sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A PEDRA ANGULAR, VOCÊ, EU: A IGREJA!

O significado de erosão é o “ato ou efeito de erodir; degradação progressiva produzida na camada terrestre por agentes externos; combinação relativamente constante de diversos processos de corrosão; de corroer lentamente”. Uma das medidas para neutralizar os efeitos da erosão são as curvas de nível, maneira pela qual se evita que um processo progressivo, constante, silencioso e lento da água da chuva, do vento ou do homem, provoque deslizamentos e infiltrações, mudando a consistência e empobrecendo o solo.
Em nossas vidas somos constantemente agredidos por agentes externos que de maneira lenta, silenciosa e sutil têm o propósito de corroer a fé e os fundamentos da nossa prática cristã. Convicções bíblicas muitas vezes são corroídas e deterioradas, produzindo alterações prejudiciais e indesejáveis em nossa base estrutural de vida, na nossa comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo, esgotando a fertilidade da nossa vida espiritual.
O Apóstolo Paulo falando à igreja em Corinto diz: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais”. 2 Coríntios 11:3-4. Quando a Palavra de Deus deixa de ser o fundamento absoluto de nossas vidas, o referencial indicador desaparece ou fica anuviado, mas continuamos a pensar que nada mudou, que estamos ainda no mesmo lugar, mas na verdade o barco está rodando junto com a maré.
O apóstolo Paulo, escrevendo ao seu irmão, amigo e discípulo Timóteo diz: “Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns. Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.” 2 Timóteo 2:17-19.
Todo ser humano precisa de marcos em sua vida que lhe dão sentido de tempo e espaço na história. Sem acontecimentos marcantes em nossas vidas perdemos o sentido de direção, de distância e tempo. Um marco geodésico é uma pedra, estaca ou sinal para indicar uma posição cartográfica precisa. Marcos são referenciais que servem para mostrar até que ponto nos movemos em direção a um alvo ou quanto nos desviamos da rota. Ao olharmos para o ponto de referência podemos verificar nossa “posição geográfica” e lembrarmos o motivo inicial de nossa caminhada.
As dunas são elevações de areia e por causa da sua mobilidade causada pelos ventos, jamais poderão servir de arcos de fronteiras. Precisamos então de referências claras e absolutas em nossas vidas, afim de periodicamente conferirmos nossa rota. O maior “marco geodésico” na vida de um cristão é a Cruz de Cristo. A Palavra de Deus é a expressão do seu caráter e de sua vontade e por isso precisamos de sua luz. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos”. Salmos 119:105
E qual é a importância do “marco geodésico” para a igreja atual? Se pudéssemos voltar literalmente na história, na época de Jesus poderíamos verificar com nossos olhos que não havia igreja instituída. Nem os discípulos e nem os líderes religiosos tinham ouvido o termo igreja até o momento em que Jesus o mencionou. Certo dia enquanto Jesus andava com seus discípulos em direção a Cesaréia de Filipe, perguntou sobre o que pensavam as pessoas a seu respeito. Após as várias respostas, Jesus perguntou: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” Neste momento Jesus se dirige a Pedro e diz: “Não foi carne ou sangue que te revelou isto, mas foi meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que sobre essa confissão firme como a rocha eu edificarei a minha igreja e nem as portas do inferno prevalecerão”. (Mateus 16:13-16).
Nesta afirmação Jesus deixou claro que o Cristo é o arquiteto, o engenheiro e o construtor da Igreja. Penso que muitas vezes assim como os discípulos, nós também não temos noção do que isso significa. Jesus disse que Ele edificaria a Sua Igreja. A palavra “minha” caracteriza posse, domínio, autoridade e cuidado. Aqui está um ponto de referência onde devemos parar e medir: Cristo é o Cabeça (1 Coríntios 11:3) de nossa vida, de nossa família, de nossa igreja local, ou a erosão tem corroído essa verdade?
O termo usado nas Escrituras para igreja é ekklesia, que significa “chamados para fora”. A Eclésia era a principal assembleia da democracia ateniense na Grécia Antiga. Era uma assembleia popular, aberta a todos os cidadãos do sexo masculino, com mais de dezoito anos, porém quando Jesus disse: “edificarei a minha igreja”, Ele revela que construiria uma assembleia de pessoas, um povo que deposita sua fé no que Pedro confessou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Não somente um ajuntamento de pessoas com ideias parecidas ou com boas intenções, mas uma comunidade de salvos por Jesus Cristo, identificadas pela vida transformada, que creem nas Escrituras como inabalável e atemporal Palavra de Deus, que vive e se reúne com o único propósito de glorificar a Deus.
Não muitos meses depois das palavras de Pedro, Jesus Cristo foi crucificado, ressuscitou e ordenou que os discípulos permanecessem em Jerusalém até a descida do Espírito Santo e então foi assunto aos céus. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre aquele grupo de cerca de 120 pessoas para realizarem o que Jesus disse que faria: seriam testemunhas. Jesus então começou a edificar a Sua Igreja.
Após a mensagem de Pedro em Pentecostes cerca de três mil pessoas creram no Senhor Jesus Cristo. Em Atos 2:42 diz como a igreja vivia: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Quando um grupo de irmãos em Cristo se reunia, se dedicavam a quatro coisas: à doutrina, à comunhão, ao partir do pão e à oração.
Aqui estão quatro elementos característicos da Igreja de Jesus Cristo a qual Ele edifica. A falta de qualquer um desses elementos causa a erosão das colunas que se apoiam no fundamento. Que fundamento? A Pedra Angular! Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito. Efésios 2:19-22. Nossas vidas fazem parte deste santuário dedicado ao Senhor que Cristo está construindo.
A doutrina dos apóstolos é o ensino das Escrituras Sagradas na centralidade da pessoa de Cristo, para toda a nossa vida. Hoje as pessoas tem acesso a muita informação bíblica, mas poucos a têm como Palavra de Deus inspirada, absoluta, infalível e confiável. O que quer dizer isso? Quer dizer que muitos de nós, estão quando muito, com a bíblia debaixo do braço, utilizando-se dela como recurso de autoajuda. Quer dizer que a Palavra de Deus tem sido usada como um objeto quando muito, carregado para a reunião de domingo. Vejamos dois textos: Mateus 22:29 e João 5:39. “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”. “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”.
Creio que nunca na história da igreja a Palavra de Deus foi tão relativizada pela fé evangélica, e os pensamentos e maneira de viver tão corroídos pelo mundanismo. Se você teve a oportunidade de ser instruído na Palavra de Deus em seu lar quando criança, esse foi um grande privilégio, pois hoje poucos pais cristãos fazem isto. Sem a Palavra de Deus que é viva e eficaz, crianças, jovens e adultos com o tempo ficam confusos por não discernirem entre as alternativas que lhes são apresentadas. O discernimento sobre a verdade absoluta e a mentira está erodido, e muitos já não conseguem ficar com a Palavra de Deus em suas decisões porque não distinguem o que é a Verdade.
Se a Palavra de Deus não ocupar o lugar central em nosso culto público e privado outra coisa tomará esse lugar. Se nossos cânticos não forem espirituais, baseados nas Escrituras Sagradas, centrados na adoração à Trindade Santa, o jeito mundano de louvor centrado no prazer do homem, fará a nossa cabeça como faz a de muitos por aí. Se a nossa mente não for uma esponja encharcada de Jesus Cristo, nosso coração desejará músicas que expressam o hedonismo, a ambiguidade e desejos carnais.
A Bíblia nos diz em Lucas 6:45: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”. Um dos sinais que mostram do que nosso coração está cheio é quando estamos reunidos para a comunhão. Aquela comunhão que Lucas fala em Atos 2! Os conteúdos de nossas conversas enchem nosso coração de alegria por lembranças bíblicas e fortalecimento do amor em Cristo? Nossos filhos expressam uma linguagem sadia quando estão reunidos numa festa? Acreditem irmãos, essas coisas são sintomas que podem nos sinalizar o quanto nos desviamos progressivamente, lentamente e sutilmente. Vejamos esse texto citado na íntegra: “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude”... (2 Pedro 1:2-8)
A adoração comunitária se revela profunda ou superficial dependendo da intimidade com Deus que nutrimos em nossa vida diária. Assim também o partir do pão na ceia revela como está nossa vida de comunhão com Jesus Cristo. A doutrina dos apóstolos e a comunhão, o partir do pão e as orações são elementos referenciais, marcos e marcas de uma vida e também de uma igreja que está sendo edificada por Jesus Cristo. Essa é uma igreja que testemunha de Cristo, que é sal e luz, que está na terra para glorificar a Deus e ser a expressão de Vida para uma sociedade apodrecida.
Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos. Jeremias 6:16. Estamos vivendo tempos difíceis e é necessário que coloquemos nosso coração diante do Pai, clamando que Ele sonde o nosso coração, a fim de que possamos estar atentos e como o apóstolo Paulo escreveu “não nos conformando com este mundo, mas sendo transformados pela renovação da nossa mente, para que experimentemos qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1-2). Não se esqueça, a erosão acontece de maneira progressiva, constante, silenciosa e lenta. Para aqueles que são filhos de Deus fica a exortação. Qual é o maior “marco geodésico” de sua vida? O que norteia tua caminhada cristã? “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor”. Hebreus 12:28.
 
Solo Deo Glória.

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