E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e
carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por
isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se
envergonhavam. Gênesis 2.23-25
Introdução: Antes de tudo, creio que
precisamos lembrar que nossa caminhada é na direção da intimidade com o Senhor
Jesus Cristo e que a sua Palavra é a autoridade absoluta para nossa vida.
Necessário também se faz lembrar, que somos incapazes por nós mesmos de fazer a
vontade de Deus e por isso dependemos Dele inteiramente. Tendo em mente essas
verdades podemos clamar ao Senhor por sabedoria para que possamos viver de
maneira saudável nos nossos relacionamentos e especificamente na família.
Família: o barco e seus tripulantes.
A família é um núcleo
de convivência, unida por laços afetivos, que costuma compartilhar o mesmo
ambiente. Entretanto, esta convivência pode ser marcada pela felicidade ou por
traumas causados por feridas profundas, amor ou amargura dependendo das bases em
que está estabelecida, pode ser um centro de referência, onde aceitamos e somos
aceitos pelo amor, ou uma mera pensão.
Um barco construído para navegar bem
. O capitulo 2 de
Gênesis conta-nos uma história. Começando em Gênesis 1 vemos a atividade
criativa de Deus em plena ação e ao final de cada parte da criação ouve-se um
sonoro: "viu que ficou bom". Todavia, surpreendentemente em Gênesis 2
podemos perceber pela primeira vez Deus dizendo "Não é bom" (Gn 2.18).
Não é bom o homem estar só. Deus criou o homem e lhe deu tudo que precisava para
suas necessidades físicas, mas mesmo assim chega à conclusão que ele ainda
precisava de alguma coisa. Então Deus forma alguém que o auxilie e lhe
corresponda.
A palavra "auxiliar" no hebraico tem a idéia de suprir algo
crucial que está faltando, e na maioria das vezes se refere a Deus, como no
Salmo 54.4 que diz: "Certamente Deus é o meu auxílio; é o Senhor que me
sustem" (Salmos 63:7). "Porque tu me tens sido auxílio; à sombra das tuas
asas, eu canto jubiloso". Adão foi criado com um propósito que deveria ser
cumprido juntamente com Eva. Além de auxiliadora ela deveria lhe corresponder,
ou seja, uma criatura que nenhuma outra poderia ser, ou se encaixar. Charles R.
Swindoll diz que esse era o objetivo de Deus: "União pura, desinibida,
altruísta, abençoada, para ser vivida por duas pessoas, feitas uma para a outra.
Sem barreiras. Sem conflitos. Sem constrangimentos. Sem inibições. Apenas
intimidade." Imagine como viviam os dois, sem o problema que teriam a
seguir.
Deus deixou em sua Palavra a bússola e o mapa para uma boa
navegação desse barco chamado família. A primeira coordenada é a
desvinculação: "Por isso, deixa o homem pai e mãe...". "Deixar",
não deve assumir a conotação de abandonar, mas sim de priorizar a dedicação.
Mesmo honrando e amando os pais, a esposa vem em primeiro lugar e o marido vem
em primeiro lugar.
A segunda coordenada é a permanência: "... e se une à sua
mulher...". Experimente colar duas folhas de papel e depois tente
separá-las. Esse é o sentido da palavra "unir" que descreve absoluta dedicação,
lealdade, amor e amizade. Não se refere a um grude doentio entre o casal, mas a
um relacionamento sadio e forte para viver juntos em qualquer circunstância.
A terceira é a unidade: "... tornando-se os dois uma só
carne". Tornar-se uma só carne não quer dizer uniformidade, mas unidade.
Alguém já disse que Eva não foi criada para ser uma versão feminina de Adão. A
palavra usada para UMA só carne enfatiza a unidade e ao mesmo tempo a
individualidade. Jesus apresenta-nos como exemplo da verdadeira unidade: a
Trindade Divina. São pessoas autônomas, porém, interdependentes e operando em
conjunto em todas as realizações. Notamos que quando essa unidade não é bem
ajustada uma pessoa controla a outra e tira sua liberdade. Não há espaço para
desenvolvimento dos dons, diferentes opiniões sem haver conflito, nem tolerância
para qualquer idéia contrária a do outro.
A quarta coordenada é a intimidade: "Ora, um e outro, o
homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam". Eles não eram
egoístas e o relacionamento era harmonioso e natural entre eles; "a união sexual
deve ter sido a mais prazerosa e a mais gratificante entre tudo o que podemos
imaginar". Viviam sem nenhum medo, inibição ou escolhas mal feitas. Pensavam
somente na satisfação do outro. No entanto, sexo não significa intimidade.
Intimidade é confiar sua vulnerabilidade com total confiança. "Quando o casal
está capacitado a viver em completa intimidade, cada um exerce a sua
responsabilidade principal no casamento – e as responsabilidades do homem e da
mulher são diferentes". Charles R. Swindoll.
Navegando em águas agitadas
. Passando da beleza do cenário
de Gênesis 1 e 2, mergulhamos numa realidade indesejada do capítulo 3. A
tentação agitou o mar da vida do casal e o barco foi violentamente atingido pelo
iceberg do pecado. "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não
se envergonhavam" (Gn 2.25). "Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer,
agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto
e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de
ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram
cintas para si". (Gn 3.6,7). Que desastre! Que conseqüências! Que morte! De
repente o destino que poderia ser a vida eterna, passa a beirar a morte eterna.
Uma decisão e um destino!
Todas as pessoas tomam decisões com base nas prioridades que
têm em suas vidas. Podemos pensar em prioridade como sendo a relativa
importância que damos a pessoas e a coisas. Uma pessoa sem-pre decide com base
em um padrão de valores enquanto toma a decisão, e isto a influencia em maior ou
menor intensidade, dependendo do grau de importância que ela confere a pessoa ou
coisa en-volvida na decisão. Adão e Eva fizeram uma escolha que modificou a rota
traçada por Deus para as suas vidas e isso atingiu diretamente o que eles tinham
de mais importante com Deus e entre si: A INTIMIDADE.
...percebendo que estavam nus
... Adão e Eva começaram a ver
tudo diferente. A nudez para eles nunca foi problema, a atenção deles era
voltada para Deus e para o outro, mas agora seus olhos es-tavam voltados para si
mesmos. Adão deixou de preocupar-se com Eva e concentrou-se nele próprio. Eva
fez o mesmo. O que acontece quando num relacionamento familiar, cada um se
preocupa consigo mesmo?
...coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.
Eles se afastaram um do outro. Envergo-nhados, refrearam as emoções e
impuseram limites à confiança um no outro. Agora tinham algo a esconder, não
somente a nudez, mas com o caráter distorcido, também seus pensamentos e
inten-ções. A liberdade foi castrada e o propósito da unidade estava sujeito ao
fracasso. O sucesso desse relacionamento, manchado pelo pecado, dependeria de um
processo de restauração da graça de Deus.
...esconderam-se da presença do SENHOR Deus
(Gn 3.8).
Também fugiram de Deus. Do mesmo modo que o pecado os afastou um do outro, criou
distância entre eles e Deus. Antes, viam a Deus como o criador que amavelmente
lhes supria tudo, mas agora o pecado havia causado vergonha e medo. A pessoa
envergonhada e humilhada, trás consigo uma síndrome de perfeição para si mesma e
para todos à sua volta. Quando algo sai errado seu sentimento se transforma em
ira e culpa. A culpa provém de uma ação errada. "Eu errei". A vergonha diz que
tem algo errado em mim. "Eu sou o erro".
A seqüência dos fatos ocorridos no Éden não faz baixar a
tempestade, pelo contrário, piora ainda mais a navegação. "Perguntou-lhe
Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que
não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu
da árvore, e eu comi. Deus sabia o que tinha acontecido e não precisava
interrogá-los, mas usou de graça para com os dois. Poderia tê-los julgado sem
dizer uma só palavra, mas preferiu falar abertamente do pecado deles. Em cada
pergunta o Senhor deu a Adão, e depois a Eva, a oportunidade de contar toda a
verdade, arrepender-se e pedir perdão. Entretanto, em cada pergunta iam perdendo
a oportunidade de confessar o seu pecado.
Adão, como o líder e modelo da criação humana poderia ter
assumido sua responsabilidade e agido de maneira amorosa com sua esposa. "...
porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja"
(Efésios 5.23a). Em vez disso Adão quando argüido por Deus, res-pondeu: "foi
essa mulher que o Senhor me deu". Isso deve ter ferido o coração de Eva. O homem
que se referia a ela como "osso dos meus ossos e carne da minha carne", a acusa
para salvar a sua própria pele. Do outro lado e para se livrar, Eva esquivou-se
da responsabilidade. "Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste?
Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi" (Gn 3.13).
Realinhando o curso do barco.
Como anda a navegação no seu
barco? Todos os tripulantes estão presentes e nas suas devidas funções, sendo
assistidos por você marido e esposa? Você gostaria de resgatar o rumo de sua
família e mantê-la concentrada nele? Imagine a diferença no relacionamento entre
Adão e Eva se a conversa tivesse transcorrido de outra maneira? Se mesmo após a
desobedi-ência, ele tivesse confessado a Deus o seu erro e assumido a culpa
protegendo sua esposa? Se você deseja que seu lar seja um porto seguro é preciso
lidar com a realidade de maneira construtiva.
Gire 180º e olhe para a Cruz
. Quando uma família é
impactada pelo amor gracioso de Deus, que nos aceita plenamente em seu Filho
Jesus Cristo, podemos ouvir de Deus um suave sussurro: - "Quando você faz tudo
certo eu te amo e quando você faz errado eu também te amo, te ensino e continuo
te amando". Você pode expressar suas fraquezas. Jesus Cristo colocou tudo na sua
morte e trouxe ressurreição a nossa vida. Esse amor incondicional faz-nos ver
todas as coisas com outros olhos. Olhos de aceitação, perdão e renovação. Pare
de culpar seus filhos, esposa, emprego ou circunstâncias. Arrependa-se, confesse
a verdade ao Senhor; reconheça o plano original de Deus para a sua família e
admita que errou o alvo.
Talvez você tenha cometido muitos erros no relacionamento com
seu cônjuge e filhos, mas não permita que isso o impeça de transformar sua
situação atual em motivo de louvor a Deus. "A esperança bíblica não nega a
existência de problemas, mas crê que Deus é maior que qualquer um deles." Por
isso as decisões erradas do passado não nos impedem de tomar decisões acertadas
no presente e no futuro. "Nunca é tarde demais para começar a fazer o que é
certo".
"Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo" 1 Coríntios 15.57 .Soli Deo Glória. |
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
FAMÍLA:PORTO SEGURO OU ONDE SOMOS FERIDOS
A EXALTAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS 10
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
O DESVENTURADO LOUVADOR
domingo, 3 de fevereiro de 2013
DOENÇAS FAMILIARES
Então se chegou a ele a mulher de Zebedeu com seus
filhos, e adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: que queres? Ela
respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua
direita, e o outro à tua esquerda. Então se aproximaram dele Tiago e João,
filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos
pedir. E ele lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça? Responderam-lhe:
Permite-nos que na tua glória nos assentemos um à tua direita e o outro à tua
esquerda. Mateus 20:20-21 e Marcos 10:35-37.
Parece que há uma certa discrepância aqui nas narrativas dos
dois evangelistas, pois Mateus sugere que foi a mãe dos discípulos quem fez o
pedido, porém Marcos mostra os próprios discípulos apelando a Jesus. Entretanto,
não me parece que haja propriamente uma contradição, desde que Mateus se refere
à mãe juntamente com os seus filhos, entrando com o pedido. É possível que a mãe
tenha falado em primeiro lugar e que os filhos logo em seguida tenham tido a
ousadia de expressar os seus sentimentos.
Neste episódio há outros elementos igualmente intrincados nas
entrelinhas que devemos considerar com mais atenção. Creio que os dois relatos
vêm revelar algo muito além de uma possível contradição textual, uma vez que
estamos diante de uma relação familiar um tanto complexa. Aqui vemos a mãe se
antecipando na tentativa de resguardar uma posição de destaque para os seus
filhos, já que está em jogo neste apelo a proeminência dos seus rebentos no
cenário do reino de Cristo.
A solicitação daquela senhora evidencia uma necessidade de
realce sobre as outras pessoas, o que de certo modo, confirma uma característica
de inferioridade. Talvez possamos observar nesta aspiração algo semelhante a um
rebaixamento emocional, porque a família mostra sintomas de aviltamento. A
preocupação com o relevo dos rapazes assentados na plataforma principal
demonstra uma deficiência no conceito da personalidade. Muita gente
inferiorizada precisa de assessórios especiais para compor sua imagem no palco
das apresentações carentes.
O pecado deformou a dignidade do ser humano e vemos os nossos
primeiros pais usando os seus aventais como ornatos para tentar cobrir a nudez e
compensar sua imagem perante a face de Deus e a opinião do outro. Daí em diante
a raça de Adão foi invadida por todos estes mecanismos de regulagem que servem,
de alguma forma, para indenizar os prejuízos causados com a falta de valor
pessoal. Assim sendo, muitos expedientes não essenciais têm sido agregados à
pessoa, a fim de lhe garantir aceitação no meio social. Observe, por exemplo,
como a grife dos estilistas ganha peso na apreciação dos mais carentes.
Somos uma sociedade de carentes emocionais e quanto mais
desprovidos dos valores essenciais da pessoa humana, mais necessitados nos
sentimos dos recursos anexos para garantir nossa aceitação no contexto da
coletividade. Todas as pessoas portadoras de um sentimento subalterno vão sempre
se considerar em desvantagem com relação às outras, e vão tentar, de alguma
forma, buscar um certo qualificativo que possa acrescentar um sentido de
importância à sua identidade.
Os dois discípulos de Jesus dão a entender que sofrem de um mal
profundo de mendicância psicológica e que esta insuficiência era um problema
familiar. O protecionismo pegajoso da mãe estampa uma grande falta de equilíbrio
na educação dos seus filhos e uma ausência maior de limite, impondo seu anseio
dominante aos marmanjos imaturos. Os pais enfermos adoecem sua prole. Um lar
carente de aceitação propõe todo o tipo de ascendência social, para que os
filhos sejam reconhecidos. Nada pode ser mais trágico no processo educativo do
que oferecer alternativas de significado, baseadas nos atributos adicionais de
importância familiar, poder, riqueza, posição e títulos.
A proposta da mulher de Zebedeu é uma clara manifestação de
falta de princípios éticos e uma característica marcante de uma pessoa
dominadora que sufoca os filhos com suas ambições de grandeza. O medo da
rejeição insuflado pelos anseios de reconhecimento faz uma pessoa se tornar
ridícula, buscando aceitação a qualquer custo, por isso que o estilo manipulador
de uma personalidade autoritária sempre converte um favor em mandamento. Os
traços típicos da doença arrogante se evidenciam no papel político da
manipulação que bajula aquele que se encontra no alvo dos seus interesses, a fim
de levar vantagem.
A dona fulano-dos-anzóis-carapuça era uma enferma psicológica
que assediava a vítima do seu bote, no caso Jesus, com veneração. Adorando-o
pediu-lhe um favor... Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se
assentem... A estratégia do insano emocional é conquistar os seus objetivos
proveitosos usaando as pessoas com elogios e louvação, como se fossem meras
agências de corretagem. Conhecendo a fragilidade humana e a profunda carência de
atenção que todos nós temos, o aproveitador lambe as feridas dos despojados com
cuidados especiais e lisonjas, para em seguida apossar-se do seu intuito. Assim,
a mulher queria fazer de Jesus um mero trampolim para alcançar seus propósitos.
A doença familiar é contagiosa. A mãe dominante e ambiciosa
acabou propagando o apetite da grandeza nos seus filhotes, uma vez que Tiago e
João estão agora cobiçando as cadeiras do trono. Sendo portadores de uma
natureza soberba em conseqüência do pecado, e criados num ambiente pressionado
pela grandeza, eles foram invadidos de um sentimento de importância que só se
importa com as coisas elevadas e os lugares realçados. Noa seio de uma família
oprimida pela patologia da miséria, freqüentemente um complexo de superioridade
assume o comando que impulsiona toda energia para o tope do poder.
A atmosfera envolvente da família ambiciosa gera uma paixão
contida pela glória inebriante e, ao mesmo tempo, um anseio irreprimível pela
exaltação do homem. Trava-se, então, a luta entre os conceitos morais da
humildade social e os desejos incontroláveis do coração intrigado com sua
grandeza, econhecimento e domínio. Num contexto complexo de sentimentos
abafados, em que entram o desejo, o medo e a fantasia, o paciente febril se
perde num jogo de conveniências e interesses, procurando um lugar onde possa
exibir seus talentos aperfeiçoados, a fim de ser aceito.
Jesus põe o dedo na ferida quando trata com os dois discípulos
cegos de ambição, propondo um antibiótico de última geração.Para esta vida
contaminada pelos vírus nobilíssimo e nobilitante só há um remédio a ser
prescrito, o xarope amargo do Calvário. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o
que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu
sou batizado? Marcos 10:38. Os discípulos responderam que podiam, e o Senhor
mostrou claramente, que só o cálice amargoso da cruz com o seu batismo na morte
era capaz de curar o mal universal da teomania e a insidiosa doença familiar da
glorificação pessoal.
A raça humana padece de uma hipertrofia exagerada na
personalidade e cada pessoa sofre de um mal que só pode ser diagnosticada como a
macromegalia-ególatra exibida, com a presunção de "top of mind". A única terapia
eficiente e eficaz para esta moléstia tão grave é a morte do esnobe
exibicionista na mesma cruz com Cristo. Não há outro medicamento na face da
terra capaz de curar a doença da alma, mais difícil de diagnosticar, pois muitas
vezes seus sintomas estão dissimulados com a máscara da espiritualidade mística
ou disfarçados em humildade farisaica.
Não podemos brincar com a nossa saúde espiritual, já que Deus
providenciou uma saída adequada para solucionar este problema. Tiago e João
foram curados deste mal comum, com o genérico da farmácia divina, na
crucificação com Cristo, e nós, também temos garantido o nosso tratamento
permanente no mesmo hospital da graça, onde os dois discípulos enfermos forma
clinicados. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos
para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11.
Nenhum cristão autêntico pode almejar ser ilustre no mundo em
que o Senhor do universo viveu como um pobre desconhecido. Na terra em que Jesus
estabelece o seu reino com uma bacia nas mãos, lavando os pés de pescadores, eu
não posso pensar numa coroa enfeitando a minha cabeça. Toda necessidade de ser
importante ou reconhecido perante o mundo reflete uma distorção profunda no
caráter daquele que se diz ser filho de Deus. Mas os discípulos de Jesus
entalhados no Calvário jamais trocarão a glória da cruz pelo brilho fosco de uma
mídia alucinada pela notabilidade, nem pelos aplausos tolos das platéias ávidas
por ídolos. Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim
como ele andou. 1 João 2:6. Neste planeta onde Deus foi, por mais de três
décadas, um habitante humilde sem qualquer sinal de importância, eu não devo me
envolver com as migalhas medíocres de uma estimação que nada vale perante os
critérios dos céus. Gosto de ler um pensamento de Andrew Murray neste
contexto, que bem define o caráter de um cristão autêntico: Como a água se
infiltra nos lugares mais baixos, assim Deus lhe sacia de sua glória e poder
quando o encontra humilhado. Uma pessoa que busca sua importância naquilo
que é insignificante para Deus, acaba perdendo todo o significado de sua
existência, para Deus, neste mundo, mas aquele que traz as marcas de Cristo pode
viver com o mesmo sentimento de Cristo. Tende em vós o mesmo sentimento que
houve também com Cristo Jesus... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente
até a morte e morte de cruz. Filipenses 2:5 e 8.
Soli Deo Glória.
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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
O QUE SOMOS ?
Como sou infeliz! Quem me libertará desse corpo destinado à
morte? Romanos 7:24.
Quão difícil é admitir que somos infelizes! Como é difícil
refletir sobre as suas causas uma vez que ela pode estar presente, ainda que
nada especificamente nos falte. Somos propensos a transferir a responsabilidade
da nossa infelicidade para algo fora de nós. Pois, julgamos que a causa da mesma
está em não possuir “coisas”.
Diferentemente do que julgamos ser a causa de nossa
infelicidade, através das Escrituras somos levados a ver que, o nosso problema
ou, a causa da nossa infelicidade, está dentro de nós.
E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre
a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má
continuamente. Gênesis 6:5. Esta é a condição de todo homem perante Deus.
Isto significa que a nossa infelicidade vem de dentro de nós - “imaginação dos
pensamentos”. Além do mais, não só somos infelizes, mas também agressivos.
O apóstolo Paulo fala desse comportamento agressivo de forma
assustadora. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há
ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e
juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas
tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca
está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar
sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da
paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Romanos 3:10-18.
Esta é a revelação mais completa e conclusiva da condição do
homem. Ela condena a pecaminosidade do homem, lançando alicerces seguros para
que dela possamos ter convicção justa, sob dois aspectos: Primeiro, o homem
corrompeu os seus caminhos – fruto inevitável de uma natureza rebelde. Segundo,
a inabilidade do homem em reconhecer e agir em função desta verdade que revela a
extensão de sua depravação.
É um quadro triste, mas verdadeiro, do estado a que chegamos.
Não estamos sendo “responsabilizados” por qualquer transgressão ou pecados
particulares, isto é, não somos pecadores porque pecamos, mas pelo estado a que
eles nos fizeram chegar, numa herança ininterrupta desde Adão.
Todos se afastaram de Deus, a fonte da Vida, e, como resultado,
a humanidade se tornou podre, corrupta e completamente inútil para Deus. Nem uma
única alma faz algo que é bom, porque “todos estão podres até o âmago”:
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem,
não há sequer um. Romanos 3:12.
“A sua garganta é um sepulcro aberto, com as suas línguas
tratam enganosamente”. Este é o abismo devorador dos homens. Talvez nada
demonstre a perversidade do homem mais claramente do que o vil desvirtuamento da
nobre faculdade da fala.
A garganta é comparada com um sepulcro aberto, o que pode
sugerir o desejo de devorar a sua vítima escolhida ou, a poluição que é
espalhada pelos maus odores da corrupção. Por outro lado, a língua enganadora
alcança seus desígnios maldosos através das palavras adocicadas da lisonja.
O horrível quadro se conclui assim: “Os seus pés... seus
caminhos... não conheceram o caminho da paz”. Pés devastadores e impiedosos que
esmagam, caminhos de destruição e gritos de miséria deixados por onde passam, e
tudo isto porque não conheceram o único caminho da paz.
A conclusão dessa manifestação monstruosa emana de uma
“desconsideração” dos nossos primeiros pais, por não crerem na palavra de Deus.
Somos frutos de uma só desobediência. Pois assim como por uma só ofensa veio
o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de
justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Romanos
5:18.
“Assim também por um só ato de justiça”. Eis a grande mudança!
Há esperança para nós, homens mergulhados no caos. Deus interveio: “a graça se
manifestou salvadora a todos os homens”. Todos nós estávamos sob a condenação e
nada podíamos fazer por nós mesmos.
Portanto, se o homem que merece a punição tem de escapar da
mesma, isto terá de ser através da extensão da misericórdia de Deus, da extensão
de Sua própria natureza, que é amor. Ali se acharam em grande pavor, porque
Deus está na geração dos justos. Vós envergonhais o conselho dos pobres,
porquanto o SENHOR é o seu refúgio. Oh, se de Sião tivera já vindo a redenção de
Israel! Quando o SENHOR fizer voltar os cativos do seu povo, se regozijará Jacó
e se alegrará Israel. Salmos 14: 5-6-7.
Quando toda a raça humana, representada por Adão, estava,
perante Deus, condenada, perdida, arruinada como uma massa de miséria e de
pecado, sem mostrar vergonha, sem derramar uma lágrima, sem dar um grito, sem
proferir um pedido de socorro, a misericórdia divina prometeu o Salvador na
pessoa de um Deus encarnado que desceu à terra.
Tudo era tenebroso quando essa chuva benfazeja veio sobre a
terra: E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, o maná descia
sobre ele. Números 11:9. A cegueira de espírito cobria o mundo como um
espesso véu, mas o maná descia sobre ele. Com a vinda da manhã, dissipava-se a
camada de orvalho, e deixava-se ver claramente o maná. Foi assim que, tempos
depois, nosso Deus se fez homem para retirar a “camada de orvalho” que se
estendia sobre todos os homens.
. Assim como O sol dissipava a camada de orvalho para que eles
pudessem ver o maná, assim também, o Sol da Justiça dissipou as trevas para que
pudéssemos ver o tesouro, o nosso Senhor Jesus, o único alimento de nossas
almas, o nosso tudo.
O nosso Senhor Jesus era a justiça de Deus personificada no
corpo humano. Viveu nesta terra, tão perfeito como Deus é perfeito; sempre puro
como os raios do sol. Sua impecabilidade era exigida pela redenção. Aquele que
se manifestou para resgatar as almas de seus pecados devia ter uma alma isenta
de pecado.
Os pecados dos pecadores são infinitos, a injustiça de cada
alma é sem limites; contudo, aquele que se entrega aos cuidados do Salvador, que
se reveste de Sua justiça, descansará sob a ilimitada graça e justiça de Jesus
Cristo. “Por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens”.
O custo desse ato de justiça foi “gratuito” para nós. Mas, foi
pago por Aquele que deu Sua vida “em resgate de muitos”. O coração do Evangelho
é o fato de que na cruz Deus publicamente propôs Cristo como uma “oferta
propiciatória,” como o meio escolhido para satisfazer as exigências da justiça
divina. Isto significa que Deus em Cristo imputa Sua justiça sobre o
injusto.
E o momento dessa transação se deu na Cruz. E eu, quando for
levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que
morte havia de morrer. João 12:32-33. O nosso Senhor Jesus Cristo, ao ser
levantado da terra sobre a cruz, nos atraiu para Si.
Levantado na cruz, entre Deus e o mundo, e levando sobre Si o
pecado de todos os homens, Cristo tornou-Se o ponto de atração para todo homem
vivente. O propósito dessa atração era para que o homem fosse restaurado à
comunhão com Deus e com Jesus Cristo. Jesus tornou-se o centro de atração para
todos, porque todos os homens estavam separados de Deus.
A cruz é o instrumento de Deus para que, por graça, todos
venham a Jesus e encontrem a Vida pela morte do Salvador. Na verdade, na
verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele
só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste
mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. João 12:24-25.
Era chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Ora,
para tal, era necessário que o precioso grão de trigo, caindo na terra,
morresse. Se não morresse, ele ficaria só. O Nosso Senhor enfrentou a morte, e
morte de cruz. E, nesse momento, a nossa natureza espiritual, condenada por
Deus, entrou no corpo do nosso Senhor Jesus Cristo. Fomos unidos na Sua morte e
também em Sua ressurreição.
A porta de entrada para sermos salvos de nós mesmos é pela
nossa identificação na morte e ressurreição de Cristo. Somos agregados à família
de Deus pela morte. O novo nascimento advém da morte. Insensato! O que tu
semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. 1 Coríntios 15:36.
Todo aquele que está fora de Cristo está sob o peso do pecado.
“Aquele que tem o Filho tem a vida” e aquele que tem a vida tem a justiça
também. Assim como a imputação do pecado foi uma realidade para Cristo, a
imputação da justiça ao que crer, também é uma realidade.
O verdadeiro e incontestável fundamento da paz é este: que as
exigências da natureza de Deus, quanto ao pecado, foram perfeitamente
satisfeitas. Os sofrimentos do Cordeiro constituem o esplendor e a glória da
revelação de Deus. Tire a cruz, cale-se o brado da morte: a que se reduz a
mensagem do Evangelho?
Mas, bendito seja Deus que a cruz é uma realidade viva. A cruz
se eleva até o mais alto dos céus. Um Deus homem nela derramou o sangue; a
espada da justiça foi enterrada inteiramente em Seu coração.
O lado traspassado de Cristo é a obra de Deus; o refúgio
preparado por Deus para os que Nele se refugiam - a Rocha eterna. Eis que eu
estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela
sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos
de Israel. Êxodo 17:6.
A água da rocha que dessedentou os peregrinos no deserto tinha
um sabor doce e refrescante. Para os filhos de Deus, são ainda mais doces e
refrescantes as águas que saem da verdadeira Rocha, que é Cristo. Por certo,
todo aquele que bebeu dessa água deseja beber mais e mais.
Alegrai-vos,
glorificai, filhos de Deus, nesta cruz única, ela é suficiente, o seu preço foi
suficiente. Bendito seja o nosso Senhor Jesus! O Seu único sacrifício foi a
salvação plena. Desgraçado de mim se rejeitá-Lo. Mas aquele que beber da água
que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma
fonte de água que salte para a vida eterna. João 4: 14.
Soli Deo Glória.
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
AGRADÁVEIS A DEUS EM CRISTO
E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo. Mateus 3:17
A expressão “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”
está registrada no livro de Mateus, em três momentos. O primeiro registro
aparece no texto que escolhemos como base deste estudo. Logo após o batismo de
Jesus os céus se abrem para Aquele que é digno de adoração – Jesus, objeto de
toda a afeição de Deus na terra. O Espírito Santo desce sobre Ele de forma
visível. E Ele, Homem na terra, toma o Seu lugar com os pecadores.
Jesus é em Si mesmo, o objeto sobre o qual os céus se abrem. O
Céu olha para Jesus como perfeito alvo do Seu amor. O Pai se deleita no Filho, o
Homem obediente na terra – o verdadeiro Pastor.
O segundo registro aparece na confirmação do Seu propósito aqui
na terra: Para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta Isaías:
Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz.
Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios.
Mateus 12:17-18. Esta citação de Isaías 42:1-4, evidentemente, foi introduzida
no livro de Mateus pelo Espírito Santo, para que a posição do Senhor ficasse
claramente configurada, antes de se abrirem as novas cenas que testemunham a Sua
rejeição.
Observa-se nessa passagem que não lhe é dado o título de Filho,
mas de Servo, revelando assim, a Sua missão pela qual Ele veio a este mundo -
Servir. Deus-Homem entre os homens, em perfeita harmonia com o Seu caráter.
Harmonia em que, a Graça e a Verdade iriam atuar no mundo condenado por causa do
pecado. Porquanto, agora, na soberana Graça de Deus Pai, é o Filho, como Servo,
que vem trazer descanso ao cansado e libertação aos cativos.
O Seu total esvaziamento em forma de homem, na condição de um
servo, a morte ignominiosa como um malfeitor e a Sua ressurreição: estas são as
etapas do caminho que O levou à glória.
O terceiro e último momento em que aquela expressão aparece foi
no monte da transfiguração: Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os
envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo; a ele ouvi. Mateus 17:5. Novamente, o Pai proclama que Seu
Filho é o objeto de toda a Sua afeição; que encontra Nele todo o Seu prazer. E,
a ênfase aqui está em “a Ele ouvi”. É a Ele que os discípulos devem
ouvir.
Cristo está ali só, não mais a lei na figura de Moisés e nem
Elias tipificando os profetas. Moisés e Elias saem de cena, eles não falam mais.
Cristo está ali só, como Aquele que deve ser glorificado e ouvido.
Deus fala do Seu Filho aos discípulos, não como sendo digno do
amor deles, mas como objeto das Suas próprias delícias. O Filho é o alvo de todo
o prazer do Pai, assim como, no Filho, também nós tornamo-nos alvos do Seu
amor.
Que maravilhosa e divina condescendência! Aquele que sonda os
corações entregou o Seu próprio Filho à vontade da Criação. E aqueles que O
receberam foram colocados numa mesma relação com o Pai, isto é, foram feitos
também objetos do amor do Pai. Isto significa que, em Cristo, nos tornamos alvos
do Seu amor: Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis
a si no Amado. Efésios 1:6.
Observem que no texto não está escrito que nos tornamos
agradáveis a Deus em nós mesmos. Se isto fosse possível haveria diferentes
graduações pelas quais seriamos contemplados. Isto é, Ele se agradaria mais de
um do que do outro. E, isto não condiz com o caráter de Deus. Fomos feitos
agradáveis a Deus somente em Cristo. O mais débil e fraco crente está no mesmo
nível daquele considerado como o “mais notável e brilhante entre os crentes”.
Este é um dos fundamentos da fé cristã: “tornados agradáveis a
Si, no Amado”. É por isso que só em Cristo temos a medida daquilo que somos
incapazes de avaliar porque, Ele é, de maneira completa e adequada, as delícias
de Deus. .
A maravilhosa verdade é que: Nós nos tornamos agradáveis a Deus
pelo fato de estarmos em Cristo, e não porque fizemos ou deixamos de fazer algo.
O único fundamento seguro, que nos mantém conscientes da nossa aceitabilidade e
agradabilidade diante de Deus, está no fato de estarmos em Cristo.
Não caia na tentação de pensar assim: “Hoje foi um dia
maravilhoso, li a Bíblia, orei e preguei, por isso, Deus se agradou de mim e me
sinto muito bem diante Dele”. Ou então: “hoje foi um dia péssimo, não orei, não
li a Bíblia, não evangelizei, por isso, eu sinto que desagradei a Deus”. No
momento em que acharmos que podemos agradar a Deus lendo mais a Bíblia, orando
mais ou agregando qualquer outro elemento “religioso” para sermos aceitos diante
Dele, estaremos negando o sacrifício de Cristo.
O grande fato é que Deus Pai está plenamente satisfeito com Seu
Filho. E se você está seguro quanto à sua experiência em Cristo, Deus está
satisfeito com você. É indispensável que se tenha no coração este fato: Que Deus
olha tudo a partir de um único ponto de vista; avalia tudo por uma única regra;
prova tudo por um único critério, e que governa tudo por meio de Cristo.
Tudo foi feito para Cristo e tudo sem Cristo nada tem valor.
Muitos serviços podem ser realizados e oferecidos através de nossos lábios e de
nossas mãos, mas aos olhos de Deus será levado em conta somente o “serviço” que
procede da Vida de Cristo em nós.
O propósito de Deus é Cristo. O que precisamos aprender diante
de Deus é que: Ele nos deu Seu Filho. Tudo o que Deus nos quis dar, Ele nos deu
em Seu Filho. Deus não nos deu “coisas espirituais”; Ele nos deu a Si mesmo no
Filho.
Pessoalmente, Ele é a imagem do Deus invisível. O amor, a
santidade e a perfeição sem mácula estão unidos em todos os Seus caminhos. Nele,
“Deus nos fez agradáveis no Amado”.
Tudo isto significa que estamos perante Deus porque Cristo nos
introduziu na Sua presença. Porém, Ele não poderia nos levar à Sua presença, sem
primeiro nos assemelharmos a Deus. E, a fim de nos fazer semelhantes a Ele e nos
tornar Suas delícias, Ele nos conduziu primeiramente para a Cruz, uma vez que,
todos nós nascemos sob o peso da condenação e sem forças para sair deste
estado.
Como pecadores convictos, contemplamos a Cruz de Nosso Senhor
Jesus Cristo, e vemos nela aquilo que satisfaz todas as nossas necessidades. A
Cruz do nosso Senhor Jesus expressa o profundo amor de Deus aos homens, porque
estes nada podiam fazer por si mesmos.
Então, a primeira lição que precisamos aprender é que somos,
por natureza, rebeldes, separados de Deus e sem condições de caminhar em Sua
direção. Por isso, foi necessário um poder vindo do Céu.
A Cruz foi este poder. Lá na Cruz o Senhor Jesus nos atrai para
Si: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto
dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. João
12:32-33.
Atraídos em Seu corpo lá na Cruz somos identificados com Cristo
na Sua morte. Nas palavras de Evan Hopkins: “Nós morremos com Cristo; isto é
verdade, como pode ser dito, no sentido judicial. Mas, isto não é o suficiente.
Tem que haver a unidade experimental com Cristo na Sua morte. O fato histórico
tem que se tornar uma realidade experimental. O que é uma verdade para nós, tem
que se tornar verdade em nós”.
Identificados em Cristo na Sua morte e ressurreição nos
tornamos a Sua habitação. E, esta Vida de Cristo é a vida que agrada a Deus.
Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória. Colossenses. 3:3-4
Ouça o testemunho de Hudson Taylor: “Como tenho sido feliz,
desde que Cristo passou a habitar em meu coração pela fé! Estou morto e fui
sepultado com Cristo – ah, e ressuscitei também! E agora Cristo vive em mim, e
“esse viver que, agora, tenha na carne, vivo pela fé do Filho de Deus, que me
amou a si mesmo se entregou por mim”.
Nem deveríamos olhar para esta experiência, estas verdades,
como se fossem pequenas. Elas são o direito de nascença de cada filho de Deus, e
ninguém pode desprezá-las sem desonrar nosso Senhor.
O grito em alta voz do Salvador ao morrer é a prova de que Ele
mesmo deixou a Sua vida, voluntariamente. Em plena posse de Sua força, Ele nos
introduz na presença da Santidade Perfeita e, sem véu, abole o pecado que nos
impedia de lá entrarmos.
Por Jesus, temos comunhão com Deus. Em Cristo Jesus, somos
santos e irrepreensíveis diante Dele em amor. ...assim como nos escolheu nele
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor... Efésios 1:4
Fomos admitidos e aceitos incondicionalmente na família de
Deus, pelos méritos do Senhor Jesus. Antes, inadequados quanto à natureza
pecaminosa, agora, em Cristo, agradáveis a Deus. Podemos não estar em íntima
relação com Ele, contudo, somos amados como se estivéssemos em profunda comunhão
com Ele. É uma posição de perfeita felicidade estar na Sua presença.
O nosso coração encontra o descanso nesta posição. Porque a
nossa aceitação está fundamentada nos méritos de Jesus. Assim, a nossa posição
foi construída e estabelecida segundo os planos de Deus e pela eficácia da Sua
obra em Cristo.
E assim, somos um povo, uma família celestial, segundo os
desígnios e os planos de Deus, que existe como fruto dos eternos pensamentos de
Deus e da Sua natureza de amor – o que aqui é chamado “a glória da Sua Graça”.
Tudo isto, pois, é para louvor da glória da Sua Graça, segundo
a qual Deus atua para nós em Cristo. Cristo é a medida dessa Graça; toda a
plenitude dessa Graça é revelada para nós. Em Cristo somo aceitos por Deus em
aroma suave. E andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. Efésios 5:2.
Amém
Soli Deo Glória.
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O SEGREDO DE DAVI
Davi é uma das
figuras mais preeminentes entre os personagens da Bíblia e também da história.
Sua vida é retratada em aproximadamente 66 capítulos, enquanto a vida de Abraão
e José, em cerca de 14 capítulos; Jacó, 11 e Elias, 10. O Novo Testamento faz
cerca de 59 referências a sua vida. Além disso, em nenhum momento no Novo
Testamento, Jesus é chamado como filho de Abraão ou filho de Jacó mas, inúmeras
vezes como Filho de Davi.
Uma das
características marcantes de Davi é o seu caráter polivalente. Davi foi pastor
de ovelhas, poeta, músico, comandante de guerra e considerado o maior rei de
Israel. Contudo, a mais sublime distinção deste homem, foi ter sido considerado
como o homem segundo o coração de Deus. Atos 13.22. Isto aconteceu, quando da rejeição de Saul
como rei de Israel. Saul era desobediente ao Senhor. Então, o sacerdote Samuel
recebeu a missão de Deus para ir até a casa de Jessé, para este ungir um novo
rei, um homem segundo o seu coração. O sacerdote Samuel, logo que viu a Eliabe,
o filho mais velho de Jessé, disse consigo: é esse, o homem de
Deus. Foi quando ouviu
a voz de Deus: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura,
porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o
exterior, porém o Senhor, o coração. 1 Samuel 16.7. O homem presta atenção na aparência, no
exterior, mas Deus tem outro critério, Ele olha para o coração. Aqui está uma
grande pista para o segredo de Davi.
Naquele dia, após
passar os sete filhos de Jessé diante do sacerdote, foi escolhido o filho mais
novo, um jovem pastor de ovelhas. Tomou Samuel o chifre de azeite e o
ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se
apossou de Davi. 1 Samuel 16.13. O tempo decorrido entre o dia em que foi
ungido, até que ele assumisse o trono, foi de aproximadamente 14 anos. Foram
muitas as batalhas que Davi teve de enfrentar. Sem sombra de dúvida, a batalha
mais famosa e empolgante do Velho Testamento é a batalha de Davi com o gigante
Golias. Neste confronto, vemos que o Espírito do Senhor já estava operando em
Davi para ensiná-lo a não se preocupar com o que se vê, mas a desenvolver um
coração cheio de confiança em Deus. Nisto reside o segredo de Davi. Mas, antes
de mais nada, é preciso lembrar que todos nós temos os nossos gigantes diante
dos olhos. Quais sãos os seus gigantes ?
Davi e
Eliabe
O vale de Ela seria
mais uma vez o palco de uma sangrenta batalha. De um lado, o exército de Israel
estava entrincheirado na encosta do monte e, do outro lado, estava o exército
filisteu. Então, saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo
nome era Golias, de Gate, da altura de seis côvados e um palmo. 1 Samuel
17.4. Isto significa
que Golias media quase três metros. O texto continua descrevendo que ele vestia
uma cota de malha de metal, um escudo de proteção para o corpo todo, cujo peso
era de 80 a 90 quilos. Tinha caneleiras de bronze nas pernas e uma grande lança
pendurada nos ombros. Somente a ponta da lança pesava seiscentos siclos de
ferro, ou seja, de 9 a 11 quilos. Além disso, tinha um capacete de bronze, e
enorme escudo que era carregado por um soldado que ia na sua frente. Você
enfrentaria um homem desses? Foi esta a proposta dele. Golias desafiou o
exército de Israel a enviar apenas um homem para uma batalha representativa, uma
luta entre apenas duas pessoas. Quem ganhasse, traria vitória para o seu
exército. Isto é uma tática geralmente usada no mundo oriental.
Enquanto isso, em um
pequeno povoado de Belém, Davi recebia de seu pai a incumbência de levar uma
encomenda para os seus três irmãos no campo de batalha. Depois de deixar o seu
rebanho com outro pastor, seguiu em direção ao vale de Ela. Chegou ao
acampamento quando já as tropas saíam, para formar-se em ordem de batalha, e, a
gritos, chamavam à peleja. 1 Samuel 17.20b. Davi ficou estarrecido com o que viu.
Todos os israelitas, vendo aquele homem, fugiam de diante dele, e temiam
grandemente. 1 Samuel 17.24. Ele sentiu a aflição e o desespero dos
mais valorosos homens de guerra do seu povo. Davi estava tomando
informações sobre o que estava acontecendo, quando aproximou-se Eliabe.
Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais velho, falar aqueles homens acendeu-se a
ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas
poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a tua maldade;
desceste apenas para ver a peleja. 1 Samuel 17.28 A igreja está cheia de Eliabes. Pessoas
prontas para nos julgar e fazer os seus comentários mordazes. Eliabe servia de
lixa para aprimorar o caráter de Davi.
Se fosse qualquer
outro, talvez ficaria dando justificativas ou tentando provar que seu irmão
estava errado, mas não Davi. Ele apenas o ignorou. Davi sabia com quem lutar e
quem deixar de lado. Ele não tinha tempo para perder com batalhas erradas. Nós
também precisamos lembrar que a nossa luta não é contra carne e sangue, e
sim contra principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais. Efésios
6.12. Não podemos
aceitar pequenos e inúteis confrontos com os membros de nossa família e irmãos
da igreja, por não terem a mesma opinião ou visão sobre determinadas questões.
Davi tinha um coração cheio de confiança no Senhor. Quando Eliabe e Davi viam a
mesma situação, tinham reações distintas. Enquanto Eliabe viu Golias proferir
blasfêmias com um coração esmorecido, Davi viu uma possibilidade de Deus
manifestar o seu poder. Eliabe fez uma avaliação como um soldado de guerra, o
problema exterior dominava os seus pensamentos e angustiava seu coração. Para
Davi, o soldado filisteu era um desafio para colocar a sua fé em
ação.
Davi e
Saul
A fé de Davi
sobrepunha a realidade. Andamos por fé, e não por vista. 2 Coríntios
5.7. Davi não se deteve
diante do tamanho de Golias e do poder de destruição de suas armas, mas prestou
atenção na grandeza de Deus e na oportunidade Dele ser glorificado.
Diante das diabruras
de Golias, Davi quebra todos os protocolos e resolve enfrentar o gigante. O
exército o considerou um intruso, mesmo assim, ele acabou na tenda do rei Saul.
Coitado do garoto,
dizia os cochichos dos soldados experientes de Saul. Porém, ignoravam que havia
um poder maior, ou melhor, uma Pessoa que acompanhava o pequeno pastor de
ovelhas. Davi se tornou por alguns momentos motivo de piadas e chacota, mas
somente por um momento. Saul, olhando com piedade para o moço disse: Não
podes lutar contra Golias! Sabes contra quem te levantas? Já viste o tamanho
dele? Contra o filisteu não poderás ir para pelejar; pois tu és ainda moço, ele,
guerreiro desde a sua mocidade. 1 Samuel 17.33. O problema não era apenas Golias. Para
enfrentar a batalha contra o gigante, era preciso vencer os incrédulos. Davi
reconheceu Golias como o seu próprio inimigo. Sabia que Golias era uma ameaça
para cada homem, mulher e criança da terra. Era preciso se livrar
dele.
Então, Davi explica o
motivo de sua convicção para Saul. Respondeu Davi a Saul: Teu servo
apascentava as ovelhas de seu pai; quando veio um leão ou um urso e tomou um
cordeiro do rebanho, eu saí após ele, e o feri, e livrei o cordeiro da sua boca;
levantando-se ele contra mim, agarrei-o pela barba, e o feri, e matei. O teu
servo matou tanto o leão como o urso; este incircunciso filisteu será como um
deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. 1 Samuel
17.34-36. Davi tinha um
histórico bastante vivo dos livramentos do Senhor. É verdade que ele nunca tinha
enfrentado um guerreiro profissional, mas sabia que para Deus não interessa o
tamanho do problema, porque Ele sempre é maior. Ao enfrentar gigantes, é preciso
trazer à memória as nossas vitórias passadas. Logo perceberemos que Deus agiu de
formas surpreendentes no passado, e isso nos enche de fé para enfrentar os
nossos problemas e tribulações do presente.
Saul resolveu deixar
o garoto ir e ainda quis ajudar. Saul vestiu a Davi de sua armadura. 1
Samuel 17.38. Mas logo
Davi percebeu que a armadura só servia para o próprio Saul. Decidiu então,
enfrentar o gigante com as suas próprias armas: uma funda e um cajado. Ele tinha
plena convicção de que a vitória não dependia dos métodos de guerra, mas do
Senhor da guerra.
Davi e
Golias
Gigantes normalmente
gostam de intimidar os seus oponentes, e era isto que Golias fazia. Do outro
lado do rio, Golias esbravejou por quarenta dias: Dai-me um homem. 1
Samuel 17.10. E a
resposta não vinha. Diante de gigantes, normalmente gostamos de dar um tempo.
Quem sabe um milagre aconteça. De fato, com Deus, milagres acontecem.
Finalmente, apareceu um herói. Caminhando entre as fileiras dos soldados de
Israel, vinha Davi. Golias no primeiro momento, pensou que era uma piada. Um
jovenzinho de sandálias e vestimenta de pastor de ovelhas. Nas mãos uma pequena
funda e algumas pedras. Golias achou aquilo um insulto. Charles Swindoll,
sobre este episódio escreveu: Mas os olhos de Davi não se fixaram no gigante.
A intimidação não fazia parte da sua vida. Que homem ! Seus olhos fitavam a
Deus. Era a honra de Deus que estava em jogo. Golias tinha desafiado
os exércitos do Deus vivo. 1 Samuel 17.36. Após o gigante esbravejar, ouviu-se as
seguintes palavras do menino na arena: Saberá toda esta multidão que o
Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, ele
vos entregará nas nossas mãos. 1 Samuel 17.47. Então, o nosso herói saiu correndo em
direção ao gigante. Davi meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra, e
com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa; a pedra encravou-se-lhe na
testa; e ele caiu com o rosto em terra... Pelo que correu Davi, e, lançando-se
sobre o filisteu, tomou-lhe a espada, e desembainhou-a, e o matou, cortando-lhe
a cabeça. 1 Samuel 17. 49 e 51. Assim, Davi conquistou a vitória para todo
o povo de Israel.
Este era o segredo da vida de Davi:
Porque do Senhor é a guerra. A vitória de Davi sobre o gigante
aponta para a vitória de Jesus Cristo. Jesus sozinho, por meio de sua morte e
ressurreição, trouxe vitória ao povo de Deus. Ele foi o nosso representante
frente a Satanás, e venceu acertando-lhe a cabeça. Cumpriu-se a profecia:
Este te ferirá a cabeça. Gênesis 3.15. À semelhança de Davi, a arma de Jesus foi
uma tosca cruz. Por meio dela, Jesus Cristo pôs fim ao nosso velho homem, ao
domínio de Satanás e da influência deste mundo em nossas vidas. O nosso coração
foi trocado para ser cheio de fé e confiança no Senhor Jesus. Por causa da
vitória de Cristo, podemos enfrentar os nossos gigantes sem medo, transformando
a nossa crença passiva em uma fé ativa, crendo que todas as nossas batalhas, na
verdade, são batalhas do Senhor. Em todas estas coisas somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou. Romanos
8.37.
Soli Deo Glória. |
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