Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de
Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos. Atos
2:23.
Encontramos, no Evangelho de João, sete expressões sobre a solene "hora" do nosso Senhor Jesus Cristo. A primeira expressão encontra-se em João 2:4: Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Este primeiro milagre realizado por Jesus, da transformação da água em vinho, mostra de forma figurada o fim do sistema judaico, "não tem mais vinho". E, ao mesmo tempo, revela o anseio de Maria em querer apresentar Jesus publicamente. Alguns estudiosos vêem em Maria um tipo da nação de Israel. E o que está na mente dos israelitas? A chegada do Messias para estabelecer o seu reinado. Este era o desejo de Maria e da nação de Israel: aclamá-Lo como o rei dos judeus.
Este anseio, na verdade, revela que eles queriam o Cristo sem
cruz. Semelhantemente, no monte da transfiguração, Pedro desejou a comunhão sem
a cruz: Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres,
farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.
Mateus 17:4. Este é o nosso grande problema, queremos Cristo sem
cruz. Queremos um cristianismo que soma e não que subtrai. Perder a vida
(natural) é a exigência divina. É perdendo que se ganha, portanto, não existe
glória sem cruz, e cruz, sem sofrimento. E quem não toma a sua cruz e vem
após mim não é digno de mim. Mateus 10:38.
A segunda expressão está em João 7:30: Então, procuravam
prendê-lo; mas ninguém lhe pôs a mão, porque ainda não era chegada a sua hora.
Nós encontramos aqui um impressionante exemplo da restringente mão de Deus
sobre seus inimigos. O propósito deles era prender o Senhor Jesus. Eles
procuravam pegá-Lo, estavam desejosos por sangue e estavam determinados a
matá-Lo. Contudo, eles estavam impedidos de realizar tal desejo. Como isto
evidencia a invencibilidade do eterno decreto de Deus! Deus havia decretado que
o Salvador deveria ser traído por um amigo familiar, e vendido por 30 moedas de
prata. Como então, era possível para aqueles homens apanhá-Lo?
Este verso mostra uma verdade a qual deve ser de grande
conforto para o povo de Deus. Quão abençoado então, saber que todas as coisas
estão debaixo do imediato controle de Deus! Nenhum fio de cabelo de nossa cabeça
pode ser tocado sem a permissão de Deus. Todo o ódio dos homens e as hostes
malignas não poderiam apressar a morte de Cristo até a hora pré-determinada por
Deus. O inimigo pode lutar contra nós e, por permissão divina, tocar o nosso
corpo, mas, encurtar a nossa vida, ele não pode. Uma terrível epidemia de morte
pode visitar o nosso vizinho, mas não pode nos tocar sem a permissão de Deus.
Alguém disse que nós não somos governados pelo calendário, e sim pelo propósito
de Deus. O nosso Senhor tomou a cruz de forma voluntária. Ele foi para a cruz
não por ser incapaz de escapar dela, mas para cumprir os desígnios de Deus.
Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que
recebêssemos a adoção de filhos. Gálatas 4:4-5.
A terceira expressão aparece em João 8:20: Proferiu ele
estas palavras no lugar do gazofilácio, quando ensinava no templo; e ninguém o
prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora. Aqui encontramos outra
tentativa para prender o Senhor. Eles estavam furiosos não pelo que Ele fazia,
mas pelo que Ele dizia de Si, "Eu sou a luz do mundo". A idéia de Deus-homem
entre os homens atormentava e confundia os judeus. Na visão do judaísmo, admitir
que Deus se fez carne é uma grande blasfêmia. A revelação de Deus que se fez
homem não cabe na mente de nenhum homem, mas, para aqueles a quem Deus se
revela, é um milagre. A quarta expressão encontra-se em João 12:23:
Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem.
Agora, pela primeira vez, o Senhor revelou que sua hora havia chegado. Em
Cana, Ele disse que aquela ainda não era sua hora Mas, aqui, Ele anunciou que
sua hora havia chegado, a hora quando Ele, como Filho do homem, deveria ser
glorificado. Entretanto, qual é o significado Dele ser glorificado? Estas
palavras foram dirigidas no momento em que o nosso Senhor foi procurado pelos
gregos. Por isso, em vista desta conexão, o significado está no fato que a
salvação se estenderia a todos os povos. O Senhor seria glorificado por todas as
nações.
O Senhor anunciou que a hora era perfeita, madura para a benção
de todas as famílias da terra através da semente da mulher. Externamente, todos
estavam prontos para a Sua glória terrena, inclusive os gregos que procuravam o
homem perfeito. As multidões O haviam proclamado Rei; os romanos, silentes, não
ofereciam oposição. Mas o Salvador sabia que, antes de ser coroado, Ele deveria
primeiro executar a obra de Deus. Ninguém poderia estar com Ele em glória exceto
por Sua morte. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. João
12:24. Para seus seguidores, a cruz era o mais profundo lugar de
humilhação, mas o Salvador a considerou como sua glorificação.
A quinta expressão está em João 12:27: Agora, está
angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas
precisamente com este propósito vim para esta hora. Este foi o início das
dores do Salvador antes que a nova criação fosse estabelecida. Ele foi tomado
por um profundo horror da hora que viria. Isto era o prelúdio do Getsêmani. Isto
nos revela algo do Seu sofrimento íntimo. Sua angústia era extrema: horror,
aflição, tristeza, seu coração estava sofrendo tortura. O que ocasionou tudo
isto? O insulto e o sofrimento que Ele estava para receber das mãos dos homens?
Não. Sua angústia tem um só motivo: "Ele foi feito maldição por nós". Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).
Gálatas 3:13-14.
"
O que devo eu dizer?" Ele não pergunta: O que devo
escolher? Não era indecisão no propósito, não era indecisão da vontade. Ele se
sujeitou, sem hesitação, à vontade do Pai, dizendo: "Foi precisamente por esta
causa que eu vim para esta hora". Três vezes, Deus Pai falou audivelmente para o
Filho durante a Sua jornada aqui na terra: a primeira foi, no início, no batismo
das águas no Jordão quando Cristo desceu simbolicamente para o lugar da morte; a
segunda vez, no Monte da transfiguração, quando Elias e Moisés falavam de Sua
morte; a terceira e última vez, no final, quando da véspera de Sua morte.
Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei.
João 12:28.
A sexta expressão aparece em João 16:32: Eis que vem
a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me
deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo. O nosso
Senhor fala da pesada hora que está se aproximando. Isto foi dito para os
discípulos para prepará-los e destruir a presente auto-confiança deles. Note a
abertura: "Eis" ou "veja" "preste atenção". Eles ficariam dispersos, sem Pastor.
Todo homem possui o seu próprio refúgio ou esconderijo. Cada um deles tem a sua
própria segurança. Quando a tempestade estourasse, todos se refugiariam em suas
casas, mas Cristo ficaria só. Por quê? Porque somente Ele estava qualificado
para realizar a redenção do homem. "Contudo, não estou só". Quão gracioso é o
Senhor ao dirigir estas palavras para os discípulos! A expressão também os
prepara para que, quando a "hora" chegar, saibam que não estão sós. Isto nos
prepara para o verso seguinte: Estas coisas vos tenho dito para que tenhais
paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o
mundo. João 12:33. Ninguém está imune das aflições deste mundo, mas
confiantes na vitória que nos foi dada em Cristo.
A sétima e última expressão em João 17:1 nos revela que
tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai é chegada
a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti. Nenhum
homem, até então, tinha colocado as mãos sobre o Salvador, porque sua hora não
havia chegado. Este é o momento em que todas as profecias se cumprem, o
momento em que o sol se recusa a brilhar, momento de trevas. Este é o instante
em que o pecado da humanidade foi derramado sobre Jesus. Este é o momento em que
também o Senhor derrama a Sua alma no coração de Seu Pai, para benção daqueles
que Lhe pertencem. A cruz O venceu, e Nele nós somos vencidos! Quando, pois,
Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o
espírito. João 19:30.
O Senhor, cujos olhares de amor tinham sido até então dirigidos
para os Seus discípulos sobre a terra, eleva, agora, os olhos ao Céu,
dirigindo-Se a Seu Pai. Era chegada a hora de glorificar o Filho, para que, na
glória, o Filho glorificasse o Pai. A Sua obra e a Sua Pessoa davam-Lhe esse
direito: "Pai glorifica a teu Filho", o Filho glorificado com o Pai em Cima, no
céu! O Filho glorificou perfeitamente o Pai aqui na terra. Nada tinha faltado
àquilo que manifestava o Pai, fosse qual fosse a dificuldade a vencer no
cumprimento dessa missão. Ele manifestou o nome do Pai àqueles que o Pai lhe
tinha dado do mundo. Pertenciam ao Pai, e o Pai tinha-os dado a Jesus. Sua hora
não poderia ter chegado, como dito por Jesus, no início, "minha hora não é
chegada", mas, agora, no final, Ele diz: é chegada a minha hora. Entre este dois
períodos de tempo, nenhuma força, por mais poderosa que fosse, poderia mudar
aquilo que já estava pré-determinado por Deus. A cruz era uma realidade
espiritual antes do mundo ser mundo, e ninguém poderia interferir até que se
cumprisse o propósito eterno de Deus. Desvendando-nos o mistério da sua
vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir
nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu,
como as da terra. Efésios 1:10.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 30 de dezembro de 2012
A MINHA HORA...
O TEU AMOR E O MEU PECADO
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
O HOMEM CUJOS OLHOS FORAM ABERTOS
Então, chamaram, pela segunda vez, o homem que fora cego e
lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador. Ele
retrucou: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.
João 9:24-25.
Quando olhamos a situação do mundo, ficamos profundamente
impactados e oprimidos com a prevalecente doença da cegueira espiritual. Não
estaríamos muito errados se disséssemos que a maior parte dos problemas das
pessoas tem sua origem na cegueira espiritual.
Por outro lado, há uma cegueira religiosa tão perigosa quanto à
cegueira do mundo. Tomemos por base a vida de Saulo de Tarso. Não há dúvidas
quanto à sua cegueira. Seu zelo por sua religião histórica era um zelo cego.
O que aconteceu com Saulo de Tarso? Ele viu Jesus de Nazaré, e
isto foi o suficiente para lançá-lo por terra. Para tirá-lo do judaísmo foi
necessário um poder fora da terra, visto que, ninguém tem verdadeira visão
espiritual por natureza.
Na verdade, todos nós nascemos espiritualmente cegos. Não há em
nós uma só fagulha de vida espiritual. Para vermos precisamos de algo que vem do
“céu” como uma ação direta de Deus; Seguindo ele estrada fora, ao
aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e,
caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me
persegues?
Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou
Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o
que te convém fazer. Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo
a voz, não vendo, contudo, ninguém. Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo
os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco. Atos
9:3-8.
Quando os olhos espirituais de Saulo de Tarso foram abertos
seus olhos naturais foram cegados para a sua religião. A utilização dos olhos
naturais para conhecer Deus, pode ser apenas uma indicação de quão cegos somos.
De modo que a visão espiritual é sempre um “milagre” do céu - uma luz do céu.
Isso significa que aquele que vê espiritualmente, tem um milagre como
fundamento da sua vida. Toda a nossa vida espiritual brota de um milagre: é o
milagre de receber a visão nos olhos que nunca viram.
O que é o inicio da vida cristã? É um ver. Foi esta a comissão
que o Apóstolo Paulo recebeu logo após a sua conversão: Mas levanta-te e
firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro
e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te
aparecerei ainda, livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio,
para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade
de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança
entre os que são santificados pela fé em mim. Atos 26:16-18.
A vida cristã deve ser um movimento progressivo, numa linha em
direção a um fim. A linha e o fim é Cristo. Podemos dizer que a nossa salvação
foi uma questão de nos ver como pecadores ou, que é ver Cristo morrendo por nós
e nós Nele.
A carta de Paulo aos Gálatas pode ser assim resumida: o cristão
não é alguém que faz isso aquilo, ou que deixa da fazer isso e aquilo, por ser
proibido. O cristão não é governado pelas coisas exteriores de um modo de vida,
uma ordem ou sistema de regras.
O cristão é aquele que recebeu no seu íntimo a Pessoa de
Cristo: Ele está incluído nesta revelação: Quando, porém, ao que me
separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho
em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei
carne e sangue. Gálatas 1:15-16. Esta é apenas outra forma de dizer: “Ele
abriu meus olhos para que eu veja”.
Acontece que, o cristianismo se tornou, amplamente, apenas uma
tradição. A Verdade foi dividida em “verdades” inscritas em um “livro dourado de
doutrina evangélica”. Estas doutrinas estabelecem os limites do cristianismo e
são apresentadas de muitas formas. Elas são servidas convenientemente
acompanhadas com piadas e ilustrações interessantes e atrativas, cuja
“originalidade” e “singularidade” são previamente estudadas.
Têm alguma chance de serem entendidas por causa das roupagens
com que são vestidas, dependendo também da habilidade e da personalidade do
pregador ou mestre. As pessoas dizem: “Gosto do seu estilo, da sua maneira ou do
modo de dizer as coisas”.
Todavia, quando o falatório é despido das piadas, histórias e
ilustrações, e da performance teatral do pregador ou mestre; quando todos esses
“farrapos” são removidos do discurso, perguntamos: Onde está a verdade? Onde
está Cristo?
Lamentavelmente, esta é a grande verdade em nossos dias. Num
sentido, podemos afirmar que nunca houve um tempo como o atual, tão carente de
pessoas que possam dizer: era cego e agora vejo.
Essa é a necessidade em nossos dias. A esperança se prende
nisto: que pessoas sejam levantadas neste mundo; neste mundo negro de confusão,
caos, tragédia e contradição que possam dizer: “Eu vi”.
O que precisamos não é de uma suposta nova visão ou uma nova
verdade. Não são novas verdades e tampouco a mudança da verdade. Precisamos
daqueles que apresentam a Verdade como homens que “viram”.
Não somente homens que estudaram ou que leram, mas homens que
viram. Como aquele que encontramos em João 9, em sua manifestação de assombro:
“Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo”.
Esta é a necessidade de nossos dias, homens que viram. Porém, o
homem cujos olhos foram abertos, vai enfrentar o inferno. Este homem do nosso
texto teve que encarar seus pais que temeram ficar do lado do filho, por conta
do sistema religioso que se levantou com muita fúria.
“Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo”. Tal experiência
produz um impacto profundo que nos governará por toda a vida. Se um homem
realmente vê, nele existe vida e elevação. Se, em nossa pregação estivermos
oferecendo algo de segunda mão, ainda que estudado e pesquisado, mas sem “luz”,
não produzirá vida em outros.
Não precisamos de uma nova revelação. Tudo já nos foi revelado
em Cristo. Desde o início da nossa experiência até a consumação, a vida
espiritual deve caminhar dentro deste segredo: Eu vi!
A nossa caminhada cristã começou ali e deve seguir até a
consumação final, de forma que você e eu sejamos mantidos nesta atmosfera de
“assombro”. O fator assombro repetido muitas vezes, tornando cada nova ocasião
como se fosse algo que nunca tivéssemos visto. O fator de assombro é: eu vi!
Pense um pouco! Pense em você nascendo cego e vivendo até a
maturidade sem ter visto nada, e de repente, seus olhos são abertos para ver
tudo e todos. O sentimento de assombro estaria ali. O mundo seria um mundo
maravilhoso.
Podemos imaginar o sentimento daquele homem que outrora era
cego e que agora podia contemplar a luz do dia. Ele dizia constantemente: “É
maravilhoso ver todas as coisas! “De fato tudo é muito lindo”!”.
O que é produzido pela revelação do Espírito Santo é sempre um
impacto espiritual no coração; É um sentimento marcante, constante e crescente -
um Novo mundo, um Novo universo. Esta é a maior necessidade de nosso tempo: Eu
era cego, e agora vejo!
É uma necessidade crescente porque a vida que recebemos está em
movimento. Isto está evidenciado na oração do Apóstolo Paulo pelos crentes da
cidade de Éfeso: Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no
Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós,
fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no
pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes
qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança
nos santos. Efésios 1:15-18.
Por que ele deseja que os crentes de Éfeso tenham o espírito de
sabedoria e de revelação? O fato importante é que aquilo que ouvimos pode
ser facilmente esquecido, mas aquilo que vemos não é esquecido
facilmente.
É fácil esquecer doutrinas, porém é difícil esquecer aquilo que
se vê. Portanto, a questão colocada aqui na oração é olhos iluminados.
Isto é Visão, ou seja, quando vemos que somos libertados de nós mesmos e do
nosso estreito horizonte.
Quando nascemos de novo, ganhamos em nosso interior a vida de
Cristo. E quando oramos pedindo espírito de sabedoria e de revelação, isto
significa que queremos que Deus amplie nossa visão para conhecê-Lo, na revelação
de Cristo.
A grandeza da Pessoa de Cristo está além de nossa compreensão.
Por isso, precisamos de espírito de sabedoria e revelação a fim de que O
conheçamos mais e mais, e nos tornemos parecidos com Ele.
Precisamos saber que no momento do novo nascimento abriu-se a
porta para a Vida eterna, e que temos um longo caminho a percorrer. E, nesta
caminhada, o Espírito Santo, pela operação da Cruz, escreverá a biografia de
Cristo em nossas vidas.
No vaso de barro está o tesouro, e a preciosidade desse tesouro
está muito além da nossa compreensão. Nós necessitamos que o Senhor abra os
nossos olhos para ver quão precioso esse tesouro é.
Por um lado, vemos esse vaso de barro – a casa terrestre do
nosso tabernáculo que está prestes a se desfazer. Por outro, vemos a
sobre-excelente grandeza do poder do Senhor para conosco.
A regeneração pode ocorrer num pequeno espaço de tempo.
Entretanto, o propósito de Deus em nos fazer semelhantes ao seu Filho é um
processo. Portanto, a chave hoje é ver.
Não é pelo fato de pedirmos a Deus para nos dar algo mais. Ele
já se deu a nós. O que Ele poderia nos dar Ele já nos deu e já está em nós. O
que precisamos pedir a Deus é que nos dê o espírito da sabedoria e de revelação
para que possamos ver.
A Graça que lançou o fundamento trará a pedra de arremate, com
aclamações de “Graça, graça!” - a Graça de Deus abrindo nossos olhos para vermos
mais e mais. Que possamos dizer: Eu era cego, agora vejo! Amém.
Soli Deo Glória.
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domingo, 16 de dezembro de 2012
O CRIME DA LETRA
E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus não que, por nós
mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo
contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos
ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra
mata, mas o espírito vivifica. 2 Coríntios 3:4-6.
O termo configura a palavra e essa exibe um significado. A
letra grafa um termo que designa uma palavra que tem um sentido. A escrita é o
desenho de um vocábulo que traz uma acepção. Água, por exemplo, é um termo que
define uma idéia, que expressa um fato. O termo é o diagrama da palavra,
enquanto a palavra é como a casca da banana que conserva o fruto. Há um valor
verdadeiro em cada palavra que o termo apresenta. Quando eu escrevo o termo
água, ele me remete para um conceito que me traz a avaliação da coisa, na base
da experiência. Se eu sei o que é água, então o termo me conduz à palavra que
coliga com a realidade. A idéia de água é identificada na palavra descrita. Se
eu não tenho a definição do termo, então a palavra fica sem sentido para mim. Se
eu escrever hudatos, o termo fica incompreensível para muita gente. É
preciso uma explicação que traga sentido ao termo. Mas este termo é apenas a
transliteração da palavra água, na língua grega. Quem não sabe o termo grego,
não sabe o significado da palavra e fica sem entendimento. Por outro lado, o
significado das palavras conhecidas varia de cultura para cultura e de pessoa
para pessoa. Segundo Paulo, há palavra na letra, mas ela vai além da escrita,
pois a letra é em si mesma morta, e do ponto de vista do espírito, ela é mortal.
Não há vida espiritual no termo. A expressão da vida encontra-se na vivificação
da palavra que sai da boca de Deus. O termo sem a fecundação do Pai e a
revelação do Espírito é uma urna funerária que conserva uma expressão morta. A
letra sem o Espírito é homicida.
A escrita é a codificação da palavra, porém esta palavra
precisa ser avivada pela ação do Espírito Santo, a fim de produzir o resultado
espiritual em cada pessoa. O termo gráfico é como um carvão que só pode acender
se for inflamado, e só pode ficar incendiado se for soprado pelo Espírito. Sem a
vida divina o vocábulo é um mero defunto e sua operação é sinistra. A letra da
Escritura sem a vivificação da Trindade é uma composição literária de grande
valor histórico, mas sem qualquer importância para o avivamento. A letra sem o
sopro do Espírito é delito. Um dos maiores crimes contra a igreja é a pregação
da letra fria. Há muita gente morta em conseqüência de uma mensagem
rigorosamente letrada. É uma proclamação bíblica e ortodoxa, mas não tem vida
espiritual. Estou convencido de que em muitas ocasiões tenho sido culpado desse
tipo de pregação, e que há uma multidão de cadáveres religiosos em razão da
letra morta. Jesus foi muito claro ao dizer: O espírito é o que vivifica;
a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e
são vida. João 6:63.
O termo limita a palavra. Quando eu denomino uma realidade com
um termo, não significa que eu a compreendo. Além disso, definir um termo é
colocar fronteira no seu perímetro. A palavra de Deus ultrapassa o alcance da
nossa mente, por isso, delimitá-la é prejuízo de proporções inimagináveis. O
apóstolo Paulo afirma com a maior exatidão: Ora, o homem natural não
aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14.
A mente, ainda que seja o terreno da compreensão humana, encontra-se limitada
pelos conceitos tridimensionais. Como a realidade espiritual transcende a
fronteira da matéria, fica impossível a sua conceituação. A questão ao anunciar
a palavra de Deus requer mais do que explicação lógica. A grande necessidade na
pregação é a revelação da palavra e a sua vivificação. Uma coisa é a exegese do
texto, outra bem diferente é a unção decorrente da intimidade como o Espírito de
Deus, que revela e vivifica a palavra. Saber dissecar os termos não gera vida
nas pessoas. Só o Espírito produz vida espiritual por meio da sua palavra. A
grande crise na pregação moderna é a falta de conhecimento pessoal da palavra de
Deus aliada à ausência de revelação e vivificação do Espírito. Hoje se fala
muito de unção como sinônimo de sentimento inflamado. Mas, ainda que a emoção
tenha lugar numa experiência verdadeiramente espiritual, essa emoção acalorada
nunca foi semelhante à unção espiritual. É fogo estranho no altar do Senhor. Um
pregador ungido é alguém controlado pelo poder do alto e cheio de domínio
próprio, cujo objetivo é transmitir, com fidelidade, a palavra de Deus revelada
e vivificada pelo Espírito Santo ao coração dos seus ouvintes. Por isso mesmo,
nunca se deve confundir a unção espiritual com essa animação do sujeito na
pregação. Mas a alma excitada é um expediente carnal muito comum na exposição da
palavra de Deus. Para o apóstolo, o crime da letra é um homicídio da vida
espiritual. Se alguém ficar preso à escrita é um morto espiritual e matador.
Ainda que a letra seja vital para o conhecimento da palavra de Deus, permanecer
aprisionado a ela, é matança. É importante que se conheça a Escritura, pois ela,
à semelhança dos trilhos para o trem, é o suporte para a revelação. Todavia, não
se pode continuar na vida cristã sendo contido pela letra.
Assim como a agulha magnética aponta para o Pólo Norte, a
Escritura aponta para a pessoa de Cristo. Ela é uma biblioteca que testemunha da
vida magnífica de Cristo. Jesus disse para os seus contemporâneos:
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas
mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.
João 5:39-40.
De acordo com Jesus, a Bíblia é o álbum de sua pessoa, o
cardápio do seu banquete, a anamnese de sua história, o mapa da sua andança, a
revelação de sua identidade e a receita da única vida que realmente faz sentido.
A Escritura distingue essa fonte suficiente de vida e a oferece como exclusiva
para dar significado ao ser humano. Ninguém se relaciona pessoalmente com
retrato, nem come cardápio. Mesmo que a carta geográfica seja indispensável para
a orientação dos peregrinos, nenhuma pessoa anda sobre os traçados das cartas.
Além disso, todos nós precisamos de alguém vivo para nos relacionar. Apesar de o
cardápio ter valor na escolha da comida, ele não é o alimento. A Bíblia é o
cardápio do céu, mas Cristo é o único mantimento. Eu preciso do cardápio para
conhecer e escolher os pratos, porém eu não me alimento dele. Jesus é o maná do
menu de Deus e só ele pode nos satisfazer realmente. Declarou-lhes, pois,
Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em
mim jamais terá sede. João 6:35. Ele não é lição preciosa para a nossa
vida. Ele é o pão cotidiano.
A letra é útil para nos conduzir ao manjar, contudo a letra não
nos nutre. A alimentação específica da vida espiritual é Cristo. Não existe
outra comida que possa atender às necessidades do espírito fora da pessoa de
Cristo Jesus. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto
e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não
pereça. João 6:48-50.
O crime da letra é a desnutrição e a morte. Sem comida a vida
perece. Alguém desnutrido é um aspirante a defunto. Cristo é o verbo encarnado e
o pasto das ovelhas. Não existe outra pastagem para o crente além da pessoa de
Cristo. Se não encontrarmos a pessoa de Cristo em nossa leitura bíblica, não
encontramos a vida e o alimento espiritual. Só Cristo pode contentar a nossa
alma e alegrar o nosso espírito com a sua vida. Ele é o único alimento
espiritual que pode dar significado ao ser humano. Assim como o Pai, que
vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta
por mim viverá. João 6:57.
A fome da alma é um apetite por Deus que apenas Cristo pode
satisfazer. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso
suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos
deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a
vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas
fiéis misericórdias prometidas a Davi. Isaías 55:2-3.
A nação israelita ficou apenas com o cardápio, deixando de
comer o verdadeiro pão que veio do céu. Mas a igreja atual passa pelo mesmo
lance crítico. Hoje em dia nós nos esmeramos na qualidade estética do cardápio e
na sua melhor tradução, e apesar disso, pouca gente tem comido do pão de Deus.
As versões bíblicas são fantásticas e as encadernações primorosas e ainda assim
o povo está morto espiritualmente e com fome, pois a letra mata. Erudição não
mata a fome do espírito. Madame Guyon falava de uma leitura textual que deve
enfocar a pessoa de Cristo. Quando estivermos lendo a Escritura precisamos parar
a cada instante para entrarmos em contato com o Cristo que habita em nosso
espírito e que se revela no encadeamento das palavras que estamos lendo. Se não
houver esta afinidade entre o Cristo que vive no espírito do crente e o Espírito
de Cristo que se manifesta na palavra, nós estamos sem vida. Como vimos
anteriormente, podemos ter uma pregação ortodoxa e profundamente escriturística,
mas sem a vida espiritual. A grande necessidade da igreja atual é de um
avivamento bíblico. Precisamos de centralidade na Bíblia, mas carecemos, além
disso, da vivificação e revelação do Espírito Santo. A letra sem o hálito fresco
da boca Divina é um esqueleto literário, sem o poder de vivificar. O palácio
real sem a realeza é simplesmente um museu. A letra da Escritura sem a vida
manifesta de Cristo é bibliografia ou história. A grande necessidade da igreja é
de comunhão pessoal com o seu Salvador e Senhor, por isso, não basta fazer a
mera leitura da Bíblia, já que é imperativa a revelação do Espírito para
torná-la viva na experiência do crente. Sem a luz do Espírito a letra se
configura numa arma assassina, e nós, os pregadores, em múmias criminosas. Vem
Senhor vivificar e revelar a tua palavra em nosso ser.
Soli Deo Glória.
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SANTIDADE COM SANIDADE
Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes:Santos sereis,porque eu, o Senhor,vosso Deus,sou santo. Levítico 19:2.
O Deus da Bíblia é santo de fato e o povo do Deus da Bíblia
deve ser santo por graça. Só Deus é essencialmente santo, e só ele pode conceder
gratuitamente santidade ao seu povo. O Deus santo não amplia sua convivência com
um povo contaminado pela corrupção pessoal, nem se envolve com a falsificação
coletiva das outras nações. "Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou
santo e separei-vos dos povos, para serdes meus". Levítico 20:26.
O coração do ser humano é corrupto em face da natureza do
pecado. Ora, se a parte está depravada, o todo se encontra corrompido. Se o
coração do gênero é perverso, as relações da sociedade estão contaminadas. Os
membros infectados adoecem o conjunto, e esta coligação de pervertidos reforça a
corrupção dos componentes. Aqui há uma retro alimentação.
Entretanto, as Escrituras mostram que sem santidade ninguém
poderá ver a Deus. Ainda que a santidade não seja um atributo da humanidade e
que nenhum ser humano seja santo em si mesmo, ainda assim ela é requerida para o
relacionamento com Deus. Isto implica no fato de que precisa haver uma ação
sobrenatural que origine uma santidade imputada.
A santidade significa: exclusividade divina. O povo santo é uma
aldeia que pertence somente a Deus. Esse é o primeiro significado de santidade.
Um povo de propriedade exclusiva de Deus. Essa privacidade é fundamental para a
comunhão interpessoal com o Deus santo. O Senhor escolheu o seu povo dentre
outros povos para que fosse santo. Mas não o elegeu porque fosse melhor ou
maior. A seleção foi baseada apenas no amor de Deus, sem levar em conta qualquer
qualidade ou mérito do povo. "Não vos teve o Senhor afeição, nem vos
escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor
de todos os povos,
mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a
vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da
servidão, do poder de Faraó, rei do Egito". Deuteronômio 7:7-8.
A santidade sugere singularidade. "Ouve,
Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor". Deuteronômio 6:4. Deus é único e o seu povo é particular. Javé optou por
uma nação baseado apenas em seu amor. Isto quer dizer que não há atributos que
determinem o seu amor. Toda expressão afetiva que se fundamenta em predicados
não pode expressar o amor divino.
A preferência de Deus é motivada unicamente pelo
seu amor incondicional, pois amor divino condicional é uma incoerência do seu
caráter. Deus é sempre amor e nos elege para sermos seus filhos por causa do seu
amor eterno em Cristo. Arthur W. Pink disse com muita propriedade: "O grande
erro que muitos do povo de Deus cometem é esperar descobrir em si mesmos aquilo
que só pode ser encontrado em Cristo". A santidade do povo
de Deus é uma conseqüência da escolha divina estribada em Cristo, mediante a
imputação do seu caráter. Nesse ponto nós encontramos a santidade objetiva que
depende totalmente da suficiência de Cristo. Buscar santidade em nós mesmos,
fora de Cristo, é a manifestação mais evidente de insanidade pessoal.
O povo de Deus é santo porque Cristo é a sua santificação.
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de
Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". 1 Coríntios 1:30. Nós temos na pessoa de Cristo um pacote de medidas que
nos garante uma salvação perfeita, completa e eterna. Viver pela graça é viver
somente pelos merecimentos do Senhor Jesus Cristo. Tanto a aceitação como a
posição dependem da união com Cristo.
Cristo é a nossa santidade. O escritor aos Hebreus
no capítulo 10 verso 10 nos diz que: "Nessa vontade é que temos sido
santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por
todas". Aqui vemos claramente a nossa santificação
objetiva pela obra de Cristo. É uma santidade totalizada e permanente. Assim,
neste aspecto da santificação, você, que confia tão-somente em Cristo para a sua
salvação, já é santo. Tentar encontrar santidade em nós
mesmos pode nos levar ao farisaísmo legalista ou à alucinação. Se quisermos ser
santos, precisamos olhar para fora de nós mesmos e firmemente para Cristo. Só
nele poderemos localizar a verdadeira santidade que nos santifica de verdade.
"Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele". Efésios 1:4.
Cristo é a nossa justiça e a nossa aceitação. Ele é o
Advogado da nossa causa e o Juiz que nos julga. Ele é o santo que nos justifica
e a santidade que nos aperfeiçoa. Somos irrepreensíveis diante dele, porque ele
mesmo é objetivamente a nossa santificação. Do ponto de vista legal ninguém
poderá ser mais santo do que já o é em Cristo. "Agora, porém, vos
reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos
perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis". Colossenses 1:22. Mas há também uma santificação
subjetiva promovida pelo Espírito Santo que é progressiva em nossa experiência.
A santidade que temos em Cristo é fora de nós e em união com Cristo, mas a
santidade do Espírito e dentro de nós é crescente. Ambas vêm a nós pela graça,
por causa dos merecimentos de Cristo. Mas uma é plena e concluída, enquanto a
outra é de fato evolutiva. A santificação do Espírito é ampliada a cada dia, por
meio da graça.
Só aquele que é santo pode crescer em santidade.
"Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo
imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a
santificar-se". Apocalipse 22:11. A natureza sempre
evolui em seu cerne. Aqui temos a santificação daquele que é santo. Não há
crescimento em santidade no ímpio, nem progresso do santo em impiedade. Todos
evolucionam naquilo que são em essência.
A santidade de Cristo em nosso favor se torna uma
matriz de santificação operada pelo Espírito Santo de modo progressivo. Aquele
que é santo objetivamente em Cristo, por meio da graça administrada pelo
Espírito, acende em santidade, subjetivamente, até a estatura da varonilidade de
Cristo. Quem é santo se santifica ainda mais através da graça de Deus. E assim,
quanto maior for a consciência da santidade, maior será o crescimento na
santificação.
É bem verdade que o aumento em santidade acena
sempre para uma maior consciência da nossa natureza pecadora. A história da
igreja comprova que aqueles que têm subido o monte mais alto da santificação,
acabam concluindo que são realmente os piores pecadores. Parece que a verdade é:
quanto mais santo, mais certeza de sua pecaminosidade. Mesmo
assim, a vida cristã é a manifestação evolutiva da santidade de Deus. Se o
produto do pecador é o pecado, o fruto do santo é a santificação em santidade
com sanidade. Não se trata de uma obsessão legalista, mas de uma evolução
saudável da vida de Cristo capacitando-nos a obedecer com alegria tudo o que diz
respeito à vontade do Pai para as nossas vidas. Entretanto, a santificação não
indica que o cristão é um ser extraordinário, mas que Cristo é tudo nele.
Pink dizia que "na pessoa de Cristo, Deus atinge uma
santidade que suporta o mais profundo escrutínio, sim, que alegra e satisfaz o
seu coração, e o que quer que Cristo seja diante de Deus, ele o é para o seu
povo", só que isso precisa evolucionar em nossa compreensão e experiência
através da operação graciosa do Espírito Santo em nós. Por isso, a santificação
não é nada mais ou nada menos do que o desenvolvimento da vida de Cristo em
nosso interior.
A santidade progressiva se alimenta do pão nosso
de cada dia na pessoa de Cristo. Comer diariamente este maná atualizado é
crescer em santificação saudável. Participar da mesa da graça não é uma questão
de empenho, mas de prazer, uma vez que a santidade compulsória é um tenebroso
sanatório. Sem alegria não pode existir vida cristã autêntica. "Cantem de
contentamento e se alegrem os que têm prazer na minha santidade; e contem
sempre: Glorificado seja o Senhor, que se compraz na felicidade do seu servo"!
Salmo 35:27. (Paráfrase).
Sem alegria a santidade é um peso insuportável. O
progresso da vida espiritual caminha sempre movido a regozijo como agente de
festa. Tenho observado que, de um modo geral, a santificação no muque tem cheiro
de axila, paladar azedo como limão, ar de desgosto e uma pose deprimida.
Contudo, a santificação pela graça é uma vivência de celebração permanente,
enquanto a santidade sem júbilo é como um velório na madrugada.
A santificação significa que Deus é mais
glorificado em mim quando eu sou mais satisfeito nele. Quanto mais eu me alegro
no Senhor, mais eu cresço em santidade. Como disse John Piper, "a glória do pão
consiste em que ele satisfaz. A glória da água viva está no fato de que ela
sacia a sede". Ora, se Cristo é a satisfação da minha fome espiritual e a
abastança da minha sede de significado, logo ele é a razão da minha evolução em
santidade.
"Não existe santidade sem luta", mesmo assim, essa
peleja não está destituída de prazer. Se retirarmos o deleite da experiência de
santificação, ela não passa de uma conduta rígida e atormentadora. A santidade
com saúde é uma realidade espiritual com satisfação. Santo a fórceps é aborto
moral e desgosto permanente. A alegria é fundamental no processo da
santificação.
Para concluir quero apenas confirmar: a santidade
não é uma via para chegarmos a Cristo, mas Cristo é o caminho para a santidade.
"Sede santos, porque eu sou santo". 1 Pedro
1:16. Contudo, é bom lembrar que isto não é um imperativo crucial, ainda que
seja uma ordem, sua motivação é o gozo de uma vida livre e bem-aventurada.
"Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de
alegria, na tua destra delícias perpetuamente". Salmo 16:11.
Soli Deo Glória.
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CRESCENDO EM MENOS
Antes crescei na graça e no conhecimento
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como
no dia eterno. 1 Pedro
3:18.
Crescendo em menos não significa crescer menos ou
ter um crescimento menor. Estou tocando, com este tema, no avanço em redução,
sem qualquer tentativa de atear fogo na tendência ao acréscimo. Aqui, não
pretendo abordar o aumento da montanha, mas o alargamento do buraco. Crescer em
menos é evoluir na vacuidade ou esvaziamento de si próprio.
O ser humano vive cheio de si e continuamente
pensando em crescer cada vez mais, em mais de si mesmo. A ambição do pecado
propõe tornar a pessoa sempre mais, melhor e maior. Somos uma raça infectada
pelo germe da grandeza, importância e notoriedade. Crescer
em menos é algo contrário à nossa índole. Nós não temos a disposição das raízes
de se desenvolverem para baixo e às escondidas, já que apreciamos escalar às
alturas como as hastes em busca da culminância. Quem cresce ruma aos píncaros da
glória não suporta o anonimato e a vida de solitude. O ostracismo revela a
angústia existencial dos ensimesmados. O profeta Oséias,
usando uma metáfora, fala de uma espécie de planta estranha, nestes termos:
Serei para Israel como orvalho, ele florescerá como lírio, e lançará as
suas raízes como o cedro do Líbano. Oséias 14:5.
Esse arbusto tenro como a lilácea tem raízes profundas como uma árvore enorme e
frondosa. O Israel de Deus é um vegetal esquisito, pequeno e frágil por fora,
mas com raízes gigantescas que descem às profundezas da terra.
Crescer para baixo, ocultamente, é uma das
evidências da vida espiritual autêntica. No reino de Deus não há passarelas para
exibições, nem vitrines para exposições dos produtos. A vida secreta dos filhos
de Deus é a grande demonstração da realidade espiritual.
O incremento no terreno da graça não conta com os
méritos humanos. Quando alguém cresce em graça, significa que progrediu na
compreensão dos seus deméritos. Quanto mais a graça floresce na alma do filho de
Deus, menos dignidade se confirma na sua vida diária. O salvo pela graça jamais
ostentará um atestado de bons antecedentes ou o menor currículo
vitae.
O apóstolo Paulo aprendeu, com duras penas, que o
crescimento na graça passa pela extenuação. Crescer em fraqueza é desenvolver-se
em graça. A graça está para fraqueza, assim como o alimento está para a fome.
Foi deste modo que ele ouviu do Senhor: a minha graça te basta, porque o
poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas
fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 2 Coríntios
12:9.
A fraqueza extrema é a abertura para a dependência
total do crente em Cristo. No reino da graça o enfraquecimento é a via do poder
divino. Nós só dependeremos completamente de Deus, se cada um chegar, de fato,
ao fim de si mesmo. Quanto menos independência pessoal, mais dependência
sobrenatural do Senhor. Quanto mais fraqueza humana, mais força
divina.
Paulo foi ainda mais longe quando se deliciava na
debilidade e fazia festa com a sua atonia pessoal. Pelo que sinto prazer
nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias,
por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte. 2
Coríntios 12:10. Vemos aqui, com nitidez, que o
crescimento na fragilidade humana é a ampliação do poder de Deus. A fraqueza
humana escancara as portas da onipotência divina.
A lei do crescimento no reino de Deus mostra que
crescer em menos de nós é crescer em mais de Cristo. No evangelho, a plenitude
do Espírito Santo é o resultado dos efeitos da cruz de Cristo, que promove a
desocupação do egoísmo em nosso íntimo. O esvaziamento precede o enchimento. Na
matemática celestial o cálculo de subtração vem antes da conta de adição. Não
vivo eu, mas Cristo é a primeira operação da aritmética santa no acordo da
Igreja de Deus.
João Batista, um primo mais velho de Jesus,
entendeu claramente que o crescimento espiritual é de cima para baixo. Crescer
no conhecimento de Cristo é decrescer em nossa estimativa particular. Conhecer
mais de Cristo é minguar cada vez mais em nossa avaliação. Foi assim que João
concluiu: convém que ele cresça e que eu diminua. João
3:30.
A vida cristã não é uma biografia de emergente que
gosta de badalação, aprecia as luzes dos holofotes e ama ser colunável. Ser
cristão é ser menos diante da opinião pública. É preciso primeiro drenar esse
tumor inchado da imagem insuspeita e de valor subjetivo de nossa alma, para que
a identidade de Cristo se manifeste docemente em nosso homem
interior.
Os filhos de Deus vivem na presença de Deus e na
dependência de Deus. Andrew Murray foi categórico ao afirmar: "ter vida em si
mesmo é prerrogativa exclusiva de Deus e do seu Filho... a mais alta honra para
uma criatura é buscar vida, não em si mesma, mas em Deus". A nossa personalidade
cristã é formada pela comunicação da vida de Cristo em nosso ser, por isso não
carecemos da consideração e aceitação social para demonstrar quem
somos.
Todo aquele que foi aceito incondicionalmente pelo
Pai através do Filho e de sua obra na cruz é uma nova criatura que tem sua
identidade permanente como filho de Deus, e que não precisa da anuência pública
para ganhar reconhecimento na sociedade. A vida secreta da família divina é o
estilo mais adequado para a convivência do povo de Deus.
A invisibilidade pública e a visibilidade
confidencial na presença do Pai é o sinal de trânsito seguro da intimidade
espiritual. O cristão anda na luz do Senhor, mas fora do olhar dos expectadores
humanos. Jesus foi muito aberto com relação a este assunto: guardai-vos de
exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de sedes vistos por eles;
doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Mateus
6:1.
Se quisermos crescer na vida cristã, devemos
crescer em menos diante da opinião dos outros. O caminho do peregrino será
diretamente iluminado por cima, todavia as laterais estarão sempre cobertas por
véus. Jesus desvendou a prática da contribuição, oração e jejum vedando aos
homens a informação do acontecimento. Veja, por exemplo, como ele resume a
questão da oração. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e,
fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará. Mateus 6:6.
A fé cristã não é um espetáculo que requer
platéia. O verdadeiro culto não é um show que exige expectadores. Nós não
precisamos de relatório para ser aprovado diante do Senhor. Como insistia
Murray: "não há outro caminho que leve à vida verdadeira – o permanecer em
Cristo – que não seja aquele que nosso Senhor trilhou antes de nós: o caminho da
morte, isto é, o caminho da cruz". Sem a morte desta vida exibida não haverá
cristianismo verdadeiro. O ego precisa sair de cena, mas não
existe outro instrumento de convencimento senão o caminho da cruz. Só a morte de
Cristo na cruz e a morte do pecador com Cristo podem dissuadir o velho homem de
sua disposição arrogante de se exibir diante do auditório. A vida em secreto é a
atitude apropriada e ajuizada da nova criatura que teve o seu caráter
transformado pelos efeitos da cruz de Cristo e que, no dia a dia, apresenta as
marcas desta cruz, levando o morrer de Jesus como evidência de sua fé em
Cristo.
Crescer em menos é crescer em direção ao pó. A
humildade é o humano rumo ao húmus. Quando reconhecemos que somos apenas areia
movediça sem qualquer vida em si mesma, ajoelhamos reverentes diante da
majestosa soberania de Deus. Antes, ele dá maior graça, pelo que diz: Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Tiago 4:6.
Humildade não é rebaixamento em busca de
exaltação. Sabemos que muitos se maquiam com os traços da humildade para
receberem as migalhas da louvação. Contudo, "a humildade é aquela virtude que,
quando você percebe que a tem, já a perdeu". Só Jesus foi realmente humilde de
coração e somente através dele podemos ganhar uma humildade sem ostentação ou
necessidade de apreço. Crescer em humildade é crescer em
isenção de cuidados especiais, na ausência de interesses particulares ou
prestígios reservados. Agostinho dizia: "para os que desejam aprender os
caminhos de Deus, a humildade é a primeira, a segunda e a terceira lições". Mas
é bom lembrar que não há graduação, nem formatura em matéria de humildade.
Nenhum mortal pode se considerar humilde, sem correr o risco da arrogância
espiritual.
O crescimento em humildade e submissão vem sempre
crescendo em menos de nós e mais de Cristo, sem que seja necessário demonstrar
que somos menos, nem que Cristo é mais. A vida equilibrada da fé adota a postura
sensata de reconhecer a nossa insignificância, sem aviltamento, bem como a nossa
dependência total do Senhor, sem misticismo ou fanatismo. Temo este
espiritualismo que aniquila a individualidade e mistifica o relacionamento com
Deus. Menos de nós e mais de Cristo é a expressão saudável
no crescimento da eterna salvação de Deus, que nos transforma em seus filhos,
destituídos desta carência de importância humana, uma vez que fomos revestidos
da importância plena da vida de Cristo, porque morrestes, e a vossa vida está
oculta juntamente com Cristo, em Deus. Colossenses 3:3.
Aleluia.
Soli Deo Glória.
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sábado, 15 de dezembro de 2012
Papai Noel Era Bispo
O personagem histórico do qual deriva a atual figura do Papai Noel foi São Nicolau, Bispo de Mira (atual Demre) na Turquia, que viveu no século IV, foi preso mais de uma vez sob o Imperador Diocleciano, por não negar a sua fé em Jesus Cristo, mas não foi martirizado, tendo uma vida longa. Foi uma pessoa bondosa, que amava as crianças e a elas distribuía presentes, e possuía vestes episcopais vermelhas. Foi declarado santo, por se atribuir ao mesmo a realização de vários milagres em vida. Uma Basílica foi construída em sua honra, quando faleceu. Com um carisma de “ajuda” a sua memória foi venerada rapidamente no Leste Europeu, entre bizantinos e coptas. Com a invasão islâmica à Turquia, os seus restos mortais foram transladados, posteriormente (1087) para a Basílica de Bari, na Itália.
No século XVI se viu, na Alemanha (talvez associado à figura germânica de Odin), a propagação da prática de, no dia 06 de dezembro, se associar à sua figura a distribuição de presentes, entrando pelas chaminés. Os holandeses, que o denominavam de SinterKlass trouxeram essa versão meio religiosa-meio folclórica para a Nova Amsterdam (depois Nova York). Ali os anglo-saxões o rebatizaram de Santa Klaus, e estilizaram a ideia do trenó e das renas, em razão da neve do inverno.
Em 1823 Clement C. Moore escreveu a novela “Uma visita de São Nicolau”, concorrendo, ainda mais, para a sua popularização. No século XX o personagem foi popularizado, inclusive com o apoio da Coca-Cola. Hoje, com variações de versões locais, o Papai Noel (ou equivalente) foi se espalhando por todo o mundo, com suas lendas, sendo, no caso do Brasil, personagem popular nos centros de compras.
Creio, que, a essa altura, não dá para negar a presença dessa figura culturalmente alinhada de um velhinho bem nórdico (morrendo de calor nos trópicos), mas sim, que se pode “recristianizá-lo”, resgatando, entre os cristãos, a figura piedosa e amorosa do personagem original:São Nicolau, meu colega Bispo…
Como Nicolau, expressemos a todos o amor de Cristo, em forma de solidariedade e presentes, especialmente para as crianças.
Soli Deo Glória
Soli Deo Glória
JESUS, O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:6. Chegamos agora à sétima expressão registrada no evangelho de João, referente à Pessoa do Senhor Jesus Cristo: O caminho, a verdade e a vida. Cristo, como Aquele que desceu do céu, "o trigo da terra", elevado às alturas, e assentado na glória, veio ser o tudo na vida do Seu povo. É inefavelmente precioso para aqueles que estão em Cristo descobrir que o Senhor Jesus preenche todas as coisas e que Nele temos completa redenção.
Ele é o caminho: Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar
no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne. Hebreus 10:19-20.
Nenhum
homem na face da terra ousa aproximar-se da presença de Deus fora de Cristo, e
este novo e vivo caminho foi aberto pela cruz. É inútil entrar por
qualquer outro. Os homens podem esforçar-se para entrar nele por outros meios,
mas é impossível. O sacrifício da cruz é divinamente suficiente e único para nos
conduzir à presença de Deus. O nosso bendito Senhor deixou toda a glória do céu
pela vergonha da cruz, a fim de guiar o Seu povo remido, perdoado, e
apresentá-lo inculpável diante do nosso Deus e Pai. Agora, porém, vos
reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos
perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis. Colossenses 1:22.
O Senhor Jesus em Sua própria Pessoa preenche todas as
condições necessárias para nos levar a Deus; Nele somos levados, em perfeita
justiça, até Deus. Todo o caminho está entremeado com o sangue. Quem comer
a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o
Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se
alimenta por mim viverá. João 6:56-57. Comer a Sua carne e beber o Seu
sangue falam da nossa íntima união no Seu corpo. A Sua morte é nossa morte e a
morte, para nós, é a morte da natureza perversa que herdamos de Adão. A Sua
ressurreição também é nossa. E agora, livres do poder do pecado e da morte,
podemos nos alimentar da graça infinita Daquele que realizou tudo isto por todos
nós. Cristo é a verdade. O Senhor Jesus não diz que vai nos mostrar a
verdade. A verdade não se refere à palavra a respeito de Cristo; o próprio
Cristo é a verdade. Corremos o perigo de examinar as Escrituras e não
encontrarmos o Senhor. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a
vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a
mim para terdes vida. João 5:39-40. Por outro lado, o objetivo maior das
Escrituras é mostrar a Cristo. A seguir, Jesus lhes disse: São estas as
palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o
que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Lucas
24:44. Podemos falar de muitas doutrinas por muitos anos, entretanto, se
não tivermos a visão de Cristo vivendo em nós ou se Cristo não for nossa
verdade, nossas obras serão mortas.
Uma coisa é termos a Bíblia em nossas mãos, em nossas casas,
nas nossas igrejas, e outra, muito diferente, é ter a verdade da Bíblia revelada
na Pessoa de Cristo brilhando em nossas vidas. Quão importante é tudo isto,
nestes dias de deturpação da verdade de Deus. Porque nós não estamos, como
tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na
presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus. 2Coríntios
2:17. Na presença de Deus, tudo está resumido em Cristo.
Conhecer a verdade de Deus sem a visão de Cristo é o mesmo que
pedir para um cego discorrer sobre o sol, e o que o cego pode ter são vagas
impressões sobre o mesmo. Alguém disse: Vocês perderam a "visão" do
cristianismo porque abandonaram o "Livro". Não havendo profecia, o
povo se corrompe. Provérbios 29:18a. Em outra tradução é: Onde não
há visão, o povo se desintegra, ou ainda, se torna em
ruínas.
Eu sou a vida
, diz o Senhor. Vida é o próprio
Cristo. Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre
os mortos, do que nós somos testemunhas. Atos 3:15. Se não tivermos a
revelação deste fato, "Cristo é a nossa vida", com certeza entraremos num
labirinto inextricável. Vida cristã não é tentar viver a vida de Cristo, mas,
sim, Cristo vivendo e manifestando a Sua vida em nós. E, se existe vida não
há um pingo de necessidade de realizarmos qualquer esforço pois, esta vida, a
vida de Cristo, flui naturalmente.
O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para
que tenham vida e a tenham em abundância. João 10:10.
Fica implícita
aqui não só a abundância da própria vida, mas, igualmente, a abundância da fonte
de vida, fonte esta que jamais se extingue. O Salmo 23 revela de forma
maravilhosa o que isto significa: "nada nos faltará", "pastos verdejantes",
as "águas de descanso", com sua "mesa preparada" e seu
"cálice transbordante". Tudo isso temos em Cristo. Enfatizamos que o caminho
é Cristo, a verdade é Cristo, e a vida é Cristo. O Senhor Jesus Cristo é
suficiente em todas as questões desta vida. É tudo em Cristo, de Cristo e por
Cristo. Se a obra de Cristo é suficiente para a consciência, se Sua bendita
Pessoa é suficiente para o coração, então, com toda a certeza, a Sua preciosa
Palavra é suficiente para o caminho. Podemos admitir, com toda a confiança
possível, que possuímos no divino volume das Sagradas Escrituras tudo o que
poderíamos precisar, não apenas para atender às necessidades de nossa senda
individual, mas também para as variadas necessidades da Igreja de Deus, nos
mínimos detalhes de sua história neste mundo. Charles Henry Mackintosh.
O conhecimento de Jesus Cristo é vida eterna. Quando Pedro
confessou Cristo como o Filho do Deus vivo, a resposta de Jesus foi:
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então,
Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e
sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Mateus
16:16-17. Este é o único meio pelo qual alguém é agregado à família de
Deus. É pela revelação da Pessoa de Cristo, que não é apenas uma doutrina. Não
podemos esquecer jamais que o Cristianismo não é um conjunto de opiniões, um
sistema de dogmas ou um determinado número de pontos de vista. É uma realidade
viva por excelência, um relacionamento íntimo com a Pessoa do Senhor Jesus
Cristo. Esta revelação, sendo recebida pela fé, atrai o coração para Cristo.
E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo João
12:32.
Estamos num mundo, onde passamos por dificuldades, provações e sofrimentos; mas podemos descansar quanto Àquele que se revelou a nós em todas as nossas necessidades e fraquezas, nada temos que recear. Pois, Ele diz: EU SOU O QUE SOU.
Soli Deo Glória.
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AINDA QUE... TODAVIA
Ainda que a oliveira não floresça, nem haja fruto na vide,
ainda que o produto da oliveira falhe, e os campos não produzam mantimento,
ainda que as ovelhas sejam exterminadas, e nos currais não haja gado, todavia eu
me alegrarei no Senhor e exultarei no Deus da minha salvação. Habacuque
3:17-18.
O livro de Habacuque é o oitavo dos profetas menores. Embora
tenha mais de dois mil e quinhentos anos, sua mensagem é atualíssima. Os tempos
podem mudar, mas o coração dos homens não. Ele ainda é prisioneiro das mesmas
ambições, desejos e inclinações pecaminosas. Henrietta Mears diz: “o livro de
Habacuque começa num vale profundo e termina nas alturas excelsas”. Ou seja, ele
vai do desespero à esperança, do temor à verdadeira fé.
Desde a queda de Adão e, consequentemente, de toda a raça, -
como está escrito: Porquanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram. Romanos 5:12 - o sofrimento tornou-se algo inerente na
vida diária do ser humano. Todos, indistintamente, passarão por sofrimentos. O
sofrimento vem para o rico e para o pobre, para o crente e para o descrente. A
verdade é que o sofrimento não faz acepção de pessoas.A palavra de Deus é clara
em dizer: Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta
angústias até agora. Não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do
Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a
redenção do nosso corpo. Romanos 8:22-23.
Deus tem uma medida de sofrimento para cada ser humano. É
verdade que muitos, por suas escolhas erradas, atraem o sofrimento para suas
vidas, por não saber discernir o precioso do vil, e por querer andar segundo a
sua própria vontade em detrimento da vontade de Deus. Lembre-se do que a palavra
de Deus diz em: não vos enganeis: Deus não se deixa escarnecer. Tudo que o
homem semear, também ceifará. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a
corrupção; o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. Gálatas
6:7-8.
Diante dessa verdade, fica uma pergunta inquietante: o que
temos semeado em nossas vidas? É certo que a colheita desses frutos virá. O
apóstolo Paulo tinha em sua mente plena convicção de que todas as coisas que lhe
aconteciam estavam debaixo da soberania de Deus. Sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito. Romanos 8:28.
A maldade, o pecado provocado por outras pessoas contra os
filhos de Deus, está debaixo da soberania do Pai e não foge de seus propósitos
em trabalhar na vida do seu povo. Nenhuma pessoa vai dizer ou fazer algo para um
amado do Pai, gerando qualquer desconforto, sem que o próprio Deus não conheça e
de alguma forma não o tenha permitido. O salmista diz: Pois tu, ó Deus, nos
provaste, tu nos refinaste como se refina a prata. Tu nos deixaste cair no laço,
e cargas pesadas nos colocaste nas costas. Fizeste com que os homens cavalgassem
sobre as nossas cabeças, passamos pelo fogo e pela água, mas nos trouxeste a um
lugar de abundância. Salmos 66:10-12. Toda circunstância gerada contra os
eleitos de Deus está no seu controle.
O problema é que o ser humano não quer demonstrar fraqueza, não
quer reconhecer sua total incapacidade, e, muito menos, sair do controle, ou
seja, render-se. Porém, o Senhor só opera na fraqueza, ou melhor, no
reconhecimento da fraqueza. Este mundo é a grande escola de Deus para o
tratamento do ser humano. Deus precisa imprimir seu caráter na vida de seus
filhos. E como Ele vai fazer isso? Através do sofrimento. Assentar-se-á como
fundidor e purificador de prata, purificará os filhos de Levi, e os refinará
como ouro e como a prata. Então eles trarão ao Senhor ofertas em retidão.
Malaquias 3:3. Esse versículo bíblico intrigou algumas mulheres num
determinado estudo bíblico. Elas ficaram pensando o que essa afirmação
significava em relação ao caráter e a natureza de Deus. Descobriram que, no
refinamento da prata, é preciso que o artesão fique sentado segurando a mesma no
centro da chama, onde ela é mais quente, para queimar as impurezas. Deve manter
seus olhos na prata o tempo todo em que ela estiver nas chamas, pois se a prata
ficar um minuto a mais que o devido, pode ser destruída. O refinamento da prata
termina somente quando o artesão vê sua imagem nela.
Nossos dias são dias de conflitos, solidão, estresse,
ansiedade, depressão e medo, e todos, sem exceção, estão sujeitos às tempestades
da vida. As adversidades chegam sem pedir licença. O profeta Habacuque declarou
embaixo da dependência de Abba: “Ainda que”! Não importa a dor, a perda,
o sofrimento, quando os olhos estão postos no Deus de toda a graça, pode-se
caminhar feliz pelo vale da sombra da morte e, ainda assim, estar alegre e
exultante na soberania de Deus. Este mundo é a escola de Deus para tratar com
todo o ser humano. As adversidades só têm um propósito: tirar aquilo que não
agrada o grande Refinador. Deus quer imprimir em cada um de seus filhos a Sua
imagem, ou seja, o caráter de Jesus Cristo. E nós precisamos disso. O salmista é
claro em dizer: Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua
palavra. Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus
decretos. Bem sei, ó Senhor que as tuas leis são justas, e que em tua fidelidade
me afligiste. Salmos 119:67-71-75.
E para os que não nasceram de novo, Deus precisa levá-los ao
fim de si mesmos, para que reconheçam a Cristo como único Senhor e Salvador.
Deus está com os olhos fitos em cada um de seus eleitos, cuidando de cada um
como a menina dos olhos, dizendo: Ainda que meu pai e minha mãe me
desamparassem, o Senhor me recolheria. Salmos 27:10. E, também: Pode uma
mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de modo que não se compadeça do
filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, jamais me
esquecerei de ti. Isaías 49:15.
Por vezes, a tendência do cristão é ficar com os olhos fitos na
figueira e esperar frutos dela: alimento, figo, ou melhor, o doce do figo. Mas,
quando isso não acontece, quando o fruto não vem, o que fazer? Habacuque começa
sua profecia com choro e medo, e a termina cantando e confiante. O que produziu
a mudança em seu coração? Certamente foi a certeza da soberania de Deus em todos
os aspectos da história do seu povo. O Senhor tem o seu caminho na tormenta,
e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Naum 1:3-b. E,
também: Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.
Pelo que não temeremos, ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os
montes se abalem pela sua braveza. Salmos 46:1-3. Quando se mantém o olhar
somente para figueira, depara-se com fraqueza e desespero. É preciso aprender,
pela graça de Deus, a olhar firmemente para o autor e consumador da fé.
Certamente, quando os olhos estão postos naquele que pode todas as coisas, não
precisamos entrar em desespero, pois sabemos que Ele está no controle de TUDO!
O sofrimento, na vida do ser humano, baseia-se em perdas: seja
da saúde, do emprego, afeto, bens materiais ou até mesmo de um ente querido.
Toda pessoa que passou por alguma perda, via de regra sente-se culpada por isso.
Mas, é bom lembrar que, como seres finitos, todos estão sujeitos a perdas e não
se tem como evitá-las. Se não há como evitar o sofrimento, pode-se torná-lo
menos doloroso ao buscar e andar na presença de Deus Pai. Tu me farás ver a
vereda da vida; na tua presença me encherás de alegria, com delícias
perpétuas à tua direita. Salmos 16:11. Isto porque: Deus é nosso refúgio
e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Salmos 46:1.
Muitas vezes, aquele que está sofrendo procura não falar e até
mesmo nem pensar naquilo que traz sofrimento, como um meio de fuga. Por outro
lado, só encontraremos a cura ao extravasarmos todo sentimento que causa a dor.
Quando se evita falar acerca desse sentimento, o corpo reage de forma negativa,
trazendo doenças físicas e emocionais. O rei Davi foi claro ao dizer:
Enquanto me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido o dia todo.
Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor tornou-se em
sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri.
Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do
meu pecado. Salmos 32:3-5. Quando confessamos nossos pecados primeiro ao
Senhor e também a um irmão de confiança, estamos dando o primeiro passo para a
cura.
Jesus foi claro ao dizer: Disse-vos estas coisas para que em
mim tenhais paz. No mundo tereis aflições. Mas tende bom ânimo! Eu venci o
mundo. João 16:33. Ele e somente Ele pode dar graça aos seus filhos para
viverem tanto nos dias fáceis e alegres, quanto nos dias difíceis e tristes.
Muitas pessoas, quando recebem um não de Deus, em momentos de dor, ficam duras
como o salmista: A minha alma recusou ser consolada. Salmos 77:2-b. Toda
pessoa vitimizada por um ego doído acha-se no direito de não receber o consolo
de Deus. Não se dobra à soberania de Deus, pois quer que a sua vontade seja
feita tanto na terra como também deveria ser feita no céu. E, assim, jamais
poderá tocar na dor do outro, pois recusa-se a receber o consolo que somente o
Pai celestial pode conceder. Bendito seja o Deus e Pai de nosso senhor Jesus
Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação, que nos consola
em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem
em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por
Deus. Somente aquele que passou ou está passando pela tribulação pode ser
consolado por Deus e, assim, pode ser um canal de bênçãos para aqueles que
também estão sendo atribulados.
Que o nosso Deus e Pai possa abrir os olhos do nosso
entendimento para que possamos enxergar além da tristeza e assim glorificar seu
Santo nome! Amém.
Soli Deo Glória.
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