O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O NÓ GÓRDIO
Atraí-os com cordas humanas, com
laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas
e me inclinei para dar-lhes de comer. Oséias 11:4.
A expressão “cortar o nó górdio”
refere-se a um nó cuja história remonta ao século VIII a.C. Dizia a lenda que o
rei da Frígia de nome Górdio, que foi coroado, para não esquecer de seu passado
humilde, ele colocou a carroça com a qual ganhou a coroa no templo de Zeus,
amarrando-a com um nó a uma coluna. Este era impossível de ser desatado. Logo
após a sua morte, aquele que desatasse o nó seria o senhor de toda a
Ásia.
Quinhentos anos se passaram sem que
ninguém conseguisse desatar o nó, até que Alexandre, o Grande, ao passar pela
Frigia, ouviu a lenda e, intrigado com a questão, foi até o templo de Zeus
observar o feito de Górdio. Após muito analisar, desembainhou sua espada e
cortou o nó. É daí que deriva a expressao “Cortar o nó Górdio”, que significa
resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.
A palavra nó não se encontra na
Bíblia, mas é possível vê-la nas entrelinhas. A segurança daqueles que foram
salvos está fundamentada no caráter de Deus. Nele, não há sombra de mudanças. Ao
salvar o homem, Deus deu alguns “nós”, não somente um nó górdio que pode ser
cortado com facilidade, mas sim um “nó divino” impossível de se desatar. A
salvação do homem é inteira e completamente uma ação divina. O homem, pela
queda, tornou-se cego e profundamente inábil para reconhecer e agir em direção a
Deus.
Os homens nascem espiritualmente mortos, sem forças para se moverem em
direção a Deus. Mas Deus, em Sua infinita misericórdia, se inclina em direção ao
homem, para saciar a sua fome, da fome não da comida que perece, mas fome de
Deus. E me inclinei para dar-lhes de comer. O Senhor não veio do céu para
reformar o homem, mas para fazer um novo homem. O mais hábil escultor, ainda que
disponha das melhores ferramentas, é incapaz de esculpir alguma coisa em madeira
podre. O nosso Deus, figuradamente, é o hábil escultor que não esculpiria algo
sobre uma natureza corrompida e roída pelo verme do pecado e condenada a
morte.
O que Deus fez? Atraí-os com
cordas humanas. Esta profecia se cumpriu anos depois com a vinda do Verbo a
este mundo. O Verbo se fez carne e habitou entre nós na plenitude da graça e da
verdade. Eis o grande fato de que o Evangelho nos fala, a perfeita expressão de
Deus, tomando a própria natureza do homem, indo ao encontro de todas as
necessidades humanas. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de
graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João
1:14. A graça surge então com o poder de dar a vida e levar o homem a
recebê-la: “A Glória do unigênito”, dando a conhecer o Pai. É um mistério
insondável: o Verbo em carne.
A verdadeira relação do homem com
Deus se deu na Cruz. A cruz revela imediatamente a verdade da condição do homem
e a misericórdia de Deus. Assim, Cristo tomou o lugar do homem,
Levantado na cruz, entre Deus e o
mundo, e levando sobre Si o pecado, Cristo tornou-se o ponto de atração para
todo o homem vivente. Levantado da terra como vítima perante Deus e não sendo da
terra como vivente sobre ela, Jesus tornou-se o centro de atração para todos,
porque todos os homens estavam afastados de Deus. O nosso Senhor enfrenta a
morte, e na Sua morte aniquila o poder da morte que estava sobre todos os
homens.
Tudo o que Deus é em Sua natureza
veio a nós e brilhou nesta maravilhosa Pessoa: Jesus, cheio de graça para o
coração e verdade para a consciência pecadora. Com laços de amor, é um
laço, e não um nó, que pode se atar e desatar figuradamente, significando o
livre acesso do homem em receber ou rejeitar a graça de Deus. Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que
crêem no seu nome. João 1:11-12. Jesus Cristo levantado na cruz, recebido
com os olhos da fé, deu-nos o poder de sermos feitos filhos de Deus.
E para aqueles que O receberam,
efetua-se uma eterna salvação. Isto significa que uma vez filho, filho para
sempre, uma vez salvo, salvo para sempre. Uma pessoa que nasce no Brasil será
sempre brasileira, esteja onde estiver; sua nacionalidade jamais será mudada.
Eis o “nó divino”: Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da minha mão. Aquilo que meu
Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. João
10:28-29. Dois fatos importantes: Primeiro, não haverá falta de vida. O que
Deus nos deu
Segundo, ninguém arrebatará as
ovelhas da mão do Salvador. Nenhuma força superará o poder Daquele que as
guarda. O Pai nos deu o Seu Filho, e Ele é maior do que todos aqueles que
pretenderem nos arrebatar das Suas mãos. Preciosa revelação, na qual a glória da
Pessoa de Jesus é identificada com a segurança das Suas ovelhas, com a altura e
a profundidade da graça de que elas são os objetos do Seu amor. Nó que ninguém
pode desatar.
A graça não se perde com a marcha do
tempo e não se limita ao tempo. Novamente podemos ver nestas palavras do
apóstolo Paulo mais um “nó divino”: Que diremos, pois, à vista destas coisas?
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio
Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente
com ele todas as coisas? Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará?
É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de
Deus e também intercede por nós. Quem
nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo,
fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem
a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do
presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está
A nota de vitória soa imediatamente
nas perguntas desafiadoras, cujo propósito é assegurar o que está “em Cristo” de
sua segurança inconquistável, de modo
que possam gozar de uma confiança invencível
Os anjos maus e principados hostis,
que se alegrariam em nos ver separados de Cristo, perderam completamente o poder
para conseguir sua vontade malevolente pela grande vitória de Cristo na cruz.
Cristo tomou posse de toda a história, e o cristão não deve ceder à tentação de
se desesperar no conflito presente, nem ter nenhuma preocupação temerosa com
aquilo que o futuro possa lhe trazer. Denney diz com muita propriedade: O
amor de Cristo é o amor de Deus, manifestado a nós Nele; e é apenas Nele que é
manifestado um amor divino que pode inspirar a triunfante segurança do
cristão”.
Por outro lado, o nó górdio
exemplifica os problemas que surgem no nosso dia- a- dia, problemas que, aos
nossos olhos, são difíceis ou impossíveis de se resolver. Alexandre, o Grande,
encontrou uma solução à sua maneira. Ele usou a força do seu braço para sair da
crise. O nosso Deus permite que passemos por crises. Pois tu, ó Deus, nos
provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a prata. Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste
as nossas costas; fizeste que os homens cavalgassem sobre a nossa cabeça;
passamos pelo fogo e pela água; porém, afinal, nos trouxeste para um lugar
espaçoso. Salmos 66:10-12. Podemos dizer que estamos diante de um “nó
divino”. Então, como vamos nos livrar destes “nós”? Usando a força do braço?
Procurar um caminho mais fácil? O profeta Samuel nos ajuda a pensar: Deus é a
minha fortaleza e a minha força e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho. 2
Samuel 22:33.
Uma vez que estamos em Cristo,
estamos perfeitamente seguros. Nada pode destruir aqueles que estão sob a segura
guarda do amor de Deus. Se uma criatura executou um feito deste, dando um nó
impossível de se desatar, o que pensar de um “nó” dado pelo criador? O que Deus
fez por nós, em Cristo, durará eternamente. Quando, porém, veio Cristo como
sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito
tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de
bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por
todas, tendo obtido eterna redenção. Hebreus 9:11-12.
O homem que pensa indaga: Onde posso
pôr minha confiança? Em que posso confiar com absoluto senso de segurança? E a
resposta é uma só. Ponho minha confiança neste Senhor que executou uma eterna
salvação, “um nó impossível de desatar”. Amém.
Solo Deo Glória
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A CRUZ E A MISSÃO DA IGREJA
A Cruz -
Maria, mãe de Jesus,
nunca tinha imaginado que o seu primeiro filho pudesse ter uma manjedoura como
berço. Muito menos, que o seu filho, fosse terminar seus dias em uma cruz. A
morte de Jesus contrariou as expectativas dos discípulos. Apesar de serem
avisados, não acreditaram que seu líder pudesse ter o fim que teve. Contudo, os
discípulos e Maria mãe de Jesus, presenciaram uma cena que mudou radicalmente a
história humana. Os discípulos viram o seu mestre ser ultrajado e crucificado.
Maria, também viu o seu filho, outrora carpinteiro, padecer as crueldades da
crucificação.O
suplício da cruz era o mais bárbaro e terrível castigo aplicado pelo império
romano. A crucificação foi uma invenção dos povos bárbaros, que mais tarde foi
apropriada pelos gregos e romanos. Por meio da cruz, Roma eliminava os rebeldes
políticos, os ladrões e os escravos indesejados. Os legionários romanos tratavam
sem piedade os pobres condenados. Após sofrerem terríveis torturas e
humilhações, eram obrigados a carregar a parte transversal do instrumento de
morte, até o lugar da execução. Ali, os condenados eram desnudados e deitados
para serem pregados na cruz. Logo em seguida eram levantados, ficando a dois ou
três metros do chão. Com Jesus de Nazaré não foi diferente.A cruz de Cristo é paradoxal.
Se de um lado é execrável, de outro, é gloriosa. A cruz é o degrau mais baixo
descido por Deus, mas é também o ponto mais alto da história da salvação. Ela
está revestida de mistérios inexauríveis. Jesus Cristo crucificado trouxe a
reconciliação entre Deus e os homens. Tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo... Deus em Cristo estava
reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens. 2
Coríntios 5.18-19. O Cordeiro de Deus sacrificado na cruz,
satisfez a justiça de Deus e restabeleceu o relacionamento entre Deus e a
humanidade. A cruz cobriu o fosso de separação causado pelo pecado.
Identificados com Cristo na
Cruz - Na cruz se
deu a união entre o Deus redentor e o homem pecador. Cumpriram-se as palavras de
Jesus: Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim. João
12.32. Fomos retirados de Adão e colocados em Cristo. Da mesma forma que
os homens estavam em Adão em sua tragédia, estavam em Cristo participando da
redenção. Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo
Jesus, fomos batizados em sua morte? Portanto, fomos sepultados com ele na morte
por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos
mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Romanos 6.3-4.
A atração no corpo de Cristo significou a nossa morte com Cristo, o nosso
sepultamento com Cristo e nossa ressurreição com Cristo. A chave da porta da
revelação da crucificação, está na preposição "com". Por meio da atração na
cruz, fomos e estamos identificados com Cristo. A cruz é um divisor de águas. Aqueles que
crêem em sua identificação na cruz do Calvário são transformados em novas
criaturas. O pecador, ao se render aos mistérios redentores da cruz recebe a
vida da ressurreição. Porém, o incrédulo continua atrelado à sua velha vida
caracterizada pelo pecado. Da mesma forma como Moisés levantou a serpente
no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para
que todo o que nele crer tenha a vida eterna. João
3.14. No
deserto, os israelitas, diante da serpente de bronze levantada numa estaca,
tinham duas opções: crer ou não crer. Da mesma forma, todo homem tem essas duas
opções diante de Jesus crucificado. Bem, todo homem sabe que Jesus foi
crucificado para sermos reconciliados com Deus?A grande questão é, que nem todos os homens
sabem destes fatos. Como tomar posse das inesgotáveis riquezas da graça de Deus?
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de
quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? Romanos
10.14. A Missão da Igreja - Deus nos colocou no corpo de
Cristo, destruindo o corpo do pecado para que assim, fossemos feitos corpo de
Cristo. Pois sabemos que o nosso
velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído,
e não mais sejamos escravos do pecado. Romanos 6.6. Mortos para o pecado, estamos vivos para Deus. Esse povo chamado para a
vida chama-se Igreja. Ora, vocês são o corpo de
Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. 1 Coríntios
12.27. A
Igreja é o corpo de Cristo no mundo. O corpo, além de delimitar a
individualidade, funciona como mediador entre o mundo interior e o exterior da
pessoa. O mesmo acontece com a Igreja. Ela é o corpo de Cristo na terra, nesse
sentido, ela é a encarnação de Cristo. Por meio dela, Deus continua executando o
seu plano de reconciliação no mundo.A cruz forma e consolida a
comunidade da fé. Ela é o alicerce da unidade da Igreja. Jesus em seu corpo
convergiu todos os homens, derrubando todas as barreiras da
separação. Porque ele é a nossa
paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando
em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era
criar um si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com
Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade.
Efésios 2.14-16. A cruz nivela todos os homens,
e nivela por baixo. Todos são pecadores. Assim, ela põe fim a toda forma de
discriminação quer seja racial, social, sexual e cultural. A comunidade
reconciliada com Deus é possuidora de muitas coisas em comum. Entre elas, a
consciência da grandiosidade do pecado e o viver sob a cruz. Esta é a base da comunhão entre os crucificados.A Igreja é a comunidade das
testemunhas da crucificação. O testemunho dos crucificados é que eles foram
reconciliados com Deus por meio de Cristo. Assim, o mundo em todas as gerações
vem a conhecer a mensagem da reconciliação. Os pés, as mãos e a boca dos
cristãos são os canais de comunicação de Deus com o mundo. O
apostolo Paulo afirma: Deus nos deu o ministério da
reconciliação... e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos
embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso
intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconcilie-se com Deus. 2
Coríntios 5.18 e 20 Essa é a missão da Igreja.A Igreja cumpre a sua missão na
dimensão do amor. Pois, o que move o pecador a sair do seu estado e vir em
direção a Deus é o amor. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor.
Oséias 11.4a. Cabe apenas a cada membro, não interromper o
fluxo de amor que permeia o corpo de Cristo, o qual dá unidade à Igreja e atrai
os pecadores a Cristo. Assim, muitos em muitos lugares, poderão testemunhar:
De longe se me deixou ver o Senhor dizendo: Com amor eterno eu te amei;
por isso, com benignidade te atraí. Jeremias
31.3.
Solo Deo Glória
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
NO DESCANSO DE DEUS
Uma voz
diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a
sua glória, como a flor da erva...Quem na concha de sua mão mediu as águas e
tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça parte de um efa o pó da
terra e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão? Isaías
40:6-12.
O descanso está intimamente ligado à
revelação do que somos e do que Deus é. A razão pela qual o descanso se liga a
estes dois fatos é que, primeiramente, o homem toma conhecimento de sua
fragilidade e, depois ele ganha a revelação da suficiência do Senhor. No texto
acima citado, o profeta Isaías, inspirado por Deus, nos dá uma visão desse fato
quando fala da insignificância do homem, comparando-o com uma erva, e, ao mesmo
tempo, revelando a grandeza do nosso Deus.
Deus quer revelar a fragilidade do
homem para que este pare de lutar e se renda completamente ao Senhor. Enquanto
acharmos que podemos alguma coisa, não encontraremos o descanso. A analogia
feita pelo profeta, comparando o homem com a flor da erva, mostra a sua
transitoriedade: pela manhã, a flor surge mostrando a sua formosura, porém,
horas depois, ela está completamente murcha e sem vida. Assim é a vida do
homem.
O mesmo profeta teve uma visão. Ele
viu a glória do Senhor, e essa visão não é a visão da carne mas sim do espírito.
Visão não é algo que vem de nós mesmos, é algo que vem de cima, vem de Deus. O
Espírito de Deus revela os propósitos de Deus no espírito do homem regenerado. O
que ele viu? O profeta viu o Senhor da glória. No ano da morte do rei
Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas
vestes enchiam o templo. Serafins
estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com
duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros,
dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se
encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos
viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!
Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que
tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que
ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu
pecado. Depois disto, ouvi a voz do
Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me
aqui, envia-me a mim. Isaías 6:1-8.
Tudo começa por uma crise, “no ano
da morte”, e nada melhor do que uma crise para revelar a fraqueza. A crise na
vida dos filhos de Deus tem como propósito revelar a suficiência de Cristo. Na
crise, Deus abre os nossos olhos para vermos a Sua glória, “eu vi o Senhor”.
Necessitamos de revelação para ganhar a visão. A visão do que? Da nossa insuficiência, “ai de mim” e,
subseqüentemente, a revelação da suficiência de Cristo, “a tua iniqüidade foi
tirada”. Esta declaração se assemelha ao brado de vitória pronunciado pelo
Senhor, “está consumado”. Aqui está a suficiência da obra da cruz.
A crise do profeta o fez ver o
Senhor, e, ao vê-Lo, a sua consciência foi tomada do sentimento de total
miserabilidade. Mas encontrou no Senhor a sua libertação, “a tua iniqüidade foi
perdoada”.
A visão da nossa incapacidade vem
pela revelação da palavra de Deus. Pelo que ainda que te laves com salitre e
amontoes potassa, continua a mácula da tua iniqüidade perante mim, diz o SENHOR
Deus. Jeremias 2:22. Salitre? Este produto químico tem um efeito semelhante
ao da soda cáustica, ácido destruidor. Potassa, solução coada contendo o álcali
(ácido usado pra desmanchar gorduras) era evaporada em potes de ferro, formando
uma massa marrom, que então era aquecida fortemente em fornos para eliminação
dos resíduos de carvão. Estas duas soluções tinham como objetivo a purificação.
Estes elementos têm suas origens na natureza, portanto representam as coisas
criadas. Isto significa que o poder de purificação não está no poder da criatura
e sim do criador. A regeneração do homem é um assunto exclusivamente de Deus.
Quão fundamental é a revelação da
nossa incapacidade! Este sentimento de impotência nos levará a encontrar, na
Pessoa do Senhor Jesus, a nossa total suficiência. Então, na revelação do que
somos, mais a visão do que Deus é, nos conduzirá ao descanso de Deus. O apóstolo
Paulo encontrou em Cristo o seu descanso: Mas o que, para mim, era lucro,
isto considerei perda por causa de Cristo.
Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas
e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo
justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a
justiça que procede de Deus, baseada na fé. Filipensses
3:7-9.
No caminho para Damasco, Deus se
revelou na Pessoa de Jesus ao apóstolo. Este foi lançado por terra, ficando sem
ver por três dias. Estes três dias são representativos, pois para cada dia ele
sofreu uma perda: perda da visão do sistema religioso, perda da visão do mundo
filosófico e do mundo romano. Estes três mundos eram de grande importância para
Saulo, mas, ao ganhar a revelação da grandeza de Deus, ele considerou tudo como
lixo. Saulo era um homem forte em si mesmo, ele era auto-suficiente: Bem que
eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na
carne, eu ainda mais. Filipenses 3:4.
Mas, a sua força não foi suficiente
para sustentá-lo. No caminho para Damasco, o nosso Senhor o lançou por terra.
Foi o seu fim. Por isso, ele confessou: Porque eu, mediante a própria lei,
morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. Foi o
fim de uma vida natural, de uma vida auto-suficiente para encontrar em Cristo o
seu descanso. Mas esta experiência não ficou no passado, na vida de Paulo, é
para todos que crêem. Se Cristo não for o centro de nossas vidas, jamais
encontraremos o genuíno descanso. A despeito de tudo que se vê, se ouve, possui
ou sente, nada é suficiente para dar descanso às nossas almas. Quantidade alguma
de atividades ou de sucesso nos dará descanso.
O que é que Jesus concede aos que
vêm a Si? E quem são os que Ele chama? O nosso Senhor é a fonte de toda a
benção, convida a todos os que estão cansados e oprimidos para dar-lhes o
descanso. Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve. Mateus 11:28-30. Talvez os homens desconheçam a origem de toda a
miséria, ou seja, a separação de Deus, o pecado. De qualquer modo, o mundo já não satisfazia
os seus corações; eram miseráveis e, por conseguinte, os objetos do coração de
Jesus.
O amor do Pai, em graça, na Pessoa
do Filho, buscou os miseráveis para dar-lhes descanso, não meramente alívio ou
simpatia, mas descanso a todo aquele que respondeu ao seu convite. O Senhor é o
único que sabe do que precisamos. Ele nos ama de uma maneira exclusiva. Era a
perfeita revelação ao coração daqueles que necessitavam de paz, de paz com Deus.
Bastava vir a Cristo: Ele se encarregava de tudo e dava descanso. Mas há, no
descanso, um segundo elemento. Este segundo elemento se relaciona aos momentos
difíceis durante a nossa presença neste mundo. Porque, mesmo quando a alma se
encontra perfeitamente em paz com Deus, este mundo apresenta ao coração muitas
causas de perturbação.
As “noites escuras da alma” vem para
todos de uma forma ou de outra, mas vem. A solidão chega quando Deus parece ter
escondido a Sua face. Mas, Aquele que nos convida para Si, oferece perfeito
descanso, pois, Ele está “assentado sobre um alto e sublime trono”. Nada pode perturbar aquele que ali se
encontra. É o lugar do perfeito descanso para o coração. Conta-se que, há muitos
anos, um homem velejou dos Estados Unidos para a Inglaterra num barco a remo com
um único assento. Na comemoração da sua chegada, um repórter perguntou à esposa
dele se ela teria duvidado do sucesso do marido. Ah, não – respondeu a esposa –
eu conheço quem fez o barco.
Como filhos de Deus, podemos
dizer: Porque sei em quem, pus a minha confiança, e estou certo de que Ele é
poderoso para guardar o meu tesouro até esse dia. 2Timóteo 1:12. O nosso Pai
celestial é suficientemente grande para manejar tudo. Que Deus nos dê visão para
vermos a Sua suficiência para que haja pleno e perfeito descanso das nossas
almas! Voa a cotovia e do seu ninho canta./ Anunciando em voz alta / Sua
confiança em Deus, e assim é feliz. / Embora surjam nuvens lá no céu. Ela não
tem celeiro, e semente não semeia, / Contudo canta bem alto, e vive sem
cuidados. /Nos dias nublados, e na escassez do pão, /Ela canta, e envergonha/ Os
homens que, com medo da necessidade, se esquecem/ Do nome do Pai celestial./ O
coração confiante está sempre cantando,/E se sente tão leve como se asas
possuísse;/Dentro dele jorra uma fonte de paz. Tragam o bem e o mal, hoje ou
amanhã,/O que quiserem trazer, /Sua vontade sempre há de prevalecer. Do
Livro - O Segredo de uma vida feliz.
Hanna Whitall Smith.
Solo Deo Glória
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ATRAVESSANDO FRONTEIRAS
Mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra. Atos
1:8.
Quando o assunto é saber e fazer a
vontade de Deus, os cristãos encontram muitas dificuldades. As razões são
inúmeras mas, o cerne da questão é o sempre o mesmo: deixar de ter a Palavra de
Deus como guia de fé e prática. É cada
vez mais escasso o número de cristãos que buscam a orientação da Bíblia com o
objetivo de descobrir a vontade de Deus para suas vidas. Porém, ela continua
sendo a única fonte segura para conhecermos a Deus e Sua maneira usual de
trabalhar e agir.
O livro de Atos é uma magnífica
descrição do modo como Deus age para levar o seu povo a cumprir os seus
desígnios. Nele está registrada a história da expansão do evangelho desde
Jerusalém - o centro religioso dos judeus - até Roma, o centro político e
geográfico do mundo antigo. Este livro escrito pelo médico Lucas, tem sido
chamado desde o segundo século de: Atos dos Apóstolos. No entanto, se prestarmos
atenção em todos os acontecimentos, ele deveria ser chamado de “Atos do Espírito
Santo” ou “Atos do Cristo Ressurreto”.
Se por um lado, o livro de Atos
relata a vontade expressa de Deus e seu agir, por outro, Ele registra as
dificuldades dos discípulos de Jesus em discernirem a Sua vontade. No livro de
Atos, vamos encontrar um “grupo” de preconceituosos que não conseguiam enxergar
nada que estivesse fora do seu círculo racial. Apesar de Jesus, em todo o seu
ministério, ter demonstrado que a graça não se limitava ao povo judeu, os
discípulos ainda viam o mundo a partir das lentes “bairristas” do
judaísmo.
O Senhor Jesus sempre dizia e
demonstrava com suas ações que, o amor de Deus não se limitava a um único povo.
Porém, a lição não havia penetrado em suas consciências. Nem mesmo a ordem do
Senhor Jesus: Ide portanto, fazei discípulos de todas as nações, Mateus
28:18, reiterada pelas suas últimas
palavras: Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
Atos1:8, não conseguiram motivá-los
a avançar com o evangelho aos quatro
círculos concêntricos – Jerusalém,
Judéia, Samaria e confins da terra.
O Espírito Santo foi dado, tanto
para capacitar os apóstolos a levarem o Evangelho por todo o mundo e para todos
os povos, como também, a sua descida no dia de Pentecostes demonstrou que, o
Espírito não era somente para eles. A concessão da capacidade sobrenatural aos
cristãos para falarem em línguas tinha como objetivo, a evangelização de todos
os povos.
Com o poder do Espírito Santo ainda
vibrando através de seus testemunhos, os apóstolos não hesitaram em cruzar
rapidamente o primeiro dos quatro limites mencionados por Jesus. Eles
evangelizaram Jerusalém sem problemas. Os críticos logo se queixaram:
Enchestes Jerusalém de vossa doutrina. Atos 5:28. O comentário era
que, em Jerusalém se multiplicava o número dos discípulos, Atos
6:7. Porém, permaneceram somente ali.
Deus lançou mão de medidas extremas
para impedir que a salvação -
Porém, nem mesmo a perseguição
conseguiu desalojar os apóstolos de Jerusalém. “Entrementes, os que foram dispersos
iam por toda parte pregando a palavra.”
Filipe, não o apóstolo Filipe, mas um dos sete diáconos que aparecem no
capítulo 6, foi quem abriu o caminho para o segundo ciclo de evangelização
conforme Atos 8:4-8, Filipe,
descendo `a cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo... houve grande
alegria naquela cidade. Somente
depois que Felipe, um “leigo”, abriu as portas para o povo samaritano é que,
Pedro e João foram enviados pelos demais apóstolos, para aquela cidade
vizinha.
Enquanto isso, o mesmo leigo
corajoso chamado Felipe, avançava como um soldado em batalha, a serviço do
Espírito Santo, em uma nova missão transcultural. Ele, diante da ordem do
Espírito Santo, obedeceu e foi pelo caminho do deserto, onde encontrou um
etíope que assentado no seu carro vinha lendo o profeta Isaías . Era um
eunuco, alto oficial de Candace rainha dos etíopes, e sua dúvida estava no
versículo 7 de Isaías 53. Como cordeiro foi levado ao matadouro; e ,
como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca,
Atos 8:32. O eunuco pediu
explicação a Felipe, o qual começando por esta passagem da Escritura,
anunciou-lhe a Jesus, Atos 8:35. O etíope aceitou a Palavra e pediu para ser
batizado naquele mesmo dia. O evangelho estava chegando até a
Etiópia.
Em Atos 9:32 e 11:18 vemos os
apóstolos seguindo as pisadas de Felipe.
Pedro foi ensinado pelo Senhor através de uma visão a estar livre dos
seus preconceitos anti-gentilicos. Pregou para Cornélio e viu a manifestação do
Espírito Santo descendo sobre os gentios.
Em seguida o evangelho também chegou
em Antioquia, local onde os seguidores de Jesus foram pela primeira vez chamados
de cristãos.. Alguns deles, porém, que
eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos
gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus.” Lemos então: “A mão
do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor.
Atos 11:21.
Diante da imobilização dos apóstolos
e do envio de outro “leigo” – Barnabé - para a pregação do evangelho em
Antioquia, o missionário e escritor Don Richardson, ironicamente escreve:
“Porque um delegado para Antioquia? Será que Pedro, João e o resto deles
estariam sofrendo de uma enfermidade humana muito comum, chamada ‘febre de
quartel-general ?”’
O próprio Don Richardson
apresenta algumas possíveis hipóteses. Será que eles desejavam permanecer
juntos, desfrutando da comunhão dos irmãos? Será que precisavam permanecer em
Jerusalém para garantir que a cidade Santa fosse o centro da nova fé, assim como
era do judaísmo? Seria porque eles teriam se casado e suas esposas não queriam
acompanhá-los em suas longas viagens? Ou era o medo de perderem suas posições de
autoridade caso se aventurassem em algum trabalho
missionário?
Assim, os apóstolos permaneceram em
Jerusalém ano após ano, em lugar de avançar pelo poder concedido a eles por
Deus, em missões transculturais. Quem
poderia qualificar-se para realizar o que os apóstolos, escolhidos pessoalmente
por Jesus e cheios do Espírito, estavam em grande parte deixando de fazer?
Aquele que poderia ser o último aos
olhos da igreja primitiva a assumir este posto, foi quem Jesus comissionou.
Saulo, Saulo... por que me persegues? Atos 9:4-6. De perseguidor Saulo se
torna perseguido e tornar-se-ia o grande missionário e a figura preeminente da
igreja durante aquele período. Sobre Paulo, o próprio Jesus ao incumbir Ananias
de uma missão, proferiu as seguintes palavras: Vai, porque este é para
mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis,
bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa
sofrer pelo meu nome. Atos
9:15
Juntamente com Barnabé, Paulo
organizou a igreja
Paulo e Barnabé declararam mais
tarde, corajosamente. Eis aí que nos volvemos para os gentios, porque o
Senhor assim no-lo determinou: Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de
que sejas para salvação até aos confins da terra. Atos
13:46-
A lição do imperativo transcultural
e universal não foi algo fácil de ser aprendido. E ainda hoje continua difícil
para nós. Quando se trata de saber onde, e como Deus quer nos ver cooperando com
ele, nosso melhor exemplo é Jesus. Jesus quebrou todas as barreiras que
separavam a eternidade do tempo, a divindade da humanidade, a santidade do
pecado. E na cruz destruiu todas as barreiras geográficas, raciais, econômicas,
sociais e culturais quando atraiu para si mesmo toda a humanidade para ser
liberta do pecado. “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todo a mim
mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer”. João
12:31-32.
Durante a sua vida, Jesus cumpriu
cabalmente, todas as tarefas que Deus lhe deu. Jamais deixou de realizar a
vontade do Pai. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também... Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada
pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho faz
igualmente. Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele mesmo
faz; e maiores obras do que estas lhe
mostrará, para que vos maravilheis. João 5:17,19,20.
O Pai trabalha e Jesus se dispôs a
trabalhar com o Pai. Jesus diz que nada
faz por sua própria iniciativa, mas faz apenas aquilo que o Pai está fazendo.
Pelo fato de existir um relacionamento de amor entre os dois, o Pai sempre
mostra tudo o que Ele mesmo está fazendo. Este é o segredo para fazermos sempre
a vontade de Deus: perceber onde Deus está agindo e juntar-se a Ele.
Ainda há muitas fronteiras para
serem atravessadas pela Igreja. Mas, assim como Cristo atravessou todas as
fronteiras para nos resgatar e nos dar a sua vida, nós também agora podemos
atravessar todo tipo de fronteiras para fazê-Lo conhecido. Esta é a nossa
missão: conhecer a Cristo crucificado, e torná-lo conhecido por todo lugar, por
meio da graça. para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, nos céus, na
terra e debaixo da terra e toda língua confesse que jesus Cristo é o Senhor,
para glória de Deus Pai. Filipenses 2:10,11.
Solo Deo Glória
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PERDÃO, POR NÃO PERDOAR!
Então, Pedro,
aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra
mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até
sete vezes, mas até setenta vezes sete. Mateus
18:21.
Certa ocasião C. S. Lewis disse:
“Todos consideram o perdão uma idéia muito bonita até precisarem perdoar
alguém”. Ray Pritchard, em seu livro O poder terapêutico do perdão
conta que recebeu um e.mail de um desconhecido que estava lutando para perdoar
aqueles que o feriram. Tratava-se de uma pessoa que, por causa de fatos
ocorridos em sua infância, vivia nutrindo raiva e ódio em seu coração. Era um
homem que havia sido abusado por um vizinho quando criança. Esse trauma, aliado
ao fato de não ter recebido carinho e atenção de seus pais, transformou a sua
vida num caos.
Eis um trecho daquilo que estava no
e.mail: “Só este ano, por meio da oração e da ajuda de um conselheiro cristão, é
que estou começando a deixar o passado para trás. Ainda tenho dificuldade de
lidar com a raiva, e talvez até do ódio, que sinto do meu pai. Precisei ir ao
cemitério visitar o túmulo dos meus pais e ter uma conversa de cerca de duas
horas com eles para começar a deixar para trás essa raiva que me manteve num
estado de tristeza constante ao longo de grande parte da minha vida adulta”
Ray relata que este homem tinha
prazer em ajudar as pessoas. Porém, julgava-se capaz de “consertar” pessoas e
problemas. Foi somente quando começou a confrontar os fatos de sua infância, sem
poder negá-los ou consertá-los é que pôde reconhecer que só Deus poderia fazer
isso. Esta foi sua primeira lição para aprender o que é perdoar.
Essa história ilustra muito bem como
o perdão é uma questão de disposição interior.
O perdão é fundamentalmente uma decisão interior de recusar-se a viver no
passado. É uma escolha consciente que nos levar a cortar os fios que nos prendem
ao passado e que, conseqüentemente, nos impedem de estar inteiros no presente.
Esses fios podem ser tão sutis, que nem nos damos conta de que eles ainda nos
mantêm ligados a um passado recente ou muito remoto. Experiências antigas deixam
marcas tão profundas em nossas vidas de tal modo que, mesmo não tendo
consciência delas, interferem em nossas ações cotidianas.
Na realidade, o perdão é uma questão
espiritual. O perdão começa no íntimo do coração para depois se manifestar
exteriormente. Em sentido profundo, todo perdão, mesmo aquele oferecido a alguém
que lhe causou grande mágoa, é algo entre você e Deus. As pessoas podem ou não
entender ou reconhecer esse fato. A questão do perdão é como um espelho fiel do
estado do nosso coração em relação à
compaixão, sensibilidade interpessoal e misericórdia. Por esta
razão, é um assunto tão importante para
todo cristão se aprofundar. Neste texto vamos analisar principalmente dois aspectos do perdão.
Primeiro, porque devemos perdoar e, segundo, porque podemos
perdoar.
O Senhor Jesus ensinou preciosas e
redentivas instruções sobre o perdão.
Para os rabinos da época de Jesus, o perdão deveria ser concedido a uma
pessoa até três vezes. O apostolo Pedro querendo ser mais generoso arriscou um
novo parâmetro: até sete vezes. Porém Jesus demonstrou o poder ilimitado do
perdão, setenta vezes sete. Em seguida contou essa
história.
Um homem que devia uma quantia
enorme (10.000 talentos) ao rei foi convocado para fazer um acerto de
contas. Com pernas trêmulas, dirigiu-se ao palácio, certo de que sairia de lá
para a prisão ou para o cativeiro. Devia ao seu senhor uma quantia que jamais
poderia pagar. As perspectivas mais sombrias se projetavam sobre ele e toda a
sua família. “Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse
vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse
paga.” Mateus 18:25. Sua única esperança era saber que o rei gozava de
merecida fama por ser um governante misericordioso e justo. Então decidiu clamar
por misericórdia para que protelasse a cobrança de sua
dívida.
O rei fitou-o com profunda
compaixão, bem consciente de que o homem jamais conseguiria quitar a enorme
quantia, “mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida”. Mateus 18:27. Saindo
do palácio, encontrou um companheiro que lhe devia uma pequena soma. De repente,
foi tomado de uma fúria incontrolável, “e, agarrando-o, sufocava, dizendo:
Paga-me o que me deves.” Então a cena se repetiu. O seu companheiro clamou
por misericórdia e pediu que prorrogasse a cobrança de sua dívida. “Ele,
entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a
dívida”. Mateus 18:31.
Algumas pessoas, que presenciaram as
duas cenas foram procurar o rei para relatar o acontecido. A reação do soberano
não se fez esperar. Mandando chamar de novo o homem que havia perdoado,
confrontou-o com sua maldade. “Que grande mal você praticou! Quando me
suplicou, perdoei a enorme quantia que me devia. Não seria de esperar que
mostrasse a mesma compaixão para com aquele que lhe devia uma quantia muito
menor?” Mateus 18:32-33. Assim, o rei ordenou aos guardas, que entregasse
aquele homem aos torturadores até que toda a divida fosse paga. O Senhor Jesus
conclui a história dizendo: “Assim também meu Pai celeste vós fará, se do
intimo não perdoardes cada um a seu irmão”. Mateus
18:35
Essa história, registrada em
Mateus 18:23-35, foi contada por Jesus para ilustrar a importância do
perdão. Não era a primeira vez que Jesus usava o conceito de dívida ao ensinar
sobre o perdão. Em Mateus 6:12, ele mostrou como devemos orar dizendo:
“Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores.” No final da oração Ele deixa bem claro as conseqüências de não
perdoarmos a quem nos ofende. Se não perdoarmos, não seremos perdoados. E como
vimos na história do credor incompassivo, nosso destino será o de viver nas mãos
dos atormentadores.
Esta história revela a natureza e o
modo de agir de Deus. Expõe o coração cheio de misericórdia e compaixão de Deus
em comparação ao coração insensível, impiedoso e sem compaixão daquele que não
perdoa. A Bíblia demonstra que “Deus é grandioso em perdoar” Isaías
55.7. No salmo 130 lemos a seguinte indagação: “Se tu, ó Senhor,
observares as iniqüidades, ó Senhor, quem subsistirá? Mas contigo há perdão;
portanto és temido.” Salmo 130:4. O coração de Deus expressa a graça
que perdoa. Sendo assim, os filhos de Deus devem ser imitadores do Pai e do
Filho, sempre dispostos a perdoar. Como está a sua vida neste momento? Seu
coração está cheio de amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade,
mansidão e domínio próprio ou está cheio de inquietação, angústia, raiva,
ressentimento, amargura?
Na Sua parábola, Jesus mostrou
claramente que o homem não desejou perdoar seu conservo. Ele estava ensinando
que não perdoamos porque não queremos. “Querer” diz respeito à nossa vontade, à
maneira como agimos. Quando isso acontece estamos bloqueando a ação do Espírito
em nossa vida. A inquietação, a angústia, a raiva, o ressentimento e a amargura
são os atormentadores que se instalam em nosso coração para nos perturbar, e nos
impedir de gozar a liberdade que o perdão traz. Ressentimento ou raiva é o
“veneno” que mais tem destruído vidas no mundo em que vivemos.
Muitos dos problemas existentes a
nossa volta tais como: desentendimento familiar, falta de unidade e harmonia
entre cônjuges, pais e filhos, problemas de solidão, depressão, descontrole
emocional, vários casos de enfermidades psicossomáticas e até loucura, podem ser
conseqüências diretas da falta de perdão na vida de uma pessoa. “Perdoar é
libertar um prisioneiro e depois descobrir que esse prisioneiro é você
mesmo.”
Se quisermos ser verdadeiramente
inteiros e portadores de uma vida que
expresse a vida de Cristo temos que reavaliar os nossos sentimentos em relação
aos outros. Quando Jesus usou a palavra dívida, quis mostrar um aspecto
fundamental do ato de perdoar. A palavra grega traduzida como “perdoar”
significa literalmente cancelar ou remir. Significa a liberação ou cancelamento
de uma obrigação. Por isso, foi algumas vezes usada no sentido de perdoar um
débito financeiro.
Se pensarmos em termos de dinheiro,
fica mais fácil entender exatamente por que Jesus usou essa expressão. A
escritora Wanda de Assumpção, exemplifica com as seguintes palavras:
“Suponhamos que você me peça 5000 reais emprestados, prometendo pagar-me em
dois meses. Esse dinheiro é meu por direito e posso dispor dele como quiser, mas
estou contando com ele para saldar meus próprios compromissos no final dos dois
meses. Se, passado o prazo, você não me pagar, quem sairá perdendo? Você usou o
dinheiro que não era seu como quis e agora não tem como pagar. Eu fiquei sem
algo que era meu, a que tinha direito, e que agora me faz muita falta. Se eu
perdoar a sua dívida, ficarei mais pobre na mesma quantia que você me
deve.”
Em outras palavras, perdoar é doar a
perda. É aceitar o prejuízo. É privação de algo que, por direito, era meu. Tenho
que absorver a perda daquilo que faria uma diferença grandiosa em minha vida. E
se eu vier a passar fome ou outra necessidade básica por sua causa, ficará ainda
mais difícil me conformar com essa perda. Toda vez que a fome apertar ou o frio
me incomodar, vou me lembrar de que você usou como quis aquilo que agora me faz
tanta falta.
Vejamos por que é tão difícil
perdoar. Usando essa analogia, vamos pensar agora em termos de alguma mágoa ou
ofensa que alguém tenha cometido contra nós. O que acontece na área financeira
acontece também na área pessoal. Todos nós temos certas necessidades básicas que
precisam ser satisfeitas. Da mesma forma que precisamos de água e alimento para
sermos saudáveis, nossa alma precisa de amor e afeto para sermos emocionalmente
saudáveis. Todo ser humano precisa da segurança de sentir que alguém o ama
incondicionalmente, e que o valoriza por ser quem é, não por alguma coisa que
possa fazer. Assim, quando alguém me rejeita, de alguma forma maltratando,
desprezando, abandonando, gritando comigo, cobrando ou criticando, está tirando
um pouco da minha segurança e do significado da minha vida.
Quando alguém tira algo precioso de
mim, quando não sou amado, quando não me
tratam bem, é normal me sentir diminuído, com medo, confuso e sozinho. Fico então diante de duas alternativas. Na
primeira, exijo que o meu devedor devolva aquilo que me tirou. Afinal, dívida é
dívida! Por isso, fico agarrado ao pescoço do devedor até que devolva o que me
tirou, remoendo vez após vez a ofensa cometida contra mim. Na segunda
alternativa, decido perdoar, abrindo mão do que me é devido e até desejando que
a outra pessoa possa fazer bom uso daquilo que é meu. Mas, muitas vezes dizemos:
“Sim, sei que devo perdoar. E quero perdoar. Mas não
consigo.”
Nós somente podemos perdoar, porque
fomos perdoados, aceitos e reconciliados. A boa nova do evangelho é que Jesus
pagou o preço por nossos pecados com sua morte na cruz. O perdão, então,
é um ato no qual o ofendido livra o ofensor do pecado, liberta-o da culpa pelo
pecado. Este é o sentido pelo qual Deus “esquece” quando perdoa, como diz
Hebreus 8:12: “Pois serei misericordioso para com suas iniqüidades, e
de seus pecados e de suas iniqüidades não me lembrarei mais” .
Entretanto, Deus já nos deu o
suprimento que precisamos para perdoar. Deus por meio do Seu Filho Jesus
Cristo, já proveu tudo o que precisamos
para usufruir de uma vida plena de alegria e gozo, abundante
Como disse Henri Nouwen. “O
Evangelho liberta-nos da cadeia de ferimentos e necessidades, revelando-nos uma
compaixão que pode fazer mais do que apenas reagir fora das necessidades que
brotam de nossos ferimentos. Faz isso trazendo-nos a uma aceitação que antecede
a qualquer aceitação ou rejeição humana. E esse amor original a tudo abrange;
detém o poder de amar inimigos tanto quanto os amigos; o poder de permitir-nos
amar desse modo. Esse é o amor que nos faz filhos e filhas do “Altíssimo”’. Esta
é nossa verdadeira identidade. Nada pode nos tirar desta posição de aceitos e
amados de Aba.
Por pertencermos ao reino dos céus, já ganhamos crédito ilimitado para
perdoar todas as ofensas, feridas e prejuízos desta vida. Além disso, toda vez
que perdoamos uma dívida, recebemos imediatamente a mesma quantia multiplicada
na nossa conta. Esse crédito, nada mais é do que o amor de Deus que temos
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