nos aceitou em Cristo, apesar de nossos pecados, independentemente do que fazemos ou deixamos de fazer, só pode ser compreendido por meio da graça.
Tudo o que recebemos de Deus é absolutamente imerecido. Graça é algo que resulta do exercício do amor espontâneo de Deus por nós. Além de termos acesso a esta graça, é nela que somos firmados. Nossa segurança está na certeza da graça de Deus e não nas circunstâncias que envolvem nossa vida. É por isto que não devemos ficar ansiosos pelo dia de amanhã (Mateus 6:31/34). Não é pelo nosso mérito que Deus nos trata como filhos.
A terceira consequência de nossa justificação pela fé: “nos gloriamos na esperança da glória de Deus e nas tribulações”. Gloriar-se significa alegrar-se. Aquele que foi justificado pela fé pode agora alegrar-se na esperança de que, um dia, estará na presença gloriosa de Deus, vendo-o face a face. Também pode agora alegrar-se nas próprias provações e dificuldades da vida, pois sabe que elas têm um propósito divino para aquele que foi justificado.
Erroneamente, muitos acham que o oposto de sofrimento é graça, ou seja, se uma pessoa está sofrendo, é porque não está na graça. O oposto de graça é mérito. O sofrimento faz parte da vida de quem foi justificado, ou seja, de quem é filho de Deus. Aliás, se analisarmos cada um dos personagens bíblicos, veremos que todos eles foram servos sofredores.
Se você não quer sofrimento em sua vida, você ainda não entendeu o que é o Evangelho de Jesus Cristo. Evangelho é tratamento de Deus para um paciente chamado pecador, e não um anestésico ou alguma droga alucinógena. Paulo escreveu o seguinte aos cristãos de Corinto: Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação. 2 Coríntios 4:17. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. 2 Coríntios 12:10. E aos de Filipos: pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele. Filipenses 1:29 (versão NVI).
E por que gloriar-se nas tribulações? Porque “sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança”. A tribulação, para aquele que foi justificado, não representa um ônus, mas a certeza do agir de Deus em sua vida. É na tribulação que podemos enxergar a nossa verdadeira condição de falidos.
Longe de atuarem contra a nossa esperança, as tribulações a promovem. Dentro do método de Deus, as dificuldades produzem resistência, a resistência produz caráter, e o caráter produz esperança. Que esperança é esta? Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisa do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 8:38-39.
A mesma esperança do profeta Habacuque: Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. Habacuque 3:17-18.
Lembre-se, o caminho para a verdadeira espiritualidade não precisa ser construído por nós, porque já nos foi dado por Deus, na redenção de Cristo Jesus. E uma vez justificados, gratuitamente, estamos em paz com Ele e temos alegria, até mesmo nas provações, pois elas vão produzir esperança. Portanto, procure enxergar sua vida com os olhos espirituais da fé recebidos em Cristo Jesus. Graças a Deus pelas tribulações, pois elas são prova do amor do Pai por nós e atestam que Ele está agindo em nossas vidas!
 
Solo Deo Glória.

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