segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

NO DESCANSO DE DEUS

Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva...Quem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça parte de um efa o pó da terra e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão? Isaías 40:6-12.
O descanso está intimamente ligado à revelação do que somos e do que Deus é. A razão pela qual o descanso se liga a estes dois fatos é que, primeiramente, o homem toma conhecimento de sua fragilidade e, depois ele ganha a revelação da suficiência do Senhor. No texto acima citado, o profeta Isaías, inspirado por Deus, nos dá uma visão desse fato quando fala da insignificância do homem, comparando-o com uma erva, e, ao mesmo tempo, revelando a grandeza do nosso Deus.
Deus quer revelar a fragilidade do homem para que este pare de lutar e se renda completamente ao Senhor. Enquanto acharmos que podemos alguma coisa, não encontraremos o descanso. A analogia feita pelo profeta, comparando o homem com a flor da erva, mostra a sua transitoriedade: pela manhã, a flor surge mostrando a sua formosura, porém, horas depois, ela está completamente murcha e sem vida. Assim é a vida do homem.
O mesmo profeta teve uma visão. Ele viu a glória do Senhor, e essa visão não é a visão da carne mas sim do espírito. Visão não é algo que vem de nós mesmos, é algo que vem de cima, vem de Deus. O Espírito de Deus revela os propósitos de Deus no espírito do homem regenerado. O que ele viu? O profeta viu o Senhor da glória. No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Isaías 6:1-8.
Tudo começa por uma crise, “no ano da morte”, e nada melhor do que uma crise para revelar a fraqueza. A crise na vida dos filhos de Deus tem como propósito revelar a suficiência de Cristo. Na crise, Deus abre os nossos olhos para vermos a Sua glória, “eu vi o Senhor”. Necessitamos de revelação para ganhar a visão. A visão do que? Da nossa insuficiência, “ai de mim” e, subseqüentemente, a revelação da suficiência de Cristo, “a tua iniqüidade foi tirada”. Esta declaração se assemelha ao brado de vitória pronunciado pelo Senhor, “está consumado”. Aqui está a suficiência da obra da cruz.
A crise do profeta o fez ver o Senhor, e, ao vê-Lo, a sua consciência foi tomada do sentimento de total miserabilidade. Mas encontrou no Senhor a sua libertação, “a tua iniqüidade foi perdoada”.
A visão da nossa incapacidade vem pela revelação da palavra de Deus. Pelo que ainda que te laves com salitre e amontoes potassa, continua a mácula da tua iniqüidade perante mim, diz o SENHOR Deus. Jeremias 2:22. Salitre? Este produto químico tem um efeito semelhante ao da soda cáustica, ácido destruidor. Potassa, solução coada contendo o álcali (ácido usado pra desmanchar gorduras) era evaporada em potes de ferro, formando uma massa marrom, que então era aquecida fortemente em fornos para eliminação dos resíduos de carvão. Estas duas soluções tinham como objetivo a purificação. Estes elementos têm suas origens na natureza, portanto representam as coisas criadas. Isto significa que o poder de purificação não está no poder da criatura e sim do criador. A regeneração do homem é um assunto exclusivamente de Deus.
Quão fundamental é a revelação da nossa incapacidade! Este sentimento de impotência nos levará a encontrar, na Pessoa do Senhor Jesus, a nossa total suficiência. Então, na revelação do que somos, mais a visão do que Deus é, nos conduzirá ao descanso de Deus. O apóstolo Paulo encontrou em Cristo o seu descanso: Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. Filipensses 3:7-9.
No caminho para Damasco, Deus se revelou na Pessoa de Jesus ao apóstolo. Este foi lançado por terra, ficando sem ver por três dias. Estes três dias são representativos, pois para cada dia ele sofreu uma perda: perda da visão do sistema religioso, perda da visão do mundo filosófico e do mundo romano. Estes três mundos eram de grande importância para Saulo, mas, ao ganhar a revelação da grandeza de Deus, ele considerou tudo como lixo. Saulo era um homem forte em si mesmo, ele era auto-suficiente: Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais. Filipenses 3:4.
Mas, a sua força não foi suficiente para sustentá-lo. No caminho para Damasco, o nosso Senhor o lançou por terra. Foi o seu fim. Por isso, ele confessou: Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. Foi o fim de uma vida natural, de uma vida auto-suficiente para encontrar em Cristo o seu descanso. Mas esta experiência não ficou no passado, na vida de Paulo, é para todos que crêem. Se Cristo não for o centro de nossas vidas, jamais encontraremos o genuíno descanso. A despeito de tudo que se vê, se ouve, possui ou sente, nada é suficiente para dar descanso às nossas almas. Quantidade alguma de atividades ou de sucesso nos dará descanso.
O que é que Jesus concede aos que vêm a Si? E quem são os que Ele chama? O nosso Senhor é a fonte de toda a benção, convida a todos os que estão cansados e oprimidos para dar-lhes o descanso. Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30. Talvez os homens desconheçam a origem de toda a miséria, ou seja, a separação de Deus, o pecado. De qualquer modo, o mundo já não satisfazia os seus corações; eram miseráveis e, por conseguinte, os objetos do coração de Jesus.
O amor do Pai, em graça, na Pessoa do Filho, buscou os miseráveis para dar-lhes descanso, não meramente alívio ou simpatia, mas descanso a todo aquele que respondeu ao seu convite. O Senhor é o único que sabe do que precisamos. Ele nos ama de uma maneira exclusiva. Era a perfeita revelação ao coração daqueles que necessitavam de paz, de paz com Deus. Bastava vir a Cristo: Ele se encarregava de tudo e dava descanso. Mas há, no descanso, um segundo elemento. Este segundo elemento se relaciona aos momentos difíceis durante a nossa presença neste mundo. Porque, mesmo quando a alma se encontra perfeitamente em paz com Deus, este mundo apresenta ao coração muitas causas de perturbação.
As “noites escuras da alma” vem para todos de uma forma ou de outra, mas vem. A solidão chega quando Deus parece ter escondido a Sua face. Mas, Aquele que nos convida para Si, oferece perfeito descanso, pois, Ele está “assentado sobre um alto e sublime trono”. Nada pode perturbar aquele que ali se encontra. É o lugar do perfeito descanso para o coração. Conta-se que, há muitos anos, um homem velejou dos Estados Unidos para a Inglaterra num barco a remo com um único assento. Na comemoração da sua chegada, um repórter perguntou à esposa dele se ela teria duvidado do sucesso do marido. Ah, não – respondeu a esposa – eu conheço quem fez o barco.
Como filhos de Deus, podemos dizer: Porque sei em quem, pus a minha confiança, e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu tesouro até esse dia. 2Timóteo 1:12. O nosso Pai celestial é suficientemente grande para manejar tudo. Que Deus nos dê visão para vermos a Sua suficiência para que haja pleno e perfeito descanso das nossas almas! Voa a cotovia e do seu ninho canta./ Anunciando em voz alta / Sua confiança em Deus, e assim é feliz. / Embora surjam nuvens lá no céu. Ela não tem celeiro, e semente não semeia, / Contudo canta bem alto, e vive sem cuidados. /Nos dias nublados, e na escassez do pão, /Ela canta, e envergonha/ Os homens que, com medo da necessidade, se esquecem/ Do nome do Pai celestial./ O coração confiante está sempre cantando,/E se sente tão leve como se asas possuísse;/Dentro dele jorra uma fonte de paz. Tragam o bem e o mal, hoje ou amanhã,/O que quiserem trazer, /Sua vontade sempre há de prevalecer. Do Livro - O Segredo de uma vida feliz. Hanna Whitall Smith.

Solo Deo Glória

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