Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o
reino dos céus. Mateus 5:3
O conceito de felicidade, segundo os padrões impostos pelo
sistema humano e que governa o modo de vida das pessoas sem Cristo, se resume na
satisfação do próprio ego. O que mais importa às pessoas absorvidas pela
rede da inimizade com Deus e a amizade com o mundo é o quanto elas podem ser
contentadas ou beneficiadas em qualquer situação, e, se for possível, receber os
aplausos de outras pessoas. Mas, o que é felicidade segundo a ótica de Deus?
Do ponto de vista da verdade revelada pelo evangelho, que é a
Pessoa de Cristo, o enfoque muda radicalmente! Para Deus, felizes são aquelas
pessoas que não encontram felicidade em si mesmas, nas coisas que as rodeiam ou
no sistema cultural predominante. Sua felicidade vem diretamente da fonte
celestial e que se encontra somente na Pessoa do Filho Amado enviado pelo Pai!
Como são felizes as pessoas que aprenderam que não são nada e nada possuem sem
que a vida de Cristo seja gerada em seus interiores! Felizes, segundo o ensino
de Cristo, são as pessoas convencidas de sua própria miséria espiritual diante
do Único Senhor e Salvador da vida humana!
O sermão do monte contém a essência dos ensinamentos do reino
celestial revelado por e em Cristo! Apresenta um padrão de vida e
comprometimento com os princípios Divinos que só uma pessoa pertencente ao reino
dos céus pode vivenciar. Este ensino foi dirigido primeiramente aos discípulos,
mas também ouvido e crido por muitas outras pessoas na ocasião em que foi
pregado.
É a vida vivida na base da desistência, da
desconstrução e da dependência que só a graça de Deus em Cristo
pode proporcionar! O ensino que Jesus Cristo proferiu naquela montanha procura
apresentar aos súditos do Seu reino a maneira de viver que agrada ao Seu Pai,
revelada e possibilitada somente pela ação do Seu Espírito! Segundo o critério
de Deus ensinado nas bem-aventuranças, não podemos ser felizes pelas nossas
próprias “pernas espirituais”.
A revelação do reino dos céus deve nortear quaisquer valores ou
práticas cristãs e em quaisquer âmbitos da vida terrena. É o ensino para uma
vida nova e completamente distinta daqueles que não vivem a vida de Cristo.
Nunca por méritos ou esforços pessoais, mas por meio da vida implantada Daquele
que vive em nós logo, não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a
si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:20. Portanto, as pessoas
bem-aventuradas ou altamente favorecidas pela graça Divina, jamais dependerão de
outra pessoa que não seja a bendita Pessoa do Pai revelado no Filho para serem
felizes!
A ética, isto é, o modo de vida ensinado pelo sermão do monte
não é um credo morto, um sistema religioso estático ou uma doutrina sem sentido,
é antes uma expressão vivencial. Trata-se de um padrão de vida baseado na
perfeição de Cristo, que reflete o caráter do Pai e se manifesta naqueles que
possuem a vida que vem Dele. O próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus. Romanos 8:16.
O traço característico da cidadania espiritual do reino dos
céus está presente na ênfase dada à palavra makárioi que pode ser
traduzida por “abençoados, altamente favorecidos ou felicitados” pela ação
graciosa e perdoadora do Pai Celestial em Cristo. Somente a suficiência de
Cristo nos proporciona uma felicidade produzida pela ação do Seu Espírito em
nosso cotidiano, nos fazendo reproduzir o Seu caráter!
Os makárioi são pessoas privilegiadas por
receberem o favor Divino. São pessoas muito ricas por terem recebido o
“tesouro celestial” da graça que há em Cristo para louvor e glória da sua
graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Efésios 1:6. De acordo
com esta constatação bíblica, as pessoas felizes são as que possuem uma alegria
gerada no íntimo, vinda do Senhor e que faz com que possam celebrar o triunfo do
Cordeiro em meio às circunstâncias desfavoráveis a si mesmas. Feliz aquele
que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que
nela está escrito, porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3.
Descreve exatamente o “estado ou condição” das pessoas que
experimentam a suficiência da Pessoa e Obra de Deus em Cristo e não se ancoram
nas circunstâncias negativas ou positivas em que se encontram. Nunca será uma
felicidade caracterizada pelos prazeres superficiais e passageiros produzidos
pelo espírito humano ou pela falsa sensação de êxito gerada pelas conquistas
tributadas às nossas capacidades de realização.
O termo “pobres” era conhecido entre os judeus e
descrevia aquelas pessoas humildes, que viviam na inteira dependência de Deus.
Na verdade o termo já era conhecido no Antigo Testamento, referindo-se àquela
gente vitimizada pelas opressões, explorações, sofrimentos, misérias e
humilhações que lhes eram impostas por pessoas ou sistemas.
O conceito bíblico de intimidade com Deus traz em seu bojo a
ideia de um “estado interior de felicidade”, fruto de uma intervenção
específica da graça Divina, nas pessoas que passam por situações de adversidade
extrema. No entanto esta situação só poderia ser experimentada por aqueles que
se viam “totalmente” impotentes e dependentes da ação do Pai Celeste. Somente as
pessoas que realmente chegam ao fim de si mesmas podem experimentar a
riqueza da presença Divina em meio à pobreza do espírito
humano.
Há também outro sentido para os “pobres segundo Deus” que
indica uma ausência de orgulho pessoal ou segurança própria, vista
numa postura de quem assume a sua total carência da vida e da ação de Deus. É a
total dependência humana da misericórdia de Deus, totalmente declarada e
experimentada. O evangelho do reino dos céus começa com a total desistência de
nós mesmos, os pobres de espírito!
O reconhecimento de nossa pobreza e miserabilidade espirituais,
da necessidade de que o perdão do Pai nos seja outorgado e o consequente
arrependimento pela condição depravada e pecaminosa são as “credenciais” para
que desfrutemos da cidadania celestial. A renúncia de nossas próprias
capacidades salvíficas humanizadas e a rejeição de nos submetermos ao “espírito”
que rege o mundo são as condições necessárias de acesso e herança do reino
celestial porque deles é o reino dos céus.
Será que estamos plenamente identificados com a posição
de “pobres segundo Deus” descrita em Mateus 5:3? Temos sido convencidos
pelo Senhor sobre da nossa “pobreza espiritual”? Será que estamos refletindo
esta realidade espiritual em nossos relacionamentos pessoais,
familiares ou ministeriais de maneira intensa e inequívoca?
Embora não seja uma declaração completa e exaustiva de todo o
ensino de Jesus Cristo, o sermão do monte sintetiza a essência do ensino
sobre o Seu reino. Apresenta o padrão ético do reino do Pai, que só pode ser
alcançado por Aquele a quem Ele nos enviou. O ensino de Jesus Cristo apresenta
como deveria ser a maneira de viver de Seus imitadores ou
discípulos.
A ética do reino dos céus presente no ensino do sermão do monte
deve nortear qualquer princípio que leve o nome de cristão e em quaisquer
âmbitos da vida humana. É o ensino para uma vida completa e radicalmente
diferente do espírito que impera neste mundo anticristão, que hoje é chamado
pós-moderno. O conteúdo teológico do sermão do monte é o estabelecimento do
padrão divino do reino celestial, invadindo todas as dimensões da vida e ação
humanas. Éa transformação produzida pela vida Divina claramente vistas no
caráter e na postura das pessoas que pertencem ao Senhor deste reino.
A ética do sermão do monte não é um credo morto, um sistema
religioso estático ou uma doutrina que não produz transformação de vidas.
Trata-se de um padrão de vida que apresenta a suficiência e a perfeição de
Cristo como reflexo do caráter do Seu Pai e visíveis na vida de Seus filhos e
filhas.
Alguém já chamou o sermão da montanha de “carta magna do reino
dos céus” e “código de conduta de seus cidadãos”. Descreve antes o estado
daqueles que são felicitados pelo Pai em seu íntimo e as atitudes
naturais que identificam os justificados por Ele.
Há também outro elemento da primeira bem-aventurança que aponta
para uma completa ausência de orgulho pessoal ou segurança própria, em relação à
dependência de Deus. É a total dependência da misericórdia de Deus, totalmente
declarada e vivida. Nada é mais revolucionário no mundo moral. O evangelho do
reino dos céus começa com o espírito da renúncia gerado por Deus nos corações de
pessoas que se veem pobres e fracassadas diante do Criador e Redentor do
universo.
O reino dos céus pode ser caracterizado como o reinado de
Cristo na vida de cada pessoa que é convertida pela Sua Obra! A ética de Jesus é
a ética deste reino e, a nós, só nos cabe sermos e vivermos pela
manifestação da Sua vida em nós!
Como somos felizes quando reconhecemos a nossa própria
miséria espiritual! A convicção de que nosso Pai é a Pessoa mais rica que existe
e de que somos paupérrimos espirituais tira todo o peso de nossas costas. Muitas
vezes ainda tentamos carregar este peso, mesmo tendo uma vida de intimidade e
relacionamento com Ele. A verdadeira felicidade, segundo o projeto redentor de
Deus, só pode ser alcançada por intermédio da Sua graça manifestada na Pessoa e
Obra de Seu Filho!
Alguém já disse que o discípulo de Cristo é aquele que recebe e
pratica aquilo que é ensinado em Seu evangelho. Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por
meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. João 14:21. O
evangelho de Cristo é sempre um ensino e uma realidade em andamento, dinâmica e
que não pode ser esgotada por mais que se fale sobre o assunto.
A felicidade gerada por Deus é alegria íntima que sobrevive às
situações externas. Expressa uma situação existencial ancorada na ação graciosa
do Pai Celestial. É demonstrada pela ausência de orgulho pessoal e de segurança
ou justiça próprias, caracterizada por uma relação de dependência incondicional
do Pai!
A consciência da insuficiência humana é a primeira atitude que
agrada a Deus! Esta primeira bem-aventurança decreta, logo de início, a total
falência e impossibilidade de sermos felizes pela suficiência humana. Somente
quando reconhecemos a nossa insuficiência, poderemos ser
satisfeitos com a suficiência Divina. Por esta razão, todas as
outras bem-aventuranças são decorrentes desta desconstrução
Celestial!
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 14 de outubro de 2012
PARA DEUS, SER FELIZ É...
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