domingo, 9 de setembro de 2012

À SEMELHANÇA DO AUTÊNTICO



Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça. João 7:24.
Um dos grandes problemas do ser humano é a aparência. Todos nós temos uma tremenda dificuldade em analisar os fatos, quando há ampla semelhança entre a realidade e a imitação. As cópias e os covers têm causado dificuldades terríveis no campo da ética e a falsificação, prejuízos incalculáveis no comércio. Muitas vezes ninguém sabe qual é o verdadeiro ou o falso. Isto também é uma charada indecifrável no seio da igreja.
Há muita gente parecida com cristão que não é cristã. Tudo começa com a origem. A cria de um tucura é um tucurinha. Tucura é gado sem raça aprimorada. Filho de Nelore PO (Puro por Origem) tem genética de qualidade no sangue. Nenhum criador experiente confunde um tucura pé-duro com um Nelore de elite. Vamos trabalhar neste exame aqui, do ponto de vista cristão. Quem é quem no reino da graça?
O fato de alguém ter um comportamento parecido com a conduta cristã, não significa que aquela pessoa é de fato uma filha de Abba. O humanismo é especialista em imitações baratas. O joio é semelhante ao trigo, assim como muitos religiosos são falsificações do verdadeiro cristianismo. Mas, ninguém os julgue segundo a aparência.
Há uma turma enorme que gosta demais de atuação. O mundo do desempenho fascina os alucinados pelo exterior que querem ver apenas a fachada. Para estes iludidos com a forma, o apóstolo Paulo rebate: Não nos recomendamos novamente a vós outros; pelo contrário, damo-vos ensejo de vos gloriardes por nossa causa, para que tenhais o que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração. 2 Coríntios 5:12.
A aparência e o coração são duas realidades diferentes. “Quem vê cara não vê coração”, diz o adágio popular. Sócrates foi irretocável, mas faltava-lhe a vida de Cristo. O centurião Cornélio era justo, mas não era novo nascido. Ele tinha casca e não cerne.
Saulo foi um religioso de exterioridade. Viveu como fariseu, que segundo Jesus, é a turma velada do sepulcro caiado. A religião farisaica só se preocupa com o reboco. Passa massa corrida em parede deteriorada. Além do que, sepulcro pintado é apenas o depósito da carniça no seu íntimo, de forma abafada. Paulo não queria mais esta hipocrisia em sua vida cristã aceita pela graça incondicional de Cristo. Ele pulou fora.
A academia das aparências e a passarela dos esnobes foram sempre lutas na vida deste homem sem apreensão com o desempenho. Ele foi contundente ao dizer: E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram; Gálatas 2:6. Paulo não estava preocupado com a importância de Pedro, Tiago e João. Ele queria ver a vida de Cristo neles.
Esta é a questão fundamental. Não é tão-somente a conduta correta que deve ser observada, mas o caráter manso e humilde de coração manifesto pela vida de Cristo. Aqui reside o ponto central da vida autêntica. Cristo vive em mim? Sim, é santificação.
Ouvi, algum tempo atrás, uma mensagem gravada, em que o pregador dizia que o novo nascimento não era o fato mais importante da vida cristã. O mais importante era o crescimento espiritual. Como? Perguntei sem cerimônia. Eu estava sozinho e a pergunta veio ao vivo e gritante. Eu sou limitado, mas não posso admitir o crescimento de alguém que não nasceu. Como pode haver crescimento espiritual de um morto?
Pouco tempo depois ouvi outra pessoa dizer que não era preciso evangelizar alguém que convivia na igreja. Se ela estivesse frequentando a igreja, era porque tinha sido evangelizada, por isso mesmo, só precisava ser alimentada para o seu crescimento espiritual. Ninguém poderia estar na igreja, se o Pai não tivesse trazido. Uau!
Eu pensava que a velha doutrina que dizia: “só há salvação na igreja”, havia sido explicada e resolvida com a reforma protestante, mas parece que a coisa continua viva e ativa pelos meandros da eclesiologia atual. Só que eu não consigo digerir essa coisa.
A pergunta do salmista me estimula: Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Salmos 82:2. Jesus falou de novo nascimento para um religioso de estirpe. Nicodemos era um mestre da religião judaica, que vivia no templo, ensinando nas sinagogas, mas não havia nascido do alto. Ele era um homem justo, que não havia sido justificado. Era uma pessoa reta, que nada sabia da santidade em Cristo.
Conforme a Bíblia, o grão de trigo precisa morrer para poder dar fruto. Jesus era o grão de trigo e ele precisava morrer para poder gerar vidas renascidas. Mas, como um homem sem pecados poderia morrer? Campbell Morgan dizia que é não-natural a morte de um homem sem pecado. Desde que o salário do pecado é a morte e, Jesus, um homem sem pecado morreu, todos têm que concluir que aquela morte não poderia ser a sua.
Segundo Jesus, sem o novo nascimento, ninguém poderá entrar no reino de Deus. Não há novo nascimento ou nascimento do alto sem a morte do único homem que veio do alto, Jesus. Ora, Jesus, o homem do alto, o homem sem pecado não poderia morrer, jamais. Mas ele morreu, logo, ele teve que assumir o pecado de alguém para poder morrer, já que só o pecado, de acordo com a Bíblia, pode levar alguém à morte.
Não há nascimento sem a morte da semente. Esta é uma lei biológica, mas também espiritual. Antes do nascimento é necessário que a semente morra. Insensato! O que semeias não nasce se primeiro não morrer; 1 Coríntios 15:36. Antes do novo nascimento é preciso que Adão seja crucificado com Cristo. Não tem outro jeito. É a lei do plantio.
Para Lance Lambert, judeu messiânico da atualidade, “não há vida de ressurreição nem poder sem a morte da cruz. Se você e eu vamos conhecer, em experiência, a vida mais abundante, a vida que transborda. Se vamos conhecer a vida de ressurreição e poder, então, nós temos de conhecer a morte da cruz trabalhando em nós”.
A base do novo nascimento é a morte da velha vida na cruz com Cristo e a substituição daquela vida pela nova vida ressurreta de Cristo. Adão não pode ser educado ou reformado espiritualmente falando. Para Adão não há recuperação. Ele tem que morrer. E a única morte que engloba a natureza adâmica é a morte de Jesus, o homem sem pecado, incluindo os pecados da raça humana, no seu corpo, sobre o madeiro.
Para Lambert “a chave verdadeira para a vida transbordante, para a vida mais abundante, a vida de ressurreição, não é o quanto eu vivo, mas o quanto eu morro. O problema não é como viver a vida cristã. O problema é como morrer. Se você tiver o segredo de morrer com Cristo, não terá de aborrecer a mente sobre como viver a vida cristã”.
Temos que examinar com imparcialidade. São também estes provérbios dos sábios. Parcialidade no julgar não é bom. Provérbios 24:23. Julgar pela aparência é uma temeridade. Ver a conduta e não analisar a fé que procede do coração quebrantado e contrito é muito arriscado. Sem a morte do velho homem não há possibilidade do nascimento do novo, criado em Cristo Jesus. Não há nova criatura sem a morte da velha.
O ser humano nasce no mundo como um ser perverso. Jesus nasceu aqui como justo. Agora estamos com um problema teológico sério em razão de sua morte, diante deste texto de Salomão. O que justifica o perverso e o que condena o justo abomináveis são para o Senhor, tanto um como o outro. Provérbios 17:15. Como o Senhor pode sair desta abominação que justifica o perverso e condena o justo, sem ferir seu caráter divino?
Jesus era justo, não tinha pecado algum. Nós somos pecadores e por isso, perversos por natureza. Como podemos ser justificados por aquele que não pode ser condenado? Esta é a obra do evangelho da graça. Fomos atraídos por Jesus na cruz e ele assumiu os nossos pecados como se dele fossem. Assim, o justo é condenado como perverso e os perversos são justificados, a ponto de serem feitos justos, pela justiça divina em sua graça.
Esta justiça não é comportamental à primeira vista, mas imputada. Somos justificados pela sua justiça, enquanto ele foi condenado pelos nossos pecados. Mas a coisa vai mais longe, pois ele não somente levou os nossos pecados, mas nós também fomos incluídos em seu corpo para morrermos juntamente com ele.
A minha experiência com Cristo não é uma questão de aparência. Nada tem a ver com a conduta humana, mas com a vida de Cristo. Paulo, vergastando os teóricos da religião que se preocupavam com o comportamento, foi decisivo: Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade. Colossenses 2:23.
A vida do cajueiro é uma questão da semente. Nela está a essência genética da planta e o poder do seu crescimento. A coisa mais importante para a vida do cajueiro é o seu nascimento e, a coisa mais importante para o seu nascimento é a morte da semente. O cajueiro não pode crescer se não nascer e, também, não pode nascer se a semente não morrer. É verdade que o solo, a água e os nutrientes vão ter grande importância no seu desenvolvimento, mas se não nascer, nada disso tem qualquer valor para ele.
Não adianta o tucura querer viver como se fosse um Nelore. Aqui estamos diante de uma questão genética. Se você tem a natureza de Adão, você vai se desenvolver dentro da sua natureza adâmica. Você pode até mascarar muitas coisas, mas será sempre um adâmico. A vida de Cristo é uma questão da Sua natureza. Não adianta tentar imitá-la, pois ela só se manifesta pelo caráter do próprio Cristo, vivendo em nosso ser. Aleluia. Amém.

Solo Deo Glória.

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