quinta-feira, 4 de abril de 2013

A FÉ É A ANTÍTESE DO MEDO

No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. 1 João 4:18.




O primeiro sentimento que o cabeça da raça humana experimentou depois do pecado foi o medo. Logo depois que Adão transgrediu o mandamento divino, ele foi invadido por um clima de pavor. Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Gênesis 3:10.
Ao ouvir a palavra de Deus Adão teve medo. É interessante observar este ponto com atenção. A Bíblia diz: Assim, a fé vem pelo ouvir e o ouvir da palavra de Deus. Romanos 10:17. Mas, quando Adão ouviu a palavra de Deus no jardim, porque estava nu, teve medo e se escondeu. Ao ouvir a palavra de Deus, em vez de fé, medo. O pânico veio em conseqüência do pecado e da sua nudez. Adão e Eva foram criados totalmente despidos. No Jardim do Éden não havia necessidade de roupa, uma vez que a temperatura era agradável e as condições favoráveis para uma vida sem cobertura. Eles eram imaculados, mas não ficavam acanhados nem ruborizados de viverem desnudos. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam. Gênesis 2:25.
Todavia, logo depois da transgressão apareceu um sentimento de terror quando Adão se percebeu pelado. Esse estado de desnudamento evidencia a descompostura que o pecado causou na personalidade, produzindo todo tipo de esconderijo. O medo é o promotor das máscaras e o aliciador dos agentes que solicitam a aprovação externa. A partir do receio de não ser aceito incondicionalmente, a história humana toma um outro rumo. Os jardineiros viraram estilistas num instante. De uma hora para outra os horticultores que cultivam o Paraíso foram transformados em modistas costurando folhas. Adão e Eva agora estavam preocupados com o guarda-roupa, pois o medo da rejeição exigia que eles bordassem complementos para a grife da tribo. Adão, ao ouvir a voz de Deus, foi dominado pela paúra em seu coração em razão do pecado e não deu lugar à fé. O medo teceu uma tanga com as fibras da figueira porque a sua fibra moral foi atacada pelo sentimento de deserção. A culpa afastou o casal da comunhão com o Criador e os dois se enfiaram nas moitas tentando achar asilo na embaixada do faz de conta. Desde aquele momento a raça humana passou a morar no casebre do temor. Somos uma casta escrava do medo e temos muita dificuldade de entrar na casa do amor. A timidez impede que vivamos com autenticidade. A culpa existencial herdada dos nossos primeiros pais nos deixa sempre desconfiados e com receio de não sermos recebidos como filhos na família do Pai. De modo geral nós temos sintomas de senzala.
A história da raça adâmica é uma narrativa de disfarces, fugas e esconderijos. O gênero humano vive escapando da aceitação incondicional do Pai, usando, com freqüência, expedientes astutos que assegurem o seu assentimento ao custo dos seus próprios esforços. Com medo de ser rejeitado o sujeito procura ser aceito através daquilo que faz. Assim, a religião se torna uma fábrica de executivos em busca da excelência. O temor é a matriz da conduta e a sobreexcelência a raiz que suporta esta pose esnobe. Porém, o apóstolo João procura nos mostrar que na casa do amor não existe medo. A aceitação do Pai não computa valores, nem contabiliza despesas. O pecador é recebido como filho, única e exclusivamente pelos méritos do Cordeiro. O amor do Pai não está atrelado a excelência do objeto do seu amor. Ele não é colecionador de obras raras e não me ama porque eu sou digno do seu amor. A sua graça aposta apenas no desdouro da minha queda, já que não posso me classificar com a minha justiça cheirando a carniça. Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam. Isaías 64:6.
A verdade nua e crua é que o pecado me tornou irrecuperável por mim mesmo. Não há solução para mim senão pelo amor de Pai. Mas ele nos ama incondicionalmente. Isto significa que Deus não olha para as nossas qualidades pessoais, tampouco para os nossos defeitos graves. Sendo assim, a nossa adoção como filhos na casa do Pai não depende dos nossos méritos, mas da expressão do seu amor revelado em Cristo.
O Cordeiro que tira o pecado foi imolado antes da fundação do mundo. Adão e Eva perderam tempo cosendo aventais que murchariam antes do fim da tarde. Os animais que foram sacrificados eram as únicas expressões do amor de Deus para cobrir a nudez do casal. Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis 3:21. Jeová além de ser o alfaiate é também o camareiro. Graça significa Deus dando e fazendo tudo a quem só tem demérito.
O medo da rejeição exige aceitação a todo o custo, mas no amor não existe medo. O amor lança fora toda apreensão, uma vez que o indigente senta-se à mesa como um membro da estirpe real. O Pai nos aceitou em Cristo em seu amor irrestrito e somos herdeiros do reino celestial. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 8:38-39.
Brennan Manning diz que muitos cristãos permanecem temerosos, pois se apegam ainda à idéia de um Deus muito diferente da que foi pregada por Jesus. O temor é a causa do aborto da fé e esse medo do fracasso é um paralisante do progresso espiritual. Contudo, aquele que sabe verdadeiramente que o Pai o aceitou em Cristo com amor total, não teme se arriscar no seu testemunho de fé, ainda que insipiente. A queda é parte do desenvolvimento no andar da criança e, na caminhada cristã, só tem insucesso quem se atreve a andar. Quem confia no amor do Pai não teme ser desaprovado porque depende apenas da sua aprovação na suficiência de Cristo. Jesus disse aos discípulos que teriam problemas nesse mundo, todavia ele assegurou que a sua vitória pessoal era a garantia do nosso sucesso, isto é, o seu triunfo é o nosso troféu. Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. João 16:33.
Como alguém disse com bom humor, Cristo prometeu uma aterrissagem segura, mas não um vôo sem turbulência. Embora tenhamos muitas tribulações nessa marcha aqui e agora, nada pode desbotar a tonalidade do seu amor sem fronteira. Por isso, a fé se firma apenas na imutabilidade do Pai amoroso, não ficando intimidada com as pressões deste mundo e com as cobranças legalistas. Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Romanos 8:31.
A pregação do medo promove uma obediência encabrestada. Há muita gente dócil e flexível que preenche os seus requisitos morais debaixo de apavoramento. São pessoas submissas enquanto reprimidas. Mas os filhos amados do Pai obedecem simplesmente por amor. O medo produz tormenta e os atormentados não são pessoas saudáveis, por isso mesmo, só o amor consegue originar personalidades sadias. A casa do amor é o único lugar seguro onde as pessoas não temem os habitantes do casebre do temor. Robert Hart dizia que o amor de Deus é sempre sobrenatural, sempre um milagre, sempre a última coisa que podemos merecer. Esse milagre sobrenatural e imerecido é a causa de nossa aceitação com confiança. Eu creio que o Pai me aceitou em Cristo por causa do seu amor profundo e sem arrependimento. Nada poderá me afastar do seu amor irrestrito. A fé que o Pai me deu não teme ser descartada como um traste qualquer. Na casa do Pai não há amedrontamento, nem pessoas alimentando-se com a síndrome do pânico. Jesus foi muito evidente quando disse aos seus discípulos: Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. Lucas 12:32. O rebanho pode ser pequeno, mas o reino do Pai foi oferecido com prazer. Se nós vivermos com medo não poderemos jamais viver pela fé. O medo é o avesso da fé. Quem teme não consegue confiar, por esse motivo Jesus prontamente falou com firmeza aos discípulos apavorados com medo de fantasma: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais! Mateus 14:27.
O mundo está cheio de assombrações e as tempestades são de arrepiar, mas quando o Pai está no comando e o seu amor é o arrimo de nossa sorte, então não tem por que temer. Alguém disse que o medo é o início da ansiedade, e esta, o fim da fé, mas a verdadeira fé varre a ansiedade e apaga o medo. O medo veio com Adão e paralisa as pessoas, mas em Jesus vem a fé que suscita o progresso espiritual. Ele é o único agente e gerente da verdadeira fé. A vida cristã deve ser conduzida, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2.
A teologia do medo é responsável por uma conduta subserviente e bajuladora. Os escravos do temor só obedecem porque não há alternativa. Entretanto, os filhos de Aba são pessoas livres que correspondem livremente motivados pelo amor que estimula a fé. Na casa do amor, isto é, a igreja do Deus vivo, ninguém é coagido com espantalhos apavorantes nem submetido à tortura da punição. O Pai amoroso não é o deus do medo, também não é fobia, a reverência a ele.

O filho de Aba crê no evangelho atraído pela boa notícia do amor revelado na cruz. O ico constrangimento que vemos aqui é a compulsão do amor incondicional demonstrado em Cristo, e isto é assunto de fé. Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 2 Coríntios 5:14.
 
Soli Deo Glória.

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