Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério
com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos
medirão também. Mateus 7:1-2. Jesus foi bem objetivo com relação ao julgamento: "não seja juiz da vida alheia". A critiquice sempre fez parte da natureza grosseira do ser humano natural, por isso Cristo mostra aos seus discípulos, que não era conveniente que eles se sentassem na cadeira do tribunal, para censurar a vida das outras pessoas. Por outro lado, ninguém, no reino de Deus, tem condições de julgar a quem quer que seja, sem incorrer também na categoria de um réu culpado de igual sentença.
O crítico além de exercer uma pose de superioridade, quando
julga aos outros, ainda se constitui suspeito na condição de incriminado.
Segundo a Bíblia, o mesmo juízo crítico que usamos para apreciar a vida dos
outros, deve ser objeto do nosso próprio exame, sob a mesma categoria e debaixo
do mesmo padrão. Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem
quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois
praticas as próprias coisas que condenas. Romanos 2:1.
Oswald Chambers
abordando esse tema diz: Evite qualquer
atitude que o coloque numa posição superior. No planeta onde o Cristo
encarnado se recusou julgar aos outros, não convém aos filhos de Deus uma
postura elevada de pretender ser juiz das outras pessoas. Se alguém ouvir
as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para
julgar o mundo, e sim para salvá-lo. João 12:47.
Toda pessoa que se investe na categoria de julgador da vida
alheia, acaba ficando com a presunção de ser alguém mais credenciada para a
análise dos fatos, e que por isso mesmo, encontra-se dotada de uma posição
superior. O perigo da teomania ronda o trono da crítica. Por mais despretensioso
que seja o julgamento que fazemos aos outros, e por mais criteriosa que se
apresente a censura, sempre se corre o risco de uma certa onisciência velada por
trás dessa conduta, que procura valorizar o crítico acima do criticado.
A arrogância do senhor da crítica nem sempre é vista numa
primeira olhada, mas o fato dele apresentar um ajuizamento sobre os outros, já
expõe o seu rompante de superioridade. A avaliação crítica, do ponto de vista
bíblico, só tem sentido quando houver indícios incontestáveis de uma retidão nos
critérios do julgamento. Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta
justiça. João 7:24. Lembre-se: a pessoa que se preocupa com a degradação
dos outros, no fundo está investindo na sua promoção pessoal. Jesus fala em seu
discurso no Evangelho de Mateus, que o problema desse crítico maldoso era uma
viga maiúscula que estava atravessada no fundo de seu olho doente, mas mesmo
assim, ele tentava ver a fundo um argueiro minúsculo no olho do outro.
Richard Glover sintetiza muito bem esse ponto, com sua palavras sob
medida: Ninguém é tão crítico das pequenas falhas, quanto os culpados das
grandes.
Sabemos que a censura é um pecado agradável, extremamente
complacente com nossa natureza – como então vamos cair fora dessa prática
tão excitante? Alguém, certa vez, disse com muita propriedade o seguinte: "nunca
aponte o dedo para as falhas dos outros, a não ser que ele faça parte da mão que
irá ampará-los". Se você está disposto a cooperar com a limpeza da roupa
manchada que uma outra pessoa está usando, primeiro lave suas mãos sujas, muito
bem, e depois se proponha amorosamente a ajudá-la.
Se tivermos algum direito de julgar alguém, isso só poderá
acontecer quando estivermos realmente disponíveis para adequadamente auxiliá-lo
na solução do problema. "Se não estivermos dispostos a ajudar uma pessoa a
vencer suas falhas, há pouco valor em apontá-las" e muito dissabor com os
comentários que advirão.
O gosto maléfico de desgraçar os outros com os seus argumentos
implicantes e insensíveis jamais teve sua raiz na graça de Deus. No evangelho de
Jesus Cristo não há lugar, na sala da comunhão, para uma mesa onde se sacrifique
a reputação dos outros, nem apetite para jantar as personalidades marcadas pelos
defeitos decorrentes desse mundo doente. Quanto mais a graça floresce na alma
dos santos de Deus, mais graciosas são as relações com os fracassados e
deformados dessa vida.
A maledicência é o mau hálito do pensamento e uma das
características marcantes na vida dos sujeitos que estão, no peito, sujeitos à
soberba. Quanto mais arrogante for uma criatura, mais implacáveis serão suas
críticas. A obra prima de um coração orgulhoso, tramado sob as medida nas
oficinas do inverno, é ter um alto conceito de si mesmo, a ponto de criticar os
outros com os padrões da sua mediocridade convencida. Quem és tu que
julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará
em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Romanos 14:4.
Por outro lado, há uma crítica necessária que tem sido omitida
dolosamente. Ninguém é justificável quando julga alguém com malícia perante
outras pessoas, mas não há justificativa para quem não auxilia aqueles que
tropeçam na estrada da vida, com uma admoestação de caráter prático. A crítica a
alguém ausente, feita diante de outros, é maledicência da grossa. A critica
feita a uma pessoa presente na presença de outros, pode ser no mínimo uma
grosseria. Mas a crítica positiva praticada em particular e positivamente sempre
será de grande valor na existência de um aprendiz da arte de viver.
Se as pessoas soberbas deleitam-se com o jeito de criticar os
outros através do seu estilo mal-educado, muitos mal instruídos se furtam a
criticar os censuráveis por algumas razões verdadeiramente destituídas de razão.
Quando o amor é a causa da relação, não há nada que o faça omisso no processo da
apreciação dos fatos. Quem ama se interessa pelo objeto do seu amor a tal ponto,
que prefere ser mal compreendido, a ser indiferente.
Porém, é bom que se diga: a crítica de quem ama é uma censura
feita com amor. O coração que ama se compromete integralmente pelo bem do seu
amado. Um anônimo foi notório quando disse que, "nada é mais fácil de encontrar
do que falhas". Com isso podemos assegurar que, falha muito mais aquele que
encontrando as falhas na vida da pessoa amada, não fale com profundo amor com a
pessoa que falhou, sobre as falhas que maculam a sua história. E,
prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé,
por que duvidaste? Mateus 14:31.
Jesus amava profundamente a Pedro, por isso mesmo não deixou de
censurá-lo no momento oportuno. O discípulo foi atraído pela ousadia de poder
andar sobre as águas e solicita a autorização de Jesus para ir até onde ele se
encontrava. Enquanto andava sobre as águas, Pedro tira os olhos de Jesus e de
sua palavra, considerando a força do vento e o encrespar das ondas. Nesse
instante o chão seguro da palavra se liquefez e ele submerge na sua
incredulidade. Felizmente Jesus estava tão perto que o segurou pela mão e o
firmou de novo sobre o fundamento da fé. Jesus o criticou, mas a censura de
Jesus foi tão pessoal quanto amorosa. Ele falou diretamente a Pedro sobre sua
falha, bem longe da presença dos outros discípulos, mas bem perto do seu
profundo amor e interesse. Precisamos censurar a crítica censurável, mas também
criticar a censura omissa, que no pretexto do comodismo, se encastela no terreno
fácil da apatia, indiferente às falhas na vida dos nossos amados. Aquele que ama
se compromete com o objeto do amor.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 30 de junho de 2012
CENSURANDO A CRÍTICA CENSURÁVEL
NENHUM SINAL SE LHE DARÁ
Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram:
Mestre,
queremos ver da tua parte algum sinal. Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. Mateus 12:38-40.
Os escribas e os fariseus que acabavam de acusar o Senhor de
expulsar os demônios pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios pedem-Lhe um
sinal da Sua parte, ou seja, um milagre que pudesse convencê-los que Ele era o
Cristo. Pediram a Jesus que os levasse a crer que Ele era o Cristo, quando toda
a Sua vida e os milagres de bondade que Ele operava a cada passo assim
proclamavam de forma incontestável! Essa geração má e adúltera poderia ainda ser
convencida por meio de um sinal?
Por isso o Senhor lhes responde: Nenhum sinal vos será dado, senão o do profeta Jonas. Que tipo maravilhoso foi dado na pessoa de Jonas dos sofrimentos de Cristo cerca de 900 anos antes da Sua vinda! Jonas foi rejeitado, lançado ao mar e engolido pelo grande peixe, passando três dias e três noites no ventre do peixe, tipificando sua morte e, depois, lançado para fora do grande peixe, tipificando a sua ressureição. Em Lucas, o Senhor é ainda mais explícito: Depois de ter dito que não seria dado a essa geração má outro sinal senão o de Jonas, Jesus acrescenta: Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração. Lucas 11:30. Jonas, morto e ressuscitado em figura, era não apenas um pregador, mas também um sinal para os Ninivitas. Com efeito, não se trata, nesta passagem, da pregação, mas da pessoa de Jonas. E, o Senhor acrescenta: Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas. Lucas 11:32. De fato, os Ninivitas tinham se arrependido sem nenhum sinal especial, enquanto que os Judeus pediam um sinal! A simples pregação de Jonas os tinha levado ao arrependimento! Uma simples pregação, ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida, foi suficiente para produzir um profundo arrependimento nos Ninivitas. Esta cidade, cuja maldade tinha subido até Deus, pois se prostrava perante os seus ídolos, arrependeu-se. O profeta tinha de aprender esta verdade elementar: O amor universal de Deus. Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos. Efésios 4:6.
O nosso Deus dirige e governa todas as coisas. A Sua
providência vela por tudo; a Sua bondade infinita está em toda a parte. O amor
de Deus para com todas as Suas criaturas é universal. E como Moisés levantou
a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.Porque Deus enviou o seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo
por ele. João 3: 15-16-17.
Tal é o tipo de Jonas no Novo Testamento: Jonas rejeitado e
lançado ao mar, morto e ressuscitado; Cristo rejeitado e levantado numa cruz,
morto e ressuscitado! Assim, o Senhor é apresentado hoje para a salvação de
todos os homens. Então, deu-se o milagre dos séculos: Deus foi manifestado em
carne. O Deus eterno, criador dos céus e da terra, veio ao mundo: o Santo que
nasceu da virgem, habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. Pois que
Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as
suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. 2 Coríntios
5:19.
Com estes fatos maravilhosos, ocupa-se o Deus Trino. Depois
de o Filho ter dito no conselho de paz: ...eis aqui venho para fazer, ó Deus, a
Tua vontade, Deus preparou-Lhe um corpo, e o Espírito Santo gerou Jesus no
ventre de Maria. E no princípio da vida pública do nosso Senhor Jesus, vemos a
primeira manifestação do Deus Trino: o Filho, na Sua humilhação na terra, Deus
Pai, falando do céu e reconhecendo que Jesus é o Seu Filho e Deus o Espírito
Santo, descendo em forma corpórea sobre o Filho. O Senhor Jesus se apresentou
voluntariamente para fazer a vontade de Deus e glorificar o Seu nome.
Ofereceu-Se imaculado a Deus. Deus Pai foi glorificado no Filho naquela cruz.
Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. João
17:4.Jesus foi a manifestação ao homem de tudo aquilo que era celeste, do
próprio Deus no homem, existindo como Deus no Céu e em toda a parte. Como Filho
do homem, devia ser crucificado e, desse modo, levado deste mundo onde tinha
vivido como a manifestação do próprio Deus e de Seu amor em todos os seus
caminhos. E somente assim a porta dos Céus podia ser aberta, e somente assim um
traço de união com o Céu era estabelecido para os homens. O Senhor Jesus veio do
Céu a fim de ser o meio indispensável, certo e seguro para que outros pudessem
participar desta união. Era preciso que o Filho do homem fosse levantado, como a
serpente o tinha sido no deserto, para que a maldição que pesava sobre o povo
fosse retirada. E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim.
João 12:32O homem, tal como é aqui na terra encontrava-se incapaz de receber
a bênção do Alto. Por isso tinha de ser remido. O pecado devia ser expiado,
retirado e tratado de acordo com a verdade do seu estado. Assim, Cristo tomou o
lugar do homem em graça. Era preciso que o Filho do homem fosse levantado, fosse
rejeitado na terra pelo homem, cumprindo assim a expiação perante o Deus de
justiça. Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado.
E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. João 19:30.O Senhor Jesus veio
com pleno conhecimento do que era o Céu e a glória divina. E para que o homem
dela pudesse participar, era preciso que o Filho do homem passasse pelo vale da
sombra da morte e nos levasse junto com Ele a este vale. Poderá haver maior
prova do amor de Deus para com os perdidos? A verdade e a justiça infalíveis de
Deus poderiam brilhar com mais intensidade do que quando Ele pôs todo o castigo
do pecado sobre Jesus? Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por
nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21.Cristo
levantado da terra atraiu a Si todos os homens a fim de que todo aquele que Nele
crê tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para
condenar o mundo, mas para o mundo fosse salvo por Ele.
A salvação não é uma resposta de Deus a algo existente no
homem; é inteiramente e completamente uma ação vinda de Deus. Ele foi movido por
Seu amor, graça, misericórdia e compaixão. O nosso Deus e Pai, em Sua rica graça
e soberana misericórdia, apaga as nossas transgressões, cancela a nossa culpa,
justifica-nos perfeitamente, nos faz morrer em Cristo e enche os nossos corações
de gozo. Isto é graça reinando em justiça para a vida eterna em Jesus Cristo
nosso Senhor, é Deus, em Seu admirável amor, proporcionando justiça para o pobre
culpado pecador, merecedor do inferno. Contudo, o supremo propósito de Deus na
redenção do homem é a preeminência de Seu Filho, o nosso Senhor Jesus Cristo.
Podia Deus deixar esta gloriosa Pessoa no sepulcro? Antes O ressuscitou de entre
os mortos e Lhe deu um lugar à Sua destra como justo galardão. O Senhor sai do
sepulcro e traz o Céu até nós. E para particparmos desse Céu, é preciso nascer
de novo. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém
não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. João 3:3. Os mais
assombrosos milagres e sinais podem ocorrer diante de nossos olhos e não afetar
o coração. Produzem um efeito transitório, um bem-estar passageiro, a não ser
que a consciência seja levada à luz da presença divina e o coração exposto à
ação imediata da verdade pelo poder do Espírito de Deus. Uma fé profunda em
milagres não significa salvação. Tem de haver nova vida, uma nova natureza, mas
os milagres e sinais não podem comunicar esta realidade. A nova vida é
comunicada pela semente incorruptível do evangelho de Deus, gravada no coração
pelo poder do Espírito Santo. Não é uma fé intelectual baseada em milagres, mas
uma fé de coração no Filho de Deus. O dom de Deus é a vida eterna por Cristo
Jesus, nosso Senhor. Glorioso manancial! Majestoso é o nosso Senhor Jesus
Cristo. No dia do Juízo, os Ninivitas condenarão esta geração pela sua
incredulidade, porque eles se arrependeram com a pregação de Jonas; e um maior
do que Jonas ali estava. A rainha do sul, de igual modo, testifica contra a
maldade desta geração perversa. O seu coração, atraído pela fama da sabedoria de
Salomão, foi levado a ele dos confins da terra; e ali estava um maior do que
Salomão!
Nos últimos dias, as nações, pelo Evangelho eterno, terão que
dobrar os joelhos diante Daquele que fez o céus e a terra e adorá-Lo. O anjo que
há de anunciá-lo dirá em alta voz: E vi outro anjo voando pelo meio do céu, e
tinha um evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda
nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e
dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o
céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. Apocalipse
14:6-7.
Solo Deo Glória.
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TEMPOS DIFÍCEIS, OS DO ENGANO
A Bíblia mostra que os tempos dos fins serão
dificultosos. Na medida em que vamos nos aproximando da volta de Cristo, as
coisas vão ficando complicadas e a fé cristã autêntica, cada vez mais embaraçada
com a dissimulação. A astúcia das semelhanças consegue ocultar com os disfarces
quase perfeitos, o veneno mortal que vem deformando a vida da igreja cristã
atual. Jesus nos preveniu desta situação com suas palavras: Então, se
alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis, porque
surgirão muitos falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e
prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho
predito. Mateus 24-:23-25. O perigo é sério, muito
sério! A máscara mais terrível é de um rosto de anjo que encobre o coração de um
demônio. Fingir santidade para levar vantagem. Por trás de grandes sinais e
prodígios estão verdadeiros monstros da falsificação, que com palavras fingidas
engodam os corações ávidos de reconhecimento e da satisfação dos seus interesses
egoístas. Tanto os enganadores como os enganados são farinha do mesmo
saco.
A camuflagem de uma víbora é menos ardilosa
do que a emboscada de um hipócrita. Uma prosti-tuta
maquilada é menos perigosa do que um hi-pócrita disfarçado. Nada pode ser
mais arriscado para a pregação do Evangelho do que uma mensagem semelhante à do
Evangelho, mas que não é o Evangelho; pregada por uma pessoa que se veste de
profeta, mas não tem caráter de profeta. Não devemos nos impressionar com o
estilo da vestimenta, uma vez que Jesus nos alertou: Acautelai-vos dos
falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro
são lobos roubadores. Mateus 7:15. Casaco de pele de
ovelha não transforma coração de lobo em cordeiro. Lingua-gem parecida e
comportamento análogo não significam autenticidade. A pior
mentira é aquela que mais se assemelha com a verdade. Por
isso, precisamos estar sempre alertas com a falsificação
esperta da velhacaria religiosa, pois em razão das
advertências bíblicas, o mais curioso, é que nós
somos culpados de nos deixarmos enganar.
A questão que devemos abordar aqui, é por que nos
deixamos enganar? O que está por trás da nossa estrutura enganosa, que nos leva
ao prazer de sermos enganados? Vamos analisar alguns fatores que estimulam o
sistema do engano. Nestes tempos difíceis os homens serão egoístas,
avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais,
ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de
si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados... 2Timóteo
3:2-4a. Temos nesta abordagem das Escrituras uma
série de palavras que enfatizam o espírito soberbo de auto suficiência. Este
terreno é extremamente propício ao sistema mentiroso do pecado que grassa no
mundo contemporâneo. Uma das características da rebelião espiritual é trilhar
caminhos escusos. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, entregando-se às fábulas. 2Timóteo 4:3-4. O
afastamento da verdade testifica primeiro que a pessoa despreza a Deus e depois
quer levar vantagens especiais com suas paixões.
O engano está sempre relacionado com a idéia de
interesses pessoais, lucratividade ou proveito pró-prio. Quem gosta de levar
vantagem, com freqüência se envolve com as teias enganosas. Mas os homens
perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 2Timóteo
3:13. Se somos enganados é porque seria vantajoso
para nós. Tropeçamos sempre naquilo que nos parece proveitoso, excelente e útil.
O desvantajoso ou inconveniente não exerce atração nem provoca interesse. Atrás
de um enganador astuto tem sempre um enganado interesseiro. É muito comum
condenarmos os enganadores, porém é preciso avaliar também a atitude utilitária
e egoísta dos enganados, que sempre querem auferir algum
benefício.
Um segundo elemento nesta rede fraudulenta é a
amizade dos deleites. Mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus.
2Timóteo 3:4b. À medida que vivemos na busca da
satisfação hedonista, onde o prazer é viver para o prazer, estamos expostos ao
risco de buscar aquilo que melhor corresponda aos nossos desejos. Quando se é
amigo dos prazeres, tudo o que nos causa divertimento, aprazimento,
entretenimento, faz parte de nossa folia. Prazer e alegria não apenas não são
sinônimos com também podem ser tão diferentes como céu e inferno. Muitos
pensam que o prazer é a fonte de sua vida e que tudo o que lhes dá prazer deve
ser a causa de sua existência. Mas, quando se é amigo de Deus, somente aquilo
que agrada a Deus pode ser considerado como expressão de nossa vontade. Os
amigos dos prazeres se divertem em tudo o que lhes dá prazer, por isto se
enganam freqüentemente com a pregação que focaliza a satisfação dos desejos em
detrimento da vontade de Deus. Muitos são arrastados pela pregação da
prosperidade a qualquer custo, porque o seu prazer emana em lograr proveito.
O terceiro fator que contribui para esta
complicação do final, é a máscara da espiritualidade.
Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. 2Timóteo 3:5. Talvez aqui esteja a grande força da tragédia.
Ser ou não ser, eis a questão! A evangelização moderna prima pela
superficialidade. Estamos interessados em números. Enchemos as igrejas de
pessoas vazias, e as cobrimos com a máscara da piedade. Como dizia o Pe. Manoel
Bernardes: O hipócrita é um santo pintado; tem as mãos postas, mas não ora; o
livro aberto, mas não lê; os olhos no chão, mas não se desestima. Jesus é
sempre amigo dos pecadores, mas é companheiro apenas dos verdadeiramente
piedosos. A religiosidade das aparências é efeito da ausência da cruz na
experiência. A Bíblia diz que a cruz de Cristo é o poder de Deus.
Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para
nós, que somos salvos, poder de Deus. 1Coríntios 1:18. Forma de piedade sem a evidência do poder é a marca de um povo
religioso sem os sinais da cruz no caráter. Foi neste contexto que o Pe. Antônio
Vieira afirmou: Este mundo está cheio de hipócritas, e quase todos são
cireneus, que, levando a cruz, não morrem nela. Não basta pregar a mensagem
da cruz, é preciso crer como experiência, na realidade da cruz. Não basta
ensinar que Jesus morreu na cruz em nosso lugar, é preciso confessar como
experimental a nossa morte juntamente com Ele. O Evangelho exibe mais do que
fachada. A falta da cruz na experiência de fé, manifesta a
cruel evidência de uma piedade falsa. Todos que se envolvem
com a religião das aparências acabam se metendo na falácia
dos enganos.
Thomas Overbury salientou: Um hipócrita é uma
pílula dourada composta de dois ingredientes: Desonestidade natural e simulação
artificial. Tanto o enganador como o enganado tem as mesmas características.
Tanto o pregador falso que promete o que Deus não avalizou, como o caçador de
benefícios, que é motivado pelos seus interesses carnais, são todos cúmplices
das mesmas conveniências. Por isso, de que vale desmascarar certa gente que
vale muito menos do que a máscara que afivela no rosto? Quem come no mesmo
cocho sujo tem sempre o mesmo apetite e a mesma disposição da sujeira. Em
determinadas áreas do roubo, só há ladrões porque há receptadores. Também nestes
tempos difíceis podemos afirmar que só há enganadores, por que há muita gente que gosta de ser enganada.
Solo Deo Glória.
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ACHAMOS AQUELE
O que estamos
procurando quando estudamos a Palavra de Deus? Uma doutrina? Um consolo
espiritual? Uma orientação de como viver bem aqui na terra? E com que propósito
nós nos reunimos? Não é uma tarefa difícil, ao lermos a Palavra de Deus,
descobrirmos que há dois tipos de pessoas que buscam se relacionar com Deus: um
baseado nos feitos de Deus e outro, em Sua pessoa. Manifestou os seus caminhos a Moisés e os
seus feitos aos filhos de Israel. Salmos 103:7. No dia seguinte, estava João
outra vez na companhia de dois dos seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse:
Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram
Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais?
Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde assistes? Respondeu-lhes: Vinde
e vede. Foram, pois, e viram onde Jesus estava morando; e ficaram com ele aquele
dia, sendo mais ou menos a hora décima. João 1:35-38.No livro Cristo, a Essência de Tudo que é
Espiritual, Watchman Nee fala desses dois tipos de pessoas, assim: um está
cheio de "coisas", o outro está cheio de Cristo. Segundo ele, aqueles que buscam
coisas não consideram a cruz. Vemos que, no episódio do monte da transfiguração,
Pedro propôs um relacionamento com Jesus sem a cruz. Então, disse Pedro a
Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será
tua, outra para Moisés, outra para Elias. Mateus 17:4. Tentar relacionar-se com Deus sem cruz não
é comunhão, é fanatismo. Quando
Pedro, cheio de compaixão pelo Senhor, quis evitar que seu Mestre fosse para a
cruz, Deus Pai interrompeu envolvendo-o com uma nuvem para dar testemunho do Seu
Filho amado. A proposta de Pedro não honrava ao Senhor, pois Este estava sendo
colocado no mesmo nível de Moisés e Elias e era, portanto, um cristianismo sem
cruz. Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos
que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos,
dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro
dia. E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão
de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a
Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das
coisas de Deus, e sim das dos homens. Mateus 16:21-23O Senhor Jesus ao se dirigir aos fariseus
fez esta advertência: Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a
vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a
mim para terdes vida. João 5:39-40. Onde estava o erro dos fariseus? No fato de
pensarem que a vida eterna estava em conhecer as Escrituras. E nisto, o Senhor
Jesus os corrigiu, para dizer-lhes que a vida eterna está Nele.Vejamos outra situação: Certo homem de
posição perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás
falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe. Replicou ele: Tudo isso tenho
observado desde a minha juventude. Ouvindo-o Jesus, disse-lhe: Uma coisa ainda
te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus;
depois, vem e segue-me. Mas, ouvindo ele estas palavras, ficou muito triste,
porque era riquíssimo. Lucas 18:18-23.Este jovem tinha a lei em forma de doutrina.
Era convicto no que cria, mas recusou abrir mão do que possuía para seguir o
Senhor; a doutrina deste homem mostrou-se insuficiente para desarraigar do seu
coração o amor pelas riquezas. O apóstolo Paulo era um homem cheio de
"coisas". Não se tratava de coisas ruins mas, sim, de virtudes: Bem que eu
poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na
carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da
tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo,
perseguidor da Igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
Filipenses 3:4-6.Estas virtudes juntamente com a vida natural
do apóstolo Paulo caíram por terra na revelação do Senhor Jesus Cristo.
Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas
e as considero como refugo, para ganhar a Cristo. Filipenses
3:8.A Cruz do nosso
Senhor Jesus põe fim em tudo aquilo que nos pertence, para que Cristo seja o
centro de nossas vidas. É preciso uma operação profunda em nosso ser, para que
Deus cumpra o Seu propósito em nós. Ele mesmo precisa nos levar ao fim de nós
mesmos para que Cristo seja "tudo". O Espírito Santo, por meio da Palavra de
Deus, tem como objetivo revelar a Pessoa do Senhor Jesus Cristo
e manifestar, na vida
do salvo, a Cristo. A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que
eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim
está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por
meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Lucas 24:44, João
14:21.E o que
buscamos quando nós nos reunimos? Uma solução para nossos problemas? Que as
nossas necessidades sejam satisfeitas? Um "gozo espiritual?". Com que propósito
nós nos reunimos? Há uma razão: reunimo-nos para que Deus cumpra o Seu propósito
com respeito a Seu Filho. O
nosso "congregar" não objetiva suprir nossas próprias necessidades. De fato,
temos muitas necessidades e ao nos reunirmos muitas delas são supridas, mas isso
é apenas uma conseqüência e não o foco. Reunimo-nos para que Deus cumpra o Seu
propósito. E qual é o Seu propósito? É que o Senhor Jesus Cristo tenha a
primazia sobre todas as coisas e que faça convergir Nele, em Cristo, todas as
coisas. De fazer
convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto
as do céu, como as da terra.
Efésios 1:10.
Deus criou todas as coisas
em Cristo, por Cristo e para Cristo, para que Cristo tenha a preeminência em
todas as coisas. Reunimo-nos não para nos ver, mas para
vê-Lo. Ele é a pedra de alicerce, Ele é a nossa pedra angular e a nossa pedra
principal. É Cristo e somente Cristo. A única justificativa, se é que há alguma,
para nos reunirmos assim é para colocar-nos completa, absoluta e inteiramente
sob o Nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Reunimo-nos para juntos expressarmos a
pessoa de Cristo de tal maneira que Ele seja manifesto de forma plena. Deus Pai
tem um propósito bem claro e definido em relação ao Seu Filho; mas Ele também
tem um propósito bem definido sobre o Seu povo, sobre o que Ele quer que Seu
povo seja. Fomos
chamados segundo o Seu propósito para sermos conformes à imagem de Seu
Filho. Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de
antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou;
e aos que justificou, a esses também glorificou. Romanos
8:28-29.
Solo Deo Glória.
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A MEDALHA DE BRONZE
"Nada façais
por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros
superiores a si mesmo." Filipenses 2:3.
Os
seres humanos, violentados no jardim do Éden por um sentimento de grandeza,
ficaram intoxicados por um profundo anseio de projeção. A raça adâmica, daí em
diante, tornou-se fascinada por um lugar de destaque no pódio. Somos uma espécie
caçadora de troféus, que não se contenta com o segundo lugar.O gênero do pecado é um modelo
de excelência à cata de notoriedade. Na medicina pode-se perceber a virulência
de uma enfermidade pela temperatura do corpo. Quanto mais alta for a febre, mais
aguda é a infecção. Do mesmo modo, a grande excitação emocional
em busca de reconhecimento próprio revela a gravidade espiritual de qualquer
sujeito. Se você quiser diagnosticar a seriedade do pecado em sua vida ou de
outra pessoa qualquer, observe o nível de rebeldia e a nota de destaque que
fervilha no seu íntimo ou dessa outra pessoa. Sei que, do ponto de vista do pecado,
ninguém é mais pecador do que outro, assim como nenhum cadáver é mais morto do
que qualquer outro defunto. Contudo, um cadáver em putrefação é bem mais
repugnante do que um corpo ainda quente.O agravamento do pecado pode ser mais
percebido nos rompantes da auto-estima. Quanto mais necessidade de consideração
alguém exibe, mais se pode considerar grave o quadro da teomania. Toda pessoa
que necessita de lambidela ou requer alguma forma de palanque para ostentar seus
méritos está profundamente inchada de si mesmo.A carência emocional sempre se volta para as
táticas de manipulação. Muitas vezes os lobos se convertem em cordeiros e os
sujeitos mais arrogantes se transformam em vultos aparentemente humildes. Não é
raro encontrar um povo avarento disfarçado em trajes de mendigo e gente soberba
com cara de piedosa. Mas a questão é mais profunda. Todos nós
precisamos, à luz da palavra de Deus, analisar as verdadeiras intenções do nosso
coração. Há muitos atos corretos movidos por atitudes suspeitas. Sendo assim,
precisamos urgentemente da graça de Deus para examinar o nosso interior. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados. 1 Coríntios 11:31. Sei que muita coisa espiritual
tem na sua base um carnegão hediondo, que só o Espírito Santo pode revelar e
remover.Veja o
ponto que o apóstolo Paulo está martelando no texto que serve de alicerce para o
nosso estudo. Qual é a motivação do meu e do seu desempenho? O que está por trás
da minha e da sua conduta? Qual é a verdadeira intenção do meu e do seu papel na
edificação da igreja?Ele usa duas palavras: partidarismo e
vanglória. Aqui vemos a marca de um câncer comunitário. A igreja de Jesus Cristo
é um só corpo, e só a paz de Cristo pode arbitrar a unidade desse corpo.
"Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso
coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos."
Colossenses 3:15. Cristo não tem uma multidão de corpos.
Ele tem apenas um corpo, a sua igreja. O partidarismo é o sinal de uma concorrência
sintomática de criancice. Na intensidade da competição há sempre um desejo maior
de preferência que denota a birra da imaturidade e da falta de visão do que é a
unidade espiritual. Paulo mostra a presença desse jogo sujo no seio da igreja de
Corinto, denunciando as contendas de um povo egocêntrico e deformado.
"Refiro-me ao fato de cada
um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de
Cristo." 1 Coríntios 1:12. Esse sectarismo é visto pelo
apóstolo como uma desfiguração do corpo de Cristo, e ele faz uma pergunta
instigante: Acaso,
Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes,
porventura, batizados em nome de Paulo? 1 Coríntios
1:13.Todas as vezes que nos rebelamos contra o
princípio do amor, caímos na via dolorosa do desconcerto. Não estamos falando de
uniformidade nem de unanimidade, mas de coesão. Sto. Agostinho foi genial quando
disse: Nas coisas essenciais – unidade; nas coisas não essenciais – liberdade;
em todas as coisas – caridade, ou amor. D L Moody afirmou certa ocasião: Há duas
maneiras de união intrínseca da matéria: o congelamento e a fusão. Os cristãos,
contudo, precisam ser unidos em amor fraternal. A prostituta, mãe da criança que
foi levada a Salomão, para julgar sobre a maternidade, não permitiu que o bebê
fosse despedaçado. O amor não favorece as desavenças e divisões mesquinhas que
as mentes estreitas, lamentavelmente, promovem.O facciosismo não é característica dos
filhos de Deus. Tiago foi muito enfático quando sustentou: "Se, pelo contrário, tendes
em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis
disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do
alto; antes, é terrena, animal e demoníaca." Tiago
3:14-15.Está claro que o espírito contencioso é um
estímulo do inferno. Por outro lado, a apreensão com a medalha de ouro é uma
forte excitação à vanglória. Atrás do partidarismo encontra-se o vírus da
proeminência e sob o pálio da supremacia vibra a vanglória.A serpente envenenou a espécie
humana com o desejo de ser o primeiro. Vivemos lutando com o instinto de
privilégio, por isso a medalha de ouro exerce um fascínio para o raquitismo de
nossa alma. Queremos o primeiro lugar. "Jesus
reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma
parábola:" Lucas 14:7. Temos uma obsessão pelos lugares de
destaque e sofremos com a medalha de prata. Mas no Reino de Deus a medalha de ouro
pertence apenas ao Senhor. Ele é o primeiro e o
último. Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos:
Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus. Isaías
44:6. Jesus Cristo é o único Senhor que ocupa o lugar de
honra. Ele é o detentor da medalha de ouro, por isso, toda glória seja dada a
ele.A medalha
de prata pertence aos outros. O apóstolo disse: considerando cada um os outros
superiores a si mesmo. O cristianismo resumiu os mandamentos de Moisés a dois:
amar a Deus, em primeiro lugar, acima de tudo e de todos e, o segundo ou novo
mandamento, amar o outro como Jesus nos amou. O meu próximo é o detentor do
segundo lugar, e, conseqüentemente, da medalha de prata. "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos outros." Romanos 12:10.
Então, o que sobra para nós é a medalha de
bronze. Aqui estão as normas da premiação: primeiro, a glória de Deus. "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra
coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. 1 Coríntios
10:31. Sabemos, através de Jesus, que o Reino de Deus é
preferencial. "Buscai, pois, em primeiro
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. Mateus 6:33.Logo depois vem a honra aos outros.
"Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o
rei." 1 Pedro 2:17. O protocolo da diplomacia divina privilegia os
outros com as deferências especiais do amor que edifica. Aquele que ama trata
com distinta consideração todos os homens e principalmente os irmãos.
Em terceiro,
surge a nossa alegria de poder viver glorificando ao nosso Senhor e servindo
aqueles, por quem o Senhor morreu e que nós, por sua causa, também amamos. Na
lista da estimação nós ocupamos a terceira colocação. Nas Olimpíadas de Atenas do
ano passado, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima deixou o mundo admirado,
com o seu fair-play, diante do transtorno causado por um irlandês pirado, que
conseguiu detê-lo por alguns instantes. Cordeiro, nome sugestivo, que vinha
dominando a prova com vantagem, ficou na terceira posição, com a medalha de
bronze, mas entrou no estádio como o vencedor. A sua modéstia foi ressaltada
mundialmente como o grande troféu dos jogos olímpicos de 2004.A gramática faz a flexão das
pessoas do discurso em três categorias. A primeira pessoa é a que fala,
representada pelo pronome pessoal eu, no singular, e nós, no plural. A pessoa,
com quem se fala, tu ou vós, é a segunda pessoa ou o receptor; enquanto a
terceira pessoa, de quem se fala, além do número exibe também o gênero, ele,
ela, eles, elas.A ordem gramatical aqui é muito
autocentrada, já que o "eu" encabeça a lista e o individual vem antes do
coletivo. Ainda mais, essa ordenação não é nada elegante, uma vez que "ele" vem
na frente "dela". Talvez devamos sugerir uma nova arrumação
dos pronomes de acordo com a avaliação na estrutura celestial. Do ponto de vista
da relação com Deus, me parece que Tu, apesar de ser a pessoa com quem se fala,
é a primeira na composição. E por sua vez, também não tem plural. Mesmo sabendo
que Deus é trino, sua trindade é triuna. Não há três deuses na revelação
bíblica. Tu, pois, representa a medalha de ouro da unidade
divina.Os outros são o coletivo da segunda pessoa, nessa nova disposição.
A igreja é formada de muitos membros e a unidade do corpo, produzida pelo
Espírito Santo, é baseada na estima que nós temos uns pelos outros. Para Paulo
há dois pontos importantes na manutenção da unidade. "Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito
no vínculo da paz; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da
perfeição." Efésios 4:3 e Colossenses 3:14.Não há unidade sem paz e amor.
Não há paz sem humildade e não há amor sem mansidão. Ninguém pode ser dono da
verdade, mas todos podem, mediante a graça, se colocarem à disposição do
Espírito para serem sempre parte da resposta dos problemas e nunca parte dos
problemas. O novo eu, isto é, a
vida de Cristo dirigindo a minha existência é a terceira pessoa desse modelo
descongestionado da arrogância sufocante. A medalha de bronze não é um prêmio de
consolação, mas o maior galardão de uma vida
crucificada.
Solo Deo Glória. |
A SÍNDROME DA GRANDEZA
E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações,
foi me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a
fim de que não me exalte. 2Coríntios 12:7.
Nós somos uma casta dominada pela grandeza. Desde que o pecado
tomou conta de nossa espécie que o vírus da altivez assumiu o centro de nossa
história. Todos nós fomos invadidos por um sentimento de importância que requer
cuidados especiais e exige um tratamento personalizado. Eu estou sempre
reivindicando atenção particular que expresse minha estima diante dos outros e
que corresponda aos valores da minha personalidade repleta de direitos. Não
gosto de permanecer no ostracismo nem fico satisfeito com a indiferença.
Lembro-me, certa vez, quando estava buscando mais do poder espiritual, que fui
estar com uma pessoa que se declarava portadora de dons especiais. Eu me
encontrava muito ansioso e queria saber qual era a minha participação no reino
de Deus. Em razão da aflição fiquei muito excitado quando soube que teria uma
grande obra para realizar. A palavra grande me tornou muito eufórico e fiquei
empolado pela idéia de grandeza que passou a me motivar daí em diante. Durante
algum tempo fui despertado por este sentimento de elevação até que a revelação
da pessoa de Jesus com a bacia na mão, acocorado aos pés dos seus discípulos
começou a exercer influencia na minha maneira de ver a grandeza. Ora, se eu,
sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.João 13:14.
Alguém me disse algum tempo depois que grande, para Deus, não é
aquele que tem um grande número de servos, mas aquele que serve a um grande
número de pessoas, sem qualquer sentimento de importância ou necessidade de
reconhecimento. Não há no homem um espírito que mais se contraponha ao Espírito
de Deus do que o espírito de grandeza. Jesus afirmou aos seus discípulos: Não é
assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será
esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo;
tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por muitos. Mateus 20:26-28.
O apóstolo Paulo diz que foi arrebatado até o terceiro céu e
ouviu coisas inefáveis que o tornaram uma pessoa singular. Ele ficou marcado por
uma experiência única de intimidade espiritual jamais contada pelos outros
mortais. Esta visita especial de Paulo ao céu o constituía num privilegiado
terráqueo, que esteve mais próximo do trono de Deus, e que por isso mesmo, o
distinguia de qualquer outro habitante do planeta azul. Ninguém pode ficar tão
alto assim, sem correr o risco de se tornar uma pessoa presunçosa.
Mas foi exatamente nesta atmosfera de nobreza que lhe é
introduzido um espinho na carne, emissário de Satanás, a fim de humilhá-lo. Quem
será que mandou este espinho, Deus ou Satanás? Sabemos que o espeto era de
Satanás, mas quem era o mandante? Quem estava por trás deste sentimento de
quebrantamento? Quem será este que está promovendo a humildade de Paulo em meio
aos seus sentimentos de grandeza?
Não é próprio do Diabo o patrocínio da humildade, nem investe
nessa matéria. Desde que Lúcifer despencou da posição de querubim da guarda, que
ele vem tentando galgar o trono de Deus, agenciando também todos aqueles que
queiram ostentar o espírito de altivez. A obra prima do demo é escalar o trono e
levar-nos a ter um conceito elevado de nós mesmos. Tu dizias no teu coração: Eu
subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da
congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais
altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Isaías 14:13-15.
Tanto Satanás como os homens no pecado estão invadidos pelos
desejos de importância e a necessidade de se envolverem com as empreitadas
grandiosas. A síndrome da grandeza é uma epidemia generalizada fomentada no
inferno que contagia todos os membros da raça humana e incendeia os corações,
como a maior evidência de inferioridade. Filho do homem, dize ao príncipe de
Tiro: Assim diz o Senhor Deus: Visto que se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou
Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no coração dos mares; e não passas de
homem e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de
Deus. Ezequiel 28:2. Só os nanicos emocionais querem ser grandes.
No topo da pirâmide está um sentimento de glorificação que
aspira ao posto elevado de Deus. Nem Satã e os seus demônios nem Adão e sua
prole querem ficar por baixo. Não é próprio do capeta assentar-se no capacho ao
rés do chão, tampouco o homem no pecado quer ficar nesse lugar, pois o desejo
principal de ambos é abancarem-se no trono de Deus como se fossem Deus. Mesmo o
sentimento da vida espiritual mais elevada está sujeito ao perigo da
peculiaridade personalista que admite um tratamento privilegiado. Todos nós
sofremos com a tendência de originalidade pessoal e gostamos de parecer
exclusivos em nosso estilo de devoção, que exige sempre uma atenção especial por
parte dos que nos devem alguma consideração.
A singularidade da experiência do apóstolo Paulo o colocava
numa posição especial que reivindicava desvelo e admiração da platéia, onde
ficou vulnerável a cair na armadilha mais tinhosa do inferno: a necessidade de
distinção. Ser admirado pelos outros pode levar a estratégias extremamente
perigosas no comércio das relações. O sentimento de admiração nos eleva e abre a
porta para as negociações ardilosas no mercado das afeições. Admiração de uma
pessoa pode ser o regra-três humano da adoração a Deus, e, em busca da simpatia
dos outros, podemos vender a alma por um preço muito vil. Paulo encontrava-se
ameaçado com o desejo de exaltação e precisava de um espinho na carne, a fim de
mantê-lo num lugar de humildade. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de
Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte. 1Pedro 5:6.
Ser aceito e ser admirado são assuntos muito sérios para
aqueles que sofrem de uma distorção aguda em sua imagem. Paulo era um personagem
de pequena estatura que sentia necessidade de umas pernas de pau para ver a
realidade de cima, e que ficou motivado com a experiência inusitada do terceiro
céu. Ele viu naquele patamar um nível de respeito que o colocava num pedestal
mais elevado, e foi invadido por um sentimento de glorificação tão insinuante ao
coração humano quanto perversivo. Por isso ele precisava de um prego no sapato
esvaziando a bola cheia do seu coração alpinista. Pois todo o que se exalta será
humilhado; e o que se humilha será exaltado. Lucas 14:11.
Alguém disse que Deus mede os homens pelas pequenas dimensões
da humildade, e não pela grandeza de suas conquistas ou pela expressão de suas
capacidades. No reino de Deus se avalia o volume de uma personalidade pelo menor
calibre de grandeza que ele exibe ou pela maior expressão de glória que tributa
ao Senhor. Quanto mais humilde for uma pessoa, menos se envolverá consigo mesma
e mais adoração prestará ao Senhor de toda a glória. O moto de João Batista era
bem claro: Convém que ele cresça e que eu diminua. João 3:30. Não convém que eu
me rebaixe para que ele cresça, mas quando ele é exaltado, eu naturalmente fico
no meu lugar singelo de submissão.
No reino de Deus não há lugar para a altivez dos homens nem
para fama de obras grandiosas. Todos os que se envolvem com a idéia de grandeza
acabam submersos nos tentáculos asfixiantes de uma glória que se arrasta pela
boca dos tolos. Nem um homem nesse mundo em que Deus viveu humildemente como
homem, deve ambicionar a grandeza sublime de viver como Deus. Alguém já disse
que não há limite para o bem que uma pessoa pode fazer, se ela não se importar
com quem recebe os louvores. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a
terra esplenda a tua glória. Salmo 57:5.
Paulo precisava de um espinho na sua carne para conservá-lo
esperto em relação aos artifícios da arrogância. Não existe santidade genuína
sem humildade verdadeira. A falsa humildade é uma mentira deslavada que nunca
pode ser aceita pelo Deus da verdade, por isso, todos nós carecemos de algum
estrepe para nos manter conscientes do grande perigo de querer ser grande. A
humildade é o ornamento dos santos de Deus que se torna uma deformação nos
pecadores arrogantes. Da mesma forma que o orgulho é a base do pecado, a
humildade tem que ser o fundamento da vida cristã legítima. Mas, lembre-se o que
afirmou Andrew Murray: Humildade é aquela virtude que, quando você percebe que a
tem, já a perdeu. Toda glória seja dada ao Senhor Jesus Cristo.
Amém.
Solo Deo Glória.
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DINHEIRO, BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO
Qual é a identidade do dinheiro em sua essência? Como podemos
considerar esse tema: ele é mau em si mesmo ou é bom em sua natureza? Como
podemos classificá-lo quanto à sua origem? Será o dinheiro apenas uma coisa
neutra? Essas são questões que mexem na axiologia do assunto.
Muitas pessoas dizem que o dinheiro é bom. Elas afirmam
categoricamente que não há nada de errado com o dinheiro em si. Que o problema é
o ser humano governado pela cobiça. O dinheiro é uma coisa boa que,
eventualmente, pode ter um mau uso.
Há um outro grupo que não vê qualidades intrínsecas no
dinheiro. Eles acreditam que o sistema monetário é um lance indiferente em seu
valor essencial, isto é: nem mau nem bom. Tudo depende de como se usa o
dinheiro. Não existe dinheiro ruim nem dinheiro bom. Existe sim, gente que faz
uso adequado ou inadequado do dinheiro.
Outros, porém, consideram o dinheiro um mal necessário. Dizem
que ele é mau em sua origem, mas necessário nesse mundo. Afirmam que não há
dinheiro bom em si mesmo, tão pouco, neutro. A raiz do dinheiro é de fato má,
por isso, ele traz em sua natureza uma influência maléfica, ainda que possa ser
usado de um modo acertado do ponto de vista moral.
Alguns estudiosos do assunto dizem que abordar esse tópico da
essência filosófica do dinheiro é típico de cara utópico. Mas não são tão
ilusórias assim essas considerações sobre o tema. Jesus mostra que a origem das
riquezas, na verdade, é injusta. E eu vos recomendo: das riquezas de
origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos
vos recebam nos tabernáculos eternos. Lucas 16:9.
Ora, se os nossos primeiros pais não tivessem pecado no jardim
do Éden, não haveria necessidade de alguém acumular patrimônio. O imperativo da
abastança e a urgência em armazenar passam a existir na história da raça humana,
em razão do desabastecimento da confiança em Deus. O medo da privação acaba
fomentando o acúmulo de bens. Sendo assim, a riqueza é um produto do pavor
pecaminoso. O pano de fundo das riquezas é o receio da escassez e a falta de
confiança na soberania Divina.
Segundo Jesus a raiz das riquezas é de procedência injusta,
ainda que uma riqueza qualquer não tenha sido amontoada em decorrência de
injustiça. Isso quer dizer que, se não houvesse pecado, não haveria acumulação
de bens pessoais e que todos teriam as mesmas coisas de modo compensado. Haveria
uma eqüidade comunitária na repartição.
Creio que o pecado atingiu, em cheio e radicalmente, todos os
recursos humanos e que não há nenhuma atividade dessa raça isenta de
contaminação soberba. No âmago de qualquer expediente e em qualquer sujeito
podem-se encontrar os sintomas da teomania
que foi inoculada pelo discurso da serpente. Com isso, podemos afirmar que o dinheiro é uma criação eivada de desejos egoístas.
Sou daqueles que entendem ser o dinheiro um mal necessário. Não
vejo neutralidade e muito menos bondade essencial nele. A sua origem é injusta e
as suas sugestões estão freqüentemente viciadas pelas ambições mais
interesseiras de uma espécie dominada pela grandeza, por isso, Jesus mostrou
como é difícil ser honesto na administração do dinheiro. Se, pois, não vos
tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a
verdadeira riqueza? Lucas 16:11.
Jesus aqui discursa sobre duas riquezas: aquela que vem de uma
linhagem injusta e a verdadeira riqueza. Uma é carnal, enquanto a outra é
espiritual. De acordo com Jesus, se não soubermos administrar a riqueza de raiz
iníqua, Deus não nos conferirá a verdadeira riqueza de procedência espiritual.
Saber gerir apropriadamente o patrimônio terreno é uma
habilidade rara para os habitantes deste planeta. De modo geral, as pessoas são
escravas do dinheiro. Poucas são aquelas que conseguem governar com sabedoria a
fortuna, grande ou pequena, que se encontra sob seu encargo. A maioria, quando
tem alguma riqueza, ou a esbanja num consumismo descomedido, ou a acumula cada
vez mais no seu pão-durismo. Nesse caso, "o dinheiro é como a água do mar;
quanto mais uma pessoa bebe, mais sede sente".
Além de ser injusta a origem da riqueza, como ensina Jesus,
segundo Paulo, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Ele não está
dizendo que o dinheiro é a causa de todos os problemas, mas que o amor
ao
dinheiro é o radical
maligno que desvirtua os relacionamentos humanos. Por trás dos desacertos
pessoais e das encrencas sociais, a miúdo, topamos com os ardis desse amor
avarento. Samuel Chadwick disse: "o amor ao dinheiro é para a igreja um mal
maior do que a soma de todos os outros males do mundo".
A história eclesiástica tem sido maculada com as tintas
violentas da cobiça. Vemos com freqüência o governo das igrejas sofrendo com a
influência desastrosa desse amor ao dinheiro. Por trás de muitos discursos
devotos podemos perceber a dissimulação dos desejos que ambicionam as
recompensas monetárias. Porém, como dizia Roger L’Estrange, "aquele que serve a
Deus por dinheiro servirá ao diabo por salário melhor".
O dinheiro não é uma ferramenta passiva. Ele é uma coisa que
ganha poder de um personagem e obtém domínio sobre as pessoas. No tronco do
dinheiro existe um troco emocional que o eleva à condição de dominador. Se
alguma pessoa serve a alguém por causa do dinheiro, o seu serviço acaba se
tornando dependente deste déspota.
Jesus mostra que as riquezas podem ser equiparadas a um deus,
quando disse: Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro.
Não podeis servir a Deus e às riquezas.Lucas 16:13. Segundo Jesus, as
riquezas aqui acabam tomando a categoria senhoril de deus, podendo exercer
autoridade total na vida das pessoas.
Quando uma coisa governa uma pessoa, essa coisa fica içada à
hierarquia idólatra da divindade. A idolatria se caracteriza pela divinização da
criatura em lugar do Criador. Qualquer entidade, menor que o Deus absoluto,
assumindo a condição de comando na vida de uma pessoa inteligente, se constitui
numa expressão grosseira de idolatria.
Idolatria é qualquer coisa criada tomando o lugar de Deus.
Quando um ser humano se entrega a alguém que não seja Cristo ou confia em algo
que não seja eterno, ele se envolve diretamente no esquema infernal da
idolatria. "Um deus fabricado não é Deus".
Confiar em dinheiro é a divinização da coisa ou a coisificação
da Divindade. Idolatria é qualquer coisa merecendo confiança. Quando confiamos
no dinheiro estamos de fato prestando culto a um tirano que retira de nós o
exercício da verdadeira fé.
Ninguém pode servir a dois soberanos. Se você serve a Deus não
pode servir ao dinheiro. Se você serve ao dinheiro, jamais poderá dedicar-se a
Deus. Foi William Penn quem disse: "os homens precisam escolher ser governados
por Deus ou estarão condenados a ser governados por tiranos". Tirano à parte, o
dinheiro vive tirando a gente do sério.
Mas o dinheiro pode ser um servo útil no reino de Deus, se for
gerido por alguém que serve a Jesus. Se o dinheiro é servo de um servo de
Cristo, então serve para o serviço de Deus. Francis Bacon dizia que "dinheiro é
como esterco: só é bom se for espalhado".
Thomas Manton afirmava que "não existe defeito que limite e
mate mais efetivamente os sentimentos, que torne as afeições do homem mais
completamente centralizadas em si mesmo, excluindo todos os outros de participar
delas, do que o desejo de acumular bens". Por este motivo Jesus adverte:
Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não
pode ser meu discípulo. Lucas 14:33.
A prosperidade, o prestígio e o poder são mais ameaçadores para
o incremento da vida cristã do que a falta de posse, o desprestígio e a
fraqueza. A soberba da riqueza é muito mais perigosa do que o colapso da
pobreza. Isso não significa que a riqueza seja incompatível com a vida
espiritual autêntica, mas nela corre-se mais risco de auto-suficiência do que
nos limites da necessidade. A autonomia humana é o extermínio da confiança em
Deus. Por isso, um sujeito independente de Deus é alguém insuportável.
Além disso, nenhuma pessoa salva pela graça se comporta como se
fosse proprietário de algum bem nesse mundo. De fato, os crentes em Cristo são
mordomos e despenseiros das riquezas divinas. Ninguém é dono de coisa alguma no
mundo. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos
levar dele. 1 Timóteo 6:7.
A Bíblia mostra, também, como aqueles que ambicionam
tornarem-se ricos estão sujeitos às emboscadas mais terríveis. A cobiça e a
inveja têm sufocado mais gente na insatisfação e na censura do que aqueles que
morreram afogados no dilúvio de Noé. Ora, os que querem ficar ricos caem
em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as
quais afogam os homens na ruína e perdição. 1 Timóteo 6:9.
O maior patrimônio que alguém pode ter nesse mundo é o
contentamento. Uma vida vivida com satisfação em qualquer conjuntura é algo
extraordinário. Paulo se matriculou na escola do regozijo e aprendeu uma das
mais belas lições da sua vida. Digo isto, não por causa da pobreza, porque
aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado
como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho
experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de
escassez; Filipenses 4:11-12. É uma festa a companhia de alguém
contente!
O dinheiro pode ser bênção ou maldição. Tudo depende do modo
como nos relacionamos com ele. Se ele for senhor, nós seremos seus escravos.
Nesse caso estamos em maus lençóis. Se ele for um meio a serviço de gente
contente, então ele pode se constituir em bênção. Tendo sustento e com que
nos vestir, estejamos contentes. 1 Timóteo 6:8.
Precisamos aprender a nos contentar com o que temos, bem como
aprender a repartir o que temos. Se Deus nos tem permitido administrar uma fatia
maior do bolo, devemos nos dispor a participar com aquele que se encontra em
condição insuficiente. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim,
é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor
Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber. Atos 20:35.
Além disso, a escola do contentamento cristão nos ensina a
celebrar com aquele que tem uma porção maior do que a nossa para administrar.
Aqui muita gente fica reprovada, pois é mais fácil compartilhar com aquele que
tem falta, do que partilhar da alegria daquele que tem mais do que nós. Com
freqüência preferimos ajudar o pobre, exibindo nossa generosidade, do que
comemorar o êxito daquele que nos supera na contabilidade.
Na academia do contentamento temos três lições básicas
relativas ao uso do dinheiro: A nossa satisfação pessoal em qualquer situação; a
alegria de compartilhar com o carente, bem como investir no reino de Deus; e a
comemoração pelo êxito daquele que nos supera na supervisão do patrimônio. Você
já se matriculou nesse curso?
Solo Deo Glória.
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CRER OU SENTIR?
Todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não
se compraz a minha alma. Hebreus 10:38. A vida cristã é uma experiência inspirada e causada pela fé ou movida pelo sentimento? Vivemos num momento histórico em que a fé tem sido substituída pelo sentimento. Eu estava no carro, ouvindo numa estação de rádio evangélica, uma canção muito agradável em sua linha melódica, mas com uma letra terrível, do ponto de vista bíblico. Era algo mais ou menos assim: "eu sinto a tua presença... eu sinto a tua graça"... E por ai viajava nos sentimentos. Fico pensando: como posso sentir a presença de Deus?
O mundo moderno foi invadido pelo sentimento. As artes, a
poesia, a religião e todo o pensamento contemporâneo vem sendo dominado pelo
nível da emoção. A verdade que vale, não vale ser a verdade, pois o sentimento é
quem dita o seu conteúdo. No fundo da criação humana encontra-se, como
fundamento de maior valor, um simples sentimento hedonista. O prazer imediato é
o lance que avalia e estipula o significado das decisões mais importantes.
A foto que aprisiona o fato de uma gravidez não planejada tem
mais valor que um feto abortado com o fito de satisfazer um sentimento da
futilidade egoísta. A menina tirou o retrato de sua barriga prenha, e depois,
num gesto vulgar de desprezo pela vida, tirou a criança de suas entranhas,
porque fazia estrias no tecido liso do ventre esguio. Aquilo que eu sinto hoje é
mais forte e merece mais crédito do que a realidade ética.
Vivemos a ditadura dos sentimentos. Se me sinto bem comigo
mesmo, posso fazer qualquer coisa, ainda que aquilo que faço, não deveria fazer.
A moral do nosso tempo é uma questão da emoção egocêntrica. Alguém me sussurrou
com galhofaria diante de sua gula: "vale a pena transgredir por um sentimento
delicioso. O que nos resta nesse mundo de sofrimentos são esses momentos de
prazer. O que encanta, distrai".
Deus também virou matéria de sentimento. A grande maioria vive
buscando emoções que validem e evidenciem a presença divina. Queremos sentir a
sua presença! Queremos tocar no manto de Jesus. Essa é a tônica da mentalidade
pós-moderna que vive embriagada com a aparência da realidade e com o desfrute de
tudo aquilo que é meramente sensório. Mas a Bíblia afirma: Visto que
andamos por fé e não pelo que vemos. 2Coríntios 5:7. Isto é: andamos
pela fé e não pelos sentimentos.
A presença de Deus não é assunto de sentimento. Deus não é
perceptível pelos nossos sentidos nem pode ser captado pela nossa emoção. Mesmo
que o céu esteja coberto por espessas nuvens negras, o sol continua brilhando em
seu percurso. Mesmo que não haja qualquer evidência da presença de Deus, ele
continua presente em todo lugar. Para onde me ausentarei do teu Espírito?
Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama
no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me
detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua
destra me susterá. Salmos 139:7-10.
Creio na presença de Deus em todo lugar nesse universo, porque
a sua palavra afirma que ele está presente em qualquer lugar. Isto é fé, pois a
fé se baseia apenas na suficiência da palavra de Deus. Ainda que eu não sinta a
menor comprovação e não haja qualquer sinal de sua presença no universo, eu
creio que Deus está bem presente porque sua palavra afirma. E, assim, a fé
vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Romanos
10:17.
Ninguém que tem fé precisa de um sentimento para comprovar a
sua convicção, já que a fé na palavra de Deus tem a sua própria persuasão
fundamentada na mesma palavra. Alguém disse que: "a mente sabe que sabe,
enquanto o olho não vê que vê". Embora, o olho que vê, não vê que vê; a mente
que sabe, sabe que o seu saber procede da própria mente que sabe. Quem tem fé
não carece de prova, pois nenhuma prova pode provar o que a própria fé prova
firmada na palavra de Deus.
Quem crê não precisa de demonstração para crer, e quem não crê
não há comprovação no mundo que o leve a crer. A essência da fé nega qualquer
constatação fenomenológica, pois "a fé é a crença apesar das evidências". Se
alguém necessita de uma prova sensória para firmar a sua fé, então essa pessoa
encontra-se no campo da ciência e fora do terreno da fé. Pela fé,
entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o
visível veio a existir das coisas que não aparecem. Hebreus 11:3.
A fé está relacionada apenas com a palavra de Deus. Se não
houver sinal da palavra de Deus não há o menor indicio de fé. Ninguém que crê
baseado na palavra de Deus precisa de qualquer sentimento para corroborar com a
sua fé, pois a verdadeira confiança só carece da verdade de Deus para se
sustentar. Jesus desconfiou da crença alicerçada em milagres. Estando ele
em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia,
creram no seu nome; mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os
conhecia a todos. João 2:23-24.
Alguém pode estar indagando: então, você é contra o sentimento?
Não. Absolutamente não. Mas o sentimento nunca será o fundamento da fé. Ninguém
precisa de emoção para crer, mas se houver alguma emoção em sua crença, tudo
bem. O sentimento não pode ser a locomotiva do trem, mas pode ser um vagão. A fé
depende somente da palavra de Deus para se manifestar e o sentimento pode ou não
acompanhar a fé. Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé
em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. Romanos 1:17.
A teologia dos sentimentos que se tornou mais desenvolvida a
partir do século XIX, com Friedrich Schleiermacher, tem sua ênfase naquilo que
podemos sentir no âmbito da alma. A sua tese mostra que a experiência verdadeira
está vinculada com a sensação íntima e nunca com a verdade em si mesma. Para os
promotores desse tema é preciso sentir a verdade, a fim de torná-la legítima.
Mas Jesus não apóia essa premissa, pois seu destaque recai no puro conhecimento
da verdade. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João
8:32.
Jesus disse: e conhecereis a verdade; ele não
disse: e sentireis a verdade. A vida de fé é um produto da verdade divina,
revelada em sua palavra, sem necessidade alguma de um sentimento comprobatório
que autentique a veracidade da experiência. Ninguém precisa de uma emoção para
apoiar a fé depositada na palavra de Deus, e mesmo que alguém tenha alguma muito
importante, não há obrigação de vinculá-la ao conteúdo da fé.
Esse destaque nos sentimentos tem sido responsável por uma
grande distorção na proclamação autêntica do cristianismo. Muita gente vive
querendo sentir os efeitos da verdade ou as comoções estáticas de alguma
experiência para poder afirmar a sua fé. Alguns acreditam que o choro e a
alegria servem para confirmar a legitimidade do acontecimento. Mas a Bíblia
continua sustentando que o justo viverá somente pela fé: Eis o soberbo!
Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé. Habacuque
2:4.
A fé é a recusa de ingressar no pânico, em virtude da
suficiência concebida pela revelação divina. Só a fé na palavra de Deus pode
comprovar a onipotente veracidade do Deus da palavra, e com isso, provar a
realidade consistente de que a graça de Deus, origem da revelação, é também a
causa da fé. A água está para o peixe, assim como a palavra de Deus está para
fé. O Deus da graça que concede a expressão da sua palavra, concebe o surgimento
da fé embutida na mesma palavra. Porém que se diz? A palavra está perto de
ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Romanos
10:8. Não é o sentimento do coração, mas a palavra da revelação que faz
toda a diferença.
Crer ou sentir – eis a questão!
Solo Deo Glória.
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A BONDADE DE DEUS
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2:5-8.
Quando lemos nas Escrituras o texto acima, onde o Apóstolo Paulo,
por inspiração divina nos exorta à perseverança, ao exercício do amor fraternal,
que nos leva a entender e praticar a humildade e, conseqüentemente crescer em
santidade, a exemplo de Cristo, precisamos meditar sobre isso. Vemos aí, alguns
sinais do caráter de Deus e do Reino Celestial.
"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor,
como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e
sacrifício a Deus, em cheiro suave." Efésios 5:1-2. Ser imitadores é a
expressão exata do que deve ser a nossa busca incansável. E, andar em amor e se
entregar é o premio que conquistamos pela obediência.
Em outra ocasião, dirigindo-se aos romanos, Paulo faz o seguinte
apelo: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis
o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional". Romanos 12:1. E no verso 2 ele continua: "E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus."
Porém, não há como experimentar a perfeita vontade de Deus, sem a convicção
de que é a Sua bondade que habita em nossos corações, a qual nos foi imputada
pelo fato de ter Deus nos amado primeiro. "Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Quanto a Deus amar o
mundo, fica patente a Sua bondade, mas quanto ao homem crer...
Deus chamou um povo para que expressasse Seu caráter. Um povo santo, separado
e como diz as Escrituras: "Vedes aqui que vos tenho ensinado estatutos e
juízos, como me mandou o senhor, meu deus, para que assim façais no meio da
terra a qual ides a herdar. Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a
vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvirão
todos estes estatutos e dirão: Só este grande povo é gente sábia e inteligente."
Deuteronômio 4:5-6. O mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus
significa sermos dependentes de Deus, tornar-nos servos, sermos humildes e
obedientes até a morte.
O que levou o Filho unigênito do Pai à morte de cruz? Aquele que respondeu
que foi o pecado – acertou, mas, antes disso, o que realmente o levou a morrer
na cruz, foi a Sua obediência, fruto de submissão e amor.
Em todo relacionamento, onde há o desejo de perpetuação, se faz necessária a
manifestação da boa vontade, da renuncia e submissão. O modelo de relacionamento
mais concreto e funcional que conhecemos é o existente entre Deus Pai – Deus
Filho – Deus Espírito Santo. A dança relacional existente dentro da trindade é
algo maravilhoso e expressivo do caráter amoroso de Deus.
Em um mundo cheio de brilhos falsos, onde o "parecer ser", o " ter" e o
"prazer imediato" fazem parte da cultura pós-moderna os sinais do Reino de Deus
aparecem como um bálsamo no meio de uma geração árida e sedenta de vínculos
fortes.
Pense na fala de Jesus no meio desta geração tão atribulada! Um amigo te pede
carona e você diz que não tem tempo. Jesus diria: Se alguém te pede para andar
uma milha ande duas! Se alguém é teu inimigo, Jesus diz: Ore por ele! Jesus é o
Bálsamo de Gileade no meio de Sua Igreja! Sua bondade vai ser expressa por meio
da Igreja, do seu povo.
Em quais áreas de sua vida têm aparecido sinais do caráter e/ou do Reino de
Deus? No seu casamento? No seu trabalho? Na sua família? No seu relacionamento
com amigos? Em todas ou em nenhuma? Se Cristo está crescendo em você e você
diminuindo, é fato que Deus está te usando para a realização dos Seus propósitos
eternos. Pense: O que você tem feito com sua vida, os seus alvos, as suas
intenções e as suas afeições, tudo tem a ver com os interesses do nosso Pai e de
Seu reino?
"Nada façais por contenda ou vanglória, mas por humildade; cada uma
considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é
propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros." Filipenses
2:3-4. Como no primeiro texto vemos sinais claros do Reino: Nada de
orgulho, mas humildade e a superioridade do bem estar do outro em detrimento do
seu!
A vontade de Deus é que a bondade Dele seja expressa em nossas vidas, por
meio do conhecimento da pessoa de Cristo, o qual é totalmente submisso à vontade
do Pai.
Submissão - outro traço do Reino, significa: a entrega dos direitos, que
devemos baixar a guarda e colocar todos os nossos "direitos" nas mãos do outro.
"sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo." Efésios
5:21.
Lembrando sempre que se alguém está tentando a pratica de boas obras fora da
pessoa de Cristo, está no caminho totalmente errado e em nada glorifica o Pai.
"Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é
sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão
nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai." Filipenses 2:9-11.
Se, temos a convicção de que Cristo é a nossa vida, e que estamos mortos para
o pecado, também podemos afirmar que não temos mais vontade e nem bondade, pois,
é a vontade de Deus e Sua bondade que devem se manifestar em nossas vidas
através de nossas ações. "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da
fé-e isto não vem de vós, é dom de Deus – não das obras, para que ninguém se
glorie. Pois, somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus preparou para que andássemos nelas." Efésios 2:8-10.
Como embaixadores do Reino de Deus, somos responsáveis por expressar e fazer
conhecidos os traços valiosos do caráter do nosso Rei. Isso acontece de forma
graciosa por intermédio da presença do Espirito Santo em nós. Ele derrama Seu
amor incondicional em nossos corações e esse se manifesta em nossas vidas por
meio de ações amorosas com o próximo.
Deus encerrou a todos debaixo da desobediência e todos carecem de salvação. E
esse é o único e real motivo que faz com que Deus mantenha o Seu povo nesse
mundo: Para que a vida de Cristo se manifeste e almas sejam ganhas para o Seu
Reino. "Pois Deus é o que opera em vós, tanto o querer quanto o efetuar,
segundo a Sua boa vontade, fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas,
para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio
de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no
mundo." Filipenses 2:13-15.
E como já foi dito: não temos nenhum outro motivo para viver, a não ser para
a glória de Deus. Então, assim como Jesus intercedeu em favor de seus discípulos
dizendo: Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livre do mal, também
nós, apesar de estarmos no mundo, em obediência, não devemos andar segundo o
conselho do ímpio, mas antes agir "destruindo os conselhos e toda
altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo
entendimento à obediência de Cristo..." II Coríntios
10:5.
Solo Deo Glória.
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