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Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e, 
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem 
bate, abrir-se-lhe-á. Mateus 7:7-8. 
Jesus escancarou aqui uma comporta para uma enxurrada de 
perguntas e nós ficamos querendo saber o que significa de fato esse todo aquele 
que pede, busca e bate, tendo êxito na sua empreitada! Será que Deus responde 
favoravelmente a qualquer pessoa que pede? Ele se deixa ser achado por qualquer 
um que o busca? Ele abre as portas para quem quer que bata? Ao meu ver, o que 
está por traz dessa profunda insistência seqüencial é alguma coisa muito 
importante para a nossa compreensão. 
Sabemos que Deus sempre responde as orações, mas nem sempre de 
acordo com o suplicante. Há muitas petições que são respondidas negativamente e 
muitas outras têm um tempo de espera. A pausa no compasso da expectativa é uma 
metodologia no tratamento da ansiedade. A pedagogia divina é muito prática e, 
freqüentemente, é preciso um intervalo no processo da execução, a fim de tratar 
o problema da impaciência compulsiva. Alguém disse que Deus sempre responde com 
estas três palavras: Sim, não, espere. 
Porém, a questão fica um pouco mais complicada com o enfoque 
dos outros dois verbos: buscar e abrir. Todo o que busca, acha? Todo o que bate, 
destranca? O contexto desse texto fala realmente de um tema de filiação. Jesus 
está abordando em particular o quesito de uma relação paternal bem adequada. 
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, 
quanto mais o vosso Pai que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem? 
Mateus 7:11. O que está em jogo nessa matéria é a conexão íntima de um 
envolvimento familiar. Sabemos também, que nem todos os homens são filhos de 
Deus. 
As Escrituras mostram que o homem natural, isto é, o homem não 
regenerado pela graça em Cristo, jamais busca a Deus. Do céu olha o Senhor 
para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a 
Deus. Salmo 14:2. Não há o menor interesse do homem pecador pelo Deus 
santo revelado na Bíblia. Os deuses que os homens se importam são aqueles que 
eles mesmos criam com a sua imaginação fértil, mesmo que esses deuses não se 
importem com os homens. Sendo assim, o apóstolo Paulo mostra claramente a 
aversão que o pecador tem pelo Deus verdadeiro. Não há justo, nem se quer 
um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Romanos 3:10-11. 
Não há uma ponta de simpatia proveniente do homem natural para 
com o Deus revelado através da Bíblia, por isso mesmo, ninguém o busca 
preferencialmente. Se alguém se encontra interessado pelo Deus das Escrituras 
Sagradas, foi porque este mesmo Deus o atraiu para Ele. Só é possível buscar o 
Senhor, aquele que foi buscado pelo Senhor. Primeiro Deus nos busca 
graciosamente, depois nós o buscamos correspondentemente. Jesus disse aos seus 
discípulos: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu 
vos escolhi a vós. João 15:16a. E o discípulo João acrescenta, dentro 
dessa ênfase, a verdade clara: Nós amamos porque ele nos amou primeiro. 
1João 4:19. 
O homem que busca a Deus revela que foi inicialmente buscado 
pelo próprio Deus. Se há uma coisa atestando que o ser humano foi despertado da 
morte espiritual é o seu interesse particular pela pessoa de Deus. Mas, nós 
somente o podemos buscar, quando ele se aproxima de nós para nos alcançar. 
Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. 
Isaías 55:6. Ele precisou achegar-se ao desertor do Éden, a fim de 
atraí-lo para a sua intimidade pessoal. Jesus se encarnou para se aproximar da 
humanidade distanciada de Deus. 
O velho coração de Adão não tem a menor predileção pela 
comunhão com Deus. O pecador rebelde sofre de anorexia de Deus, ou seja: ele não 
tem a mínima fome do Deus verdadeiro. Sua reação inata é um enjôo achacadiço das 
coisas de Deus. Por isso, antes de tudo, Deus precisa trocar o coração 
indisposto do velho homem do pecado, por um novo coração que o queira, acima de 
tudo. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso 
coração. Jeremias 29:13. Aqui está patente a evidência de um transplante 
realizado por Deus, uma vez que o velho coração não tem apetite pela pessoa de 
Deus. 
O faro que impulsiona o coração do homem para Deus é uma mostra 
notória que esse homem foi encontrado por Deus. O anseio do coração do homem por 
Deus é uma prova de que Deus mudou o antigo coração enfarado desse homem, por um 
outro que o busca de todo o coração. Ao meu coração me ocorre: Buscai a 
minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. Salmo 27:8. Ora, 
se o pecador obstinado não era solícito em buscar a Deus e agora suspira pela 
sua presença, significa que ele foi atingido em cheio pela graça de Deus, para 
poder buscá-lo cordialmente. 
A marca registrada de uma experiência autêntica de salvação é o 
anseio íntimo pela comunhão pessoal com o Senhor Jesus Cristo. Se não houver 
sede de Cristo nas entranhas do coração, certamente não há certeza de salvação. 
Alguém disse: Se você não é um caçador da amizade mais sublime com o Senhor, 
você evidentemente não faz parte das presas alcançadas pela graça. 
Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus 
Cristo, nosso Senhor. 1Coríntios 1:9. Se Cristo não se constitui no 
anseio principal de sua alma, é por que você não foi ainda renascido na família 
de Deus. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na 
terra. Salmo 73:25. 
Todos aqueles que foram conquistados pela graça são membros dos 
procuradores do Reino que se empenham acima de tudo com a preferência secreta 
pela pessoa sublime do Rei dos reis. Mas recomenda-se que essa investigação seja 
reservada e discreta, sem sinal de passarela. O que interessa de fato numa 
pessoa salva pela graça é o convívio entranhado com Jesus Cristo.Você tem esse 
intenso anelo pela comunhão com o Senhor? Para você o reino de Deus recebe a 
proeminência? Jesus foi incisivo: Buscai em primeiro lugar, o seu reino e 
a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mateus 
6:33. Lembre-se da expressão de um pensador: Não é suficiente ter 
comunhão com a verdade, pois esta é impessoal. Precisamos ter comunhão com o 
Deus da verdade. 
O que vai definir a legitimidade de uma experiência de salvação 
é a profunda aspiração à amizade pessoal com Cristo. Se não existir esse anelo 
íntimo pela busca de Deus em Cristo, temos que estimar o descrédito de nossa 
aparente salvação. O que salienta a autenticidade da salvação em Cristo é o 
interesse incondicional pelas coisas celestiais dentro de um relacionamento 
preferencial por Cristo. Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com 
Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de 
Deus. Colossenses 3:1. Ora, o que comprova a autenticidade da salvação 
na primeira instância é a ambição subjetiva pela pessoa de Cristo. Digo ao 
Senhor: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente. Salmo 
16:2. 
Estamos vivendo os primeiros dias de um novo ano e é bom 
avaliarmos bem a nossa experiência. O apóstolo Paulo vai fundo quando apela: 
Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós 
mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais 
reprovados. 2Coríntios 13:5. Você e eu temos gozado a alegria da 
comunhão profunda com a pessoa do Senhor Jesus Cristo? Temos nós buscado a 
presença do Senhor sobre tudo e acima de todos? Não nos enganemos! Se Cristo não 
for a primazia de nossa busca, verdadeiramente não pertencemos à família de 
Deus. 
Joseph Parker 
 disse que as conversões precisam ser 
examinadas tanto quanto enumeradas. Somos mais propensos a contar as 
conversões do que sondá-las. Mas a certeza da salvação sempre requer uma 
investigação caprichada. Você tem uma profunda fome e sede de Cristo? 
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim, como do pão, e beba do 
cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 
1Coríntios 11:28-29. A ceia do Senhor é muito mais que comer pão de 
trigo e beber o vinho da videira. Significa ingerir a intimidade relacional de 
fé na suficiência da pessoa de Cristo. Não se trata evidentemente de 
transubstanciação nem de consubstanciação, mas da comunhão viva e pessoal da 
presença do Senhor. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando 
irei e me verei perante a face de Deus? Buscai o Senhor e o seu poder; buscai 
perpetuamente a sua presença. Salmo 42:2 e 105:4. 
Os indícios de um caçador fiel no reino de Deus se revelam na busca íntima do Senhor, ainda que venha concordar com o bispo J. C. Ryle: De todas as coisas que nos irão surpreender na manhã da ressurreição, esta, creio eu, é a que mais causará espanto: que amamos tão pouco a Cristo durante nossa vida. A comunhão reservada com Cristo é o principio do céu na terra. É bom conferir as palavras do sábio Martinho Lutero: Uma masmorra com Cristo é um trono, e um trono sem Cristo é um inferno. Pois assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivei. Amós 5:4. Amém. 
Solo Deo Glória. 
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
INDÍCIOS DE UM CAÇADOR
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