Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.
João 7:24.
Um dos grandes problemas do ser humano é a aparência. Todos nós
temos uma tremenda dificuldade em analisar os fatos, quando há ampla semelhança
entre a realidade e a imitação. As cópias e os covers têm causado
dificuldades terríveis no campo da ética e a falsificação, prejuízos
incalculáveis no comércio. Muitas vezes ninguém sabe qual é o verdadeiro ou o
falso. Isto também é uma charada indecifrável no seio da igreja.
Há muita gente parecida com cristão que não é cristã. Tudo
começa com a origem. A cria de um tucura é um tucurinha. Tucura é gado sem raça
aprimorada. Filho de Nelore PO (Puro por Origem) tem genética de qualidade no
sangue. Nenhum criador experiente confunde um tucura pé-duro com um Nelore de
elite. Vamos trabalhar neste exame aqui, do ponto de vista cristão. Quem é quem
no reino da graça?
O fato de alguém ter um comportamento parecido com a conduta
cristã, não significa que aquela pessoa é de fato uma filha de Abba. O
humanismo é especialista em imitações baratas. O joio é semelhante ao trigo,
assim como muitos religiosos são falsificações do verdadeiro cristianismo. Mas,
ninguém os julgue segundo a aparência.
Há uma turma enorme que gosta demais de atuação. O mundo do
desempenho fascina os alucinados pelo exterior que querem ver apenas a fachada.
Para estes iludidos com a forma, o apóstolo Paulo rebate: Não nos
recomendamos novamente a vós outros; pelo contrário, damo-vos ensejo de vos
gloriardes por nossa causa, para que tenhais o que responder aos que se gloriam
na aparência e não no coração. 2 Coríntios 5:12.
A aparência e o coração são duas realidades diferentes. “Quem
vê cara não vê coração”, diz o adágio popular. Sócrates foi irretocável, mas
faltava-lhe a vida de Cristo. O centurião Cornélio era justo, mas não era novo
nascido. Ele tinha casca e não cerne.
Saulo foi um religioso de exterioridade. Viveu como fariseu,
que segundo Jesus, é a turma velada do sepulcro caiado. A religião farisaica só
se preocupa com o reboco. Passa massa corrida em parede deteriorada. Além do
que, sepulcro pintado é apenas o depósito da carniça no seu íntimo, de forma
abafada. Paulo não queria mais esta hipocrisia em sua vida cristã aceita pela
graça incondicional de Cristo. Ele pulou fora.
A academia das aparências e a passarela dos esnobes foram
sempre lutas na vida deste homem sem apreensão com o desempenho. Ele foi
contundente ao dizer: E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência
(quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do
homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram;
Gálatas 2:6. Paulo não estava preocupado com a importância de Pedro, Tiago e
João. Ele queria ver a vida de Cristo neles.
Esta é a questão fundamental. Não é tão-somente a conduta
correta que deve ser observada, mas o caráter manso e humilde de coração
manifesto pela vida de Cristo. Aqui reside o ponto central da vida autêntica.
Cristo vive em mim? Sim, é santificação.
Ouvi, algum tempo atrás, uma mensagem gravada, em que o
pregador dizia que o novo nascimento não era o fato mais importante da vida
cristã. O mais importante era o crescimento espiritual. Como? Perguntei sem
cerimônia. Eu estava sozinho e a pergunta veio ao vivo e gritante. Eu sou
limitado, mas não posso admitir o crescimento de alguém que não nasceu. Como
pode haver crescimento espiritual de um morto?
Pouco tempo depois ouvi outra pessoa dizer que não era preciso
evangelizar alguém que convivia na igreja. Se ela estivesse frequentando a
igreja, era porque tinha sido evangelizada, por isso mesmo, só precisava ser
alimentada para o seu crescimento espiritual. Ninguém poderia estar na igreja,
se o Pai não tivesse trazido. Uau!
Eu pensava que a velha doutrina que dizia: “só há salvação na
igreja”, havia sido explicada e resolvida com a reforma protestante, mas parece
que a coisa continua viva e ativa pelos meandros da eclesiologia atual. Só que
eu não consigo digerir essa coisa.
A pergunta do salmista me estimula: Até quando julgareis
injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Salmos 82:2. Jesus
falou de novo nascimento para um religioso de estirpe. Nicodemos era um mestre
da religião judaica, que vivia no templo, ensinando nas sinagogas, mas não havia
nascido do alto. Ele era um homem justo, que não havia sido justificado. Era uma
pessoa reta, que nada sabia da santidade em Cristo.
Conforme a Bíblia, o grão de trigo precisa morrer para poder
dar fruto. Jesus era o grão de trigo e ele precisava morrer para poder gerar
vidas renascidas. Mas, como um homem sem pecados poderia morrer? Campbell Morgan
dizia que é não-natural a morte de um homem sem pecado. Desde que o salário do
pecado é a morte e, Jesus, um homem sem pecado morreu, todos têm que concluir
que aquela morte não poderia ser a sua.
Segundo Jesus, sem o novo nascimento, ninguém poderá entrar no
reino de Deus. Não há novo nascimento ou nascimento do alto sem a morte do único
homem que veio do alto, Jesus. Ora, Jesus, o homem do alto, o homem sem pecado
não poderia morrer, jamais. Mas ele morreu, logo, ele teve que assumir o pecado
de alguém para poder morrer, já que só o pecado, de acordo com a Bíblia, pode
levar alguém à morte.
Não há nascimento sem a morte da semente. Esta é uma lei
biológica, mas também espiritual. Antes do nascimento é necessário que a semente
morra. Insensato! O que semeias não nasce se primeiro não morrer; 1 Coríntios
15:36. Antes do novo nascimento é preciso que Adão seja crucificado com
Cristo. Não tem outro jeito. É a lei do plantio.
Para Lance Lambert, judeu messiânico da atualidade, “não há
vida de ressurreição nem poder sem a morte da cruz. Se você e eu vamos conhecer,
em experiência, a vida mais abundante, a vida que transborda. Se vamos conhecer
a vida de ressurreição e poder, então, nós temos de conhecer a morte da cruz
trabalhando em nós”.
A base do novo nascimento é a morte da velha vida na cruz com
Cristo e a substituição daquela vida pela nova vida ressurreta de Cristo. Adão
não pode ser educado ou reformado espiritualmente falando. Para Adão não há
recuperação. Ele tem que morrer. E a única morte que engloba a natureza adâmica
é a morte de Jesus, o homem sem pecado, incluindo os pecados da raça humana, no
seu corpo, sobre o madeiro.
Para Lambert “a chave verdadeira para a vida transbordante,
para a vida mais abundante, a vida de ressurreição, não é o quanto eu vivo, mas
o quanto eu morro. O problema não é como viver a vida cristã. O problema é como
morrer. Se você tiver o segredo de morrer com Cristo, não terá de aborrecer a
mente sobre como viver a vida cristã”.
Temos que examinar com imparcialidade. São também estes
provérbios dos sábios. Parcialidade no julgar não é bom. Provérbios 24:23.
Julgar pela aparência é uma temeridade. Ver a conduta e não analisar a fé que
procede do coração quebrantado e contrito é muito arriscado. Sem a morte do
velho homem não há possibilidade do nascimento do novo, criado em Cristo Jesus.
Não há nova criatura sem a morte da velha.
O ser humano nasce no mundo como um ser perverso. Jesus nasceu
aqui como justo. Agora estamos com um problema teológico sério em razão de sua
morte, diante deste texto de Salomão. O que justifica o perverso e o que
condena o justo abomináveis são para o Senhor, tanto um como o outro. Provérbios
17:15. Como o Senhor pode sair desta abominação que justifica o perverso e
condena o justo, sem ferir seu caráter divino?
Jesus era justo, não tinha pecado algum. Nós somos pecadores e
por isso, perversos por natureza. Como podemos ser justificados por aquele que
não pode ser condenado? Esta é a obra do evangelho da graça. Fomos atraídos por
Jesus na cruz e ele assumiu os nossos pecados como se dele fossem. Assim, o
justo é condenado como perverso e os perversos são justificados, a ponto de
serem feitos justos, pela justiça divina em sua graça.
Esta justiça não é comportamental à primeira vista, mas
imputada. Somos justificados pela sua justiça, enquanto ele foi condenado pelos
nossos pecados. Mas a coisa vai mais longe, pois ele não somente levou os nossos
pecados, mas nós também fomos incluídos em seu corpo para morrermos juntamente
com ele.
A minha experiência com Cristo não é uma questão de aparência.
Nada tem a ver com a conduta humana, mas com a vida de Cristo. Paulo,
vergastando os teóricos da religião que se preocupavam com o comportamento, foi
decisivo: Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor
algum contra a sensualidade. Colossenses 2:23.
A vida do cajueiro é uma questão da semente. Nela está a
essência genética da planta e o poder do seu crescimento. A coisa mais
importante para a vida do cajueiro é o seu nascimento e, a coisa mais importante
para o seu nascimento é a morte da semente. O cajueiro não pode crescer se não
nascer e, também, não pode nascer se a semente não morrer. É verdade que o solo,
a água e os nutrientes vão ter grande importância no seu desenvolvimento, mas se
não nascer, nada disso tem qualquer valor para ele.
Não adianta o tucura querer viver como se fosse um Nelore. Aqui
estamos diante de uma questão genética. Se você tem a natureza de Adão, você vai
se desenvolver dentro da sua natureza adâmica. Você pode até mascarar muitas
coisas, mas será sempre um adâmico. A vida de Cristo é uma questão da Sua
natureza. Não adianta tentar imitá-la, pois ela só se manifesta pelo caráter do
próprio Cristo, vivendo em nosso ser. Aleluia. Amém.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 9 de setembro de 2012
À SEMELHANÇA DO AUTÊNTICO
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