“Respondeu-lhes Jesus: Destruí este santuário, e em três
dias o reconstruirei. Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi
edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás? Ele, porém, se
referia ao santuário do seu corpo.” João 2:19-21.
Jesus certa vez alertou sobre o problema relacionado à
ignorância das escrituras, dizendo: “Meu povo perece por não conhecer as
escrituras e nem o poder de Deus”. Hoje não é difícil constatar os
efeitos nefastos desta ignorância. Mas, baseados em que podemos fazer esta
afirmação? Para fazer tal afirmação, basta olhar para o absurdo “nicho de
mercado” em que se transformou a dita fé evangélica em nossos dias.
Uso esta expressão “nicho de mercado”, porque para muitos
exploradores da fé alheia - se é que podemos chamar este fenômeno de fé - as
pessoas nada mais são do que uma freguesia, como Pedro já havia nos alertado.
“... por ganância farão comércio de vós...” Estes, encontraram na
ignorância do povo em relação às escrituras, associada à autoridade histórica
das escrituras, uma oportunidade e um vasto mercado a ser explorado. Jesus
testemunhou os mesmos fatos que presenciamos hoje, tal como estão registrados no
Evangelho de João capitulo dois, a partir do verso treze.
Outro indicador que nos dá base para assim afirmar, é aquele
que possui uma correlação no texto, pois à medida que se ignora as Sagradas
Escrituras, o sofrimento, a desesperança e a vacuidade da vida entram em erupção
como um carnegão maduro, provocando assim uma avalanche de gente ferida por este
sistema religioso maligno – gente usada e aleijada, cega e cansada, desconfiada
de uma pseudo divindade exigente e sem misericórdia, que ostenta um caráter
duvidoso do tipo que promete, mas não entrega.
Este sistema foi o único capaz de tirar Jesus do sério, a tal
ponto de levar Jesus às vias de fato, armado de chicote e pondo abaixo suas
bancas e expulsando tais mercadores do templo dizendo: “...Tirai daqui
estas coisas e não façais da casa de meu Pai comércio.” João 2:16. O
templo, no qual realizavam “seus negócios” tinha uma relação histórica e
cultural com o Deus e Pai de Jesus Cristo, e que portanto tinha Sua imagem do
Deus disposto à cruz, ultrajada e destorcida pela ganância de homens desonestos
e réprobos quanto à fé.
Neste episódio, os discípulos ficaram assustados pelo modo como
Jesus mostrou-se enérgico. O assombro só encontrou consolação, devido justamente
ao conhecimento das Escrituras que dizia: “O zelo da tua casa me
consumirá.” Salmo 69:9a. E que naquele dia, diante de seus olhos,
puderam testemunhar o milagre da encarnação do Verbo. Pois, naquele exato
momento as Escrituras haviam se tornado palavra de Deus, e aquilo que antes era
apenas letra, havia se tornado o Verbo encarnado, Jesus Cristo.
Porém, o grande ensinamento de Jesus viria a seguir. Diante de
um mundo alicerçado no poder, o único questionamento proveniente da parte dos
judeus, tinha relação com as suas credencias. Sim porque, coragem, virilidade
Jesus já havia demonstrado que tinha, para fazer algo que jamais alguém ousou
fazer com sucesso.
Agora, a pergunta é: que sinal, que demonstração de poder
incomum você tem pra nos apresentar, e que aparentemente não podemos perceber,
mas que é extremamente necessário para alguém que toma uma atitude deste tipo?
Como Ele teve a ousadia de confrontar poderes econômicos, endossados por aqueles
que detinham o poder religioso, e que em tese e, em última análise, tinha esta
autoridade sustentada por Deus?
Para a mentalidade humana caída é como se alguém deixasse a
bola pingando só para Jesus chutar. Era o cenário ideal para Jesus demonstrar
seus poderes Divinos e calar a boca de todo mundo. Talvez fosse oportuna uma
demonstração do tipo que estava na cabeça de Tiago e João, na ocasião em que os
samaritanos lhes negaram pouso: “Vendo isto os discípulos Tiago e João
perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para consumir os
samaritanos?” Lucas 9:54.
Judas com seu espírito belicoso próprio dos sicários deve ter
pensado, arrisco-me a conjecturar: É agora que a onça bebe água! Jesus porém,
lhes mostra o sinal da Cruz. E evoca a realidade da morte, da fraqueza, da
destruição de si mesmo, a inexorável e eterna realidade da cruz. “Jesus
lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.” João
2:19. O que causa decepção em muitos, e se constitui em mais uma
tentação para Jesus, é de fato a única opção do único Deus. O Deus que é amor.
Os religiosos, normalmente alheios ao espírito de Cruz, ficaram
sem saber, nem mesmo do que Jesus estava falando, ou seja, não entenderam nada.
Os discípulos só puderam entender depois da ressurreição, que lhes falava a
respeito do seu próprio corpo. E nós, mais de dois mil anos depois destes fatos,
talvez precisemos ainda, entender melhor o significado das palavras de Jesus
Cristo. Este é de fato o assunto central de tudo o que foi tratado até
agora.
Nas palavras de Jesus havia não somente uma sugestão, mas
também uma profecia. Ainda que os judeus nada tenham feito naquele momento,
destruir o santuário foi exatamente o que fizeram na sexta feira da paixão.
Naquele dia Ele foi traspassado e moído como profetizou Isaías. O Santuário foi
desfeito - o velho corpo, o velho homem.
Nos lugares sagrados, os ditos santos, deliberaram matá-lo.
“... Vós nada sabeis, nem considereis que vos convém que morra um só homem
pelo povo e que não venha a perecer toda nação.” João 11: 49b e 50.
Fizeram isto, pois amaram mais suas posições e privilégios e a estrutura
arcaica, o odre velho com seu conteúdo velho, como Jesus disse: “ E
ninguém tendo bebido o vinho velho, prefere o novo; porque diz: O velho é
excelente.” Lucas 5:39.
Porém, a bendita armadilha de Deus estava pronta. O texto, nos
versos cinquenta e um e cinquenta e dois, mostra que em Sua soberania Deus usa
quem quer “...Não disse isto de si mesmo...” . Referindo-se a
Caifás. Além de revelar a intenção real do Pai - reunir Sua família. O que
precisamos entender é que o santuário que Jesus queria reedificar, não está
relacionado com templos feitos por mãos humanas, como o texto deixa claro,
“Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo” .
Jesus se refere ao Seu corpo, porém, Ele não está fazendo
menção somente ao Seu corpo glorificado, Ele está se referindo a nós; o corpo de
Cristo aqui na terra, como fica evidente no evangelho de João. “Ora, ele
não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou
que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também
para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos”. João
11:51-52.
O mundo vive um processo de tentativa do desencantamento, da
morte do transcendente, como se isto fosse possível. Vivemos influenciados pelo
materialismo histórico e pelo consumismo, como se isso pudesse constituir o
sentido da vida. O máximo que o mundo suporta de Deus, é Deus como uma ideia
reguladora, ou como um produto a ser consumido, tendo em vista suas culpas
psicológicas e suas buscas frenéticas por um sentimento de adequação.
Isto é bem próprio do mundo, o problema maior é saber o quanto
isto tem nos influenciado. Vemos pessoas dizendo: eu frequento tal igreja por
causa do louvor, o outro diz: eu gosto mesmo é do ambiente e do trabalho que
eles têm com as crianças e com os jovens. Ou ainda: lá tem estacionamento e o ar
condicionado é bom e é perto da minha casa. São pessoas que contribuem com a
igreja local, quando contribuem, como quem paga uma mensalidade, alimentando
assim os mercadores.
Mas nós não aprendemos assim a Cristo. Cristo disse: “Eu
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Mateus 16:18b. Nós somos chamados a sermos os ombros do Senhor, quando
se arremete contra as portas do inferno, que são suas últimas defesas. Somos
chamados a sermos bocas do Senhor para anunciar o Evangelho do amor de Deus aos
indignos.
Somos ensinados por Cristo que somos todos necessários no
corpo. “ Se todo corpo fosse olho, onde estaria o ouvido?” 1 Coríntios
12:17. Somos ensinados, que não importa quão pequeno podemos nos
considerar no corpo, Deus nos confere honra. “E os que nos parecem menos
dignos no corpo, a estes damos muito maior honra...” 1 Coríntios 12:23a.
A palavra de Deus nos ensina que todo o corpo precisa de interação e conexão com
a Cabeça que é Cristo. “E não retendo a cabeça, da qual todo corpo,
suprido e bem vinculado pelas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que
procede de Deus.” Colossenses 2:19.
Jesus reconstruiu o santuário de Deus, que somos nós, na Sua
ressurreição. “...porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.” 1
Coríntios 3:17b. Jesus nos fez Seu corpo, individualmente ligados uns
aos outros. “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente membros
desse corpo.” 1 Coríntios 12:27.
Que neste mundo sem espírito, tenhamos a consciência e a
revelação de que Jesus toca através de nós, que Ele fala pela nossa boca, que
Ele age neste mundo por meio da Sua igreja encarnada que é o Seu corpo.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
PARA UM MUNDO SEM ESPÍRITO, SOMENTE UMA IGREJA ENCARNADA
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