quinta-feira, 31 de maio de 2012

SABER,CRER E OFERECER

Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Isaías 43:10.
O capítulo seis de Romanos revela três condições básicas para se viver uma vida cristã significativa. A primeira condição é saber. Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos. Romanos 6:6. O verbo saber no grego expressa a idéia de um conhecimento experimental e não apenas saber algo a respeito da verdade, nem compreender alguma doutrina importante, tampouco um conhecimento intelectual. Na vida de Jó temos estes dois tipos de conhecimento bem exemplificados. Ele conhecia Deus apenas de ouvir e, provavelmente, tinha muitas idéias acerca do Senhor. A revelação de Deus trouxe à tona a verdadeira natureza de Jó, o que o levou a uma experiência verdadeira. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza. Jó 42:5-6. Jesus fala a respeito de uma adoração sem conhecimento.Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. João 4:22. Em Atenas, o apóstolo Paulo lançou mão de uma inscrição, ao deus desconhecido, para apresentar o Deus verdadeiro. Apesar de toda a religiosidade dos atenienses, estes eram, na realidade, completamente supersticiosos.. Porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. Atos 17:23.
O fato de saber que foi crucificado com Cristo o nosso velho homem, pressupõe a revelação de Deus pelo Seu Espírito no nosso coração. Quando Hudson Taylor, o fundador da Missão para o Interior da China, entrou na vida cristã, foi da seguinte forma. Ele fala do problema que estava sentindo: o de saber como viver "em Cristo", como derivar da Videira a seiva para si próprio. Sabia perfeitamente que devia ter a vida de Cristo emanando através de si mesmo, e, contudo, sentia que não o tinha conseguido. Via claramente que as suas necessidades deviam ser satisfeitas em Cristo. "Eu sabia"- dizia ele, escrevendo à sua irmã, de Chinkiang, em 1869 – "que se eu apenas pudesse permanecer em Cristo tudo iria bem. Mas, eu não conseguia". Quanto mais procurava entrar em Cristo, tanto mais me achava como que deslizando, por assim dizer, até que um dia a luz brilhou, a revelação veio e ele entendeu tudo. "Sinto que está aqui o segredo: não em perguntar como vou conseguir tirar a seiva da videira para colocá-la em mim mesmo, mas em me recordar que Jesus é a Videira – a raiz, a cepa, as varas, os renovos, as folhas, a flor, o fruto, tudo, na verdade". Depois, ao dirigir-se a um amigo que o tinha auxiliado: "Não preciso fazer de mim mesmo uma vara. Sou parte dEle e apenas preciso crer nisso e agir de conformidade. Já há muito, tinha visto esta verdade na Bíblia, mas agora creio nela como realidade viva". Foi como se alguma verdade que sempre existiu se tornasse verdadeira para ele pessoalmente, sob uma nova forma. Outra vez escreve à irmã: "Não sei até que ponto serei capaz de me tornar inteligível a este respeito, pois que não há nada novo ou estranho ou maravilhoso – e, todavia, tudo é novo! Numa palavra, "Eu era cego, e agora vejo". Estou morto e crucificado com Cristo – sim, e ressurreto também e assentado... Deus me reconhece assim, e me diz que é assim que me considera. Ele é Quem sabe... Oh, a alegria de ver esta verdade! Oro, com todas as forças do meu ser, para que os olhos do teu entendimento possam ser iluminados, para que vejas as riquezas que livremente nos foram dadas em Cristo, e que te regozijes nelas". (Do livro de Watchman Nee: Vida Cristã Normal.)
Em Oséias, Deus fala do sofrimento de seu povo por uma única razão: falta de conhecimento da verdade. O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.Oséias 4:6.
O primeiro passo na caminhada da vida cristã é saber que o nosso velho homem foi crucificado. O que se segue de forma natural é o considerar, ou crer que significa descansar ou apoiar-se. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11. Temos aqui dois fatos significativos: o primeiro revela que estamos mortos para o pecado. Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo; o segundo fato é que estamos vivos para Deus em Cristo. Cremos que morremos e ressuscitamos. A fé que tem como ponto de apoio a palavra de Deus está segura. Fé + Palavra de Deus = experiência. Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram. Hebreus 4:2. O que é fé? É a nossa aceitação das verdades divinas. O Senhor Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4:3-4. Jesus poderia transformar pedras em pães? Sim. Por que ele não fez? Porque a prova de sua filiação estava na declaração feita por Deus, e não por uma demonstração externa. Como foi então que o homem Cristo Jesus venceu Satanás no deserto? Simplesmente pela palavra de Deus. Não foi pela demonstração de poder divino. O Senhor Jesus não discute com o tentador. Não apela para quaisquer fatos. Não diz, "Eu sei", "Eu sinto"; mas recorre simplesmente à palavra de Deus escrita. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Mateus 3:17. Não precisamos de um milagre ou de um feito grandioso para provarmos que somos filhos de Deus. A palavra de Deus nos basta, com as suas gloriosas e comovedoras garantias, e isto não tem nada a ver com o fato de freqüentarmos uma determinada igreja ou sermos batizados, ou mesmo, termos um bom comportamento. Não, é porque está escrito. Morremos e ressuscitamos em Cristo, quer sintamos ou não. Sabemos que morremos com Cristo, e pela fé com base na palavra de Deus, consideramos este fato como nossa experiência. O que se segue é uma entrega total. Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Romanos 6:13. Oferecer a Deus tudo o que temos e somos. Isto significa sair do controle e descansar inteiramente nos braços daquele que pode todas as coisas. Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele; nisto procedeste loucamente; por isso, desde agora, haverá guerras contra ti. 2Crônicas 16:9. Uma senhora crente, que tinha este mesmo sentimento, estava expressando a uma amiga o quão impossível lhe era dizer: "Seja feita tua vontade", e quão temerosa ficaria se tivesse que fazê-la. Ela era mãe de um único filhinho, herdeiro de grande fortuna, e o ídolo de seu coração. Depois de ter falado de todas as suas dificuldades, sua amiga disse: "Suponhamos que seu pequenino Charley, amanhã, viesse correndo para a senhora e dissesse: "Mamãe, eu resolvi permitir que, de agora por diante, a senhora realize em mim os seus propósitos. Estou disposto a obedecê-la sempre, e desejo que a senhora faça comigo exatamente o que a senhora julga ser o melhor. Eu confiarei no seu amor". Qual seria seu sentimento para com ele? Porventura haveria de dizer para si mesma: ‘Ah, agora eu terei oportunidade de fazer de Charley um miserável. Eu lhe privarei de todos os prazeres, preencherei sua vida de tudo quanto é penoso e desagradável. Obrigá-lo-ei a fazer exatamente as coisas que lhe serão mais difíceis, e lhe darei todas as sortes de ordens, as mais impossíveis’. "Oh, não, não, não!" exclamou a mãe cheia de indignação. "Você sabe que eu não faria tal coisa. Você sabe que eu o apertaria de encontro ao peito e o cobriria de beijos, e me apressaria a encher a sua vida das coisas mais doces e melhores"(Hanna W. Smith, do seu livro, O Segredo de uma Vida Feliz). Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus Romanos 12:1-2. Saber, crer, e se oferecer são passos significativos para a caminhada na vida cristã.

Solo Deo Glória

O INFERNO DO INFERNO

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Os ímpios irão para o inferno, sim, todas as nações que se esqueceram de Deus. Salmo 9:17.
Há muita gente que procura desconsiderar este assunto, para não ter de encará-lo com seriedade. Na verdade isto já é um inferno sobre o inferno. Mas, uma verdade negada não é uma realidade apagada. Pelo simples fato de alguém duvidar de uma verdade bíblica, isto não significa a sua extinção. Assim como o sol não deixa de existir por ter sido encoberto por densas nuvens, ou deixar de ser observado pela cegueira de alguém.
A insistência moderna de desacreditar na realidade do inferno, não o torna inexistente, nem o faz mais refrigerado. Também esta tendência de não tratar do assunto, por ser deveras asfixiante, não altera a sua realidade. Infelizmente, o inferno é a verdade percebida tarde demais, para os que são incrédulos.
Muitas pessoas ao tratar os assuntos sérios, o fazem como se fosse brincadeira. Neste caso, pensam que o amor de Deus pode passar por cima de sua justiça. Thomas Brooks disse que há pessoas que são como crianças: que brincam até sua vela apagar-se e depois vão para a cama no escuro. Cuidado com a vulgaridade e superficialidade que se tem dado aos temas fundamentais. Se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. (Onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga.) Marcos 9:43,44. Não é bom se distrair de assuntos essenciais, nem escarnecer daquelas prioridades bíblicas; isto pode ser ruinoso e eternamente fatal.
Eu sei que é terrível tratar de um assunto tão desagradável como este. É também horrível, para a ciência médica, enfocar a realidade do câncer ou da Aids. Mas é preferível cuidar da profilaxia, isto é, dos cuidados preventivos, do que encarar de frente a certeza funesta de uma doença tão desagradável.
Não devemos buscar o reino de Deus e a sua justiça, em conseqüência do medo do inferno. Porém, não devemos desabonar ou depreciar a seriedade do inferno, pois há duas maneiras de ir para o inferno: uma é entrar de olhos abertos... a outra é descer pelos degraus sem a menor importância, da desconsideração e do descaso.
Todos os homens nascem e vivem neste mundo como ímpios, até nascerem de novo. Se não houver novo nascimento na vida de alguém, ele não passa de um ímpio. Mesmo que seja um ímpio cheio de merecimentos morais. E os ímpios irão para o inferno. Calvino dizia que os ímpios têm a semente do inferno dentro do coração. A menos que haja uma mudança fundamental, operada por Jesus Cristo, no coração deste ímpio, para torná-lo uma nova criatura, o inferno será uma real e inevitável conseqüência. E o inferno é um lugar de tormento da alma e do corpo. No juízo final os mortos que morreram sem Cristo irão ressuscitar com corpos físicos e serão lançados no inferno para serem atormentados. E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo. Mateus: 10.28.
A seriedade deste assunto fez Thomas Brooks considerar: Mesmo que todo pecador condenado pudesse chorar um oceano inteiro, todos esses oceanos jamais extinguiriam uma centelha do fogo eterno. Nenhum membro da raça do pecado pode escapar do fogo eterno, senão pela obra regeneradora executada no Calvário, por nosso Senhor Jesus Cristo. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Mateus 23:33.É verdade que o inferno não foi preparado para os homens. Não foi um lugar criado pra punir a humanidade. Foi estabelecido para colocar Satanás e os seus anjos. Porém, desde o momento em que o homem tornou-se parceiro de Satanás no pecado, nada mais justo que a sua inclusão no mesmo sistema. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Mateus 25:41. Os que não exigem nada mais que um Deus de justiça encontram exatamente o que procuram: a Bíblia o chama de inferno.
No inferno o homem sofrerá a conseqüência de sua incredulidade e de sua culpa. E o sofrimento causado pelo pecado nunca terá fim, porque a culpa é a razão de ele ser infligido e, uma vez que alguém tem culpa, esta nunca deixa de existir... o pecado produz a culpa, e a culpa constitui o inferno. É bem verdade que tudo isto pode ser totalmente anulado pela misericordiosa graça derramada por meio do sacrifício de Jesus. Pelo sangue vertido na cruz e por nossa inclusão no corpo de Cristo, a fim de morrermos para o pecado juntamente com ele, temos a certeza de nosso perdão e a garantia de uma eterna salvação. Mas, caso este tão importante ponto de justificação não seja considerado, o pecado de cada homem será o instrumento de seu castigo, e sua iniqüidade transforma-se em tormento eterno.

Santo Agostinho foi muito claro quando abordou o problema velho da hipocrisia. Dizer que amamos a Deus enquanto vivemos uma vida sem a menor santidade é a maior das falsidades. Deste modo, podemos definir este assunto com esta nitidez: Hipócrita é o homem que faz com que sua luz brilhe de tal forma diante dos outros que eles não possam saber o que está acontecendo por trás dela! Assim é necessário um programa que pegue também os hipócritas. E o inferno não exclui esta classe, pois a hipocrisia é a mentira mais ruidosa. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes filhos do inferno do que vós! Mateus 23:15.
O líder religioso hipócrita é filho do inferno, e o seu filho espiritual é mais difícil ainda de ser convertido, pois tendo sido enganado uma vez, se torna resistente à pregação da verdade, sendo duas vezes filho do inferno e conseqüentemente, obstinado e duro contra a verdade.

Por outro lado, se não há crença no inferno, o conceito de juízo também se torna sem sentido, e então o que resta do cristianismo é um sistema ético. Se não há conseqüência não há a menor importância. Se você de alguma maneira demolir a doutrina do inferno, ela demolirá seu zelo e sua coerência moral. O Diabo não tem problemas de apresentar o pecado como uma coisa inocente e o inferno como um assunto irrelevante. Ele geralmente procura melhorar a aparência daquilo que é imoral e retocar com glacê o bolo infernal. Se Satanás ousou utilizar as Escrituras para tentar nosso Senhor, não terá escrúpulos em usá-las para enganar os homens. O método mais natural usado por Satanás para resistir aos propósitos de Deus é o uso da falsificação. Assim, Satanás não está lutando contra as igrejas, mas está se tornando membro delas. Ele causa mais dano semeando o joio do que arrancando o trigo. Realiza mais por imitação que por oposição direta. Não devemos nos esquecer que em matéria de teologia, o Diabo tem doutorado, e é o mais diligente dos pregadores. Com isto, ele geralmente procura fechar os ouvidos das pessoas para não ouvir a sã doutrina, antes de abri-los para abraçar a falsa. Cuidado com seu descaso com este assunto do inferno, pois pode ser tarde demais para você desconsiderá-lo.

Solo Deo Glória

A CADUCIDADE DO ANTIGO PACTO

Ao chamar esta aliança "nova", Ele tornou velha a primeira. Ora, aquilo que se torna velho e antigo, logo desaparecerá. (Hebreus 8:13 WBPT).
Deus fez uma aliança com o povo israelita, no Sinai, baseado na obediência à lei perfeita. Era um pacto provisório, até que viesse Aquele que cumpriria a lei em sua íntegra, pois, nenhum pecador seria capaz de cumpri-la de fato e de verdade.
A vigência dessa lei tinha um tempo de validade determinado. Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Gálatas 3:19. A chegada do Novo, em pessoa, substitui o velho, em código.
A lei, entregue por Moisés, não tinha como objetivo a salvação do pecador, mas o diagnóstico da gravidade do pecado. Ela veio para ressaltar a violência da rebeldia adâmica. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz, para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Romanos 3:19-20. A lei acaba instigando a transgressão.
Ela não tinha possibilidade de nos libertar do pecado, embora, nos conduzindo a um beco sem saída, nos impulsionava para Alguém que pudesse ser a solução. Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. Gálatas 3:23. A lei apontava para o Libertador.
Veja como a Escritura descreve este ponto crucial para a perfeita libertação: De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Gálatas 3:24. Não confunda a fé com o desempenho.
Esclarecendo um pouco mais. Porque a lei foi entregue por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. João 1:17. A lei foi concedida, no monte Sinai, 430 anos após o pacto da graça feito com Abraão, como tipo da obra vicária de Cristo. A lei serviu para acender o fogo do pecado e incitar a desobediência, enquanto que a graça veio para anular a força do pecado e da morte.
Paulo foi incisivo quando disse: Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. Romanos 6:14.
A salvação do pecador nunca foi promovida por Moisés, nem pela lei, nem por profetas, mas por Jesus Cristo e pela graça que nos dá a fé, graciosamente, já que Jesus é, ao mesmo tempo, o Autor e o Executivo da fé. A fé não vem pelo cumprimento da lei, mas pela pessoa e obra de Cristo Jesus. Não existe fé baseada na lei, uma vez que a fé vem somente por meio de Cristo Jesus e este crucificado, ressurreto e glorificado.
Nada, que não seja pela graça de Cristo, merece crédito para a salvação do pecador. Por isso mesmo, como a lei não pode nos libertar, uma vez que ela nos instiga ao pecado e, em seguida, nos acusa como réus, ela não pode nos salvar do pecado. A lei serve para nos condenar. Portanto, foi incitando-nos e acusando-nos que ela serviu como um tutor para nos levar a Cristo e sermos, deste modo, salvos por Ele.
Ao exigir a perfeição moral de um ser imoral, ao requerer a dignidade do indigno às suas exigências legais, a lei provoca uma reação de rebeldia, hipocrisia e culpa no nosso íntimo. Como ninguém pode ser o que a lei demanda, então ela acaba nos impulsionando, de algum modo, a receber Aquele que nos aceita como nós somos, isto é: barracos em ruínas e sujos por natureza. É a severidade da lei irretocável que nos guia até a Casa do Amor incondicional.
Nós só receberemos a graça plena depois que formos decepcionados pelas exigências inalcançáveis da lei. A lei é boa e eu sou maldoso, malicioso e malvado. A lei é perfeita e eu um bagaço, bagunçado. Graças a uma lei perfeita e exigente que impõe perfeição ao imperfeito, que não pode suportar este peso, é que nós somos conduzidos ao coração de Abba, onde somos aceitos inteiramente no Seu Filho Amado.
A lei prestou um grande serviço no processo da nossa salvação, quando exigiu de cada um de nós a sua perfeição inatingível. Como não podemos ser perfeitos por nós mesmos, mas precisamos ser perfeitos para participar do reino de Deus, então a lei acaba nos levando a receber a perfeição de Cristo como única alternativa de sermos aceitos.
É a perfeição da lei que nos faz ver a nossa real imperfeição inata, bem como a perfeição de Cristo como a última cartada para a nossa aceitação diante de Deus.
Veja você como o apóstolo Paulo entendeu este dilema: Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. Temos aqui uma substituição e não uma evolução do ego. O eu só se especializa em egoísmo vanglorioso.
A lei nos leva até a cruz. Lá, o perfeito Filho de Deus, o Homem sem pecado, assumiu a humanidade imperfeita em toda a sua natureza pecadora e a co-crucifica no mesmo sacrifício. É uma morte solidária, onde Ele aceita os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro e transfere a sua justiça para a nossas vidas justificadas pela sua graça.
Agora, a lei termina a sua cobrança de perfeição. Ela exigia que a criatura caída correspondesse a dimensão relacional da sua criação perfeita. A lei requeria que o Adão pós pecado tivesse uma conduta semelhante ao Adão pré pecado. Mas era impossível. O vaso em cacos não podia se portar como se fosse um adorno sem defeito.
Foi nessa olaria quebrada de potes estilhaçados que o Verbo se fez carne. O Deus perfeito se fez homem sujeito ao pecado, embora jamais conspurcado pelo pecado. E assim, mesmo vivendo sem pecado, acabou assumido o pecado dos pecadores na cruz ao morrer uma morte compartilhada com toda a raça contaminada pelo pecado, a fim de cumprir a exigência da perfeição da lei, para, em seguida, imputar a sua perfeição pela fé.
Nesse momento histórico, o antigo pacto da lei perfeita que exigia a perfeição dos imperfeitos perdeu a sua força total, caducou e foi substituído pela nova aliança da aceitação incondicional dos imperfeitos, pelo Perfeito, que nunca contabiliza as imperfeições dos imperfeitos, nem joga na cara os seus delitos e defeitos.
Deste momento em diante, a perfeição dos imperfeitos é atribuída apenas pela suficiência dAquele que, sendo totalmente perfeito, aperfeiçoa os imperfeitos por seu amor graciosamente concedido pela fé, por Ele doada. Ninguém mais vive se esforçando em ser melhor, ou ser mais justo, uma vez que o Melhor e mais Justo vive nele.
A nova aliança tornou ultrapassada a primeira. Agora, os que vivem pela fé nAquele que é perfeito não procuram se aperfeiçoar na prática de uma lei perfeita, já que a perfeita lei reside na encarnação da vida do Verbo em seus corações. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Hebreus 8:10.
O cristianismo não é um mero clube de serviço com regras e regimentos, exigindo uma conduta perfeita, mas a realidade de um povo com um relacionamento vivo e pessoal com Aquele que é a Perfeição e, ao mesmo tempo, tem a lei perfeita da liberdade habitando nesse povo, na trilha da santificação progressiva.
Por exemplo. O velho pacto dizia: não furtarás. O Novo diz: ama o teu próximo com o Meu amor. O velho estava centrado no ego, enquanto o Novo está dependente da vida de Cristo que vive em mim. O velho caducou e morreu. O Novo ressuscitou e vive para sempre. Sendo assim, não me venham com códigos, normas, bulas e catecismos, pois, agora, vivemos pela graça na suficiência de Cristo em nós.
Não confunda judaísmo com cristianismo, nem judaizantes com cristãos. Religião e Evangelho são antagônicos. Jamais misture a Igreja de Cristo com as propostas de um quartel general da religiosidade farisaica. Nunca embaralhe, no mesmo pacote, a santificação com o legalismo dos esnobes religiosos.
Cuidado, pois: uma conduta irrepreensível, promovida pela lei, não significa a santidade imputada pela graça em Cristo e que se manifesta gradualmente até a estatura do Varão Perfeito. A conduta perfeita da lei exala a vanglória e exalta o mérito de quem a exibe. Já a santidade imputada, só a gratidão de quem a recebeu imerecidamente.
Saulo foi um exemplo de uma conduta perfeita. Ele foi irrepreensível no legalismo da lei, embora fosse incrédulo e estivesse perdido para sempre em seu egoísmo. Encontrava-se separado de Deus. Todavia, Paulo, o convertido pela graça, expressava graciosamente a vida de Cristo como a única realidade de sua vida santa. Ele não era perfeito, mas foi alcançado pelo Perfeito que lhe aperfeiçoava cada dia, em santidade imputada por Cristo.
Graças ao Pai das Misericórdias e ao Deus de toda Graça pela providência no sumiço do velho pacto e pela substituição do Novo, onde Cristo é a lei perfeita da nossa liberdade. Graças por Aquele que nos justifica perfeitamente em sua perfeita santidade, garantindo-nos, graciosamente, a santificação pela sua Vida santa, que cresce em nós, cada dia, e pelo espírito jubiloso de agradecimento em adoração. Aleluia.

Solo Deo Glória

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O MUNDO QUE NOS FAZ PERECER





O filho pródigo é o típico modelo da independência e do desperdício. A idéia principal por trás da palavra pródigo é a falta de moderação, excesso e dissipação. Afastou- se da casa do pai para agir a seu próprio modo. Pensou que poderia sobreviver sem a provisão e os cuidados do pai. A auto-suficiência instalada em seu interior promoveu uma busca desenfreada por prazeres e desejos que não são capazes de satisfazer plenamente a fome e o anseio da alma.
John Macarthur interpreta que este jovem é uma ilustração clássica de uma pessoa não disciplinada, que desperdiça a melhor parte de sua vida satisfazendo prazeres extravagantes e se torna escravo de sua luxúria e seu pecado. Ele é uma prova viva do pecado e como ele inevitavelmente degrada o pecador.
A rebelião proposta por satanás e aceita pela humanidade na pessoa de Adão, nada mais é do que a ambição do homem de ser independente, dono do seu próprio nariz, e isto trouxe um vazio enorme na humanidade e ao mesmo tempo, o fez cheio de ilusões e fome por algo que o mundo não pode suprir. E desejava encher o seu estômago com bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. Lucas 15:16. E só em Jesus Cristo, o pão da vida, que podemos encontrar a verdadeira satisfação para o nosso ser como um todo.
Houve uma miragem no coração desse jovem. Ele foi atraído por coisas e lugares para buscar algo diferente e, por conta do seu egocentrismo, veio o seu desespero e a sua falência. Há quem julgue reto o próprio proceder; no final, porém, o conduz à morte. Provérbios 14:12. E o texto sagrado deixa claro as conseqüências da escolha errada: Nos seus caminhos há destruição e miséria. Romanos 3:16.
A história do povo hebreu é marcada por períodos de fome, e o motivo era desobediência à palavra de Deus. Não havia pão em toda a terra, porque a fome era mui severa; de maneira que desfalecia o povo do Egito e o povo de Canaã por causa da fome. Gênesis 47:13. Vamos verificar na passagem seguinte a falta de entendimento daquele povo e a sua situação de miséria. Portanto, o meu povo já está no cativeiro, por falta de entendimento; e seus nobres morrem de fome, e sua multidão, de sede. Isaías 5:13.
Dizem que atualmente, em nosso planeta, uma em cada sete pessoas passa fome. O pior de tudo é que há alimento suficiente para todos. Porém, a má distribuição somada ao egoísmo humano, não permitem esse suprimento aos famintos. E não é só o alimento material que no mundo está escasso, mas também o Espiritual, e há uma denúncia do profeta para chamar a nossa atenção: Ouvi a palavra do Senhor, vós filhos de Israel, porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra; porque não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus. Oséias 4:1.
O item principal a ser destacado da mensagem do profeta, e que ocasiona o desfalecimento de todos e inclusive da terra, e dos animais, das aves e dos peixes do mar se resume na falta de conhecimento de Deus e rejeição à sua Palavra. A busca pela satisfação através do pecado era escancaradamente visível, não havia temor de Deus e nem entendimento espiritual nas pessoas daquela época e o vazio aumentava cada vez mais dentro deles.
O filho pródigo impetuoso, convencido, gastador, sensual, independente e muito arrogante não deu conta de que a sua infelicidade era causada por ele mesmo e não pelo pai. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai tem abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Lucas 15:17.
A idéia contida em ‘tornando em si’ do texto citado nos dá entender que a vida pecaminosa é uma forma de insanidade, uma loucura desenvolvida internamente em busca dos desejos malignos. Ao tornar em si mesmo, reconheceu a generosidade do pai para com os funcionários, e viu os seus próprios erros, e ficou perceptível que seus próprios males haviam lhe jogado para miseráveis circunstâncias.
A rebelião trás pobreza tanto física quanto espiritual associada ao desespero e tristeza, para com aqueles que se encontram na porta larga do pecado, cheios de si mesmos. Na citação de John Macarthur o pecado nunca dá o que promete, e os prazeres da vida que os pecadores pensam que estão buscando sempre acabam por se tornar exatamente o contrário:uma dura estrada que inevitavelmente leva à ruína e ao ponto final definitivo. O apóstolo Paulo foi convencido da sua miserabilidade, mas deu graças pelo amor eterno que salva em Jesus Cristo. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Romanos 7:24.
A palavra miserável significa aflito ou coitado, aquele que está à beira de um abismo de tormento, é isso que o pecado proporciona aos seus clientes. O desespero de Paulo lhe foi benéfico, porque ele pode suplicar por socorro e experimentar a preciosa graça que liberta e vivifica. Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! Romanos 7:25.
Enquanto não ganharmos por graça a compreensão do evangelho das insondáveis riquezas de Cristo. Efésios 3:8, não perceberemos que a mendicância alojada no ser humano, que o faz falido espiritualmente, tem como causa única o fato de não crê na suficiência de Jesus Cristo e na sua obra expiatória na cruz do calvário.
Somente um Deus rico em graça e misericórdia é capaz de saciar substancialmente a raquíticos e esfomeados como eu, que fuçava nas bolotas da religião e no lixo do mundo sem nada encontrar. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. João 6:33. Ao desobedecer à ordem do Senhor Deus, comendo do fruto do bem e do mal, nossos pais primitivos morreram espiritualmente e outorgaram a todos nós essa herança de morte.
O distanciamento da raça humana com relação a Deus se deu por conta do pecado, porem o amor do Deus Trino é eterno e suficiente para nos salvar plenamente desse estado de morte espiritual. Por isso, também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Hebreus 7:25.
Só podemos ganhar vida e vida em abundancia se verdadeiramente nos alimentarmos do Pão da Vida que é Jesus. Declarou-lhes, pois Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. Este é o pão que desceu do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. João 6:35,50 e 51. A fome e a sede são símbolos adequados para os anseios espirituais. Aqui na terra Jesus se apresenta como o Pão vivo que desceu do céu e, quem se alimenta Dele por Ele viverá. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. João 6:57.
O Senhor Jesus Cristo desceu até nós e foi levantado numa cruz para nos levar de volta para Deus por isso, agora é possível o nosso retorno para casa do Pai. A relação de Jesus com o Pai no céu veio ser compartilhada com pecadores indignos, se fazendo o nosso caminho. E a obra de Jesus na cruz em nos incluindo no seu corpo é para fazer morrer a natureza de filhos espirituais do Diabo, que nos levava a pecar e vivermos distantes de Deus. Na ressurreição de Cristo ganhamos a própria vida de Cristo para sermos feitos filhos, e buscar a presença do Pai Celestial.
E agora com a nova vida, que tipo de alimento é suficiente para saciar os filhos de Deus? Eis que vem dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Amós 8:11. Na ação do Espírito Santo em nós, revelando a pessoa de Cristo, podemos ganhar a firmeza de Daniel, para não nos contaminar com as iguarias ou pratos que se apresentam como apetitosos, mas que em vez de nos sustentar, nos enfraquece e adoece. E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. Daniel 1:8. Graças a Deus que Jesus Cristo é o pão vivo capaz de saciar a nossa fome. Encheu de bens os famintos... Lucas 1:53a.

Solo Deo Glória

domingo, 27 de maio de 2012

BEM AVENTURANÇAS I

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo. Mateus 5:1-2.
A palavra grega makarios, que significa bem-aventurados ou felizes, é usada nove vezes na primeira seção do Sermão do Monte, entre os versículos 3 a 11. A natureza ou o caráter dessas bem-aventuranças descritas por nosso Senhor são inatingíveis pelo auto-esforço, mas são criados no nascido de novo pela habitação do Espírito Santo. O nosso Senhor dirigiu estas palavras aos seus discípulos e não à multidão. O discípulo é aquele que foi chamado para seguir o Cordeiro - é aquele que toma a cruz e O segue.
A primeira bem-aventurança anunciada pelo Senhor é: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados aqueles que deixam ir as suas próprias possessões e deixam que Deus seja o seu TUDO. (parafraseado) O nosso Senhor abre o sermão do monte com essa bem-aventurança, porque sem ela ninguém pode entrar no reino de Deus. Porque, no reino de Deus, não existem orgulhosos. O orgulho foi à flecha que lançou Satanás e os seus seguidores para as profundezas do inferno. Humildade é a característica fundamental dos filhos de Deus: Eles são pobres ou humildes de espírito. Essa "pobreza" ou "humildade" não significa ausência de bens materiais, mas de um estado íntimo de confiança e dependência de Deus.
Em certo sentido, as demais bem-aventuranças são resultantes da primeira. Podemos dizer que essa bem-aventurança é como um porta-jóias de onde são tiradas as pedras preciosas. Essa bem-aventurança define o início da vida cristã. Na visão de D. Martin Lloyd-Jones: Essa bem-aventurança indica, realmente, um esvaziamento, ao passo que as demais apontam para uma plenitude. Não poderemos ser cheios enquanto não formos primeiramente esvaziados. Não se pode encher de vinho novo um odre cujo conteúdo ainda não tenha sido despejado.
A trajetória do nosso Senhor foi descer e Se humilhar para servir. Como Deus, Se humilhou; como Homem, Se humilhou e Se tornou obediente até a morte, e morte de cruz. Mas Deus O exaltou soberanamente. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome. Filipenses 2:5-9.
Aquele que se exalta será humilhado, mas aquele que se humilha será exaltado. Que maravilhosa verdade é a Pessoa de Cristo. Que sublime verdade é esta descida e esta ascensão pelas quais Ele enche todas as coisas como redentor e Senhor da glória: Deus descido em amor. O nosso Senhor, voluntariamente e por amor, se humilhou, desceu ao lugar mais baixo: Morte. E é para esse lugar que o Senhor nos chama para seguirmos. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento ou disposição mental que houve também em Cristo Jesus.
Portanto, a nossa redenção tem como propósito nos fazer participantes dessa humildade. Humildade não é algo que apresentamos para Deus ou que Ele concede; é simplesmente o senso do completo nada-ser que vem quando vemos como Deus verdadeiramente é tudo, e no qual damos caminho a Deus para ser tudo. Quando a criatura percebe que esta é a verdadeira nobreza, e consente ser com sua vontade, sua mente e seus afetos – a forma, o vaso no qual a vida e a glória de Deus estão para trabalhar e manifestar a si mesmas, ela vê que humildade é simplesmente conhecer a verdade de sua posição como criatura e permitir a Deus ter Seu lugar. Andrew Murray.
Humilde de espírito é aquele que pode dizer como o salmista: Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes assuntos, nem em coisas muito elevadas para mim. Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada. Espere Israel no SENHOR, desde agora e para sempre. Salmos 131. Está aqui uma alma que descobriu o segredo do descanso, um coração totalmente entregue aos cuidados de Deus. Esta alma não ambiciona grandes coisas em si mesmas, mas se assemelha a uma criança que depende totalmente de seu pai.
O apóstolo Paulo expressou assim o seu sentimento de dependência: E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. I Coríntios 2:3. Ele não foi para frente de um grupo de ouvintes ou subiu na plataforma ou púlpito com uma atitude de confiança, seguro e desembaraçado, dando a impressão de ser alguém dotado de forte personalidade. Não. Ele foi em fraqueza, temor, e em grande tremor. Ele foi em seu espírito completamente dependente de Deus. É isto que significa ser humilde de espírito.
Em uma conferência de estudo bíblico, um pregador, depois de expor um texto da palavra de Deus, recebeu um pequeno elogio. Como resultado, ele ficou tão inchado, tão cheio de si que o seu "ministério" ficou comprometido, e aqueles que o acompanhavam se afastaram dele. Hoje ele exerce um ministério solo. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos. Provérbios 16:19.
Uma das características de um nascido de novo é saber ouvir. Ele está pronto para ouvir e pronto para aprender; não está preocupado em mostrar o que sabe. O homem prudente oculta o conhecimento, mas o coração dos insensatos proclama a estultícia. Provérbios 12:23. Cuidado com aqueles que só querem ensinar, os "professores" de Deus, que não tem ouvidos para ouvir. O nosso suposto "conhecimento" pode envaidecer-nos, tornando-nos orgulhosos, levando-nos à ruína. A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda
Ser humilde de espírito é ver que nada somos, que nada temos, é olharmos para Deus em completa submissão, dependendo inteiramente de Sua misericórdia e de Sua graça. Podemos ilustrar esse fato usando a experiência do profeta Isaías. Quando este viu a glória de Deus, exclamou: "Ai de mim! A revelação de Deus abate o homem, levando-o à consciência de sua completa miséria e nulidade. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos. Isaías 6:5.
A segunda bem-aventurança é: Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Mateus 5:4. Bem-aventurados aqueles que deixam ir sua própria felicidade, deixa que Deus seja o seu tudo (parafraseado) De acordo com o grego a palavra "penteo", que traduzida para o português significa choro, expressa um estado de profundo lamento de um coração quebrado, e de um sentimento de profunda miséria. Significa ver-se completamente incapaz de fazer algo por si mesmo. Tal sentimento não é só pela sua situação, mas também pelo seu ambiente.
Por que chorar? Pode haver maior infortúnio do que experimentar a nossa insuficiência, miséria e desesperança, e conhecer que nada somos, absolutamente, indignos? É, porém, uma benção ver-se reduzido a esses extremos. Quando somos reduzidos aos extremos, ao mais profundo do poço, podemos olhar para cima, e encontrarmos em Cristo a nossa total suficiência. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. II Coríntios 12:9-10.
Por que chorar? Pode haver maior infortúnio em ver por todos os lados, trevas, injustiça, opressão, rejeição, pobreza e sofrimento? Pode haver maior dor do que ver o Senhor e os seus ensinamentos achincalhados, ridicularizados? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está? Salmos 42:3. Essa é a reação de um coração que chora pela indiferença do homem para com Deus.
Por que chorar? Por causa do amor. O amor é sofredor. O nosso Senhor chorou ao contemplar a cidade de Jerusalém: Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação. Lucas 19:41-44.
Jesus desceu aos abismos da nossa degradação, desceu, em certo sentido, mais baixo do que nós todos. "Vendo a cidade", vendo a humanidade chorou. Ele não pode amar sem sentimento e sem coração. Seu amor é humano e divino ao mesmo tempo. Deus, infinitamente rico, encarnou-se para experimentar a pobreza e a miséria do homem decaído, para fazê-lo rico. É a nossa fraqueza que nos abre os Céus, a nossa fraqueza é a matéria prima da misericórdia de Deus. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. Lucas 18:13-14.
Que esperança resta para aqueles que choram, em face de suas limitações e do estado em que se encontra o mundo? Há o consolo – o consolo da bendita esperança, o consolo da glória vindoura. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Embora gemendo, os filhos de Deus, são felizes, por causa da esperança. Naquele "dia", quando tudo se fizer novo, a dor, a tristeza, os suspiros não mais existirão. Nenhuma lembrança haverá das coisas passadas, mas experimentaremos, por toda a eternidade, a alegria por estarmos diante do Cordeiro, entoando um novo cântico. Naquele dia nós iremos compartilhar do mesmo sentimento que Deus tinha como visto em Gênesis, que tudo é "bom".

Solo Deo Glória.

BEM AVENTURANÇAS II

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. Mateus 5:5.
A palavra grega para manso é prautes, que significa "suportando a ferida com paciência e sem ressentimento", mas também agrega outras características, como: amável, gentil, bondoso, brandura e humildade. A explicação ou a tradução mais ampliada deste texto fica assim: Bem-aventurados aqueles que deixam ir a sua própria vontade e deixam que Deus seja o seu tudo. Na visão de Watchman Nee, mansidão é aquele que está disposto a negar-se a si mesmo e tomar a cruz alegremente.
Os mansos são aqueles que alegremente se submetem à vontade de Deus, em quaisquer circunstâncias. Não reivindicam os seus próprios "direitos", permitem a operação da cruz, tornando-se "fracos", e o resultado dessa operação é torná-los brandos, amorosos e flexíveis. Devemos nos lembrar que essas características só são possíveis a partir da primeira bem-aventurança. Bem-aventurados os "pobres ou humildes" de espírito.
A mansidão, à luz da palavra de Deus, é uma virtude que só a encontramos na Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo. É dos lábios de Jesus que temos uma viva descrição da marca do Seu caráter: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11: 28-29-30. É um jugo de uma completa submissão, aprendendo com Ele a permanecer na vontade de Deus. Não é uma virtude do temperamento humano, mas do fruto daqueles que estão em Cristo.
O profeta Isaías já anteviu essa marca de Jesus, ao escrever: Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. Isaías 53:7. E quando chegou o momento dessa profecia de Isaías se cumprir, vemos sua mansidão em meio a Sua maior prova: Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas coisas testificam contra ti? E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava. Mt 27:12-14.
Jesus sabia quem Ele era, mas se recusou a dizer. A consciência do Seu poder O fez agir com mansidão no meio do conflito, e, mesmo diante da explosão da multidão, quando queria fazê-Lo rei, Ele se lembrou da passagem do profeta Isaías: Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele. Ele trará justiça às nações. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua. A cana trilhada, não a quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade trará a justiça; não faltará nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei. Isaías. 42:1-4. Sua mansidão funciona. Ela gera a retidão, e trará a justiça à terra, porque Ele mansamente toma o pecador e o torna completo.
O fundamento desse convite acha-se no modo de vida do próprio Jesus, sou manso e humilde de coração; aqui vemos que Jesus era submisso diante de Deus e dos homens, dependia completamente Dele, e Se dedicava a Ele. É por isso que pode chamar a Si todos os que estão cansados e que estão sobrecarregados, oferecendo-lhes descanso para àqueles que O seguem. A posição central do convite do Salvador corresponde àquela do hino a Cristo em Filipenses 2:6-11, que faz a descrição da obra de Cristo, desde o Seu esvaziar-Se de Si mesmo até a Sua humilhação de Si mesmo, e até a Sua exaltação da parte de Deus.
Ser manso é permanecer olhando para Jesus diante daquilo que nos irrita, é permanecer olhando para Jesus mesmo diante de uma provocação. Manso é aquele que permite perder uma discussão sem se exasperar. É ser livre do espírito de vingança, mesmo diante de uma injustiça. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente. I Pedro 2:19-23.
O homem que é realmente manso não tem pena de si mesmo, e nunca se lamenta por si mesmo. Não tem autocomiseração, não gasta tempo reclamando, ou reivindicando seus direitos, pois sabe que nada merece. Não teme o que os outros dizem a seu respeito. Sofre o dano sem se queixar, não se defende e nem faz ameaças, entrega tudo Àquele que julga retamente. John Bunyan expressou assim o que é um homem manso: Aquele que está caído, não precisa temer a queda.
A Bíblia fala que Moisés era um homem mui manso: Ora, Moisés era homem mui manso, mais do que todos os homem que havia sobre a terra. Números 12:3. Deus o chamou para liderar o Seu povo, um chamado muito elevado. Porém, é impossível para o homem "natural" ser suave com aqueles que o atacam. No caso de Moisés, ele não se defendeu. Quando seus irmãos Arão e Mirian o atacaram por causa da mulher cuxita, como líder, ele podia repreendê-los, mas não o fez, preferiu guardar em silêncio. O indivíduo manso não se orgulha de si mesmo; não se vangloria o seu próprio respeito sob hipótese alguma. Pois sente que em si mesmo coisa alguma existe de que ele possa gabar-se. D. Martyn Lloyd-Jones.
Tal silêncio não foi uma manifestação de fraqueza, mas de poder, não se defendeu, porém, esperou em Deus para que o defendesse. Moisés mostrou-se verdadeiramente um homem manso; em vez de alimentar qualquer ressentimento contra seu irmão e irmã, estava pronto para, imediatamente, tomar o lugar de intercessão: Pelo que Arão disse a Moisés: Ah! Senhor meu, ora não ponhas sobre nós este pecado, que fizemos loucamente, e com que havemos pecado! Ora, não seja ela ela como um morto, que saindo do ventre de sua mãe, tenha metade da sua carne já consumida. Clamou, pois, Moisés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogote-te que a cures. Números 12:11-13.
Um homem que conhece o seu próprio lugar na presença de Deus é capaz de se elevar acima de toda maledicência. Não se deixa perturbar por ela, a não ser por causa daqueles que a praticam. Pode bem perdoá-la. Não é atingível, pertinaz, nem se ocupa consigo mesmo. Sabe que ninguém o pode pôr mais baixo do que ele merece estar, e, por isso, se alguém fala contra si pode humildemente curvar a cabeça e passar em frente, entregando-se a si próprio deixando a sua causa nas mãos Daquele que julga justamente e que seguramente retribuirá a cada um segundo as suas obras.
A mansidão inclui a idéia de que nós não devemos nos preocupar com o que dizem a nosso respeito, e, também, com o que dizem a respeito de Deus. Tratemos a todas os homens com cortesia perfeita; que possamos responder sem rancor; que possamos discutir sem intolerância; que possamos enfrentar a verdade sem ressentimento, que possamos estar zangados e sem pecar e que possamos ser gentis e entretanto não ser débeis. William Baclay.
Em outras ocasiões, no caso de Moisés, quando as circunstâncias o exigiram, vemo-lo agindo com rigor. Exemplo disso é no incidente do bezerro de ouro. Diante da idolatria do povo, construindo para si um bezerro de ouro e adorando-o, quebrando, assim a aliança com Deus, ele reage com ira: Chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se-lhe a ira, e ele arremessou das mãos as tábuas, e as despedaçou ao pé do monte. Então tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo; e, moendo-o até que se tornou em pó, o espargiu sobre a água, e deu-o a beber aos filhos de Israel . Êxodo 32:19-20.
E, como cristãos, qual é a nossa relação com a palavra de Deus? Devemos recebê-la com mansidão. Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas Tiago 1:21. Um homem manso se submete à vontade do Senhor, ocupando o humilde lugar de um servo, vivendo, cada dia, da palavra que sai da boca de Deus, e curvando-se em total obediência. Pode dizer como Maria quando recebeu a visita de Deus, por meio da Sua palavra: Cumpra em mim conforme a tua vontade. A mais alta realização na vida espiritual é ser capaz de dizer sempre e em todas as coisas: "Seja feita a Tua vontade". Robert C. Chapman.
E, para aqueles que nos perguntam acerca da salvação? Devemos responder com mansidão. Antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós1 Pedro 3:15. O homem manso é aquele que não tem pressa para falar. Mas, quando fala a palavra de Deus, essa vem sempre adornada de graça, "agradável" e "temperada com sal".
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra
. Essas palavras simplesmente nos dizem que aquele que está em Cristo, está satisfeito por não ter nada, mas por possuir tudo. Goldsmith disse: O manso é aquele que nada tendo porém tem tudo. "Hoje", em parte, mas naquele "dia" compartilharemos com o nosso Senhor a plenitude de todas as coisas. O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.

Solo Deo Glória.

BEM AVENTURANÇAS III


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Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. Mateus 5:6.
Já consideramos até aqui, que precisamos ser "humildes de espíritos", isto significa, ser esvaziados de nós mesmos; que precisamos "chorar" isto é, lamentar o nosso estado de miserabilidade, e que também precisamos ser "mansos", que significa abrir mão da nossa vontade, e se submeter a vontade de Deus, sermos inteiramente e completamente dependentes de Deus.
Fome e sede são sensações físicas extremamente dolorosas, e não descasaremos enquanto não estivermos saciados. Essa fome e sede de justiça são desejos espirituais que brotam do íntimo daquele que está em Cristo, que pode dizer como o salmista, quando expressou assim o seu desejo por Deus: Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? Salmos 42:1-2.


Nosso o Senhor usou com freqüência os fatos naturais, para nos ensinar as verdades espirituais. A luz dessa ilustração do salmista, como o cervo brama pelas correntes das águas, temos que enfrentar o fato de que, sem sede espiritual, não cresceremos. Esse crescimento não acontece pela força da nossa carne, mas pela ação da graça de Deus, gerando em nosso coração a necessidade de buscarmos um profundo relacionamento com Deus, por meio de Jesus Cristo.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Os filhos de Deus anseiam e suspiram pelo conhecimento vivo de Deus. Suas almas sempre suspiram por uma mais completa pureza interior. E, ao mesmo tempo geme pela corrupção que há em seus corações. A sede por Deus deve ser a marca de todo aquele que foi salvo por Jesus Cristo. O progresso da vida cristã se realiza por termos a luz de Deus, por serem abertos os nossos olhos. Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz. Salmos 36:9.


"Fome" e "sede" não são sensações passageiras. A fome é profunda e forte, que continua enquanto não for satisfeita. A fome fere e é dolorosa. Essa fome espiritual assemelha-se à fome e à sede reais. É algo que continua se intensificando e que deixa o indivíduo simplesmente desesperado. É algo que provoca sofrimento e agonia. D. Martyn Lloyd-Jones.


O que significa ter sede e fome de justiça? Considerando que a primeira bem-aventurança abre a porta de entrada para o reino de Deus. E as demais bem-aventuranças são plenitudes daqueles que estão em Cristo. Ter sede e fome de justiça significa temer que algo de pecaminoso esteja em nós, e temer que algo de iníquo nos atinja ou nos toque. A fome e a sede é um processo contínuo na vida dos filhos de Deus, a realização completa desse anseio só se dará na consumação dos séculos. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso. Amós 5:24.


O nascido de novo descobre, através dos anos, que ele já foi conduzido por uma longa jornada, e a cada passo foi pessoalmente experimentando os cuidados de Deus, e por meio da Palavra, seus olhos foram iluminados para ver a gloriosa Pessoa do Senhor Jesus Cristo: Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos. Efésios 1:18.


A sede e a fome de justiça têm como matéria prima a profunda necessidade que Deus em sua infinita graça gera no coração do salvo para conhecê-Lo. Deus permite as crises na vida de seus filhos para que eles O busquem. Irei e voltarei ao meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, de madrugada me buscarão. Oséias 5:15. A luz dessa verdade descobrimos que as nossas angústias são de valor inestimável.
Por isso, não podemos desprezar os dias difíceis de nossas vidas. Por outro lado, não podemos injetar ou levar as pessoas a terem sede e fome. A sede e a fome têm que ser despertadas pela graça de Deus. E, muitas vezes o próprio Deus nos chama para o deserto; lugar "árido" e "seco", com o único propósito, falar ao nosso coração. Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. Oséias 2:14.
O nosso Senhor Jesus trilhou esse caminho, foi para o deserto, cada inimigo foi vencido, nada resta neste universo que possa vencer o menor daqueles que está em Cristo. Não temos que escalar nada, porque somos mais que vencedores. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Romanos 8:35-37.


Considerando que em Cristo estamos completos, e que não há necessidade de acrescentarmos algo que já foi "consumado". Agora, é uma questão de viver pela fé e de receber, de se apropriar, da abundância da Fonte que há em nós. O crescimento espiritual pede que o coração tenha sede e fome do Senhor Jesus. E com a transformação sempre crescente dos filhos à semelhança de Cristo, que somos aperfeiçoados. Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. Oséias 6:3.


A semente traz dentro de si todo o potencial da vida da qual ela tem. A semente está completa nada lhe pode ser acrescentada. Quando a mesma é lançada na terra, passa pelo processo de morte, surgindo a "erva, depois a espiga, e, por fim, o grão cheio de espiga". Esse é o princípio natural conforme a palavra de Deus: Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. Marcos 4:28.


Semelhantemente o crescimento da vida de Cristo implantada no regenerado, é como o crescimento natural no reino vegetal. Não há necessidade de acrescentar nada, não precisamos fazer nenhum esforço para o seu desenvolvimento. Veja o texto "a terra por si mesmo frutifica". A palavra de Deus como "semente" é lançada ao coração, e a mesma, têm em si todo o potencial para gerar vida, quando recebida pela fé: Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas segundo é, na verdade, como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes. 1Tessalonicenses 2:13.


Os que têm fome e sede de justiça são os que, anseiam por ver Cristo se manifestando em suas vidas, anseiam também para que outros vejam que a justiça de Deus é Cristo. Os que têm fome e sede de justiça são aqueles que anseiam por ver o triunfo final de Deus sobre o mal. Ter fome e sede, na verdade, significa estar desesperado, estar morrendo de inanição, sentir que a vida se esvai; perceber que precisa urgentemente de ajuda. John N. Darby.


Porque eles serão fartos, a palavra grega para fartos é cortaxo, que expressa um sentimento de plena satisfação. O propósito de Deus, por meio da Palavra, é nos levar para dentro da realidade do que significa estar em Cristo. Por isso, necessitamos da revelação do Espírito Santo das riquezas contidas em Cristo. Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. Colossenses 2:2 -3.


Deus permitiu que Davi passasse por muitas tristezas para que pudesse conduzi-lo à largueza: Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angústia me deste largueza. Salmos 4:1. A largueza da qual o Salmista fala, é quando em aflição somos levados por Deus a um lugar amplo para desfrutarmos de Sua companhia. Os filhos de Deus se refugiam na gloriosa Pessoa do Senhor Jesus e na Sua justiça que nos - é concedida ou imputada gratuitamente.
Que gloriosa verdade! Fomos aceitos e nos tornamos agradáveis a Deus por meio de Cristo. Todo louvor e graças sejam ao nosso Deus. Ele nos deu em Seu amado Filho tudo que necessitamos para a consciência, para o coração, para "hoje" e por toda a eternidade. Podemos dizer: Não há, nem poderia existir, qualquer falta no Cristo de Deus. Sua pessoa e Sua obra devem satisfazer todos os anseios do coração humano. Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade; E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade. Colossenses 2:9-10.


"Felizes os que têm sede e fome de justiça"! E, que o coração de cada filho de Deus seja conquistado por essas palavras: quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. Apocalipse 22:11b. E que também, não sejamos negligentes na posição de filhos, permanecendo firmes na porção que nos foi dada. Que encontremos em Cristo todo o nosso prazer. Cuja obra "consumada é a base eterna de nossa salvação e paz.
E que ansiando pelo bendito momento quando Jesus virá para nos receber para Si mesmo, para que onde Ele estiver, possamos estar também, para de lá nunca mais sair, eternamente. Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram. Hebreus 2:1-3. Amém.

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BEM-AVENTURANÇAS IV

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Mateus 5:7
A palavra grega para misericordioso é eleémones que carrega em si mesma um amplo significado. Uma pessoa misericordiosa significa que é branda, calma, suave, tolerante, e que não é crítica, não é exigente, não debocha do outro, não ridiculariza, não expõe o outro e, quando ofendida está sempre pronta a perdoar. Estas são as características de uma pessoa que está em Cristo. Ampliando o significado deste versículo acima citado, fica assim: Bem-aventurados os que deixam ir a sua própria dignidade para que Deus seja o seu tudo.
Um dos grandes exemplos registrado no evangelho segundo Lucas a respeito da misericórdia é a parábola do Bom Samaritano. O nosso Senhor conta esta parábola em resposta à pergunta de um intérprete da lei quando este, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? Lucas 10:29: E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Lucas 10:30.
A pergunta do intérprete da lei não se reporta à salvação, mas a uma parte da revelação da palavra de Deus que dizia respeito às relações do homem com Deus. A resposta do Senhor mostra a mudança espiritual que tem lugar pela introdução da graça e pela manifestação dessa graça no homem. Antes, a lei é que dizia o que o homem deveria ou não fazer. Agora, porém, a ação do homem é fruto de uma nova disposição de caráter. O nosso dever de relação com os outros se mede agora pela natureza divina introduzida no homem pela regeneração.
O bom samaritano de viagem, que seguia seu caminho, viu o pobre homem que havia caído vítima dos assaltantes, compadeceu-se dele e o socorreu: Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele. Lucas 10:33-34. É isso que significa ser misericordioso com o próximo.
Este viajante não pensou em si mesmo, não considerou que poderia chegar atrasado ao seu destino, também não criticou aqueles que o maltrataram, mas cuidou dos ferimentos e levou o ferido para um lugar seguro, providenciando tudo para suprir suas necessidades. É isso que significa ser misericordioso. O sacerdote e o levita, vendo o pobre homem ferido quase morto, passaram de largo. O samaritano, desprezado sob o ponto de vista da sua proximidade de Deus, não perguntou quem era o seu próximo.
O amor existente no seu coração tornava-o próximo daquele que sofria. Isto foi o que o próprio Deus fez em Cristo pelo homem caído no pecado. Deus amou o homem de tal maneira que enviou o seu único Filho ao mundo, isto significando a mais terna misericórdia. Deus viu o deplorável estado e sofrimento, e isto o impeliu a agir em favor de todos os homens. Assim sendo, o Filho de Deus veio para restaurar o homem ao seu verdadeiro propósito para o qual foi criado. Isto foi um ato de misericórdia de Deus.
Neste pobre homem, roubado e deixado semimorto, encontramos um tipo do pecador perdido e sem recursos; o sacerdote e o levita tipificam os recursos da religião, que nada pode fazer pelo homem. No bom samaritano, vemos um tipo do nosso Salvador, que se acercou da nossa miséria e nos resgatou de nossa trágica condição: Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Romanos 7:24. Este versículo é comparado com os esforços inúteis de um homem que caiu na areia movediça. Cada movimento que ele faz para sair afunda-o mais ainda.
Ao se ver perdido, ele finalmente grita por socorro. Espiritualmente, esta figura revela a história de cada filho de Deus que, logo depois do novo nascimento, tenta viver na força da carne. O homem se depara com sua situação diante de Deus e se desespera. Porém, quando vê que em Cristo tem tudo o que necessita, fica satisfeito e descobre que foi tudo pela graça de Deus. Isto é misericórdia!Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. Romanos 7:25.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Vemos, na atitude de Estevão, um maravilhoso exemplo de misericórdia. Debaixo de uma chuva de pedras, intercedeu pelos seus algozes: E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu. Atos 7:58-60.
Estevão disse: "Senhor, não lhes imputes esse pecado". É como se Estevão houvesse dito: "Senhor, eles não sabem o que fazem. Estão fora de si. Não sabem o que estão fazendo. Estevão teve compaixão de seus inimigos, mostrou-se misericordioso para com eles. Esta é a atitude de todo aquele que está em Cristo: não é de crítica, nem de revolta, mas de misericórdia. Fica evidente que a reação de Estevão não se originou em si mesmo, mas Daquele que nele vivia. Ser misericordioso com o próximo é uma virtude daquele que está em Cristo.
Encontramos um episódio, narrado em Gênesis, da vida de Noé. Depois de se embebedar, ele se expõe ficando nu dentro de sua tenda. Um de seus filhos, chamado Cão, expõe a nudez de seu pai aos seus dois irmãos. Este fato de expor a nudez de seu pai foi considerado um ato maldito ou pecaminoso: E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora. E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.Gênesis 9:21-22 e 24-25.
No caso dos dois outros filhos de Noé, Sem e Jafé, sabendo do ocorrido tomaram uma capa e, andando de costas, foram se aproximando de seu pai e o cobriram. Este ato foi considerado bendito, isto significando misericórdia: Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai. E disse: Bendito seja o SENHOR Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Gênesis 9:23-26-27.
Você já passou por algo parecido? Tendo visto um irmão cometer uma falta, o que você faz? Você já demonstrou misericórdia pelas pessoas que te feriram? Então, aqueles que nos ferem estão nos dando uma oportunidade para exercermos esta bem-aventurança. Portanto, deveríamos sentir uma profunda tristeza por essas pessoas, deveríamos orar a Deus em favor delas, pedindo-lhe que use de misericórdia para com elas. Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. Efésios 4:32.
A única condição para alguém perdoar seus algozes é saber que já foi perdoado. Você poderá dizer para aquele que te feriu: "sei que já fui perdoado, por isso também perdôo a meus ofensores. O que nos torna misericordiosos é a graça de Deus. Perdoar alguém não só é um ato de misericórdia, mas um ato de profundo amor: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". A maior manifestação da graça é a cruz, e a cruz significa que Deus nos viu em nossa pior situação e nos amou ao máximo.
Henry Bosch explica: "Se nossos corações não se entristecem com o destino dos que estão espiritualmente perdidos, então, não vemos o mundo como Deus o vê. Testemunhar por Cristo será mais efetivo quando nossas palavras vierem de um coração de compaixão".
David Garrick, um famoso ator Shakesperiano, foi, um dia, atraído para uma reunião de evangelismo. Ele foi profundamente tocado pelas lágrimas que rolavam em profusão no rosto do pregador. De repente, uma senhora idosa levantou seu dedo já deformado, chamando a atenção do pregador e perguntou: "hoje, por cinco vezes em várias ruas desta cidade o ouvi implorar, e nessas cinco vezes vi suas lágrimas. Por que o senhor chora? Ele respondeu que não tinha alternativa, a não ser chorar pela condição pavorosa dos perdidos. Aquele pregador em lágrimas era George Whitefield.
Até aqui já vimos que é precisamos ser humildes de espírito, isto é, sermos totalmente esvaziados de nós mesmos, que não há qualquer retidão em nós e que nada podemos fazer por nós mesmos. E não somente isso, mas também lamentarmos e chorarmos por causa do pecado. E mais, sermos mansos, significando que não temos direitos e que nada merecemos . E é justamente por essa razão que temos fome e sede de justiça. Isto significa que a justiça que temos foi imputada por Deus por meio de Cristo em nós. Por termos recebido tudo isto, podemos ser misericordiosos para com todos os homens.
A graça divina nos torna misericordiosos, e, se não estamos sendo misericordiosos, algo está errado, ou até mesmo não sabemos o que é graça. "Examina-se, pois, o homem a si mesmo". As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. Lamentações 3:22-23. A misericórdia é atributo de Deus, "as misericórdias do Senhor", um poder inesgotável e infinito dentro da natureza divina que faz com que Deus seja efetivamente compassivo.
A misericórdia nunca veio à existência, porque já existe desde a eternidade; assim, ela jamais se acabará. Nada do que aconteceu ou irá acontecer no céu, na terra ou no inferno pode alterar as afáveis misericórdias do nosso Deus. Sua misericórdia representa uma imensidão incomensurável e eterna. Uma fonte inesgotável que nunca terá fim. Com confiança, podemos nos achegar e dizer: "Abba, Pai". Amém.

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