Atraí-os com cordas humanas, com
laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas
e me inclinei para dar-lhes de comer. Oséias 11:4.
A expressão “cortar o nó górdio”
refere-se a um nó cuja história remonta ao século VIII a.C. Dizia a lenda que o
rei da Frígia de nome Górdio, que foi coroado, para não esquecer de seu passado
humilde, ele colocou a carroça com a qual ganhou a coroa no templo de Zeus,
amarrando-a com um nó a uma coluna. Este era impossível de ser desatado. Logo
após a sua morte, aquele que desatasse o nó seria o senhor de toda a
Ásia.
Quinhentos anos se passaram sem que
ninguém conseguisse desatar o nó, até que Alexandre, o Grande, ao passar pela
Frigia, ouviu a lenda e, intrigado com a questão, foi até o templo de Zeus
observar o feito de Górdio. Após muito analisar, desembainhou sua espada e
cortou o nó. É daí que deriva a expressao “Cortar o nó Górdio”, que significa
resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.
A palavra nó não se encontra na
Bíblia, mas é possível vê-la nas entrelinhas. A segurança daqueles que foram
salvos está fundamentada no caráter de Deus. Nele, não há sombra de mudanças. Ao
salvar o homem, Deus deu alguns “nós”, não somente um nó górdio que pode ser
cortado com facilidade, mas sim um “nó divino” impossível de se desatar. A
salvação do homem é inteira e completamente uma ação divina. O homem, pela
queda, tornou-se cego e profundamente inábil para reconhecer e agir em direção a
Deus.
Os homens nascem espiritualmente mortos, sem forças para se moverem em
direção a Deus. Mas Deus, em Sua infinita misericórdia, se inclina em direção ao
homem, para saciar a sua fome, da fome não da comida que perece, mas fome de
Deus. E me inclinei para dar-lhes de comer. O Senhor não veio do céu para
reformar o homem, mas para fazer um novo homem. O mais hábil escultor, ainda que
disponha das melhores ferramentas, é incapaz de esculpir alguma coisa em madeira
podre. O nosso Deus, figuradamente, é o hábil escultor que não esculpiria algo
sobre uma natureza corrompida e roída pelo verme do pecado e condenada a
morte.
O que Deus fez? Atraí-os com
cordas humanas. Esta profecia se cumpriu anos depois com a vinda do Verbo a
este mundo. O Verbo se fez carne e habitou entre nós na plenitude da graça e da
verdade. Eis o grande fato de que o Evangelho nos fala, a perfeita expressão de
Deus, tomando a própria natureza do homem, indo ao encontro de todas as
necessidades humanas. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de
graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João
1:14. A graça surge então com o poder de dar a vida e levar o homem a
recebê-la: “A Glória do unigênito”, dando a conhecer o Pai. É um mistério
insondável: o Verbo em carne.
A verdadeira relação do homem com
Deus se deu na Cruz. A cruz revela imediatamente a verdade da condição do homem
e a misericórdia de Deus. Assim, Cristo tomou o lugar do homem,
Levantado na cruz, entre Deus e o
mundo, e levando sobre Si o pecado, Cristo tornou-se o ponto de atração para
todo o homem vivente. Levantado da terra como vítima perante Deus e não sendo da
terra como vivente sobre ela, Jesus tornou-se o centro de atração para todos,
porque todos os homens estavam afastados de Deus. O nosso Senhor enfrenta a
morte, e na Sua morte aniquila o poder da morte que estava sobre todos os
homens.
Tudo o que Deus é em Sua natureza
veio a nós e brilhou nesta maravilhosa Pessoa: Jesus, cheio de graça para o
coração e verdade para a consciência pecadora. Com laços de amor, é um
laço, e não um nó, que pode se atar e desatar figuradamente, significando o
livre acesso do homem em receber ou rejeitar a graça de Deus. Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que
crêem no seu nome. João 1:11-12. Jesus Cristo levantado na cruz, recebido
com os olhos da fé, deu-nos o poder de sermos feitos filhos de Deus.
E para aqueles que O receberam,
efetua-se uma eterna salvação. Isto significa que uma vez filho, filho para
sempre, uma vez salvo, salvo para sempre. Uma pessoa que nasce no Brasil será
sempre brasileira, esteja onde estiver; sua nacionalidade jamais será mudada.
Eis o “nó divino”: Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da minha mão. Aquilo que meu
Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. João
10:28-29. Dois fatos importantes: Primeiro, não haverá falta de vida. O que
Deus nos deu
Segundo, ninguém arrebatará as
ovelhas da mão do Salvador. Nenhuma força superará o poder Daquele que as
guarda. O Pai nos deu o Seu Filho, e Ele é maior do que todos aqueles que
pretenderem nos arrebatar das Suas mãos. Preciosa revelação, na qual a glória da
Pessoa de Jesus é identificada com a segurança das Suas ovelhas, com a altura e
a profundidade da graça de que elas são os objetos do Seu amor. Nó que ninguém
pode desatar.
A graça não se perde com a marcha do
tempo e não se limita ao tempo. Novamente podemos ver nestas palavras do
apóstolo Paulo mais um “nó divino”: Que diremos, pois, à vista destas coisas?
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio
Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente
com ele todas as coisas? Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará?
É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de
Deus e também intercede por nós. Quem
nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo,
fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem
a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do
presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está
A nota de vitória soa imediatamente
nas perguntas desafiadoras, cujo propósito é assegurar o que está “em Cristo” de
sua segurança inconquistável, de modo
que possam gozar de uma confiança invencível
Os anjos maus e principados hostis,
que se alegrariam em nos ver separados de Cristo, perderam completamente o poder
para conseguir sua vontade malevolente pela grande vitória de Cristo na cruz.
Cristo tomou posse de toda a história, e o cristão não deve ceder à tentação de
se desesperar no conflito presente, nem ter nenhuma preocupação temerosa com
aquilo que o futuro possa lhe trazer. Denney diz com muita propriedade: O
amor de Cristo é o amor de Deus, manifestado a nós Nele; e é apenas Nele que é
manifestado um amor divino que pode inspirar a triunfante segurança do
cristão”.
Por outro lado, o nó górdio
exemplifica os problemas que surgem no nosso dia- a- dia, problemas que, aos
nossos olhos, são difíceis ou impossíveis de se resolver. Alexandre, o Grande,
encontrou uma solução à sua maneira. Ele usou a força do seu braço para sair da
crise. O nosso Deus permite que passemos por crises. Pois tu, ó Deus, nos
provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a prata. Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste
as nossas costas; fizeste que os homens cavalgassem sobre a nossa cabeça;
passamos pelo fogo e pela água; porém, afinal, nos trouxeste para um lugar
espaçoso. Salmos 66:10-12. Podemos dizer que estamos diante de um “nó
divino”. Então, como vamos nos livrar destes “nós”? Usando a força do braço?
Procurar um caminho mais fácil? O profeta Samuel nos ajuda a pensar: Deus é a
minha fortaleza e a minha força e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho. 2
Samuel 22:33.
Uma vez que estamos em Cristo,
estamos perfeitamente seguros. Nada pode destruir aqueles que estão sob a segura
guarda do amor de Deus. Se uma criatura executou um feito deste, dando um nó
impossível de se desatar, o que pensar de um “nó” dado pelo criador? O que Deus
fez por nós, em Cristo, durará eternamente. Quando, porém, veio Cristo como
sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito
tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de
bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por
todas, tendo obtido eterna redenção. Hebreus 9:11-12.
O homem que pensa indaga: Onde posso
pôr minha confiança? Em que posso confiar com absoluto senso de segurança? E a
resposta é uma só. Ponho minha confiança neste Senhor que executou uma eterna
salvação, “um nó impossível de desatar”. Amém.
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O NÓ GÓRDIO
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