segunda-feira, 15 de outubro de 2012

F2TS, A FÓRMULA DIÁBOLICA DA CRISE ESPIRITUAL


Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Jeremias 17:9

Estamos vivendo uma crise. Porém, de conseqüências muito mais catastróficas do que a crise econômica mundial, que temos presenciado todos os dias, estampada nas primeiras páginas dos jornais, no rádio e na televisão. Ao contrário da crise econômica que é visível e atinge nações pelos quatro cantos da Terra, esta outra crise é quase que imperceptível e tem atingido o povo de Deus, individualmente. Agindo vagarosa e sorrateiramente, vem solapando a nossa fé, corroendo os alicerces da nossa vida e nos distanciando, cada vez mais, do foco de um cristianismo autêntico, que é ter uma vida que glorifique a Deus e não que envergonhe a Deus.
São três os aspectos que caracterizam esta crise, os quais merecem nossa especial atenção.
O primeiro aspecto diz respeito à falta do temor de Deus. Mesmo regeneradas, as pessoas parecem reconhecer Cristo apenas como seu salvador pessoal, esquecendo-se de que Ele é também Senhor de suas vidas. Um dos comentários mais tristes que ouvimos é o de pessoas que não querem fazer negócios com cristãos ou não querem ter um cristão como patrão ou empregado. Qual a razão disto? Não há temor de Deus. As pessoas se autodenominam cristãs, mas a vida delas está longe de Cristo. O que fala mais alto não são palavras, mas o nosso testemunho de vida. E quando não há temor de Deus, não há testemunho e, sim, "tristemunho".
Quando Moisés matou o egípcio, ele olhou para a direita e depois para a esquerda, mas esqueceu-se de olhar para cima. Êxodo 2:12: Olhou de um e de outro lado, e, vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia. Bill Gothard diz que temer a Deus é: a consciência deliberada de que Deus está observando todas as coisas e avaliando todas as coisas que eu penso, digo e faço. Deus vê tudo. Ele sabe de tudo. Ele está avaliando tudo.
Temor de Deus significa reverência. Significa ter senso da grandeza de Deus, da glória de Deus e da majestade de Deus. É ter a consciência de que Deus é o Juiz de toda a terra e de que todos nós estamos em suas mãos. Hebreus 10:31: Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
Quanto mais você teme a Deus, quanto mais você permanece em sua presença, mais você tem receio de desagradar a Deus. Sua presença em nossas vidas não deve significar uma espada de Dâmocles (perigo iminente), mas um receio saudável de não magoar ou de não desapontar a Deus. Nossas decisões devem ser tomadas não com base no que nos agrade, mas no que agrada a Deus.
O segundo aspecto diz respeito às tradições religiosas que vão se formando durante nossa caminhada cristã. Quanto mais tempo temos de vida cristã, mais corremos o risco de nos acomodar em nossos hábitos. Todavia, o próprio apóstolo Paulo nos adverte para esta acomodação, para não tomarmos a forma deste mundo, renovando sempre a nossa mente. Romanos 12:2: E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
No capítulo 2 de Romanos, o apóstolo Paulo está argumentando que tanto judeus como gregos estão debaixo da ira de Deus e que precisam da salvação em Cristo Jesus. Só que os judeus eram os primeiros a se justificarem, sempre tinham algum argumento. Os judeus não aceitavam a salvação em Jesus, porque entendiam que já eram salvos, por causa de suas tradições, consubstanciadas em três elementos: a)- porque faziam parte da nação escolhida por Deus; b)- porque tinham um sinal de fato e exterior da aliança: a circuncisão; e, c)- porque tinham recebido de Deus a sua lei.
Existem muitas pessoas, hoje, agindo como os judeus, fundamentando sua salvação em tudo, menos na pessoa de Jesus Cristo e sua obra de morte e ressurreição. Pessoas que estão justificando inconscientemente uma vida de pecado, em tradições religiosas. Vivem dissolutamente, achando que porque são membros de uma igreja, ou porque detém a revelação desta ou daquela palavra, ou porque foram curados disto ou daquilo, — podem viver segundo seus padrões pessoais de conduta. Só que o único padrão de conduta autêntico e verdadeiro é o de Cristo, segundo a Graça de Deus e o seu Evangelho, e a partir de nossa inclusão na obra da cruz.
O principal erro dos judeus era fazer a separação entre a doutrina e a vida. O judeu não levava em consideração a vida diária. O que fazia não tinha importância porque, afinal de contas, era judeu. Há muitas pessoas interessadas na doutrina, inclusive da cruz, mas que se esquecem da vida prática. João 13:17: Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
O terceiro aspecto diz respeito à soberba espiritual. Esta é uma característica que pode aparecer quando se busca apenas conhecimento, sem a sabedoria e a revelação divinas. O conhecimento em si é bom, mas se o objetivo final deste conhecimento não for o de alcançar uma vida transformada pelo Espírito, que produza frutos no Espírito e que edifique outras pessoas, ele, então, se torna estéril e de nenhum valor.
O apóstolo Paulo nos ensina em 1º Coríntios 8:1: ... O saber ensoberbece, mas o amor edifica. Comentando este versículo, Russell Champlin escreve: Essa variedade errada de conhecimento servia somente para deixá-los orgulhosos, altivos, destruindo o vínculo da paz e a comunhão no seio daquela igreja. Seja como for, o conhecimento, até mesmo quando é da melhor qualidade, não pode dar solução a todos os problemas. O amor cristão é o grande meio para resolver os problemas e regular a conduta dos crentes. Paulo fala em 1º. Coríntios 13:4: O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece.
Precisamos de sabedoria divina e não deste conhecimento incorreto que incha a pessoa intelectualmente. O oposto da soberba é a humildade. E a humildade é uma das características do cristão autêntico. Disse Jesus em Mateus 11:29: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
A essência do saber não é o conhecimento, mas o temor do Senhor, conforme diz o Salmos 111:10: O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.
Por que estes três aspectos são tão nocivos para o cristão? Porque, agindo assim, o homem acaba se tornando independente de Deus, quando deveria viver para Ele e tornando-se dependente Dele. Vida cristã é vida na dependência de Cristo e não independência Dele. Todos estes três aspectos que acabamos de mencionar decorrem do fato de que, paradoxalmente ao que afirmamos crer, vivemos inconscientemente à margem de Deus, desligados Dele, como se fôssemos pequenos deuses para nós mesmos.
Muitos de nós passamos nossas vidas tentando evitar a verdade da Palavra de Deus, porque não queremos andar de acordo com ela. Isto é rebeldia. Não confunda a liberdade que Deus te deu em Cristo Jesus, livrando-o das amarras do pecado, com a possibilidade de, agora, levar uma vida segundo a sua própria vontade, a fim de satisfazer seus desejos pessoais egoístas. Gálatas 5:13: Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne ... Nem uma vida dissociada da direção de Deus. Provérbios 16:9: O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos. Na verdade, precisamos nos libertar de nós mesmos.
O único conhecimento que pode nos libertar verdadeiramente é o conhecimento de Cristo, da sua pessoa. Na verdade, é a própria vida Dele em nós. João 8:32: e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João 14:6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Jesus é a verdade que nos liberta de fato. Não é o conhecimento bíblico que liberta, mas a própria pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, revelada pelo Espírito Santo.
Como, então, podemos corrigir o curso de nossas vidas, livrando-nos da falta do temor de Deus, das tradições religiosas e da soberba espiritual? Somente pela graça e pela misericórdia de Deus, temendo a Ele e praticando a sua presença em nossas vidas. Precisamos clamar ao Pai para que venha perscrutar o nosso coração, revelando-nos estas verdades e guiando-nos pelo caminho certo. Salmos 139:23-24 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.
Quando você tem uma consciência limpa, você é capaz de desfrutar de seu amor e liberdade. Que Deus nos dê graça para enxergar e nos livrar de toda altivez, a fim de termos uma vida que verdadeiramente glorifique ao Pai, não segundo o nosso padrão deformado, mas segundo o padrão de Cristo.
 
Solo Deo Glória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário